sexta-feira, novembro 25, 2016

A NOBREZA DO SAMBA EM PROL DE UMA CAUSA NOBRE

Paulinho da Viola faz show hoje na Concha, com renda revertida para o Muncab – Museu Nacional da Cultura Afro-Brasileira

Paulinho, foto Carol Beiriz
Show de Paulinho da Viola é um negócio que por si só já justifica o esforço de pagar ingresso e se dirigir ao local. Sendo na Concha Acústica e mais, em benefício de uma causa nobre, é até covardia.

Hoje, o Príncipe do Samba se apresenta neste show, que terá toda a renda revertida em prol do Muncab – Museu Nacional da Cultura Afro-Brasileira, instituição localizada no  Centro Histórico e dirigida por José Carlos Capinam.

Criado em 2002, o Museu não teve suas obras civis concluídas até hoje, assim como seu projeto museológico e sua criação como entidade jurídica. Com o show de Paulinho, espera-se que sejam levantados recursos que ajudem o Museu.

“Esse é um trabalho que deveria ter a concordância e a adesão de outros artistas. E não só para o Muncab, tem várias instituições precisando de uma força”, afirma Paulinho, por telefone.

Feliz pela adesão do parceiro e amigo, Capinam lembra que, “nesse ano de muita dificuldade, é importante terminar o ano demonstrando capacidade expansiva”.

“Para nós, é muito importante a presença dele. Nesse momento, o que o museu quer é demonstrar vitalidade, demonstrar que faz parte dos interesses da cultura baiana”, afirma o poeta.

Clássicos e surpresas

Paulinho, foto Carol Beiriz
Antes (ou depois) de conhecer o Muncab, contudo, o que liga é apreciar o show, a voz, a presença,  a nobreza de Paulinho da Viola no palco da Concha. Como não poderia deixar de ser, é um show com tudo o que os baianos tem direito.

Banda completa, repertório cheio de clássicos, homenagens. “Tem alguns sambas bem conhecidos, como Sei Lá Mangueira, Onde A Dor Não Tem Razão, Para um Amor no Recife, Um Rio que Passou em Minha Vida, Coração Leviano, Sinal Fechado”, enumera Paulinho.

“Mas também estou pensando em cantar um samba que ainda não é conhecido, foi feito para homenagear um compositor muito conhecido aqui no Rio, o Walter Alfaiate (1930-2010), e que fala do Botafogo, que é o  meu bairro”, diz.

Intitulada Botafogo Chão de Estrelas, a música de Paulinho tem letra de Aldir Blanc. “A música fala das pessoas do bairro, compositores famosos. Era um bairro muito popular no Rio, no carnaval ficava assim de  bloco”, conta Paulinho.

“Aí, quando o Walter, que conhecia toda a história dos blocos do bairro, gravou seu primeiro álbum (Olha Aí, 1998) fizemos essa homenagem e ele gravou. Foi feita para ele. Quero canta-la por que gosto muito, é diferente, tem letra do Aldir, é uma pequena crônica”, relata.

No palco, outras surpresas podem acontecer, além desta já anunciada. “As vezes puxo um samba que não estava no roteiro. Às vezes acontece”, avisa, com um riso discreto.

Possível fim de hiato

Sem lançar um álbum de inéditas há exatos 20 anos (desde Bebadosamba, 1996), o músico sinaliza que este longo hiato pode terminar em breve.

“Estive conversando com o pessoal da Sony Music para resolver uma questão relativa ao Acústico MTV (2007), que já está resolvida. Então, provavelmente, farei um disco de músicas novas, mas meu trabalho é muito do momento”, afirma Paulinho.

“Sempre foi assim. Era um momento em que eu sentia necessidade de gravar, aí eu gravava. Até 1983, eu gravava disco todo ano. Cheguei a gravar dois em um ano, como em 1976 (Memórias Chorando e Memórias Cantando). Isso foi se espaçando a partir de 1983, quando as coisas foram mudando no país e na indústria do disco”, conta.

 A redemocratização, o estouro do rock Brasil e até a transição do analógico para o digital (com a chegada do CD) levaram Paulinho a um período de silêncio, que ele só quebrou em 1989.

“Não senti necessidade de gravar mais tanto. Foi uma mudança muito grande, até na forma de divulgação”, nota.

Discreto também nas preferências eleitorais, Paulinho apoiou abertamente Marcelo Freixo para a prefeitura do Rio de Janeiro este ano.

“Olha, eu nem gosto de falar disso, acho que o fato de um artista votar em alguém não muda o voto das pessoas”, diz.

“Mas vejo muitos criticando os artistas, como se todos tivessem a mesma opinião. Temos que voltar a discutir é questões objetivas, avançar na reforma agrária e distribuição de renda”, conclui.

Paulinho da Viola / Hoje, 19 horas / Concha Acústica do TCA / R$ 90,  R$ 45 / Camarote: R$ 180, R$ 90

2 comentários:

Franchico disse...

CAIU!

http://g1.globo.com/politica/noticia/2016/11/geddel-pede-temer-demissao-da-secretaria-de-governo-diz-planalto.html

rodrigo sputter disse...

http://www1.folha.uol.com.br/mundo/2016/11/1836023-em-miami-festa-une-insultos-a-fidel-castro-e-vivas-a-donald-trump.shtml

urras a trump é que não entendo...ainda mais de latinos...gostar de fidel ou não, entendo...mas elogiar trump sendo latino que é foda...e ilegal...a galera quer é ser explorada mesmo...ter aparelhos "eletrônicos bacanas", gasolina cara, exploração capitalista (9só pira com a "comunista"), comer comida enlatada e com agrotóxico, pagar caro pela saúde, educação bosta e por aí vai...não defendo fidel, mas muito menos trump...não sei como é viver em cuba e nem nos eua, mas sei que pra quem é minoria nos eua não deve ser nada fácil...nem um pouco...