segunda-feira, julho 18, 2016

CONEXÃO AFROBEAT LAGOS - SSA

Trazida a Bahia pelo Instituto Sacatar, a cantora nigeriana Okwei Veronny Odili gravou com I.F.Á. Afrobeat, com a qual se apresenta nesta sexta-feira. Conheça sua história e sua música

Okwei. Foto do blogueiro
A histórica conexão da Bahia com a África ganha um forte elo a mais com a cantora e compositora nigeriana Okwei Veronny Odili.

Residente na Bahia, a artista se apresenta nesta sexta-feira, em participação especial, no show da big band local I.F.Á. Afrobeat.

A participação não é por acaso. O I.F.Á., que também receberá no palco a nobreza baiana de Lazzo Matumbi, gravou e lançou há algum tempo um EP com cinco faixas em parceria com Okwei.

O que se ouve ali é um casamento perfeito do sofisticado suingue afro da banda com a voz quente e aveludada da cantora nigeriana, um poderoso manifesto afrobaiano de musicalidade e liberdade.

“Foi maravilhoso gravar com o I.F.Á. A primeira vez que entrei no estúdio com eles tive até arrepios. O engraçado é que me disseram a mesma coisa, que quando me ouviram cantar no estúdio eles ficaram arrepiados”, conta Okwei.

“Gostaria de leva-los à Nigéria comigo, até por que o pessoal lá adorou o EP, foi recebido como uma revelação artística, os DJs tocam as músicas, que são pedidas nas rádios. Em breve vamos lançar em vinil também”, avisa.

Agora, Okwei conclui a gravação do seu primeiro álbum solo aqui em Salvador, sob a direção musical do trombonista do I.F.Á., Matias Traut.

“Está quase pronto, mas precisamos fazer shows para levantar recursos e lança-lo da forma apropriada. Então ainda não sei quando o disco sai. Mas soltaremos um single em breve. Estamos prontos para começar”, garante a cantora.

Vertigem afrobeat

Okwei canta. Foto: Fagundes
Na agenda, além do show de sexta-feira, uma viagem à Brasília para participar do Festival da Mulher Afro-Latino-Americana e Caribenha, no próximo dia 30, no Museu Nacional.

Natural de Lagos, a maior cidade do continente africano, Okwei conta que seu interesse por música vem desde criancinha, quando ouviu o som do pai do afrobeat, Fela Kuti.

“Ouvi Fela pela primeira vez aos 5 anos. Me senti como se estivesse 'caindo'”, diz, fazendo um gesto largo de cima pra baixo, um sinal de vertigem.

“Quando tinha oito anos, minha tia me levou em um show do Fela Kuti e foi uma das coisas mais mágicas que vi na vida. Soube ali que era isso que queria fazer na vida. Me juntei ao coral da igreja, a fim de  conhecer mais música”, diz.

Em paralelo, começou a tomar aulas com o renomado saxofonista Peter King.

“Foi a primeira pessoa que tentou me ensinar. Eu não sabia muito. Tive algumas aulas mas depois tive de parar, Minha mãe queria que fosse pra faculdade. Mas era difícil, pois tínhamos muitas greves”, conta.

Aos 14 anos, Okwei saiu do coral e da igreja. “Perdi a fé”, conta.

“Aí um dia vi Funsho Ogundipe (pianista, líder da banda afrobeat Ayetoro) na TV e achei que ele era uma inspiração. Em 2009, eu o encontrei pelo Facebook. Na minha foto de capa, eu aparecia segurando uma guitarra. Aí ele perguntou se era pra tocar mesmo ou só pra tirar onda. Respondi: os dois”, ri Okwei.

Depois de estagiar com Funsho e aprender sobre composição, Okwei soube do concurso do Instituto Sacatar, que selecionava artistas para a residência artística na Bahia.

Ela vai, mas volta

Okwei com a rapaziada do I.F.Á. Afrobeat. Foto: Natália Arjones
No Sacatar, Okwei se desenvolveu, fez amigos e se maravilhou ao descobrir in loco as similaridades entre Bahia e Nigéria.

"Tive muita sorte de vir à Bahia, pois ela me mostrou muitas similaridades com a cultura, a culinária, a espiritualidade nigerianas. A música desta região é muito forte, é fácil ser inspirada quando se encontra com tantos músicos que acreditam na música", afirma.

“No Sacatar, mostrei aos outros artistas minhas composições gravadas na Nigéria. Era uma produção bem barata, mas eles foram capazes de ver que havia algo de bacana naqueles rascunhos. Mas no Sacatar eu tive acesso ao melhor estúdio que já vi. Qualquer um que entra ali vira músico instantaneamente. Fiz ótimas sessões ali. A energia dos artistas no Sacatar era muito boa também. Éramos todos pessoas muito diferentes, mas todo mundo acabou amando um ao outro. Fiquei muito amiga da cineasta Nerize Portela”, conta.

"É que não é fácil gravar na Nigéria. A infraestrutura é muito pobre, incluindo a geração de energia, muito dependente de geradores alimentrados por combustível. Se você tem um estúdio, precisa ter um gerador. Se você tem um gerador, ele faz muito barulho, o que atrapalha as gravações", relata.

“Um dia, viemos a Salvador e conheci aqui o pessoal da I.F.Á. Eles disseram: 'vamos fazer um som'. Começamos a ensaiar para fazer shows e gravar um EP. Gravamos cinco canções: três deles e duas minhas. Quando voltei à Nigéria eles concluíram o EP. Depois do Sacatar voltei a Nigéria trabalhei um tempo como roteirista de TV e cantando com a Ayetoro, a banda do Funsho Ogundipe. Fizemos shows e comecei a gravar meu próprio material”, relata.


Após concluir seu álbum solo, Okwei voltará à Nigéria. “Mas voltarei á Bahia periodicamente”, avisa. Okwei, você já é de casa.

IFÁ Afrobeat Convida Lazzo e Okwei V Odili / Sexta-feira, 22 de julho, 21 horas / Largo Pedro Archanjo, Pelourinho / R$ 30 e R$ 15

I.F.Á. Afrobeat + Okwei V. Odili / Produção: André T e IFÁ Afrobeat / Capa: Lemi Ghariokwu / Ouça: www.ifafrobeat.bandcamp.com



6 comentários:

Franchico disse...

Menino el Cabong lista os shows previstos na Concha Acústica até novembro:

http://www.elcabong.com.br/apos-reinauguracao-concha-tem-sequencia-de-grandes-shows/

Franchico disse...

Pô, se saísse por aqui eu comprava.

http://www.bleedingcool.com/2016/07/16/the-archies-meet-the-ramones/

Franchico disse...

Olhaí o nível da gente que financiou (e ainda financia) o GOLPE:

http://www.diariodocentrodomundo.com.br/essencial/diretor-da-fiesp-deve-r-69-bilhoes-em-imposto-ao-governo-mais-do-que-bahia-e-pe/

É essa gente "de bem" que vai "moralizar" o Brasil?

Franchico disse...

Entre outras razões, é por isso que não gosto e não participo de redes sociais:

http://www.diariodocentrodomundo.com.br/a-midia-social-engoliu-nao-apenas-o-jornalismo-mas-tudo-o-risco-das-redes-sociais-para-as-noticias-por-jose-eduardo-mendonca/

Franchico disse...

Acharam o guns do Guns 'n' Roses na fronteira canadense:

https://omelete.uol.com.br/musica/noticia/guns-n-roses-e-detido-na-fronteira-do-canada-por-porte-de-armas/

Rodrigo Sputter disse...

com todo respeito aos artistas e grandes artistas que irão se apresentar...nenhum me faria sair de casa pra ver...nem se fosse de graça...embora paralamas quando toca completo com naipes de metais tem coisas interessante...e racionais nunca ouvi ao vivo...mas pra mim, a reabertura não mudou meu panorama musical...ficarei no aguardo...aliás...embora a concha seja um lugar foda...só me lembro agora de um show legal que fui lá...dos dead billies...minto...dois legais...dois dos billies por sinal...um abrindo pro marky ramone...e um pro maurício manieri...vou ver se me lembro de algum..vi o ira uma vez tb...mas não pirei...foi legal...a maioria dos artistas que gosto...ou já morreram...ou se aposentaram...ou jamais tocaria aqui....aliás, no próprio Brasil vejo poucos shows de fora que me fazem querer sair daqui...lembro que o ultimo q me fez sair de salvador foi o do Cocksparrer...FODAÇO por sinal...mas jamais tocaria aqui não por falta de vontade dos artistas claro...mas acho foda a concha reabrir...falta lugares de médio porte pra rolar som em Salvador...

comentei isso em luciano...e colo aqui...é meu pequeno pensamento...