terça-feira, dezembro 29, 2015

SUMIDA HÁ ALGUNS ANOS, GEPETTO RESSURGE COM ÁLBUM DE PROPOSTA AMBICIOSA

Rapaziada da Gepetto, foto Kevin Oux
Surgida no cenário em 2011, a banda local Gepetto fez uma boa quantidade de shows e começava a formar público quando desapareceu.

O sumiço foi intencional. A banda se organizou para gravar seu primeiro álbum cheio, que agora, pronto, tem show de lançamento exatamente daqui a uma semana (dia 5), no Teatro Eva Herz da Livraria Cultura.

Eros Anteros, o disco da Gepetto gravado com apoio financeiro do Fundo de Cultura da Bahia, é uma obra ambiciosa em pelo menos dois níveis: o sonoro e o conceitual.

Produzido em Salvador por Vicente Fonseca e Marcos Franco, o álbum foi masterizado em Nashville, Estados Unidos.

Conta com participações de Fernanda Monteiro (violoncelo), Leonardo Leal (trompete) e dos  membros do Madrigal da Ufba Henrique Moraes, Igor Garcia e Josehr Santos.

Satisfeito com o resultado, o tecladista Davi Mignac acredita que “Conseguimos apresentar melodias bem casadas, considerando novas vertentes da banda, mas sem perder a nossa essência de fazer um som intimista, melancólico e carregado de sentimento, somado a um instrumental moderno e recheado de efeitos”.

“O timbre ‘certo’ foi uma das minhas maiores preocupações para a sonoridade do disco. Lembro que ficávamos horas escolhendo timbres de guitarra e teclado para cada canção”, lembra o vocalista e guitarrista Carlos Faria, autor das faixas.

Harmonia e caos

O colunista confessa que, apesar do capricho da produção, se incomodou aqui e ali com uma busca demasiadamente explícita por uma sonoridade obviamente derivada de bandas como Radiohead e Muse, além de algumas letras derramadas além da conta.

Essa última característica, contudo, faz sentido dentro do contexto conceitual desenhado pela banda: “Procuramos expressar esse conceito de dualidade através dos deuses gregos Eros e Anteros (ou Anti-Eros). Na verdade, estes deuses foram representados em figuras femininas, que são a nossa fonte de inspiração. Procuramos falar basicamente sobre relacionamentos e suas diferentes fases, com melodias e letras disputando harmonia e caos”, conclui Davi.

Show de lançamento: Eros Anteros / Dia 5 de janeiro, 19 horas / Teatro Eva Herz (Liv. Cultura, Salvador Shopping)  / Entrada gratuita



ENTREVISTA COMPLETA: DAVI MIGNAC E CARLOS FARIA (GEPETTO)

Ficaram satisfeitos com o resultado final do álbum? O que a banda buscava em estúdio, em termos de sonoridade e ambiência, foi alcançado? A produção ficou bem caprichada, diga-se de passagem.

Gepetto dá uma refrescada, em foto de Kevin Oux
Davi: A elaboração, produção e gravação do álbum Eros Anteros foi considerada a meta de 2015 para a Gepetto. E podemos dizer que fechamos o ano com chave de ouro, pois depois de praticamente 1 ano em estúdio compondo e gravando, o álbum saiu exatamente do jeito que esperávamos. Na nossa visão, conseguimos atingir a maturidade sonora desejada pelos membros da banda e pelos produtores do disco, Vicente Fonseca e Marcos Franco. Todos ficaram bem felizes com o resultado. Conseguimos apresentar melodias bem casadas, considerando novas vertentes da banda, mas sem perder a nossa essência de fazer um som intimista, melancólico e carregado de sentimento somado a um instrumental moderno e recheado de efeitos. Nossa intenção é que as pessoas escutem o disco e se surpreendam à medida que escutem cada música, pois é um álbum de 14 faixas (72 minutos) que revela diferentes universos da Gepetto, mas que acabam se relacionando diante do conceito dualista do álbum. Apesar de fazermos parte da banda, te garanto que o álbum Eros Anteros virou parte da nossa playlist e escutamos sempre com muita satisfação todas as músicas, rs. Esperamos que o público tenha esse mesmo sentimento ao escutar o disco.

Carlos: Tenho que confessar. Sou a pessoa mais perfeccionista que eu conheço, rs. E devo agradecer de coração a todas as pessoas que respeitam e acreditam no meu modo de trabalhar, que é com muito perfeccionismo e cuidado. Tenho uma banda fantástica, onde todos estão abertos a novas idéias e sempre querendo o melhor para a banda. Nesse sentido, preciso dizer que fiquei 100% satisfeito com o que conseguimos realizar com esse disco. E grande parte dessa satisfação, se deve aos nossos produtores musicais, Vicente Fonseca e Marcos Franco, que ficaram com a gente por um ano, em busca da sonoridade que queríamos alcançar com o "Eros Anteros". O timbre "certo" foi uma das minhas maiores preocupações para a sonoridade do disco. Lembro que ficávamos horas escolhendo timbres de guitarra e teclado para cada canção. De fato, posso dizer que foi um trabalho primoroso e que tenho muito orgulho de ter tido a oportunidade de fazer parte. Agora só resta a curiosidade de saber o que as pessoas vão achar desse trabalho feito com tanto carinho.

O disco parece ser temático, a partir do título que faz referência aos deuses gregos do amor. Pode falar um pouco sobre isso, como o tema foi desenvolvido no disco?

Davi: Acreditamos que todos nós, em essência, temos sempre dois lados. Um lado privilegia sentimentos mais "doces" como o amor, a ingenuidade e o afeto, enquanto o outro lado representa sentimentos opostos como o ódio, raiva e angústia. Na nossa visão, esses dois lados, apesar de contrários, estão sempre interagindo e são essenciais para formar o equilíbrio existencial. Para o álbum, procuramos expressar esse conceito de dualidade através dos deuses gregos Eros e Anteros (ou Anti-Eros). Na verdade, estes deuses foram representados em figuras femininas, que são a nossa fonte de inspiração, rs. Procuramos falar basicamente sobre relacionamentos e suas diferentes fases, com melodias e letras disputando harmonia e caos. Por exemplo, o disco apresenta algumas faixas com partes instrumentais e partes mais pesadas, algumas faixas mais pop, e outras até em tons clássicos com violão e violoncelo. Nosso desafio foi criar essa unidade e permitir que o disco fluísse naturalmente aos ouvidos, provando que diferentes universos podem interagir entre si e atrair novos olhares sobre a banda. Conseguimos juntar as facetas Eros e Anteros em um universo só e fazer com que isso parecesse natural e dinâmico. Além disso, aproveitando o tema mitológico, tentamos fazer com que esse disco tivesse uma vertente épica, com coros, arranjos orquestrados e uma intensa sonoridade climática em várias faixas do disco.

Carlos: Complementando o que Davi disse, foi essencial que escolhêssemos uma boa ilustração para a capa e contra-capa do disco. Felizmente, tivemos a chance de trabalhar com um dos meus ilustradores favoritos, Andre de Freitas, artista Peruano em que na maioria de suas ilustração (se não todas), são representadas por figuras femininas e sempre rola uma coisa dúbia, o que achei interessante para representar o nosso disco. Achamos legal usar dessa liberdade criativa para dar vida ao conceito da assinatura do álbum.

Sem querer ser chato, mas as as bandas que influenciam a Gepetto ficaram um tanto quanto óbvias em boa parte do álbum - sem demérito por isso, a princípio. Foi um risco calculado?

Davi: Na verdade, não partilhamos dessa mesma opinião. Claro, que precisamos começar nos baseando em algumas referências para começar a criar e entender o nosso próprio conceito de som. No EP 'Ninfo', lançado em 2012, as influências da banda, como Muse e Radiohead, estavam claras. Nesse álbum, nossa intenção foi abrir o leque e permitir criar diferentes sonoridades para mostrar ao público que a banda é uma mistura de influências, e que através dessa mistura, a banda é capaz de produzir um som diferente e particular. Em cada faixa, temos timbres diferentes, arranjos diferentes e procuramos fazer o diferencial música por música. Só a critério de curiosidade: nesse álbum procuramos nos inspirar também em artistas nacionais, que as referências talvez nem estejam tão claras no disco, mas garantimos que alguma coisa pode ser associada nas entrelinhas, como Adriana Calcanhoto e Tim Maia.

Carlos: Eu acho que nesse disco fizemos, sem muitas pretensões e ao mesmo tempo, intencionalmente, diversas homenagens a artistas e sonoridades que nos inspiraram ao longo da vida. Segundo Einstein, "o segredo da criatividade é saber como esconder as fontes", rs. Pois nessa obra, não nos preocupamos muito em soar parecido com nada, mas durante todo o processo criativo, da gravação até a mixagem do disco, várias  referencias sonoras foram cruciais. Se você prestar atenção no disco, vai perceber que de fato, podemos ser uma banda um tanto exótica e flexível (ao meu ver). Existe uma unidade ali no contexto geral do conceito do álbum, mas sonoramente, eu diria que a cada faixa, você pode se surpreender com a diversidade de influencias que nos acompanharam durante todo o processo. São 13 faixas inéditas e mais uma que fez parte do nosso primeiro EP. Dentro desse leque de canções, é possível que você vá identificar elementos sonoros de Claudinho e Buchecha a Zizi Possi (é, acredite), até Adriana Calcanhoto, Tim Maia e Roberto Carlos, principalmente nas letras. Que escutar o disco na integra pode perceber que a gente  se influencia de muitas bandas, principalmente, dos anos 90, incluindo System of a Down, Muse, Radiohead, Pink Floyd (essa é antiga), Incubus, The Joy Formidable, Blink-182 e muitos outros… No mais, fizemos o disco do nosso jeito, sem querer apelar em inovação, mas respeitando o que existe de memória afetiva e de bagagem musical de cada um da banda. Somos nós ali no meio de tudo que nos fez sermos o que somos hoje, rs.

A Gepetto surgiu há alguns anos e depois deu uma sumida do cenário. Pode contar um pouco o que rolou nesse período?

Davi: Sentimos que estávamos fazendo vários shows em sequência e que estávamos começando apresentar para o nosso público várias canções autorais ainda não gravadas. Foi ai que decidimos parar e nos reorganizar para gravar o álbum de estreia da banda. Queríamos fazer algo grande, compatível com os nossos desejos e ambições, mas percebemos que isso iria custar mais dinheiro do que a banda poderia gastar no momento. Foi por esse motivo que a banda foi sumindo gradualmente, até que conseguimos financiamento em um edital da Secretaria de Cultura do Estado da Bahia (SecultBA). Dentre de mais de 400 propostas, a nossa foi uma das selecionadas. Esse era o combustível que precisávamos para retornar com tudo. Isso fez com que a gente se fechasse em estúdio por 1 ano para produzir esse álbum com tanto carinho e dedicação. Não vemos a hora de voltar aos palcos com muitas novidades e com um repertório extenso só de músicas nossas.

Disco lançado, quais os planos da Gepetto para 2016?

Davi: Primeiro plano é lançar oficialmente o disco dia 5 de Janeiro de 2016, em show que vai ocorrer no Teatro da Livraria Cultura do Salvador Shopping. Depois disso, queremos tocar em lugares que já tocamos e também em lugares novos, arquitetando uma turnê para o próximo ano não só no Nordeste, mas também em outras partes do Brasil. Após tanto tempo compondo e gravando, acho que merecemos isso. E como inspiração é o que não falta para a banda, porque não pensar em começar a compor um novo álbum ainda em 2016? Acho que ficamos viciados e podemos fazer disso rotina agora, quem sabe um novo álbum a cada ano, rs. Pra gente, é sempre um prazer produzir novos materiais, seja músicas novas ou videoclipes. Que o nosso público fique sempre satisfeito!

Carlos: Pessoalmente, eu nunca fui a um grande festival de rock na vida, quem diria tocar em um… Então seria um sonho realizado tocar em alguns festivais de médio a grande porte durante a turnê do Eros Anteros. Dividir o palco com algumas bandas que admiramos e trocar essas experiências junto com nossos fãs, com certeza vai fazer parte da nossa meta para o ano de 2016.

NUETAS

Big Bross, Big Niver

O produtor Rogério Big Bross Brito comemora seu 44º verão com  big festa no Quanto Vale o Show?  hoje, no Dubliner’s. Sente só a classe: começa às 19 horas, com discotecagem de  Leonardo Santos. Às 21 horas, sobem ao palco os arrasadores Les Royales. Às 23 horas, Martin Mendonça, guitarrista de Pitty, faz um show solo especial em homenagem ao gordo, acompanhado pelos ex-Cascadura Thiago Trad (bateria) e Cadinho (baixo). Fechando a bagaça, a banda Eu Quero Ver Teu Oco Raimundos Cover assume o proscênio à uma da madrugada. Favor contribuir com a caixinha...

Rock à tardinha e longa noite adentro

Van der Vous, Bilic Roll, Mapa, Cartel Strip Club, Espúria, Prime Squad, Aurata, Ronco e Búfalos Vermelhos & A Orquestra de Elefantes fazem o Festival Sol Vermelho. Sábado, Dubliner’s, 16 horas, R$ 15.

18 comentários:

Franchico disse...

Dizem que se mede o valor de um homem pela saudade que deixa entre os amigos.

http://whiplash.net/materias/news_796/235906-motorhead.html

RIP Lemmy.

(Na verdade, "dizem" porra nenhuma. Eu que pensei nisso agora, ao ver as manifestações. Mas enfim, foda-se).

Chega né, 2015?

Franchico disse...

Quem tem facebook pode deixar seus pêsames na página oficial criada pelo Motörhead para isto:

https://www.facebook.com/lemmykilmisterforlife

"You know I'm born to lose, and gambling's for fools,
But that's the way I like it baby,
I don't wanna live forever,
And don't forget the joker!"

Rodrigo Sputter disse...

Se não sentirem saudades foda-se tb...estaremos mortos...melhor aproveitar a vida...minha homenagem é tocar Motorhead!!
No caso, ouvir-hehehehe
Mas num vou dar uma daquela galera maleducada e tocar pra galera da rua ouvir tb, vai ser eu e os cabeçademotor, somente nós dois, como na maioria das vezes foi!

Rodrigo Sputter disse...

Chico, tu esqueceu de colocar a data do show da sol vermelho, não?

Franchico disse...

Num botei o que, Sputter? É sábo!

Rodrigo Sputter disse...

Vi com calma...acho que foi a morte do homi e o stress que a mulé me faz passar que passou desapercebido...

Já colocou ACE OF SPADES altão aí na tranced snows??
hehehhe

Franchico disse...

Adoro dizer isso: é sábo!

Aproveito todas as oportunidades para trocar "sábado" por "sábo".

Relevem o retardamento...

Franchico disse...

Nem tudo está perdido:

http://www.brasilpost.com.br/2015/12/28/empresaria-impeachment-co_n_8886204.html?utm_hp_ref=brazil

Essa senhora deveria servir de exemplo a todos os obcecados com impeachment, uma medida que, no máximo, só servirá para trocar seis por meia dúzia.

Rodrigo Sputter disse...

vc é adventista ou judeu pra amar tanto o sábado assim?
ehhehehehe
ou Deus, que fez o sábado pra adorarem a ele...

Chico, vão dizer que essa mulher foi paga pra falar isso...que se vendeu...o que mais me emputece com tudo isso é que ninguém enxerga que crápulas estão por trás disso...pra ficar no lugar de outros crápulas...ao invés de tentar eleger pessoas mais sérias (se é possível isso) para serem nossos políticos (querendo ou não, vermes como bolsonazi são pagos com nosso $$), ficam elegendo um monte de merda...esses pastores então que estão na política. num sei se Jesus salvaria um sequer...
Foi eleita?
Roubou, tira...
Galera quer tumultuar pra poder roubar em paz...voltar a ficar no lugar que antes era deles.

Rodrigo Sputter disse...

Tou lendo o livro das "centopéias gigantes", minha sogra me de um vale presente...e troquei por esse livro e uma Bio do jerry lee lewis que nem sabia da existência...curiosamente, vi agora que é da mesma editora da ideal...eu queria um de Caymmi, que fala dele na época do rádio, li esse ano a bio dele, um calhamaço, mas lê-se rapidinho...mas não tinha na loja...aliás pedi ao cara pra ver se tinha o livro da "centopéia" e o cara não sabia digitar centopéia? que porra é essa...eu nem sabia que tinham tirado o acento agudo...mas blz...o outro não sabia que dylan era com Y...blz...ou não? dylan é super pop...e o cara trampa numa livraria...pelo menos esse sabia como pelo menos escrever o dilan...o outro nem bob sabia digitar...foda isso...fico com vergonha alheia...queria ver a bio dele que saiu há pouco tempo, li uma q o sounes escreveu (aliás escreveu uma do buk tb, todas duas bem boas)...mas vi essa do jerry...fiquei louco...tinha o livro do DK, versão capa dura e normal...mas jerry é foda...embora goste MUITO dos DK...já sei o que quero de presente de níver...separar esse livro dos DK...a bio orlando silva que foi relançada esse ano...e esse do Caymmi...e antes que alguém venha falar algo, lembro de ler quando guri o Jello dizer que gostaria de algo que misturasse punk com carmem miranda...e não parecer com uma banda punk dos eua, mesmo cantado em portuga.

Rodrigo Sputter disse...

TÁ FODA:

http://g1.globo.com/musica/noticia/2015/12/john-bradbury-baterista-dos-specials-morre-aos-62-anos.html

de todos os três que morreram esses dias, creio que o Specials foi mais importante pra minha formação musical e de vida!

Rodrigo Sputter disse...

Outro cara que morreu e eu num sabia:

https://www.youtube.com/watch?v=1skSrlw4JRU

https://www.youtube.com/watch?v=A7whxAXeWHU

essas duas faixas lembram minha infância...tem um cara fodão de Garage Punk de detroit...que trampo no 1o do white stripes...e tocou no dirtbombs...q tem o mesmo nome dele.

Ernesto Ribeiro disse...

"misturasse punk com carmem miranda"?


Curioso q ele tenha dito algo q ele NUNCA fez.

Rodrigo Sputter disse...

que os brasileiros misturassem isso...tem uns 20 anos que li isso...nem lembro onde foi...ele pegava coisas tradicionais e tirava um sarro...rawhide mesmo é um deles...de seriado se nao me engano, de cowboy...talvez a música folclórica, folk, deles seja o blues...o jazz...o country, o próprio folk

Achei:

http://tbontbrec.blogspot.com.br/2010/01/entrevista-com-jello-biafra-revista.html

um trecho:

BIZZ: No Brasil vocês vão tocar para o pessoal do subúrbio. ( Nota do brog: O Dead Kennedys ia tocar no Brasil em 86, mas a banda acabou antes deles virem para cá.) É uma garotada com um tipo de sensibilidade muito política, pela própria luta do dia-a-dia; e exigem uma música que expresse a revolta deles.

Jello: Eu sei disso, e é a coisa que mais atraiu a gente. No princípio pensei que os punks brasileiros fossem ricos, porque quem ia ter dinheiro para comprar os instrumentos? Depois fiquei sabendo que não é bem assim. Mas parece que o punk não consegue chegar até as favelas, até as pessoas de vida realmente miserável Isso, eu acho, só vai acontecer com um tipo de punk acústico, com instrumentos improvisados, do tipo que o pessoal de Washington faz com garrafas e tambores vazios, latas de lixo. É barato, dá pra fazer sem eletricidade. E punk não tem muito sentido sendo só escutado, todo mundo que entra no punk tem que fazer música punk. O interessante seria tentar misturar isso com o punk eletrificado, do mesmo jeito que seria fascinante enfiar no punk uma coisa como a música de Carmem Miranda. Adoro quando as pessoas pegam música folclórica de seus países e misturam com punk, isso é muito melhor do que procurar fazer um som apenas parecido com com uma banda americana, inglesa ou finlandesa. Já fizeram um pouco disso no Japão, e na Hungria tem uma banda chamada Bikini que é uma maravilha.

No Brasil, até componentes eletrônicos e eletricidade dão um jeito de improvisar.

Jello: Ótimo! Porque o pessoal daqui detesta improvisar. Os próprios punks daqui têm medo de improviso: aprendem uma fórmula e ficam naquilo. Eu ia adorar escutar, por exemplo, a música de uma tribo do Amazonas, ou a Carmem Miranda, ou a salsa... sei que não é bem salsa...

BIZZ: Samba

Jello: ... o samba, isso tudo misturado com punk havia de criar uma música totalmente nova. O pessoal do Run DMC está tentando misturar hard rock com rap music e funk, aqui nos Estados Unidos.

Rodrigo Sputter disse...

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See also Website Credits

Rodrigo Sputter disse...

falando no homi:

pra ouvir:

https://jellobiafratheneworleansraunchandsoulall-stars.bandcamp.com/

pra baixar:

http://masvaleserpunky.blogspot.com.br/2015/05/jello-biafra-and-new-orleans-raunch-and.html

Ernesto Ribeiro disse...

Eu já tenho esses dados de contato há anos.
Até sugeri ao Jello que o selo dele lançasse nos EUA os Dead Billies e o Camisa de Vênus.


Repetindo:


Curioso q ele tenha dito algo q ele NUNCA fez.


É, seria fascinante enfiar no punk uma coisa como "Os Quindins de Iá-Iá" ou "O Que é Que a Baiana Tem".



Alguém devia perguntar a ele como ESSE tipo de música poderia espelhar a brutal REALIDADE brasileira. Ou o que é q porra q a fúria e a revolta do PUNK ROCK tem a ver com isso.



Nem com toda a força da imaginação eu conseguiria conceber a imagem de Jello Biafra sorrindo e cantando alegremente enquanto estalasse os dedos, e tocando castanholas numa roda de samba.


O máximo que posso imaginar seria uma letra narrando a violência, a miséria, o cocô nas calçadas, os mendigos pedindo esmola, os viciados na Crackolândia, a alienação religiosa e a prostituição infantil "Na Baixa dos Sapateiros".


Quanto á peremptória afirmação:


"E punk não tem muito sentido sendo só escutado, todo mundo que entra no punk tem que fazer música punk."


Tal imposição de atitude me parece dogmática, até mesmo autoritária. Permita que eu discorde?



Por questões práticas e até logísticas, é fisicamente IMPOSSÍVEL que TODOS os milhões de fãs de Punk Rock se tornassem também músicos. Não haveria gravadora nem palcos suficientes para comportar tanta gente. Aliás, nem haveria público. Mesmo num mega-revezamento num mega-festival, enquanto uns tocassem e outro assistissem.



Jello Biafra, você é simpaticíssimo, mas suas idéias são idealistas demais e sem nenhum pé na realidade...

Ernesto Ribeiro disse...

Quanto a essas esperanças equivocadas baseados em conceitos desinformados:


"No princípio pensei que os punks brasileiros fossem ricos, porque quem ia ter dinheiro para comprar os instrumentos? Depois fiquei sabendo que não é bem assim. Mas parece que o punk não consegue chegar até as favelas, até as pessoas de vida realmente miserável."


1 - É q punk brasileiro talvez segue o exemplo dos ORIGINAIS: Steve Jones e Paul Cook dos Sex Pistols ROUBAVAM os instrumentos e equipamentos. Novinhos.


2 - Nas favelas, até as pessoas de vida realmente miserável SÃO uns espíritos realmente miseráveis pra gosta de tudo q é merda: axé, pagode, timbalada, breganejo, sofrência... mas PUNK ROCK ou ROCK N ROLL q é bom, nada. Por isso mesmo q há meio milênio a maioria dos brasileiros CONTINUA atolada numa vida realmente miserável --- até musicalmente.