sexta-feira, abril 04, 2014

LIRINHA VOLTA Á BAHIA PARA SÉRIE DE SHOWS E RECITAIS - QUE COMEÇA HOJE, NO PELOURINHO

Lirinha, fotos de Claus Lehmann
Catapultado à fama nacional no fim dos anos 1990 com sua banda O Cordel do Fogo Encantado, o cantor e poeta Lirinha volta à Bahia para cumprir agitada agenda de shows solo e recitais de poesia.

O pernambucano de Arcoverde se apresenta hoje no Pelourinho com a banda local Scambo e amanhã em Feira de Santana. No domingo, faz recital em Feira de Santana e na segunda-feira, outro em Salvador. Na sexta-feira que vem, nova récita em Juazeiro.

“Gosto muito (de fazer shows na Bahia). Tenho uma relação profunda e antiga com o público baiano”, diz José de Paes Lira (seu nome completo), por telefone de São Paulo.

“Desde o início, antes do primeiro disco do Cordel (2000), fizemos uma temporada no Teatro Acbeu e foi muito marcante. Todas as etapas do Cordel eu vivenciei de alguma forma com a Bahia”, acrescenta.

Nos show de hoje e amanhã, Lirinha e sua banda executam o repertório completo do álbum Lira (2011), mais alguns hits do Cordel, como Morte E Vida Stanley, Os Oim do Meu Amor e Matadeira.

“Também vai ter Lágrimas Pretas, que compus pra Pitty  (gravada por ela no CD 3 Na Massa, 2008) e outras inéditas que deverão estar no meu próximo disco“, diz Lirinha.

Pessoa que diz poesias

Além de shows, Lira faz na Bahia três recitais de poesia, atividade que está na gênese de sua trajetória artística.

“Mesmo nos shows eu mantenho alguns momentos em que digo poesias, continuando a tradição do Cordel –  agora com bases sampleadas”, diz.

“Mas me sinto muito feliz de levar poesia a essas cidades, especialmente Feira de Santana por causa de Chico Pedrosa, poeta paraibano que eu recitava muito e morava em Feira, então desenvolvi esse carinho, esse apego”, conta.

Além de Pedrosa, Lira vai dizer poesias de Manoel Filó, Pinto do Monteiro, João Cabral de Melo Neto, Cancão, Micheliny Verunschk e Alberto da Cunha Melo, além de versos de sua própria lavra.

“A poesia faz parte de minha origem. Eu comecei nisso que chamam de arte declamando poesias em festivais de violeiros e encontros de repentistas e poetas em Arcoverde”, diz.

“Tudo mais – música, teatro – veio depois. Me considero a principio um declamador, uma pessoas que diz poesias. Tudo mais desenvolveu em torno disso”, observa Lirinha.

A ligação com os aspectos mais enraizados da cultura nordestina, contudo, não foi o bastante para a expressividade do inquieto pernambucano, que deixou a antiga banda justamente para trilhar outros caminhos, mais cosmpolitas.

"Comecei no Cordel em 1997, em Arcoverde como um espetáculo cênico musical. Em 1999 virou uma banda e eu vivi até 2010 intensamente o processo desta banda, compondo todas as músicas basicamente na estrutura da percussão e um único instrumento harmônico, no caso o violão. E isso foi o principal impulso de desligamento da banda: essa necessidade como compositor e intérprete de desenvolver um trabalho com mais instrumentos harmônicos. Não faria sentido anunciar a saída do grupo e fazer uma música parecida. Nunca houve desentendimento. Foi uma questão estética. Então  fiz um CD com sintetizadores, pianos e guitarras. Me reconheço demais nesse processo do disco. Fiquei muito feliz, pois é o disco dos meus sonhos, a música que desejava fazer e consegui concretizar”, detalha Lirinha.

"Agora tô no processo do segundo álbum solo, já em gravação. Estou produzindo novas músicas inéditas. Apelidei por enquanto de Lira Vol. 2. e estou repetindo a produção com Pupilo (da Nação Zumbi, produtor do Lira de 2011), como se fosse um aprofundamento dessas descobertas do Lira. Curioso é que o primeiro saiu primeiro na net e um mês depois o físico, em 11 de setembro de 2011, mas não por nada, é que é a data do aniversário de emancipação de Arcoverde e eu quis dar de presente. Agora, este ano é bem turbulento, então ainda não sei quando sai este segundo, se enfrento aí este período de Copa / política e lanço ainda em 2014"...., conclui o músico.

Lirinha / Hoje (com Scambo), 21 horas / Largo Teresa Batista /  R$ 20 e R$ 10 / Recital: Segunda-feira, 18h30 /  Teatro Sesc Pelourinho / Gratuito / Feira de Santana: Amanhã, 20 horas / Teatro de Arena Centro de Cultura Amélio Amorim / R$ 10 e R$ 5 / Recital: Domingo, 17 horas / Foyer do Teatro da CDL /  Gratuito / Juazeiro: Recital (Com Cláudia Cunha | Maviael Melo)  dia 11, 21 horas / Centro de Cultura João Gilberto / Gratuito

http://josepaesdelira.tumblr.com



4 comentários:

Franchico disse...

Eis aqui uma causa na qual realmente acredito:

http://omelete.uol.com.br/cinema/dredd-2-karl-urban-diz-que-equipe-esta-trabalhando-duro-para-que-continuacao-saia-do-papel/

Ernesto Ribeiro disse...

Porra. Logo hoje, na véspera do meu aniversário, no dia do aniversário da morte do Último Grande Ídolo Rocker Kurt Cobain, quando acordo já triste e mais do que nunca precisando de um milagre... eis que morre José Wilker, o Roque Santeiro.

Ernesto Ribeiro disse...

Na primeira vez que eu ouvi “Smells Like Teen Spirit”, em 1991, eu fiquei TÃO arrebatado, maravilhado e explodindo de energia que só queria saber: “Quem são esses caras?!”


1990: “O rock morreu. Não tem mais nada que preste sendo feito de novo. Nada que me arrebate, nada instigante, nada com que a gente possa se identificar e que fale por nós. Ninguém que fale do estado de espírito dos dias de hoje. Acabou.”


1992, abril 6: No dia do meu aniversário, vou até a loja de discos e e de uma só vez eu compro os 3 LPs do Nirvana: Nevermind, Bleach, Incesticide. Foi o melhor presente que eu já ganhei.


Quando eu já estava atravessando aquela experiência arrebatadora e inesquecível, dançando pela sala e ouvindo aquela dissonância espetacular no meio de “Loung Act”, eu entendi: “É isso! Eu estou ouvindo o disco clássico da minha geração. É como estar ouvindo o Nevermind The Bollocks dos Sex Pistols em 1977 ou Rock Around The Clock em 1955. Esta é a obra-prima definitiva dos anos 90. É o disco que espelha o estado de espírito de nosso tempo (zeitgeist). Foi a mesma coisa que eu senti em 1983, ouvindo o primeiro LP do Camisa de Venus. Mas na época eu ainda era criança. Agora eu sou adolescente mesmo. Sei o que o cantor está sentindo.”


Marcelo Nova no programa de rádio dele Let’s Rock, um mês depois: “Só o pé na bunda que eles deram no Michael Jackson já vale o ingresso pra qualquer show deles!”


Gardenia Dultra, assistindo o DVD do show em Seattle, bem na parte do solo em Teen Spirit: “Eles vieram pra lavar a nossa alma!”


E antes, assistindo o DVD dos videoclipes dos Eurythmics: “Ainda bem que o Nirvana chegou pra acabar com aquela teatralidade performática de empostação limpinha dos anos 80.”


1994 abril 5: para evitar o horror insuportável de causar á sua filha Frances Bean o mesmo sofrimento dele de crescer com vergonha do pai, Kurt Cobain decide pôr fim á sua existência na Terra na véspera do meu aniversário.


Pelo menos é o que disseram os médicos legistas que examinaram o seu corpo quando o encontraram no dia 8. Ele teria morrido havia no máximo 3 dias. Talvez Kurt tenha morrido no dia 6, na mesma data em que eu nasci.


Sexta-feira, noite do dia 8: na minha festa de aniversário, estamos ouvindo Nirvana, quando chega um convidado que ouviu a notícia na TV no noticiário e me diz: “Pô, que timing o seu, hein? Nem sabia quem foi que morreu?” Cid Moreira do Jornal Nacional estragou a minha festa.



“Bem, agora eu sei o que os rockers mais velhos sentiram quando morreu Elvis e Bill Haley.” Foi estranho: eu senti que tinha perdido uma parte de mim mesmo.

Ernesto Ribeiro disse...

Marcelo Nova no Let’s Rock agora estava só falando mal do Nirvana. Dizia que a explosão de guitarras não o emocionava nem um pouco. Que o grunge rock era "modismo". Isso até na mesma edição em que elogiou os posers dos Guns n Roses e a merda progressiva do Pink Floyd. O gosto musical do Último dos Moicanos parou nos anos 80.


1994 julho: Quando Marcelo Nova entrevistou o seu ídolo dinossauro Ian Gillan do Deep Purple e lhe concedeu o controle da programação do Let's Rock , a primeira música que o velho Gillan tocou no rádio foi “Smells Like Teen Spirit”. O supremo cavalo-de-batalha do Nirvana que atropelou os posers e progressivos.


Marceleza engoliu o sapo grunge a seco diante do próprio público. No começo da carreira, ele ganhou moral com a galera rocker ao criticar brutalmente os velhos tropicalistas e axezeiros, dizendo: "Vocês têm um medo do novo da porra!" Uma década depois, foi a vez dele se queimar, atacando o novo (e último) movimento do rock & roll — o grunge rock. Foi como cuspir pra cima e receber de volta na cara. Os próprios fãs dele o refutaram. Como dizem os comunistas, ele se afastou das bases.


2014 abril 5: já acordei triste desde ontem á noite, quando senti que era melhor beber um copão de vinho pra dormir logo. Aqui no inferno, o calor só aumenta em pleno outono que não chega, enquanto lá fora os vizinhos batucam um sambão que só me deixa ainda mais deprimido. Vou á mesa fazer a primeira refeição do dia tocando o CD do Nirvana bem alto, para proteger a minha sanidade.


Mais do que nunca, nós precisamos de um cara que cante a dor com toda a intensidade do fundo da alma --- ou do estômago também, como só Kurt Cobain sabia fazer.



NIRVANA


Pennyroyal Tea

http://www.youtube.com/watch?v=1ZtpOGEZwpg


The Man Who Sold The World

http://www.youtube.com/watch?v=0KGKe-E3dUI


Sappy

http://www.youtube.com/watch?v=5BE1KRj5iiM