terça-feira, fevereiro 19, 2013

BREAKOUT BRASIL: FINALMENTE, UM REALITY MUSICAL INTERESSANTE

Reality shows de música costumam ser espetáculos constrangedores para quem, de fato, aprecia música. O padrão imposto passa longe  de ser interessante, já que parece fechado no esquema Whitney Houston: gritaria demais, criatividade de menos.

Já o Breakout Brasil, que estreia em março no canal Sony Spin, segue outro caminho, com uma diversidade bastante evidente entre os concorrentes.

Parceria da Sony com o Google, o programa oferece ao vencedor um contrato de gravação com a major. Para selecionar os cinco finalistas que vão estrelar os episódios semanais do reality, foram recebidas mais de duas mil inscrições.

Após uma fase de votação pela internet, um painel de jurados chegou à lista final, composta pelas bandas Cartoon, Dias de Truta, Hewie, Paranoika e o rapper baiano Mr. Armeng.

Além do apresentador Edu K (da clássica banda gaúcha De Falla), os artistas estarão cercados por feras do mercado: Dudu Marote (Skank, J. Quest) é o produtor fonográfico.

E o jurado conta com Anna Butler (ex-diretora da MTV), Marcello Lobato (empresário de Marcelo D2 e Pitty) e André Pacheco (executivo da Sony Music).

Uma surpresa a cada dia

No papel de “expert”, como é definido no programa, o premiadíssimo produtor Dudu Marote coloca sua vasta experiência a serviço dos concorrentes: “Vou fazer o que sempre fiz, que é o trabalho de produtor: orientar os artistas  a chegar em um resultado que eles nunca nem imaginaram que  fossem capazes”, diz ele, por telefone.

“Além disso, também conto com o artista me surpreendendo”, espera. Ele vê como positiva a  diversidade entre os concorrentes, mas também reflete que a velocidade de desenvolvimento muda muito de um artista para o outro.

“Como é uma competição com uma tarefa a cada programa, o  artista tem que reagir rápido. É um tiro curto, digamos assim”, observa.

Em uma produção fonográfica “normal”, costuma haver tempo para trabalhar. “Se o disco tem dez músicas e só sete estão OK, trabalhamos as outras três. No programa, esse tempo se reduz a poucas horas. É uma experiência muito louca até para mim”, diverte-se.

Já Ana Butler conta que essa diversidade não estava programada: “A gente não pensou: ‘vamos pegar um artista do estilo x, outro do  estilo y’”, diz.

“Como todo mundo (da equipe do programa) trabalha com música há muito tempo, já tem essa ideia do que é bom mesmo. Então, a intenção nunca foi que (as músicas) sejam apenas radiofônicas, mas que tenham qualidade”, garante Ana.

Para sua felicidade, Ana se diz surpreendida pela qualidade geral dos artistas: “Eu sou super controladora, achava que já sabia de tudo. Que nada! Cada dia tinha uma surpresa que mudava tudo, justamente por que é um  grupo muito heterogêneo. Para mim, esse foi o grande achado programa”, acredita.

Concorrente baiano, Mr. Armeng elogia a produção: “Com certeza, ninguém chegou lá por acaso. Todas as bandas são de alto nivel”, garante.

Breakout Brasil / estreia: 21 de março, às 21 horas / Sony Spin / SKY:  Canal 83 /  Vivo:  Canal 542 / Claro:  Canal 80 / Oi: Canal 74 / GVT: Canal 97 / Vivo: Canal 37 /  NET:  Canal 90

Saiba mais: http://br.sonyspin.com/shows/breakout-brasil/breakout-brasil


Concorrente baiano, Mr. Armeng faz rap sem cara feia

Mr. Armeng, que no Breakout Brasil praticipa acompnhado do  DJ Gug e do percussionista e compositor Tiago da Lua, não é exatamente um rosto desconhecido. No ar em um anúncio da TV Bahia em que, ao lado de uma modelo, incentiva práticas de cidadania e  hospitalidade aos turistas, Maurício Souza circula no meio artístico  não é de hoje.

Filho de Guiguio, cantor do Ilê Aiyê, ele convive com músicos dentro de casa desde que se conhece por gente.

“Comecei tocando reggae, mas depois descobri como produzir no computador. Aí as coisas fluíram”, conta.

Logo se identificou com o hip hop. Passou pelo  grupo Cabeça Ativa e fundou com DJ Leandro o estúdio Freedom Soul Records.

“O pessoal só cantava em cima de bases de rap americano. Nós mudamos isso, partindo para música brasileira e inserindo guitarra e baixo”, diz.

"Eu tenho historia dentro do rap local. Produzi quase todo mundo que tá aí. Minha história não é vazia. Eu busquei isso", demarca.


Em 2009, para agradar uma namorada, fez um rap chamado Vem Cá. Com o clipe da faixa A Noite é Nossa (dirigido por Max Gaggino), assumiu de vez o  tom sedutor.



“Vou atrás do meu objetivo. Eu não fico me escondendo, essa coisa de que o rap não pode sorrir. A gente tem é que ser feliz, subir no palco bonito, ter orgulho de onde vem. Não acredito nessa coisa do rap  só falar de  violência”, reivindica.

"O hip hp surgiu para diminuir as guerras de gangues. Afrika Bambaataa trouxe essa mensagem para que as pessoas cultuassem a musica, a dança, o grafite. E não a violência. Precisamos é de ideias positivas. Quero levar arte, cultura e informação para as pessoas", exorta.

"Até curto gangsta rap por que curto mesmo todo tipo de rap. 50 Cent é um dos caras que eu mais admiro. Mano Brown é o maior poeta do hip hop brasileiro em todos os tempos. Marcelo D2, Emicida, RZO, Criolo, o pessoal de Salvador... Eu escuto todos os estilos. Mas minha música eu procuro fazer do meu próprio jeito", garante Armeng.

Plenamente seguro de si, não se abala com possíveis críticas de rappers mais duros: "Quando um trabalho surge, a critica vem, é natural. A crítica existe por que o trabalho existe. E depois, recebo muito mais elogios do que crítica (desfavoável)", raciocina.

Armeng se inscreveu no programa sem grandes pretensões, por sugestão da namorada. "Tava na casa do meu pai, aí passou na TV o comercial com a chamada para as inscrições. Minha mamorada falou 'por que você não se inscreve'? Vou mesmo, pensei. Me inscrevi meio sem pretensão, mas comecei a pedir para o pessoal votar pela internet. A gente não costuma acreditar muito nessas coisas de TV, mas quando vi, eu tava entre os 40 mais votados. Depois tava selecionado entre os cinco para participar do programa. Cara, foi uma felicidade imensa. Larguei tudo, tava trabalhando de assistente de câmera, tive que largar. Por que é isso que eu amo fazer. Cancelei shows e tudo. Fui lá, felizão por representar a Bahia e o bairro do Nordeste de Amaralina, poder mostrar para as pessoas daqui que somos capazes, que somos inteligentes, que temos cultura e o mundo precisa nos ver, nos conhecer, nos ouvir", discursa.

Ciente de que ainda tem uma longa estrada a percorrer, Armeng se define como "um embrião. Ainda tô buscando os nutrientes para poder crescer, amadurecer e dar frutos que as pessoas possam consumir",
conclui Armeng.

CONHEÇA AS OUTRAS BANDAS CONCORRENTES:

CARTOON
De Belo Horizonte (MG), é a “veterana” da competição: desde 1995 na ativa, a banda faz um som calcado no rock progressivo e no folk, com todas aquelas mudanças no andamento das canções. Influências: Yes, Queen, CSNY




PARANOIKA
Banda curitibana de certo hype, trafega com desenvoltura pelo terreno electro rock desbravado por bandas como CSS e Copacabana Club. Até gatinha no vocal eles têm. Influências: Garbage, Goldfrapp, The XX





DIAS DE TRUTA
Original de Divinópolis (MG), o quarteto faz rock‘n’roll sem firulas e em bom português. Contam com um álbum gravado, disponível para download no www.diasdetruta.com.br. Influências: Raul Seixas, Barão Vermelho




HEWIE
Paulistana, a Hewie se caracteriza pela abordagem acústica para o seu pop contemporâneo, incluindo violino e bandolim. Na linha de frente, a vocalista Paula Landucci. Influências: Mallu Magalhães, Owl City

Todas as fotos: Thiago Bernardes – FramePhotos

11 comentários:

Franchico disse...

O aguardado documentário Sound City do Dave Grhl, disponível inteiro no You Tube, com os comentários do Barcinski para acompanhar....

http://andrebarcinski.blogfolha.uol.com.br/2013/02/19/dave-grohl-e-a-velha-briga-analogico-vs-digital/

Franchico disse...

BUEMBA:

http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/1232731-robert-plant-diz-que-esta-aberto-a-uma-reuniao-do-led-zeppelin-em-2014.shtml

Franchico disse...

Morrissey tá dodói....

http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/1232997-morrissey-cancela-tres-apresentacoes-nos-eua-por-problemas-de-saude.shtml

Franchico disse...

Os maiores "bad guys" dos quadrinhos, reimaginados como alguns dos maiores "bad guys" do mundo real.

http://www.bleedingcool.com/2013/02/19/the-dc-bad-guys-reinvented-as-the-real-bad-guys-there-are-t-shirts/

Só faltou Renen Calheiros como o Capitão Feio, da Turma da Mônica....

Franchico disse...

"Renan", I mean....

Franchico disse...

É impressionante: a porra da "música do carnaval" mal estourou e eu já NÂO AGUENTO MAIS ouvir essa disgraça.

A ojeriza é praticamente instantânea.

Tem coisas que só a música baiana faz por você. Para todas as outras, tem a boa música (seja ela qual for).

Franchico disse...

You’re in the desert. You’ve got nothing else to do. NAME THE FREAKIN’ HORSE. – Richard Jeni

Cinco covers para Horse With No Name, aquele hit do America que eu passei anos achando que era do Neil Young. Duh!

http://www.covermesongs.com/2013/02/five-good-covers-horse-with-no-name-america.html#more-40311

rodrigo sputter disse...

Postei no facebook ontem Chicão, talvez "interesse" pra vc:


Hoje passei na pastelaria chinesa no comércio, há um mês + ou - uma pichação nazista me incomodava bem na frende do estabelecimento, estava estudando com algumas pessoas como fazer para tirar esta merda nazi de lá, viajei, voltei e a droga ainda estava lá pichada...entrei, pedi um pastel chinês de pizza e um suco de morango com leite (muito bom por sinal) e comentei com o rapaz que me atendeu que ali havia pichações nazistas e que a dona como oriental e ele como negro não deveriam deixar aquela imbecilidade sujando a parede deles...afinal imigrantes, orientais, negros (entre outros grupos e etnias) não são aceitos por neonazistas...comentei com ele também que isso me agredia todos os dias que eu passava por lá, como baiano e mestiço aquilo me incomodava e não é concebível esse tipo de coisa na Bahia...que me dava vontade de cobrir aquilo e já tinha até planejado com algumas pessoas o que fazer com aquela atrocidade pichada lá...o rapaz foi até lá fora comigo e expliquei pra ele o que cada símbolo significava (os quais eu me recuso a digitar aqui) e ele disse pra mim "nós que trabalhamos aqui somos negros, não podemos aceitar isso, vou falar com a dona e comprar uma tinta pra apagar isso", cara de atitude, gostei dele!

Vai ser uma tremenda alegria quando eu passar de bike por lá e não ver + aquilo na parede...temos que combater essa atrocidade.

Foram os R$ 6,80 + bem gastos de minha vida...e minha alma miscigenada vai dormir menos pesada hoje...

Bruno Fiacadori disse...

Não tem bandolim na Hewie! rs

Franchico disse...

Legal, Sputter! Nazista baiano é ruim, hein? Deve ser coisa de adolescente revoltado. Enfim, tem imbecil pra tudo nessa vida. Em Salvador, então.....

Bruno, obrigado pelo toque. Ouvi a músicas da banda que estão lá no site do programa e poderia jurar que tinha ouvido um sonzinho de bandolim. Mas devo ter me enganado. Vou tirar do texto. Obrigado, volte sempre!

Franchico disse...

That's it, folks: WE'RE ZIGUIRIGUI-DOOMED!