Cerimônia anual de premiação da MTV será transmitida hoje à noite, com poucas novidades
Hoje à noite, a MTV transmite ao vivo mais uma edição do Vídeo Music Brasil – o VMB –, sua cerimônia anual onde premia os clipes e artistas que atuam no mercado de música jovem.
Pobre em novidades, a grande atração do programa, ao menos para os baianos, deverá ser a apresentação conjunta de Pitty e Cascadura, homenageando a extinta banda local Úteros Em Fúria, influência declarada de ambos e sem dúvida, o grupo baiano mais importante da década passada.
Com apresentação de Marcos Mion e comentários do comediante Marcos Adnet, a transmissão começará às 21 horas, com as VJs Marina Person, Sophia Reis e Kika recebendo os artistas e convidados no tapete vermelho do Credicard Hall, em São Paulo.
Às 22 horas, a cerimônia propriamente dita terá início. Serão premiadas nove categorias: Artista do Ano, Melhor Artista Internacional, Banda/Artista Revelação, Aposta MTV, Hit do Ano, Show do Ano, Melhor Videoclipe, Webhit do Ano e Você Fez. Como sempre, a votação foi aberta aos espectadores, que puderam votar no site da MTV ou via SMS, Portal de Voz e Portal WAP.
A bem da verdade, a lista de indicados em quase todas as categorias é desanimadora, além de passar uma sensação de deja vú. No meio das lamentações emo que faz a maioria dos indicados e velhos conhecidos, como Charlie Brown Jr. e Vanessa da Matta, pouca coisa é novidade.
Apesar de sequer ter lançado disco este ano, Pitty concorre em três indicações: Artista, Clipe (o divertido De Você) e Show do Ano. Outros baianos concorrendo são o diretor Ricardo Spencer, pelo clipe Roda Gigante, da banda Cachorro Grande (em Melhor Clipe) e a hilariante A Gaga de Ilhéus, em Web Hit do Ano.
ROCK BAIANO – Mas em que pese suas três indicações, Pitty está feliz mesmo é pela homenagem que prestará à Úteros em Fúria, a banda que a inspirou a formar a sua própria. Ela e sua banda, em conjunto com os conterrâneos da Cascadura, tocarão a música Inside The Beer Bottle, do repertório da Úteros.
“É tão surreal tudo isso, acho que eu só vou acreditar depois que acontecer“, disse, em entrevista por telefone.
No início de setembro, as duas bandas participaram do programa Código, onde decidiram, ali na hora, tocar a tal música. O resultado agradou tanto, que a organização do evento pediu à dupla para repetir a dose no VMB.
“Eu fiquei surpresa quando o pessoal da MTV pediu para fazermos a música de novo. Eu sei que muitos que não conhecem a Úteros podem estranhar, mas pra gente, isso tem uma carga emocional tão grande, que vamos dar nosso melhor, e acho que vamos acabar convencendo todo mundo que aquilo era foda mesmo. E como era!“, disse.
“Estamos muito felizes e vamos arrebentar geral, fazer uma homenagem à altura“, prometeu o parceiro Fábio Cascadura. “É uma parada diferenciada. Não me lembro de algo parecido antes. É mais um sinal do valor do rock baiano“, observou.
Na verdade, não é a primeira vez que Pitty fala da Úteros em Fúria no VMB. Em 2005, quando recebeu o prêmio de Ídolo MTV, ela agradeceu ao grupo: “Já que a gente tá falando de ídolos, eu queria dedicar esse prêmio a uns caras de uma banda de Salvador que fizeram com que eu tivesse vontade de subir e cantar num palco pela primeira vez, é a galera da Úteros em Fúria: Maurão, Apú, Borel, Vandinho e Mário Jorge, isso é culpa de vocês também“, discursou, ali na hora.
VMB 2008 | Hoje, 21 horas | Canal 13 UHF
OS 15 ANOS DE UM CLÁSSICO DO UNDERGROUND
A homenagem de Pitty e Cascadura à Úteros em Fúria, em rede nacional e ao vivo, para o Brasil inteiro ver, é sintomático de uma das características básicas do renitente rock baiano: a independência.
Para eles – e também para quem freqüenta o meio – pouco importa que, hoje, poucos na própria Salvador se lembrem do bochicho que um show da Úteros causava na cidade, entre 1991 e 1995. Pouco importa que o Brasil ouvirá uma música obscura de uma banda igualmente obscura para 99,9% de sua população. O que importa é que, no seu tempo e lugar, a Úteros revolucionou, emocionou, influenciou e marcou época.
Como se o universo conspirasse, neste mesmo ano de 2008, fazem exatos 15 anos que a extinta banda lançou seu único álbum cheio: Wombs In Rage (1993, Natasha Records). Gravado nos Estúdios W.R. em pleno carnaval de 1993, o álbum, de fato, resultou aquém da capacidade da banda e do imenso peso, energia e suíngue que ela passava ao vivo.
Deixados praticamente à própria sorte no estúdio em pleno feriado carnavalesco, a inexperiência dos então jovens integrantes na sala de gravação acabou se fazendo sentir no som que não traduzia a potência de suas apresentações no palco.
A força de suas canções, porém, está conservada neste registro definitivo, que à época, saiu em LP e CD, hoje raridades.
A ironia é que a gravação só foi viabilizada graças à influência de um dos maiores nomes da axé music de então: a cantora Sarajane, que em 1992, casou com o guitarrista Apú e era muito amiga de Wesley Rangel, proprietário do estúdio.
Com dez faixas no LP e doze no CD, Wombs In Rage trazia para as caixas de som a mistura de hard rock, funk metal, grunge e blues que caracterizava as composições da banda, quase sempre a cargo do guitarrista Emerson Borel (morto em 2004) e do baixista Evandro Botti, que hoje atende pela alcunha de Vandex.
Debochados, diziam que faziam baby metal – um estilo inventado por eles mesmos.
Fundada ainda no ginásio do Colégio Antônio Vieira pelos colegas Evandro e Mauro Pithon (vocais) em 1986, a banda logo ganharia os reforços de Emerson (guitarra solo) e Fernando Apú Tude (guitarra base e gaita) em 1988. Em 1991, Mário Jorge (bateria) juntou-se ao grupo, fechando a formação clássica que lotou todas as casas em que tocaram.
Quem viu, nunca esqueceu.
Blog (que, nos seus primórdios, entre 2004-05, foi de um programa de rádio) sobre rock e cultura pop. Hoje é o blog de Chico Castro Jr., jornalista formado pela Faculdade de Comunicação da Universidade Federal da Bahia. Atualmente, é repórter do Caderno 2+ do jornal A Tarde, no qual algumas das matérias vistas aqui foram anteriormente publicadas. Assina a coluna Coletânea, dedicada à música independente baiana. Nossa base é Salvador, Bahia, a cidade do axé, a cidade do terror.
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7 comentários:
Pesquisando no google para saber o que tem saído sobre a Úteros, me deparei com uma cacetada de coisas na internet. A maioria ou é letra de música (algumas com traduções completamente toscas - tudo bem, as letras em si eram meio toscas) e noções erradas, como "Peu tocou na banda" etc...
Mas o comentário campeão sobre a Úteros que vi na internet foi no um blog de um cara daqui mesmo. Pelo que entendi, foi escrito pelo Camilo Fróes, da banda Coletivo Übber Glam e do Baile Esquema Novo. Conheço ele, me parece um cara legal. Ele tava comentando alguns discos que tinha baixado durante o carnaval ou algo assim. To-tal-men-te hi-lá-ri-o. Vejam:
Úteros in Fúria - Womb in Rage
Eu vi que tinha isso pra baixar, e não resisti. Acho que Ema me falava dessa banda, que é meio que o mito fundador do rock'n'roll da Bahia. Todos os "velhos", Pitty e companhia fazem referência a eles. E eu nunca vi ninguém falar o nome de nenhum deles. "Fulano da Úteros in Fúria", não existe isso. Sumiram 100%. Como se tivessem morrido num acidente de avião na Chapada Dimantina. Se é que nada assim não aconteceu. Esperava um negócio raivoso e ruim. É raivoso , em inglês (que é claramente uma saída pras letras ruins), hard rock, fakezão, chega a ser engraçado. Todas as músicas têm um riffzinho de guitarra repetido do começo ao fim da música, o que enche o saco. A execução, no entanto, é bem boa. Os caras ouviam muito KISS. Muito. Aerosmith, possivelmente. Talvaz Spy vs. Spy. Em uma música, eles viram punks (certamente a preferida de Pitty), em outra tentam ser blues, e a última é um belíssimo exemplar de hard-gay-rock que flutua entre Kenny G e Lion's Heart.
Link:
http://putamadrecabron.blogspot.com/2007_02_01_archive.html
Porrrra, Camilo!
"hard-gay-rock que flutua entre Kenny G e Lion's Heart"?
Que merrrrda é essa, peloamordedeus?
Local, execelente HQ indie americana resenhada no post logo abaixo deste, disponibilizou um dos seus melhores capítulos para baixar no myspace da revista.
Leia a notícia aqui:
http://www.omelete.com.br/quad/100015494/Local.aspx
Theories and Defenses é sobre os membros de uma banda de rock que, depois de que ela acaba, voltam para a cidadezinha natal e tem sua estrutura toda em cima de uma entrevista por telefone entre um jornalista e o vocal da banda. Muito ótima, como diria o Auê...
E pra completar a homenagem, prestem bem atenção à guitarra que Candido estará usando...Fender strato vermelha que pertenceu à...advinha aí chiquito bacana!!
Sempre é bom lembrar ao país que o Rock brasileiro nasceu aqui. Mostrar ao resto do Brasil que, apesar do cancer do axé, ainda respiramos nos guetos (Usado pelos pagodeiros, os quais de forma praticamente unânime, não sabem o real significado da palavra)e que podemos nos orgulhar de bandas que demarcaram época como foi o caso da Úteros em Fúria nos anos 90.
Pela úuuultimaaaa veeezzzzz.....
http://clashcityrockers.blogspot.com/
Camilo quem, da banda qual????? Não poderia jogar poker nunca, acerta nada na leitura...
Excelente banda foi Uteros em Furia... eu conheci Mauro do vocal(Jd Belvedere), lembro a luta da banda para se manter na mídia, apesar do movimento rock baiano se pequeno... iniciativas da Pitty esta dando uma força para o rock baiano, desta forma gostaria de ver mais bandas de rock da bahia.
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