terça-feira, setembro 23, 2008

BASTIDORES DAS HQS

Dois livros desvendam o que se passou por detrás das páginas de grandes momentos das histórias em quadrinhos

Quem lê histórias em quadrinhos muitas vezes nem imagina tudo o que se passa com os profissionais que as criam. Dois livros recém-lançados, porém, vêm se juntar à crescente bibliografia brasileira dirigida aos estudiosos das HQs: Passeando com o Rei dos Sonhos - Conversas com Neil Gaiman e seus colaboradores, de Joseph McCabe, e A Era de Bronze dos Super-Heróis, de Roberto Guedes.

O primeiro reúne duas longas entrevistas com o famoso escritor inglês, criador da cultuada série Sandman, mais uma série de outras conversas com seus editores, desenhistas, arte-finalistas e outros parceiros criativos, como os cantores Alice Cooper e Tori Amos e o escritor Terry Pratchett (da série Discworld).

Já o segundo é uma deliciosa e muito bem pesquisada viagem à chamada Era de Bronze dos Quadrinhos, ocorrida entre o final dos anos 60 e a década de 80. Este é o terceiro livro teórico do seu autor, o editor e quadrinista Roberto Guedes, que antes havia lançado pela editora Opera Graphica os títulos Quando Surgem os Super-Heróis (2004) e A Saga dos Super-Heróis Brasileiros (2005).

FENÔMENO – Surgido na chamada “invasão britânica“ aos quadrinhos americanos, Neil Gaiman logo atingiu o sucesso comercial e de crítica com sua premiada série Sandman, para a DC Comics, onde reinventava um esquecido herói da Era de Ouro (décadas de 30 a 50), como uma representação do sonhar.

Vale acrescentar que o Brasil foi o primeiro País – fora os EUA, claro – a publicar a revista. O sucesso da série de 75 números entre os brasileiros é tão grande, que ela já está partindo para sua terceira edição nacional, agora pela editora Pixel Media.

Nas entrevistas conduzidas pelo jornalista Joseph McCabe, Gaiman e seus colaboradores levantam o véu que cobria a feitura da série, mostrando que, se do lado de cá (leitores), Sandman era uma maravilha só, do lado de lá, a coisa não era exatamente assim, “um sonho“.

Dificuldades e conflitos aconteciam constantemente entre Gaiman, sua editora Karen Berger, que conduzia a série com mão de ferro, e os desenhistas.

Por exemplo: a primeira edição da revista teve que ser reescrita quase que por inteiro por Gaiman, conforme conta o desenhista Sam Kieth: “Em certos pontos, ele queria sete ou oito quadros por página e ela (Karen) queria no máximo cinco ou seis. Parecia que ele tinha passado na mão de uns nove sujeitos na prisão. Estava exausto“, conta.

Certos pontos do livro são tão específicos que lembram aqueles comentários em áudio que vêm nos extras dos filmes em DVD. Uma oportunidade de ouro para os admiradores da série e seu autor, que, como já se disse, não são poucos no Brasil.

SUPER-HUMANOS – Houve uma época em que os quadrinhos de super-heróis uniram o melhor de dois mundos: ao mesmo tempo que ainda mantinham uma certa inocência (que hoje, parece perdida de vez), começavam a sofisticar suas narrativas, humanizando os personagens e tornando-os mais próximos das tensões do mundo real.

Esta foi a chamada Era de Bronze (1970-1985), quando a primeira geração de fãs e leitores, que cresceu lendo HQs, começou a trabalhar para as grandes editoras. Foi nessa época que surgiram nomes cruciais para a indústria de HQs nos últimos 30 anos, como John Byrne, Frank Miller, Alan Moore e Steve Englehart, entre outros.

Dividido em seis capítulos, o livro de Roberto Guedes é, visivelmente, resultado de uma exaustiva pesquisa em uma vasta bibliografia. Ao longo de quase 250 páginas, Guedes cobre praticamente tudo o que ocorreu no período, uma fase pouco estudada até mesmo entre os estudiosos americanos.

A implantação da distribuição direta em comic shops, a supremacia da Marvel diante da DC, a reação desta última, o reinado do desenhista Jack Kirby e muitos outros assuntos são abordados em um texto leve e informativo, numa edição em formatão e cheia de ilustrações. Um deleite para quem cresceu lendo essas histórias nos anos 70 e 80.

A Era de Bronze dos Super-Heróis
Roberto Guedes
HQManiacs Editora
240 p. | R$ 39,90




Passeando com o Rei dos Sonhos
Joseph McCabe
HQManiacs Editora
314 p. | R$ 49,90
www.hqmeditora.com

CONFIRA PREVIEWS DE AMBOS OS LIVROS AQUI:
http://hqmaniacs.uol.com.br/editora/index.asp

3 comentários:

Franchico disse...

Olha que bunitinho o boneco que a Lego lançou da Amy Winehouse:

http://www.omelete.com.br/game/100015304/Lego.aspx

Agora olha que DISGRAÇA que essa mulher se tornou na vida real:

http://oglobo.globo.com/blogs/jamari/

Na moral, a mulher virou um monstro. Alguém mate logo essa criatura e acabe com essa agonia, pelamordedeus. Só um tirinho de misericórdia na testa resolve, pronto.

Ernesto Ribeiro disse...

Pô, Franchico, você tem mesmo um espírito de coveiro em relação a mulheres junkies caidaças... não é que a Amy Casa-de-Vinho pediu a saideira mesmo?


Só quero que você lembre que eu sou seu fã e... não, eu não me drogo.


RIP, baby.

Ernesto Ribeiro disse...


IMPERDÍVEL: BATALHA DE DEUSES --- GÊNIOS BRITÂNICOS RIVAIS

alguns trechos:

Disputa entre Grant Morrison e Alan Moore ganha novo capítulo

Morrison questiona memórias do barbudo



A disputa entre dois dos mais famosos quadrinistas britânicos - Alan Moore e Grant Morrison - não é de hoje. Já na metade final dos anos 80, quando ambos começaram a fazer sucesso nos EUA, os dois não se bicavam - por algum motivo não muito claro. A briga ganhou um novo capítulo esta semana.

Começou com uma série de textos do crítico e escritor irlandês Pádraig Ó Méalóid no site The Beat que ressuscitava uma antiga controvérsia: seriam as idéias de maior sucesso de Moore PLÁGIOS de Superfolks, obscuro romance de Robert Mayer dos anos 70? O livro estrela uma paródia do Superman, velho e sem poderes, depois que todos heróis morreram ou se aposentaram (como em Watchmen), que recupera os poderes em meio a crise de meia-idade (como em Miracleman) enquanto corre um plano para assassiná-lo (como em O que Aconteceu ao Homem do Amanhã?).

A maior "acusação" de plágio que houve contra Moore veio de uma coluna (sarcasticamente venenosa de fina ironia britânica) que Morrison escreveu em 1990 na revista sobre HQs Speakeasy. "Posso apenas dizer que é um livro visionário, e acredite quando eu digo que renderia um ótimo quadrinho. Ou até três ótimos quadrinhos.", escreveu Morrison, sem mencionar o nome de Moore.


Fora as contestações, Morrison aproveita para dar alfinetadas. Diz que, se é para falar de plágio, o Supremo de Moore tem várias ideias que ele criou em Homem-Animal - como a do limbo dos quadrinhos - e que A Liga Extraordinária: Século tem uma trama com o Anticristo idêntica à que ele fez em Os Invisíveis há quinze anos (incluindo uma personagem principal andrógina.)

Quanto às declarações mais recentes de Moore, de que "grande parte dos quadrinhos de super-herói atuais seriam baseados em ideias minhas", Morrison contesta veementemente a interpretação.

"Moore inclui Geoff Johns entre os 'parasitas' e 'mão-peladas' que cavocam no seu lixo. Por quê? Porque Johns temperou sua expansão épica da mitologia do Lanterna Verde com elementos mínimos de uma história de Moore com o Lanterna, 'Tigres' (1986) - história que, por sua vez, foi criada para dar sentido a um furo na origem do Lanterna criada por Gardner Fox em 1959! Tanto Moore quanto Johns estavam fazendo o trabalho para o qual foram contratados, de fazer acréscimos à colcha de retalhos que é a continuidade DC e, especificamente, do Lanterna Verde. Num universo narrativo compartilhado, tal como da DC ou da Marvel, qualquer elemento introduzido na continuidade certamente passa a fazer parte do fundo e assim fica disponível para outros escritores utilizarem. O trabalho de Johns em Lanterna Verde e, em particular, 'A Noite Mais Densa', teriam funcionado muito bem sem qualquer referência a 'Tigres', aliás. Por que esse ataque mordaz, zombeteiro, desumanizante? Quem é que castiga um homem pelo crime inominável de sintetizar elementos antigos da história pregressa do Lanterna Verde para criar sua visão particular e renovada do personagem, meu amigo?"


LEIA MAIS EM :

http://omelete.uol.com.br/alan-moore/quadrinhos/disputa-entre-grant-morrison-e-alan-moore-ganha-novo-capitulo/