sábado, agosto 30, 2008

QUASE PALAVRAS PARA BONS ENTENDEDORES

Tom Zé volta à Bahia para lançar na Concha seu último CD, Danç-Êh-Sá, e falar para estudantes, com abertura da banda local Ronei Jorge & Os Ladrões de Bicicleta

Da última vez que ele esteve aqui – para cantar no palco flutuante , armado no Porto da Barra – esteve tão longe do público, que “levava uns 15 minutos até conseguir ouvir os aplausos“. Desta vez, Tom Zé vai ficar bem mais perto dos fãs ao tocar amanhã na Concha Acústica, com abertura da banda Ronei Jorge & Os Ladrões de Bicicleta.

O ícone do Tropicalismo vem, finalmente, lançar seu último CD, Danç-Êh-Sá; A Dança dos Herdeiros do Sacrifício. “Tô contente por que tô voltando pra Bahia. Da última vez, mal conseguia ver o público. Só via umas sombras na balaustrada do Porto da Barra“, lembra Tom Zé, citando o show em homenagem aos 40 anos da bossa nova, ocorrido em fevereiro último.

Desta vez, nada de homenagens. “Vai ser o show de lançamento do CD, que ainda não tinha rolado a oportunidade de fazer aí“, avisa.

Em Danç-Êh-Sá, Tom Zé surpreendeu mais uma vez, ao produzir um álbum inteiro sem letras, só grunhidos (ou tartamudeios, como ele mesmo define), exclamações e onomatopéias.

“A intenção era fazer um disco sem texto nem letras. Os tartamudeios são apenas sinais com os quais a gente se comunica no dia a dia. Não chegam a ser palavras, mas são universais. Um espirro é um espirro em qualquer lugar do mundo, seja aqui ou numa tribo de aborígenes australianos ou na reserva indígena de Roraima“, explica.
Entre as faixas que devem aparecer no show, estão Taka-Tá, Uai Uai, Atchim, Triú-Triii, Cara-Cuá e Abrindo as Urnas.

Um pouco antes do som, porém, o cantor fará uma pequena aula-show, dentro do fórum Universidade, Juventude e Diversidade, promovido pela Coordenadoria de Ações Afirmativas, Educação e Diversidade da Universidade Federal da Bahia . “Que aula, nada. Isso é muito formal. Prefiro chamar de desaula“, brinca o artista.

Estudando a bossa – E já em outubro, Tom Zé lança seu novo CD, Estudando a Bossa Nova, uma espécie de continuação dos seus álbuns de investigação musical, a exemplo dos anteriores Estudando o Samba (1976) e Estudando o Pagode (2005).

“Vai ter 14 faixas. Doze em dueto com cantoras, uma com o David Byrne e uma só comigo mesmo“. Entre as cantoras, nomes atuais e conceituados, como Zélia Duncan, Andréa Diaz, Tita Lima, Mônica Salmaso, Badi Assad “e aquela menina maravilhosa de Minas Gerais, a (Fernanda) Takai. Ah, e tem também aquela cubana, (Marina) De La Riva. Essa cantou um puta bolero bossa nova, ficou sensacional“, conta.

Sobre a banda que abre seu show amanhã, Ronei Jorge & OLDB, o cantor é só elogios. “Ouvi o trabalho deles e achei muito bom. Se der tempo, vamos ensaiar alguma coisa juntos na passagem de som“, acena o cantor.

“Nossa, se rolar da gente se bater lá e se encontrar no palco, a honra vai ser toda minha, imagine“, devolve Ronei Jorge.

Além da oportunidade de tocar no mesmo palco que o ídolo tropicalista, sem dúvida uma influência para sua banda, Ronei considera o show de amanhã especial também por outra razão.

“Seremos cinco no palco. O Juninho, guitarrista da banda Subaquáticos e que também toca com Carlinhos Brown e Ivete Sangalo, vai fazer esse show inteiro com a gente“, avisa. “É uma vontade antiga nossa, de adicionar mais um músico à banda“, esclarece.

Ainda em fase de pré-produção do segundo CD, Ronei diz que o repertório do show vai privilegiar as músicas novas. “Mas vamos tocar pelo menos duas antigas, também“, garante.

Tom Zé e Ronei Jorge e os Ladrões de Bicicleta
Hoje, 18 horas
Concha Acústica do Teatro Castro Alves (3535-0600)
Praça Dois de Julho,s/n , Campo Grande
Ingresso: 1 quilo de alimento não-perecível

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