terça-feira, agosto 19, 2008

MICRO-RESENHAS FELIZES E CONTENTES

Segredos seculares em HQ


Planetary, multi-premiada HQ criada pela mente descontrolada do escritor inglês Warren Ellis, chega ao seu terceiro encadernado no Brasil, reunindo as edições 13 a 18 da série original americana, que se estendeu até o número 27. Os dois primeiros volumes, Mundo Estranho e O Quarto Homem, saíram há algum tempo pela Devir. Em Deixando o século 20, acompanhamos Elijah Snow, Jakita Wagner e Baterista, os agentes da organização Planetary, descobrindo novos segredos sobre a história secreta do século passado – e também sobre eles mesmos. No caminho, encontros com Sherlock Holmes, Drácula, Frankenstein, Tarzan e Superman, entre outras figuras marcantes da mitologia / iconografia novecentista. A graça de Planetary, cortesia do autor e seu magnífico desenhista John Cassaday (Surpreendentes X-Men) é o ângulo invariavelmente aterrador e realista que eles conferem às figuras enraizadas no inconsciente coletivo.
Planetary - Deixando o século 20
Ellis / Cassaday
Pixel Media
144 p. | R$ 37,90
www.pixelquadrinhos.com.br


Delta do Mississipi com Velho Chico

O multi-instrumentista Júlio Caldas herdou de um tio famoso (Luiz Caldas) a extrema habilidade com que toca instrumentos de cordas – guitarra e viola caipira, principalmente – mas deixa de lado os ritmos calientes que fizeram a fama do parente em favor de uma musicalidade profundamente ligada ao blues, à psicodelia e – por que não? – a um certo regionalismo nordestino. Auxiliado por uma big band com muitos sopros, teclados vintage e a orientação dos ótimos produtores Tadeu Mascarenhas e Brian Knave no estúdio, Júlio demonstra muito fôlego criativo – tanto nas execuções vigorosas quanto nos arranjos complexos (e não “difíceis“). Ótimo CD.
Pitecantropus Erectus
Júlio Caldas
Independente
R$ 13
www.myspace.com/juliocaldas


A velha honra lavada com sangue

Levado às telas no magnífico filme de estréia do diretor Ridley Blade Runner Scott em 1977 (Os Duelistas), o livro de Joseph Conrad que o originou só agora chega ao Brasil, pela Editora Revan. Publicado no início do século 20 pelo autor do clássico O coração das trevas, O duelo conta a incrível história de dois oficiais dos exércitos napoleônicos que, ao longo de décadas, se batem em sucessivos duelos brutais e emocionantes. Entre pistolas, espadas e floretes, D‘Hubert e Feraud – um nobre e o outro plebeu – atravessam as diversas fases do período em que o bonapartismo dominou a França e boa parte da Europa. Um genial conto sobre força, honra e questões morais.
O duelo
Joseph Conrad
Editora Revan
146 p. | R$ 28
www.revan.com.br


3 portas sem nenhuma saída

Representante do rock pesado americano pós-grunge, a banda 3 Doors Down até que não é de todo ruim, mas sofre com um problema seríssimo que parece atingir o rock mainstream ianque como um todo: nenhum traço visível de personalidade ou criatividade que seja. Uma após a outra, as faixas se sucedem sem emoção, nem chamar a atenção – com exceção de um ou outro refrão mais animadinho. Mas não há arrebatamento, a música não puxa o roqueiro-ouvinte pelo colarinho em nenhum momento. Para uma banda de rock pesado, isso é pior que a morte. Até por que o CD não chega a ser ruim: é apenas sem graça, descambando para a baba em alguns momentos. Fraco.
3 Doors Down
3 Doors Down
Universal
R$ 29,90
www.3doorsdown.com


Em defesa dos aborígenes

Nada como o tempo para dar uma nova perspectiva às coisas. Lançado em 1987, o álbum Diesel and Dust estourou a banda australiana Midnight Oil nas paradas de sucesso do mundo inteiro, graças a sucessos como The Dead Heart e Beds Are Burning. Como se tratava de uma banda da terra dos cangurus, boa parte da crítica da época considerou-os um sub-Men At Work, ou seja, surf music pós-punk para surfistas e playboys se esbaldarem nas danceterias. Ledo engano. O Midnight Oil era a radicalização da proposta do U2 inicial, lascando canções de protesto virulentas contra megacorporações e políticos corruptos, em defesa dos povos aborígenes. 21 anos depois, Diesel and Dust, agora em edição de luxo, ganha sua real dimensão, como um dos álbuns mais combativos da década de 80. The Dead Heart, criada sob encomenda das comunidade aborígenes, é um verdadeiro hino anti-imperialismo, tão forte e direto, que chega a ser comovente: “Nós não servimos ao seu país/ não servimos ao seu rei/ Nós carregamos nos nossos corações o verdadeiro país/ e isso não poderá jamais ser roubado“. Acompanha DVD com o ótimo documentário Black Fella/White Fella, sobre a turnê conjunta do MO pelo deserto australiano com o grupo de rock aborígene Warumpi Band. Clássico.
Diesel and Dust
Midnight Oil
Sony
R$ 44,90
www.midnightoil.com


O terror das mulheres

Uma estranha praga infestou a Terra, varrendo da face do planeta todos os detentores do cromossomo Y, ou seja, todos os machos, sejam homens ou animais. Todos, menos dois: Yorick Brown, um pretenso artista de fugas a la Houdini e seu macaco, Ampersand. Com a Terra transformada num inferno feminista caótico, começa uma corrida entre facções para ver quem consegue ou matar ou transar primeiro com o rapaz, para tentar garantir (ou não) a sobrevivência da espécie humana. Em paralelo, tramas de conspiração em várias partes do mundo (quem, afinal, seria responsável por esta tragédia?) e muitas citações à cultura pop. Isto é Y - O Último Homem, premiada série de HQs criada por Brian K. Vaughan, produtor executivo e roteirista da série Lost, que estréia na ótima revista Pixel Magazine 16, nas bancas. Completando o mix, DMZ (de Brian Wood), Hellblazer (Brian Azzarelo) e Contos do Amanhã (de Alan Moore), fazem desta a melhor revista mensal de HQ nas bancas.
Pixel Magazine 16
Vários artistas
Pixel Media
96 p. | R$ 10,90
www.pixelquadrinhos.com.br

7 comentários:

Franchico disse...

Atenção trekkers e trekkies do meu Brasil: a editora Devir vai voltar publicar as HQs da série.

Leiam aqui:

http://blogdosquadrinhos.blog.uol.com.br/

...logo abaixo do post sobre os lançamentos da Bienal do Livro de São Paulo.

Tell me about nerdisms...

Franchico disse...

Notícia urgente, que acabou de chegar. ACREDITEM SE QUISER, MAS É VERDADE...

Wim Wenders:

Cineastas locais “seqüestraram“ o alemão

Ontem, o jornalista Marcos Pierry e o produtor Fábio Rocha colocaram o cineasta alemão Wim Wenders num conversível BMW vermelho, ligaram uma câmera com filme 16 milímetros e saíram a rodar com o ilustre visitante, entrevistando-o.

Wenders estava em Salvador para participar da série de palestras Fronteiras do Pensamento. O material poderá ser visto até o fim do ano, quando o curta-metragem resultante deverá estar finalizado.

“Desde que eu soube que Wim Wenders vinha a Bahia, entrei em contato com a Braskem, promotora do Fronteiras, para conseguir uma entrevista exclusiva. Eles demoraram um tempão de responder, mas felizmente, consegui a pauta“, conta Pierry.

A dupla foi encontrá-lo no Convento do Carmo, hotel onde o alemão estava hospedado. “Conversamos um pouco com ele no Pátio e aí depois fiz a proposta: ‘let‘s go for a ride?‘ (Vamos dar um passeio?)“.

A idéia de colocá-lo no carro, disse o jornalista, tem a ver com os road movies (filmes de estrada) que tornaram Wenders famoso, como Paris Texas.

Resta saber se levaram o guarda-chuva para proteger o cineasta do temporal que caiu ontem na cidade...

Franchico disse...

Taí, eu queria fazer o mesmo que Pierry fez com Wenders com esse cara aqui:

http://www.omelete.com.br/cine/100014577/George_Romero_comeca_a_filmar_continuacao_de_Diario_dos_Mortos_em_setembro.aspx

Repitam comigo: ROMERO IS THE MAN!

Franchico disse...

Vamo torcer pela Berlinda e pela Vivendo do Ócio, galera...

Gas Sound

Três bandas locais em disputa nacional

O Gas Sound, concurso para bandas independentes de todo o Brasil, selecionou três representantes da Bahia: Berlinda, Vivendo do Ócio e Putana. Após as seletivas regionais, 10 bandas de cada região foram escolhidas para as eliminatórias, transmitidas aos domingos pela Rede TV (Canal 18 UHF), às 20 horas. Das baianas, a Vivendo do Ócio já passou pela eliminatória de Belo Horizonte, classificando-se para a semifinal em São Paulo, no dia 14 de outubro. Amanhã, haverá a eliminatória de Brasília, com a Berlinda disputando. A banda vencedora poderá gravar um CD pela Deckdisc. Mais informações no site www.gassound.com.br.

Mais informações e o vídeo com a classificação da VdO, no blog brother El Cabong:

http://www.nemo.com.br/elcabong/

Franchico disse...

Que mané Tings Tings porra nenhuma! O que pega é essa moça aqui, a Ida Maria:

http://www.idamaria.co.uk/

Rock simples, direto, sem afetações féchion, lá das boas terras da Suécia, férteis em rock dos bão.

Ouçam Drive Away My Heart (na seção de clipes) e me digam se estou errado.

Franchico disse...

Crianças, crianças...

Quando o Franchico véio de guerra aqui diz uma coisa, prestem atenção.

Em 2005, fiz neste blog uma (quase) resenha do filme inglês Todo Mundo Quase Morto (Shaun of the Dead, 2004), jogando sobre ele todos os confetes que ele merece, como um dos melhores filmes de terror (ou comédia de humor negro) dos últimos tempos.

Confiram neste linque:
http://rockloco.blogspot.com/2005/04/dont-say-z-word.html

Opinião, aliás, muitas vezes rechaçada e ridicularizada em discussões de mesa de bar, por pessoas - oh, a ignorância! - que sequer viram o filme.

Só hoje, três anos depois, veio a confirmação daquilo que digo desde então.

Adivinha que filme está no topo da lista dos melhores filmes de terror dos últimos 100 anos, segundo a revista Time?

http://br.noticias.yahoo.com/s/080822/48/gjrne8.html

Pois é, o Rock Loco deu antes. E foi totoso!

Franchico disse...

Porra, tô de saco cheio de olimpíada.