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Sim, seja lá como ele se chame hoje no Brasil – Superman (grafia utilizada nas revistas atuais) ou Super-Homem – o primeiro herói com super-poderes dos quadrinhos está há nada menos que sete décadas entre os humanos.
Apesar de Lee Falk ter criado o Fantasma (em 1934) e Mandrake (em 1936), foi só com o alienígena concebido por Jerome “Jerry“ Siegel (1914-1996) e Joseph “Joe“ Shuster (1914-1992) em 1938 que a população terrestre se deparou com o primeiro representante de uma nova estirpe de aventureiro científico: o super-herói, aquele que é mais do que humano, é um übbermensch (super-homem em alemão) – conceito criado pelo filósofo Friedrich Nietzsche e que mais tarde, distorcido por Adolf Hitler, foi também uma das bases do nazismo.
A grande ironia disso tudo é que tanto Siegel quanto Shuster eram judeus. O primeiro era filho de imigrantes lituanos, enquanto o segundo nasceu no Canadá e se mudou com seus pais para Cleveland, Ohio, aos dez anos de idade.
Se conheceram ainda crianças, e, talvez devido à sensação de não-pertencimento que assalta os imigrantes – e aos seus filhos, como Jerry Siegel – se tornaram grandes amigos, compartilhando os mesmos interesses por narrativas de aventura e ficção científica.
Já em 1933, criaram uma primeira versão para o personagem no fanzine The Reign of The Superman (O Reino do Superman), onde ele era um vilão telepata que dominava o mundo. Rejeitado pelas editoras que procuraram para publicar o material, o vilão foi engavetado e retrabalhado durante os próximos cinco anos.
Diz a lenda que a versão original do Superman herói surgiu à Siegel após um pesadelo que o fez acordar banhado em suor, certa noite de 1937. Ele teria pulado da cama e corrido doze quarteirões até a casa de Shuster, para lhe passar a idéia do bebê que chega à Terra numa “nave-câmara-matricial“, enviado de um planeta à beira da destruição. Uma espécie de imigrante definitivo, portanto.
Após uma série de contatos, a dupla conseguiu emplacar o personagem com a National Allied Publishing (atual DC Comics), prestes a lançar a revista Action Comics (publicada ininterruptamente, até hoje, com histórias do personagem).
Pela primeira HQ de 13 páginas do Superman, Siegel & Shuster receberam US$ 130, ou seja, US$ 10 por página. Com o grande sucesso do personagem, iniciou-se uma batalha legal pelos direitos do personagem que duraria décadas.
QUASE DEUS
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No início, ele não voava, dando grandes saltos sobre os edifícios. Com o tempo, contudo, tanto seus poderes, quanto sua galeria de amigos e inimigos cresceram exponencialmente.
Logo, ele não apenas voaria, como seria capaz de até mesmo mover planetas inteiros com sua super-força. Seus super-poderes seriam resultado da radiação do sol amarelo, que causaria este efeito nos kryptonianos – banhados em seu planeta natal por um sol vermelho.
Os personagens que o cercam são igualmente inesquecíveis. Lois Lane, a repórter dinâmica e ousada para sua época, que implica com o jeitão caipira e desajeitado de Clark desde o início, sem saber que ele é o Superman, por quem se apaixona – e mais tarde, vem a se casar.
Jimmy Olsen, o jovial fotógrafo sardento que é o seu melhor amigo e usa um relógio sinalizador para chamar o herói onde quer que ele esteja.
Ambos ficaram tão populares que ganharam cada um suas próprias revistas: Lois Lane, Superman‘s Girlfriend e Jimmy Olsen, Superman‘s Pal. Ambas duraram mais de 20 anos.
E claro, Lex Luthor, o genial arqui-inimigo, que só encontrou sua forma definitiva na década de 80, recriado por John Byrne como um bilionário empresário corrupto capaz de fazer Daniel Dantas se molhar nas calças.
O “Último Filho de Krypton“, contudo, logo descobriria que não era exatamente o derradeiro representante de sua espécie. Logo cairiam na Terra sua prima Kara Zor-El (Supermoça), o General Zod e os criminosos da Zona Fantasma (magistralmente retratados no filme Superman II, com Terence Stamp como Zod), além de uma cidade inteira que se desprendeu na explosão de Krypton: Kandor, reduzida e engarrafada pelo vilão Brainiac.
Sua única fraqueza era a kryptonita, destroços de Krypton que caíram na Terra, arremessados pela sua explosão. Nos anos 70, porém, o Superman consegue destruir toda a kryptonita da Terra, tornando-se todo-poderoso, quase um deus. Na década de 80, isso se reverteria com a reformulação do personagem.
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A tarefa de reimaginar o Superman coube ao experiente John Byrne, o nome mais quente do mercado americano de então (ao lado de Frank Miller, que pegou o Batman), graças ao espetacular trabalho desenvolvido com Chris Claremont nos X-Men para a Marvel.
Byrne reaproximou o herói das suas origens, dando limites para a sua força, reintroduzindo a kryptonita, reinventando Luthor como bilionário corrupto e investindo no relacionamento com Lois, que ganhou um upgrade, inspirado na dinâmica entre Bruce Willis e Cybill Shepherd no seriado A Gata e o Rato, de enorme sucesso na época. Essa dinâmica seria depois reaproveitada no seriado Lois & Clark - As Novas Aventuras do Superman.
De lá para cá, a DC e a Warner criaram uma infinidade de produtos midiáticos com o personagem, sendo os mais significativos o filme que o trouxe de volta ao cinema (e dividiu a crítica), Superman - O Retorno, o seriado Smallville (enfocando sua juventude e na oitava temporada) e os seriados Superman Animated Series e Liga da Justiça Sem Limites.
Nos quadrinhos, vale conhecer a premiada e sensível série Grandes Astros: Superman, de Grant Morrisson (Os Invisíveis) e Frank Quitely (Novos X-Men), entre outras – enquanto o centenário não vem.
7 comentários:
El Cabong soltou uma pequena bomba no blog dele: Bonnie Prince Billy, um dos mais cultuados cantores folk indie de uns 15 anos para cá, vem cantar em Salvador em novembro.
http://www.nemo.com.br/elcabong/
Felídeos escaldattus (é latim, porra!) que somos com os infinitos alarmes falsos de shows internacionais que já tivemos por aqui, coloquemos as barbas de molho e aguardemos novas news...
Mas a expectativa é boa, eu diria, afinal, trata-se de alguém muito pouco hypado (pelo menos por enquanto) e portanto, de cachê baratinho, eu suponho...
Resposta atrasada para um comment em um post anterior:
Cebola, o texto de Veríssimo é, simplesmente, o melhor e mais brilhante já escrito sobre o Batman em todos os tempos. Ele tem uma compreensão exata, perfeita do Homem Morcego. Quem ainda não leu, aproveite-o abaixo, surrupiado de um blog qualquer da internet...
Batman
Poderes
Luis Fernando Verissimo
O Batman é um super-herói sem super-poderes. Não voa, não enxerga através do aço, não faz o globo girar ao contrário. O único outro exemplo da espécie que me ocorre é o Fantasma, mas o Fantasma ficou datado. Há algo de irremediavelmente antigo na sua figura, vivendo aquela fantasia de onipotência colonial entre os pigmeus. O Batman, ao contrário, é um herói metropolitano. Só é concebível num cenário urbano onde o gabarito foi liberado. E fica cada vez mais atual.
Cada nova versão do Batman no cinema é mais sofisticada do que a anterior. Começou como gibi filmado, já foi comédia pós-moderna estilizada, agora - pelo que leio, ainda não vi - é uma tragi-comédia com sombrias referências às paranóias do momento. Batman é reincidente e nunca fica datado porque nunca fica bem explicado, tem sempre uma conotação a mais a ser explorada, um lado da sua personalidade e da sua legenda a ser descoberto e dramatizado. E acho que o fato de não ter super-poderes tem muito a ver com a sua permanência através de todos estes anos, que não foram piedosos com os outros super-heróis clássicos, massacrados pela paródia e o esquecimento.
Desde o momento em que foi matar uma mosca e demoliu a mesa o Superhomem conhecia seus poderes. Os poderes definiram o homem. Ele não poderia ser outra coisa além de Superhomem, sua vida estava decidida já nas fraldas. Batman escolheu ser Batman. Nada determinava a sua escolha. Não tinha nem a carga genética para guiá-lo, como o Fantasma, que pertencia a uma dinastia de Fantasmas. Se a legenda do Superhomem é uma parábola sobre a predestinação, a do Batman é uma reflexão sobre o livre-arbítrio. A única coisa que une os dois é a obsessão em fazer o Bem - o que torna a escolha do Batman ainda mais misteriosa.
Ele decidiu ser um homem-morcego. Logo o morcego, bicho hemofágico e ruim, cuja única antropomorfização (com perdão do palavrão) conhecida antes do Batman foi o Drácula. Escolhendo um símbolo do Mal para fazer o Bem, Batman enfatizou seu livre-arbítrio. Nada determina as suas ações, nem a Natureza que fez o Superhomem super e o morcego asqueroso. Sua obsessão pelo Bem é uma escolha moral, desassociada de qualquer imperativo externo. Ele não é um herói para melhorar a reputação dos morcegos nem porque veio de outro planeta predestinado a ser bom, ou porque gosta de usar malha justa. O que a sua legenda nos diz, e talvez por isso dure tanto, é que o ser humano é cheio de imperfeições e maus impulsos, limitado pela biologia e condicionado por mitos e tradições, mas é livre para escolher o que quer ser. E decidir ser justo.
Está aí, um super-herói do iluminismo. Longa vida para o Batman.
Chicão e demais rockloquistas,
o mercado jornalístico de Salvador está em polvorosa. Depois do jornal de Vicente de Paula, já comentado por Franciel na Ingresia de hoje, nosso ex-patrão na rádio Primavera FM mandou o link da sua nova investida no ramo da comunicação, o portal http://salvadoragora.blogspot.com. Lá eu descobri que uma batata de 6 Kg pode levar Ibicará ao Guiness.É imperdível conferir a foto do nosso William Hurst. Procurem a matéria sobre os candidatos alternativos à prefeitura desta cidade besta e bela.
abraços
Sora
phodah esse texto, eim, batchicvs?? guardei e as porra, nerd q sou!
já o q um outro babaca preconceituoso mandou acho q anteontem tb na tarde e tb sobre quadrinhos...esqueci quem, sei q foi naquela coluna ao lado do editorial, é de uma estupidez preconceituosa e metida a besta de dar dó! ou foi domingo...sei lá...enfim
Nota para amanhã...
Bonnie “Prince“ Billy
Lenda do folk na cidade em novembro
O cultuado cantor de folk rock Will Oldham, mais conhecido como Bonnie “Prince“ Billy está com turnê agendada para novembro no Brasil. A novidade é que, desta vez, Salvador está incluída. O detalhe é que a passagem pela Bahia foi uma exigência do próprio cantor. Já há até data e lugar: 28 de novembro, na Boomerangue. Durante toda a década de 90, ele lançou diversos álbuns sob o nome Palace, como Palace Brothers e Palace Music. A partir do álbum Black Dissimulation, de 1998, Oldham assumiu a alcunha que o tornou (quase) famoso mundo afora. Dono de uma carreira considerada brilhante pela crítica estrangeira, a música de “Prince“ Billy se caracteriza pelo caráter intimista e melancólico de suas canções, quase sempre baseadas em voz e violão. Suas influências vão do folk tradicional ao indie, passando pelo punk rock. Doce-amargo, dolorido e com letras carregadas de referências literárias, o cantor é extremamente respeitado no circuito alternativo internacional.
São 8h12 de 8 de agosto de 2008. Só agora, Machines are my family, que estava prometida para as 8h08, caiu no site do Messias para download.
http://www.messias.art.br/
Véio, cê tá QUATRO MINUTOS atrasado!
;-)
Olá!
Conheci seu blog ontem, ainda estou 'reconhecendo o espaço" mas parece ser mt bom, interessante .
Valeu
;)
se for responder soh dah rpa responder pelo blog Freak-Box, nem tente pelos outros ;)
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