segunda-feira, agosto 04, 2008

70 ANOS-LUZ

Superman, o imigrante definitivo criado por Jerry Siegel e Joe Shuster, chega aos 70 anos com muita história para contar

Com essa, nem Lex Luthor contava. Sem grande alarde e voando muito acima das cabeças dos terráqueos, Kal-El, o kryptoniano que caiu ainda criança no Kansas, completa 70 anos de intensa atividade, salvando o mundo incontáveis vezes.

Sim, seja lá como ele se chame hoje no Brasil – Superman (grafia utilizada nas revistas atuais) ou Super-Homem – o primeiro herói com super-poderes dos quadrinhos está há nada menos que sete décadas entre os humanos.

Apesar de Lee Falk ter criado o Fantasma (em 1934) e Mandrake (em 1936), foi só com o alienígena concebido por Jerome “Jerry“ Siegel (1914-1996) e Joseph “Joe“ Shuster (1914-1992) em 1938 que a população terrestre se deparou com o primeiro representante de uma nova estirpe de aventureiro científico: o super-herói, aquele que é mais do que humano, é um übbermensch (super-homem em alemão) – conceito criado pelo filósofo Friedrich Nietzsche e que mais tarde, distorcido por Adolf Hitler, foi também uma das bases do nazismo.

A grande ironia disso tudo é que tanto Siegel quanto Shuster eram judeus. O primeiro era filho de imigrantes lituanos, enquanto o segundo nasceu no Canadá e se mudou com seus pais para Cleveland, Ohio, aos dez anos de idade.

Se conheceram ainda crianças, e, talvez devido à sensação de não-pertencimento que assalta os imigrantes – e aos seus filhos, como Jerry Siegel – se tornaram grandes amigos, compartilhando os mesmos interesses por narrativas de aventura e ficção científica.

Já em 1933, criaram uma primeira versão para o personagem no fanzine The Reign of The Superman (O Reino do Superman), onde ele era um vilão telepata que dominava o mundo. Rejeitado pelas editoras que procuraram para publicar o material, o vilão foi engavetado e retrabalhado durante os próximos cinco anos.

Diz a lenda que a versão original do Superman herói surgiu à Siegel após um pesadelo que o fez acordar banhado em suor, certa noite de 1937. Ele teria pulado da cama e corrido doze quarteirões até a casa de Shuster, para lhe passar a idéia do bebê que chega à Terra numa “nave-câmara-matricial“, enviado de um planeta à beira da destruição. Uma espécie de imigrante definitivo, portanto.

Após uma série de contatos, a dupla conseguiu emplacar o personagem com a National Allied Publishing (atual DC Comics), prestes a lançar a revista Action Comics (publicada ininterruptamente, até hoje, com histórias do personagem).

Pela primeira HQ de 13 páginas do Superman, Siegel & Shuster receberam US$ 130, ou seja, US$ 10 por página. Com o grande sucesso do personagem, iniciou-se uma batalha legal pelos direitos do personagem que duraria décadas.

QUASE DEUS

O toque de gênio de Siegel & Shuster foi – como costuma acontecer com grandes criações – projetarem a si mesmos no personagem. No caso, no fato do Superman ser um estranho numa Terra estranha, alguém que esconde um grande segredo disfarçado de um tímido repórter, Clark Kent, caipira do Kansas numa grande cidade: a fictícia Metrópolis.

No início, ele não voava, dando grandes saltos sobre os edifícios. Com o tempo, contudo, tanto seus poderes, quanto sua galeria de amigos e inimigos cresceram exponencialmente.

Logo, ele não apenas voaria, como seria capaz de até mesmo mover planetas inteiros com sua super-força. Seus super-poderes seriam resultado da radiação do sol amarelo, que causaria este efeito nos kryptonianos – banhados em seu planeta natal por um sol vermelho.

Os personagens que o cercam são igualmente inesquecíveis. Lois Lane, a repórter dinâmica e ousada para sua época, que implica com o jeitão caipira e desajeitado de Clark desde o início, sem saber que ele é o Superman, por quem se apaixona – e mais tarde, vem a se casar.

Jimmy Olsen, o jovial fotógrafo sardento que é o seu melhor amigo e usa um relógio sinalizador para chamar o herói onde quer que ele esteja.

Ambos ficaram tão populares que ganharam cada um suas próprias revistas: Lois Lane, Superman‘s Girlfriend e Jimmy Olsen, Superman‘s Pal. Ambas duraram mais de 20 anos.

E claro, Lex Luthor, o genial arqui-inimigo, que só encontrou sua forma definitiva na década de 80, recriado por John Byrne como um bilionário empresário corrupto capaz de fazer Daniel Dantas se molhar nas calças.

O “Último Filho de Krypton“, contudo, logo descobriria que não era exatamente o derradeiro representante de sua espécie. Logo cairiam na Terra sua prima Kara Zor-El (Supermoça), o General Zod e os criminosos da Zona Fantasma (magistralmente retratados no filme Superman II, com Terence Stamp como Zod), além de uma cidade inteira que se desprendeu na explosão de Krypton: Kandor, reduzida e engarrafada pelo vilão Brainiac.

Sua única fraqueza era a kryptonita, destroços de Krypton que caíram na Terra, arremessados pela sua explosão. Nos anos 70, porém, o Superman consegue destruir toda a kryptonita da Terra, tornando-se todo-poderoso, quase um deus. Na década de 80, isso se reverteria com a reformulação do personagem.

Por conta de uma confusão editorial muito maior do que este espaço poderia dar conta, a DC Comics decidiu, em 1985, rever todo o seu universo durante um evento denominado Crise nas Infinitas Terras, reiniciando as revistas de seus principais personagens desde o número um, contratando grandes artistas para dar conta do recado.

A tarefa de reimaginar o Superman coube ao experiente John Byrne, o nome mais quente do mercado americano de então (ao lado de Frank Miller, que pegou o Batman), graças ao espetacular trabalho desenvolvido com Chris Claremont nos X-Men para a Marvel.

Byrne reaproximou o herói das suas origens, dando limites para a sua força, reintroduzindo a kryptonita, reinventando Luthor como bilionário corrupto e investindo no relacionamento com Lois, que ganhou um upgrade, inspirado na dinâmica entre Bruce Willis e Cybill Shepherd no seriado A Gata e o Rato, de enorme sucesso na época. Essa dinâmica seria depois reaproveitada no seriado Lois & Clark - As Novas Aventuras do Superman.

De lá para cá, a DC e a Warner criaram uma infinidade de produtos midiáticos com o personagem, sendo os mais significativos o filme que o trouxe de volta ao cinema (e dividiu a crítica), Superman - O Retorno, o seriado Smallville (enfocando sua juventude e na oitava temporada) e os seriados Superman Animated Series e Liga da Justiça Sem Limites.

Nos quadrinhos, vale conhecer a premiada e sensível série Grandes Astros: Superman, de Grant Morrisson (Os Invisíveis) e Frank Quitely (Novos X-Men), entre outras – enquanto o centenário não vem.

7 comentários:

Franchico disse...

El Cabong soltou uma pequena bomba no blog dele: Bonnie Prince Billy, um dos mais cultuados cantores folk indie de uns 15 anos para cá, vem cantar em Salvador em novembro.

http://www.nemo.com.br/elcabong/

Felídeos escaldattus (é latim, porra!) que somos com os infinitos alarmes falsos de shows internacionais que já tivemos por aqui, coloquemos as barbas de molho e aguardemos novas news...

Mas a expectativa é boa, eu diria, afinal, trata-se de alguém muito pouco hypado (pelo menos por enquanto) e portanto, de cachê baratinho, eu suponho...

Franchico disse...

Resposta atrasada para um comment em um post anterior:

Cebola, o texto de Veríssimo é, simplesmente, o melhor e mais brilhante já escrito sobre o Batman em todos os tempos. Ele tem uma compreensão exata, perfeita do Homem Morcego. Quem ainda não leu, aproveite-o abaixo, surrupiado de um blog qualquer da internet...

Batman
Poderes

Luis Fernando Verissimo

O Batman é um super-herói sem super-poderes. Não voa, não enxerga através do aço, não faz o globo girar ao contrário. O único outro exemplo da espécie que me ocorre é o Fantasma, mas o Fantasma ficou datado. Há algo de irremediavelmente antigo na sua figura, vivendo aquela fantasia de onipotência colonial entre os pigmeus. O Batman, ao contrário, é um herói metropolitano. Só é concebível num cenário urbano onde o gabarito foi liberado. E fica cada vez mais atual.

Cada nova versão do Batman no cinema é mais sofisticada do que a anterior. Começou como gibi filmado, já foi comédia pós-moderna estilizada, agora - pelo que leio, ainda não vi - é uma tragi-comédia com sombrias referências às paranóias do momento. Batman é reincidente e nunca fica datado porque nunca fica bem explicado, tem sempre uma conotação a mais a ser explorada, um lado da sua personalidade e da sua legenda a ser descoberto e dramatizado. E acho que o fato de não ter super-poderes tem muito a ver com a sua permanência através de todos estes anos, que não foram piedosos com os outros super-heróis clássicos, massacrados pela paródia e o esquecimento.

Desde o momento em que foi matar uma mosca e demoliu a mesa o Superhomem conhecia seus poderes. Os poderes definiram o homem. Ele não poderia ser outra coisa além de Superhomem, sua vida estava decidida já nas fraldas. Batman escolheu ser Batman. Nada determinava a sua escolha. Não tinha nem a carga genética para guiá-lo, como o Fantasma, que pertencia a uma dinastia de Fantasmas. Se a legenda do Superhomem é uma parábola sobre a predestinação, a do Batman é uma reflexão sobre o livre-arbítrio. A única coisa que une os dois é a obsessão em fazer o Bem - o que torna a escolha do Batman ainda mais misteriosa.

Ele decidiu ser um homem-morcego. Logo o morcego, bicho hemofágico e ruim, cuja única antropomorfização (com perdão do palavrão) conhecida antes do Batman foi o Drácula. Escolhendo um símbolo do Mal para fazer o Bem, Batman enfatizou seu livre-arbítrio. Nada determina as suas ações, nem a Natureza que fez o Superhomem super e o morcego asqueroso. Sua obsessão pelo Bem é uma escolha moral, desassociada de qualquer imperativo externo. Ele não é um herói para melhorar a reputação dos morcegos nem porque veio de outro planeta predestinado a ser bom, ou porque gosta de usar malha justa. O que a sua legenda nos diz, e talvez por isso dure tanto, é que o ser humano é cheio de imperfeições e maus impulsos, limitado pela biologia e condicionado por mitos e tradições, mas é livre para escolher o que quer ser. E decidir ser justo.

Está aí, um super-herói do iluminismo. Longa vida para o Batman.

sora disse...

Chicão e demais rockloquistas,

o mercado jornalístico de Salvador está em polvorosa. Depois do jornal de Vicente de Paula, já comentado por Franciel na Ingresia de hoje, nosso ex-patrão na rádio Primavera FM mandou o link da sua nova investida no ramo da comunicação, o portal http://salvadoragora.blogspot.com. Lá eu descobri que uma batata de 6 Kg pode levar Ibicará ao Guiness.É imperdível conferir a foto do nosso William Hurst. Procurem a matéria sobre os candidatos alternativos à prefeitura desta cidade besta e bela.


abraços


Sora

cebola disse...

phodah esse texto, eim, batchicvs?? guardei e as porra, nerd q sou!
já o q um outro babaca preconceituoso mandou acho q anteontem tb na tarde e tb sobre quadrinhos...esqueci quem, sei q foi naquela coluna ao lado do editorial, é de uma estupidez preconceituosa e metida a besta de dar dó! ou foi domingo...sei lá...enfim

Franchico disse...

Nota para amanhã...

Bonnie “Prince“ Billy

Lenda do folk na cidade em novembro

O cultuado cantor de folk rock Will Oldham, mais conhecido como Bonnie “Prince“ Billy está com turnê agendada para novembro no Brasil. A novidade é que, desta vez, Salvador está incluída. O detalhe é que a passagem pela Bahia foi uma exigência do próprio cantor. Já há até data e lugar: 28 de novembro, na Boomerangue. Durante toda a década de 90, ele lançou diversos álbuns sob o nome Palace, como Palace Brothers e Palace Music. A partir do álbum Black Dissimulation, de 1998, Oldham assumiu a alcunha que o tornou (quase) famoso mundo afora. Dono de uma carreira considerada brilhante pela crítica estrangeira, a música de “Prince“ Billy se caracteriza pelo caráter intimista e melancólico de suas canções, quase sempre baseadas em voz e violão. Suas influências vão do folk tradicional ao indie, passando pelo punk rock. Doce-amargo, dolorido e com letras carregadas de referências literárias, o cantor é extremamente respeitado no circuito alternativo internacional.

Franchico disse...

São 8h12 de 8 de agosto de 2008. Só agora, Machines are my family, que estava prometida para as 8h08, caiu no site do Messias para download.

http://www.messias.art.br/

Véio, cê tá QUATRO MINUTOS atrasado!

;-)

Giovanna disse...

Olá!
Conheci seu blog ontem, ainda estou 'reconhecendo o espaço" mas parece ser mt bom, interessante .

Valeu

;)

se for responder soh dah rpa responder pelo blog Freak-Box, nem tente pelos outros ;)