Como muitos já devem saber, o fundador do nosso movimento rockloquista, Mário Jorge, futuro Comendador da Praia do Buracão, foi convidado para assumir a coluna Coletânea, que era tocada pelo companheiro Luciano Matos, no Caderno Dez!, suplemento jovem do periódico da Av. Tancredo Neves.
Como somos velhos amigos e parceiros de aventuras improváveis não é de hoje, Mário propôs à editora do caderno que eu fizesse a coluna com ele, aproveitando que eu já trabalho lá.
Proposta aceita, começamos na semana passada. Para inaugurar, pensamos numa forma um tanto cretina de marcar a nova fase da coluna, criando uma lista de Dez Discos Essenciais do Rock Baiano.
Olhando para ela agora, percebo que dois discos da Cascadura pode ter sido mesmo exagero. Poderíamos ter incluído a Crac!, Rebeca Matta, Retrofoguetes, outro de Raul Seixas (Gita, Novo Aeon), 14º Andar, Ronei Jorge, Maria Bacana (a banda baiana preferida de Wander Wildner, como ele declarou no Phodcast Rock Loco Em Transe) ou...
Alguém? Alguém? Bueller?
Em tempo: o foco da coluna, pelo menos enquanto continuarmos nela, será rigorosamemente "rock baiano". Mesmo quando não falarmos necessariamente sobre isso na matéria principal, sempre tentaremos fazer um paralelo com o que vivemos aqui.
Por isso, continuem enviando-nos informações, materiais, releases, fotos (isso é muito importante: em alta resolução e com o crédito do fotógrafo), discos, novidades etc.
Segue a tal da coluna com o texto integral, já que no exíguo espaço físico do jornal nunca dá para incluir tudo.
10 ÁLBUNS ESSENCIAIS DO ROCK BAIANO
Raul Seixas - Krigh-há bandolo! (1974)
O disco que escancarou a genialidade de Raul é quase um Greatest Hits: Mosca na Sopa, Metamorfose ambulante, Dentadura postiça, As minas do Rei Salomão, Al Capone, Rockixe e Ouro de tolo. Tem mais, mas já tá bom, né? Só falta agora a gente pensar numa forma de destituir Raulzito dos desocupados que cercam seu túmulo até no aniversário de Silvanice, a babá dele em 1910. Deixa o homem descansar em paz!
Camisa de Vênus - Camisa de Vênus (1983)
Talvez mais importante do que o primeiro disco do Camisa seja o compacto lançado um ano antes, Controle Total/Meu Primo Zé, mas enfim. Esqueçam que a maioria das músicas eram versões de hits do punk inglês '77. Apenas tenham em mente, que, antes do Camisa, não existia contraponto urbano à leseira odara de Caetano, Novos Baianos e A Cor do Som. Sabe lá o que é isso?
Rock Conexão Bahia (1989) www.tramavirtual.com.br, Bazar Musical SSa 1 (1992), Umdabahia (1995)
A pequena produção fonográfica do rock baiano é notória, especialmente nos anos 80, quando a cena pós-Camisa literalmente fervilhou. De forma que é impossível não citá-las tal a sua representatividade. Na verdade, muitas bandas só apareceram em coletâneas. Separamos as três que consideramos mais significativas. Na primeira, nada menos que sete bandas: Cravo Negro; Treblinka; Moisés Ramsés & Os Hebreus; Quíron; 14º Andar; Elite Marginal e Utopia.. No Bazar Musical, a primeira geração dos anos 90 se apresenta: Úteros em Fúria, Meiohomem, Mütter Marie e Kama Sutra. E na terceira, a segunda geração daquela década: Dois Sapos & Meio, Inkoma, Lisergia, Injúria, Dinky-Dau, Penélope Charmosa e Filhos de Creuza.
Treblinka - Indução Hipnótica (1990) bandatreblinka.blogspot.com
A Treblinka, infelizmente, é uma banda muito comentada, mas pouco ouvida. Com uma proposta avançada para sua época, conseguiu pichar sobre um imenso paredão sonoro, tanta loucura e depressão quanto fosse possível a partir da poesia amarga de um vocalista extraordinário: Artur Ribeiro. Uma pérola que precisa ser desenterrada e disponibilizada na internet para deleite de alguns poucos doentes como nosotros.
Úteros em Fúria - Wombs in Rage (1993) clashcityrockers.blogspot.com ou www.bahiarock.com.br (busque I Wanna Feel Alright - A história da Úteros em Fúria)
Esqueçam que Mário Jorge era o baterista. O fato é que a Úteros - apesar da qualidade de áudio pobre advinda da auto-produção dos então inexperientes meninos do grupo - é a banda que pariu a geração 90 do rock local, além de ter unido o público da cidade, então descrente e fragmentado. Só uma pergunta persiste neste momento: por que este disco não está na internet para as novas gerações poderem ouvir?
brincando de deus - better when you love (me) (1994) http://lazerguidedmelodies.blogspot.com/2007_10_01_archive.html
Oxente, man! A Bahia também tem shoegaze, e de primeira qualidade. A banda artíficie do movimento do "rock triste" local demarcou território aqui e lá fora, se tornando uma banda cult respeitada, sendo inclusive lançada no exterior em compacto de vinil -por um selo americano. Excelente registro de uma banda eterna, dona de melodias e riffs inesquecíveis.
The Dead Billies - Don’t Mess With... (1995)
http://blue-9records.blogspot.com
Sinceramente, metade da coluna achou que o segundo disco do Dead Billies, Heartfelt Sessions (mais bem-gravado e com repertório mais bem-resolvido), é o que deveria entrar na lista, mas no par ou ímpar ele perdeu. Don’t Mess sofre do mesmo mal do disco da Úteros: é mal-gravado. Da mesma forma que a Úteros, porém, todo o repertório do primeiro CD dos Billies era cantado de cabo a rabo pelo público enlouquecido. Ou seja: quem viveu, curtiu a milhão.
Cascadura - # 1 (1995) http://www.myspace.com/cascadurarock
A gênese da banda mais importante desta década é este CD de rock básico (mas não simplório), de fácil comunicação e cheio de histórias legais. Daqueles discos que descem macio, da primeira a última faixa. Lindo.
Headhunter - Born, Suffer, Die (1991)
http://www.myspace.com/headhunterdc
Se a brincando de deus era a banda baiana mais respeitada lá fora dentro do seu estilo, a Headhunter DC era a sua contraparte no metal extremo. Blasfema, ensurdecedora, incrivelmente técnica e de uma violência sônica inaudita, a banda é uma lenda viva, um patrimônio cultural bastardo na Terra da Alegria, e que completou vinte anos em 2007. E este disco é tão clássico e procurado pelos camisas pretas que a Cogumelo Records o relançou em 2002 numa edição especial, com material gráfico de primeira e faixas-bônus. Chiquérrimo!
Cascadura - Bogary (2006)
http://www.myspace.com/cascadurarock
"Os talentos aqui estão muito maduros. Não faz mais sentido uma banda como Cascadura continuar underground". Essa frase me foi dita por Carlinhos Brown durante uma entrevista por telefone alguns dias atrás. Como não era importante para a pauta em questão (o show frustrado dos Tribalistas no Museu Du Ritmo), limei-a da matéria. Mas ela nunca me saiu da cabeça. Pô, se até Carlinhos Brown tá ligado, o que falta para Fábio Cascadura e cia. deslancharem? Bogary é, até prova em contrário, o melhor disco do rock baiano nesta década. E por isso ele está aqui. Go, Casca!
Menções honrosas:
Ativar Retrofoguetes! - Retrofoguetes
Maria Bacana
Nancyta & Os Grazzers
Macaca! - Guizzzmo
Diversão do Novo Mundo - 14º Andar
Tantas Coisas - Rebeca Matta
Ronei Jorge & Os Ladrões de Bicicleta
Cada dia mais limpo e romântico - Los Canos
Um Bom Motivo - Paulinho Oliveira
14 comentários:
E, de volta: www.oculosdecebola.blogspot.com
listas, vamos a lista. kd o saci tric ao vivo no teatro 18? mj me diz que é porque o disco é mal gravado, e é. e daí? tem pouco metal na lista , mas estou apenas repercutindo.alem do mais uma lista desta não pode ficar sem repercussão. da nova geração de bandas de rock baiana , fora los canos,ninguem? no momento não to conseguindo pensar em ninguem, so na cissa guimarães. kd aquela pá de bandas cadastradas no bahia rock?. tem q ter alguma banda q ficou de fora se não o rock baiano pode pedir pra sair do baba. bom ja que chico e mario estão abrindo (epa!) a coluna pra bandas baianas ta na hora de algumas bandas mostrarem as caras.
e ja q não tem jeito mesmo, o novo nick cave com os bad seeds, dig lazurus dig, é a melhor coisa feita por eles num looooongo. um discaço ja de cara em 2008. vcs sabem aonde encontrar.
Brama, peraí que essa notícia é urgente:
Zack Snyder mostra personagens principais de Watchmen!
Veja agora Coruja, Rorschach, Espectral, Ozymandias e Comediante
http://www.omelete.com.br/cine/100011286/Watchmen.aspx
Calma que eu já venho pra discussão!
Ouquei, ouquei, vamos lá...
Saci Tric: o lance de ser mal gravado não é desculpa, concordo. O da Úteros e o do Dead Billies sofrem do mesmo mal e estão lá. Pessoalmente, eu não o coloquei por que não gosto muito mesmo. Confesso que acho o trabalho menos interessante de Ronei. É bom, claro, mas... Gosto muito mais da Mütter Marie e do trabalho atual com os Ladrões.
Da nova geração, dos que eu ouvi, gostei da despretensão (tem que ter cuidado com essa palavra aqui) do Capitão Parafina e Os Haoles, gosto de Pessoas Invisíveis, Estrada Perdida, Koyotes (que cresceu muito com a adição de novos guitarristas), Demoiselle (e seus guitar heroes Toni e The Flash), Irmãos da Bailarina (bem interessante)... mas tem outras, me ajuda aí!
Fora Berlinda e Theatro de Seraphin, que são xodós desta casa, não tenho problema nenhum em admitir isso, mas apenas acabaram de lançar seus (fantásticos) EPs.
Cissaguimarães eu não ouvi direito ainda, recebi o CD mais novo quarta-feira, vamos ver o que rola.
Tem pouco metal, de fato. Drearylands (RIP), Slow, Cobalto e outras bandas são excelentes no seu estilo, mas como são só dez, colocamos a HDC, não apenas pelo mérito inquestionável da banda, mas como a melhor representação do metal baiano.
"Aquela pá de bandas cadastradas no bahia rock" precisam se mostrar, eu pelo menos não ouvi todo mundo - nem quero - pô, haja saco, né?
Até porque muitas não estão ativas, são aquela coisa de hobby ou de guris que não levam adiante, a gente sabe como é isso. Não é todo mundo que tem garra de de se dedicar à sua música, ao seu instrumento, correr atrás de show etc. Convivi a minha vida toda com a galera do rock e sei que tem muita gente que é assim mesmo.
Do mesmo jeito que tem gente que se entrega de corpo e alma, tem gente que faz nas horas vagas e olhe lá. Não posso encarar essas duas tendências com o mesmo olhar. Eu vou prestigiar quem se entrega de corpo e alma, claro.
As bandas que chamam atenção, estão ativas, lançam trabalhos, a gente vai lá e ouve. Todo mundo que batalha consegue alguma coisa.
Mas lista é isso mesmo, é para criar discussão mesmo. Mesmo que seja só eu e meu companheiro de rocha Osvaldo Bramis...
Baixe o novo álbum dos sensacionais The Charlatans todinho aqui:
http://www.xfm.co.uk/news/2008/download-charlatans-new-album-for-free
Os caras tão dando (lá eles!) de graça, man!
E nóis gosta muito dos Charlatães, se gosta!
cadê a The Honkers?
o.O
gostei muito do blog, tem muita curiosidades, eu tenho boas recordações de minha adolescência nos anos 90 com musicas do rock baiano. Gostaria de informações de um disco gravado pela Radio 96 FM em 1991 com bandas de rock de Salvador inclusive Cravo Negro, aguardo informacoes... obrigado
franklinfs@ig.com.br
Creio que também procuro este CD com Utopia, Cravo Negro, Diário Oficial e outros (jocaneris@gmail.com)
Previsível: vocês conseguiram a proeza de falar NADA sobre o conteúdo de cada uma das 11 canções-obras-primas do primeiro album do Camisa de Venus.
Mais imprestáveis, impossível.
Se quiserem, deixa que eu escrevo nesse blog TUDO o que vocês não conseguem escrever.
Em tempo: Raul Seixas em carreira solo NÃO ERA rock baiano mesmo: era um baiano no Rio de Janeiro e São Paulo, cercado de músicos de outros estados.
Quanto á coletânea Conexão Bahia de 1989, a ÚNICA BANDA QUE PRESTA é a Treblinka (nas faixas "Vida em Carne Viva" e "A Queda de Sodoma") na formação com a legendária / extraordinária dupla Lygia Cabus (a estrela do teatro e do rock) e Sergio Belov (o guitarrista-pianista-saxofonista).
Loog depois, em 90/93, Lygia Cabus e Sergio Belov fizeram a THC - Típicos Habitantes da Cidade, com pérolas musicais históricas.
Em 93/99, veio a banda Blue Velvet de Lygia Cabus e Emerson Barreto.
Em 98, Sergio Belov lançou seu disco solo.
Yeah.
O cd que na época era LP/Vinil no final dos anos 80 chama-se (ROCK 96FM) produzido na época pela estinta Rádio Aratu 96Fm muito antes mesmo da Igreja Universal ter comprado a Rádio o link é esse mesmo postado aqui pelos nossos amigos dos Guerreiros da Resistência
Baixe o CD e se divirta http://www.4shared.com/get/l5Xsog7yce/ROCK_96FM_ARATU.html
É uma pena não acharmos nada na internet do rock punk industrial da MeioHomem, um imenso Caldeirão de sons e atitude com a cozinha sonora baixo/ bateria de tirar o fôlego ...quem tiver, por favor publique. Pra mim era a banda mais autêntica e honesta no que se propunha a tocar.
De quem era a música cujo trecho dizia: "de bar em bar começo a entender em cada olhar. Em cada palavra maldita um modo beat de viver" acho que é assim. Ouvi acho que em 1990 quando estudava no colégio Roberto Santos através de um colega chamado Frâncio.
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