Abril Pro Rock anuncia excelente grade e abre temporada de festivais indie no PaísFindo o verão, está aberta a temporada dos festivais de música de verdade, aquela que conta. Com o anúncio da ótima grade de atrações do Abril Pro Rock, pioneiro festival pernambucano que chega à sua 16ª edição - ininterrupta - nos dias 11, 12 e 27, começa a exposição dos novos talentos do pop rock nacional, aqueles que, possivelmente, trarão alguma renovação a um cenário claramente esgotado.
A classe média consumidora de abadás ignora solenemente, mas hoje o Brasil conta com um circuito de festivais de música alternativa de norte a sul do País que agita milhares e milhares de jovens e adultos inquietos, ávidos por novidades.
Estes festivais, inclusive, são hoje aglutinados em uma associação que promove e incentiva as iniciativas locais e o intercâmbio entre elas, a ABRAFIN, Associação Brasileira dos Festivais Independentes (www.abrafin.com.br).
Hoje, há desde o Festival Calango em Cuiabá (MT) e o Varadouro em Rio Branco (AC), ao Demosul em Londrina (PR) e o Goiânia Noise, passando pelo redivivo Boombahia, que aconteceu em dezembro último e volta em julho, e é o representante local da Abrafin.
Voltando ao Abril Pro Rock, que é talvez o festival que possibilitou toda esta agitação ao surgir lá atrás em 1992, este ano, Paulo André, o organizador do APR, realmente caprichou.
Nada menos que cinco bandas internacionais de renome deverão atrair um público carente desse tipo de atrações de todo o Norte/Nordeste: New York Dolls (EUA), Bad Brains (EUA), The Datsuns (Nova Zelândia), Helloween e Gamma Ray (ambas da Alemanha). Mas as bandas brazucas também não ficam atrás, oferecendo um panorama do melhor do rock atual, incluindo uma mini-invasão gaúcha no segundo dia, com os gigantes dos pampas Wander Wildner e Júpiter Maçã, mais as novatas Superguidis e Pata de Elefante.
Autoramas (RJ), Vionlins (GO), Rockassetes (SE), Mukeka di Rato (ES), Barbiekill (RN), Zumbis do Espaço (SP) e The Sinks (RN), mais as anfitriãs Vamoz!, Sweet Fanny Adams, Project 666, Erro de Transmissão e Vitor Araújo se juntam a nomes populares como Lobão e Céu, fechando a grade.
"No último Carnaval e durante o verão, o público daqui viu todos os maiores nomes da música local e nacional, em grandes shows gratuitos: de Skank e Nação Zumbi a Milton Nascimento e Alceu Valença, veio todo mundo. Seria extremamente frustrante para um guri pegar a programação do festival e ver os mesmos nomes que ele viu no verão, de graça. Daí nossa aposta nas bandas gringas e em outros nomes inéditos no Recife", explica Paulo André, dando aula de como é que se produz um festival.
Porém, mais do que antenas ligadas para captar o que há de novo e interessante no cenário independente, Paulo André e sua equipe têm mesmo é muita fibra para seguir com o modelo que fez a fama e o respeito do festival. "Posso te dizer que 70% das atrações não têm apelo no grande público. A gente rema contra a maré, tudo e todos para organizar o APR. Aqui no Recife, os únicos veículos de comunicação que dão espaço à música alternativa são os cadernos de cultura dos jornais. O mercado pernambucano é ridículo", revela.
"Aqui não há sequer uma casa de médio porte como a Boomerangue aí de Salvador para as bandas tocarem, só gambiarra. Também não há uma balada como a Nave (festa mensal especializada em rock, organizada pelo jornalista Luciano Matos e o DJ Janocide). Nenhuma rádio toca sequer Nação Zumbi, Mundo Livre S.A. ou Siba. Recife é deprimente nesse aspecto", entrega, mostrando que, seja em Recife ou Salvador, a vida está difícil para quem aposta no novo.
Mesmo assim, ele não esmorece, pois sabe que tem o apoio de grandes instituições como Petrobras, além dos governo estadual e da prefeitura, que reconhecem a importância do APR. "O principal papel de festivais como o APR é acelerar o processo de renovação da música brasileira. Se não for a gente, quem vai ser? Faustão? O dono da rádio Jovem Pan"?, pergunta, referindo-se ao empresário Tutinha, que admitiu em entrevista receber jabá.
BOOMBAHIA VOLTA EM JULHOProdutor de festival local planeja versão ampliada para o meio do ano. Feira Hype passa a ser mensalInfelizmente, a Bahia ainda não conta com um festival com o impacto, a grade internacional e a importância de um Abril Pro Rock, mas, no que depender dos esforços do produtor cultural e doutor em comunicação Messias Guimarães Bandeira, esse dia ainda há de chegar.
Ex-vocalista da brincando de deus, banda de importância crucial na história do rock baiano por colocar o estado no mapa do indie rock internacional, Messias é o idealizador e organizador do Boombahia, festival que é o representante local da Abrafin.
O Boom surgiu em 1997 e teve mais uma edição em 1998, marcando uma época. Depois, por problemas diversos e falta de apoio, sumiu do calendário.
Retornou apenas no final do ano passado, em uma belíssima festa de dois dias aberta ao público no Pelourinho, quando reuniu cerca de 5 mil pessoas para assistir aos shows de Wander Wildner, Montage (CE), Snooze (SE), os astros locais Cascadura, Retrofoguetes, Rebeca Matta, Ronei Jorge & Os Ladrões de Bicicleta e ainda revelar bandas promissoras, como Berlinda, Pessoas Invisíveis, Subaquático e outras.
Para alegria dos rockers locais, a próxima edição do Boombahia já tem data e local: 12 e 13 de julho, na mesma Praça Teresa Batista, com possibilidade de abrir um segundo palco em outra praça do Pelourinho.
"Estamos negociando a ampliação do festival para uma segunda praça. O primeiro palco seria dedicado ao rock, electro e música eletrônica, e o segundo, ao hip hop, black music e reggae. Mas não queremos isolar esses públicos, e sim, integrá-los, então haveria momentos em que os palcos cruzariam suas atrações", delineia Messias.
A integração não fica só entre os palcos, abrangendo ainda outros dois festivais da Abrafin - ainda não definidos - que acontecem no mesmo fim de semana em julho e deverão realizar um intercâmbio de atrações com o Boombahia.
As bandas e músicos que desejam participar da próxima edição do Boombahia devem ficar ligados para as inscrições, que poderão ser feitas no próprio site do festival, www.boombahia.com.br, a partir do fim deste mês.
Enquanto vai desenhando o próximo festival do Pelourinho, Messias segue organizando ao lado da produtora Jandyra Fernandes outros dois projetos: a Feira Hype e o recém-nascido Remix-se.
O primeiro, já conhecido, era a feirinha hippie que acontecia todos os sábados no pátio do Instituto Cultural Brasil-Alemanha (ICBA) e reunia bandas, artistas, DJs, VJs e expositores. Com uma certa mudança de política do ICBA, a Feira Hype acontece agora mensalmente na já citada Praça Teresa Batista (Pelourinho).
A próxima edição da FH acontece no próximo dia 29, tendo a banda Os Culpados, de ex-membros da Maria Bacana, como uma das atrações confirmadas.
Já o evento semanal do pátio do ICBA ganhou agora um novo nome e proposta. Rebatizado de Remix-se, o encontro de todos os sábados contará sempre com uma extensa agenda cultural, tendo além das bandas independentes e DJs, recitais de poesia, lançamentos de livros, vídeos e tudo o que agita a cultura local.