Zion Train, ídolos ingleses do dub, fazem dois shows na Bahia
Principal nome do dub inglês, o grupo londrino Zion Train faz dois shows na Bahia: um hoje na casa de shows Zauber Multicultura (no Centro) e outro na festa de reveillon Universo Paralello, na praia de Pratigi, Ituberá, a 170 quilômetros de Salvador.
Na Zauber, a festa contará com a abertura do grupo carioca Digital Dubs e do local Ministereo Público.
O dub é uma variação do reggae surgida nos anos 70, na Jamaica, a partir das experimentações de engenheiros de som nos estúdios da ilha caribenha. Eles remixavam sucessos do reggae dando ênfase no baixo, que ganhava tons mais graves, além de estenderem a duração das músicas, adicionando efeitos, loops, ecos e reverberações, deixando o som mais espacial e viajante.
Formado em 1990, o Zion Train é justamente o responsável pela popularização do estilo na Europa, além de aproximá-lo das cenas de música eletrônica e world music, elementos com os quais temperou suas músicas.
Além do único membro fundador restante, Neil Perch (baixista e DJ), o grupo conta com diversos músicos respondendo pela parte de vocais, sopros, bateria, teclados e guitarras.
Nos shows da turnê brasileira, porém, somente o líder e mais dois vocalistas (Lua e MC YT) se apresentarão. O show é basicamente Perch discotecando e mixando ao vivo, enquanto os dois vocalistas se revezam ao microfone.
Desde seu primeiro CD, Passage to Indica (1992), ganhou a aclamação do público e a admiração da crítica especializada com sua bem elaborada fusão do reggae dub com outros ritmos dançantes.
Nesta segunda vinda do Zion Train ao Brasil (a primeira foi em 2006), Perch e cia. divulgam seu mais novo CD, Live as One (2007), lançado lá fora em agosto último pelo próprio selo da banda, Universal Egg, e no Brasil, através de uma parceria com os selos Muzamba e SoundSystem Brazil.
No exterior, a crítica especializada saudou Live as One como um bem-vindo retorno do grupo para uma sonoridade estritamente reggae, em detrimento das experimentações world music do passado.
Para os brasileiros, o álbum tem um atrativo a mais na faixa Terror Talk, cuja letra traz duras críticas à Scotland Yard pelo assassinato do jovem mineiro Jean-Charles de Menezes, abatido a tiros no metrô londrino por policiais à paisana que suspeitavam que o rapaz era terrorista.
No vídeo-clipe da faixa, disponível no site You Tube, o rapaz é novamente homenageado. Além do som na medida para animar festas na praia, a edição nacional do CD é caprichada, com textos em português.
Zion Train, Digital Dubs e Ministereo Público
27 de dezembro, 22 horas
Zauber Multicultura (Ladeira da Misericórdia, 11, Pelourinho (3326-2964)
R$ 12 antecipado, R$ 15 na hora
Mais informações: www.zaubermulticultura.com.br
Blog (que, nos seus primórdios, entre 2004-05, foi de um programa de rádio) sobre rock e cultura pop. Hoje é o blog de Chico Castro Jr., jornalista formado pela Faculdade de Comunicação da Universidade Federal da Bahia. Atualmente, é repórter do Caderno 2+ do jornal A Tarde, no qual algumas das matérias vistas aqui foram anteriormente publicadas. Assina a coluna Coletânea, dedicada à música independente baiana. Nossa base é Salvador, Bahia, a cidade do axé, a cidade do terror.
quarta-feira, dezembro 26, 2007
sexta-feira, dezembro 21, 2007
OS 4 CACHACEIROS DO APOCALIPSE
Os Mizeravão lançam DVD ao vivo com versões acústicas e eletrificadas de grandes sucessos pop, rock, MPB e heavy metal, sempre com muito humor e escracho
No clássico hit Street Fighting Man (1968), dos Rolling Stones, Mick Jagger mudou a cabeça de uma geração ao perguntar: "O que mais pode um pobre garoto fazer, senão tocar numa banda de rock ‘n‘ roll?".
No caso da banda baiana Os Mizeravão, a pergunta deveria ser ligeiramente reformulada: o que quatro homens feios e ligeiramente acima do peso, apreciadores de rock pesado, bebidas alcólicas e do sexo oposto poderiam fazer, senão tocar numa banda só de curtição?
Pois é isso que essas quatro simpáticas figuras vêm fazendo nos últimos 9 anos, com um ou outro intervalo de tempo. Para comemorar a longeva parceria, o grupo lança hoje à noite o DVD ao vivo Bebendo em Grande Estilo, uma brincadeira com o título do CD Vivendo em Grande Estilo (2002), da Cascadura.
Gravado há cerca de um ano durante um show na Casa da Dinha (Rio Vermelho), o DVD é apenas uma pequena amostra das atrocidades de que a banda é capaz sobre um palco. No DVD há apenas nove músicas, mas o grupo tem mais de 30 ensaiadas.
O vasto repertório é de causar dor de barriga nos puristas, sejam do rock ou da MPB. Com a mesma candidez e cara de pau com que assassinam Amigo, de Roberto Carlos, pisoteiam a manjada - mas que nunca é demais - Rock ‘n‘ Roll All Nite, do Kiss.
E é nessa levada algo cômica, algo esquizofrênica e sempre etílica, que segue o tresloucado show dos Mizeravão, entre Neil Young e Trem da Alegria, Queen e Laura Gaynor, Dr. Silvana e Ramones, Village People e Judas Priest, Thin Lizzy e Fábio Jr.
”O negócio é pra dar risada da cara da gente, mesmo, até porque o que mais fazemos é pagar mico no palco”, admite Leonardo Lionman Leão, o vocalista.
Acompanhado por Jedernight (bateria), Wallie (guitarra) e Marcinho (baixo), Lionman, que é oriundo da cena heavy metal local (foi vocalista das bandas Shadows e Drearylands), garante que a variedade do repertório é fruto das coisas que eles ouvem em casa mesmo: "Ninguém ouve só metal em casa. Ninguém aguenta!", ri.
Os Mizeravão
Lançamento do DVD Bebendo em Grande Estilo
Participação: DJ Nadja Vladi
Hoje, 22 horas
Boomerangue
R. da Paciência, Rio Vermelho (3334-6640)
R$ 10
DIGNIDADE PARA AS BANDAS COVER
Amor à arte, vontade de ficar famoso, necessidades financeiras, mero passatempo. Podem ser inúmeras as razões que levam um músico à se engajar numa banda cover. No caso d'Os Mizeravão, porém, uma rápida passada de olhos no repertório da banda evidencia o caráter estritamente lúdico e recreativo que move o grupo.
"Mas nós não somos uma banda cover", corrige Lion. "Somos uma banda de versões", afirma, sem trocadilho.
"A gente pega as melodias das músicas de que gostamos e fazemos outros arranjos, mudamos a harmonia. Tocamos outra música, praticamente", garante. "Tem algumas que a gente tira de memória, sem ouvir de novo pra sair tudo igualzinho. Você ouve a gente tocando e é outra música totalmente diferente da original, mas ainda assim, reconhecível".
Em outros casos, eles recorrem ao que a modernidade chama de mash-up, uma mistura de hits não necessariamente similares, mas de efeito interessante, como quando emendam uma canção de Fábio Júnior com Anarchy in the U.K., o clássico hino punk dos Sex Pistols.
"Nossa última preocupação é tocar tudo igual", afirma o leonino vocalista, cheio de convicção.
Sem saber, Lionman e sua trupe acabam, dessa forma, concedendo uma dignidade até então inédita à mais desprezada classe das bandas de música popular: as próprias bandas cover.
Após um efêmero porém marcante momento de estouro nacional nos anos 90, esses grupos meio que se recolheram aos barzinhos e bailes de formatura que costumam animar, mas na verdade, nunca acabaram. O que difere uma boa banda cover de um mero copiador é exatamente aquilo que os Mizeravão esbanjam: personalidade.
No clássico hit Street Fighting Man (1968), dos Rolling Stones, Mick Jagger mudou a cabeça de uma geração ao perguntar: "O que mais pode um pobre garoto fazer, senão tocar numa banda de rock ‘n‘ roll?".
No caso da banda baiana Os Mizeravão, a pergunta deveria ser ligeiramente reformulada: o que quatro homens feios e ligeiramente acima do peso, apreciadores de rock pesado, bebidas alcólicas e do sexo oposto poderiam fazer, senão tocar numa banda só de curtição?
Pois é isso que essas quatro simpáticas figuras vêm fazendo nos últimos 9 anos, com um ou outro intervalo de tempo. Para comemorar a longeva parceria, o grupo lança hoje à noite o DVD ao vivo Bebendo em Grande Estilo, uma brincadeira com o título do CD Vivendo em Grande Estilo (2002), da Cascadura.
Gravado há cerca de um ano durante um show na Casa da Dinha (Rio Vermelho), o DVD é apenas uma pequena amostra das atrocidades de que a banda é capaz sobre um palco. No DVD há apenas nove músicas, mas o grupo tem mais de 30 ensaiadas.
O vasto repertório é de causar dor de barriga nos puristas, sejam do rock ou da MPB. Com a mesma candidez e cara de pau com que assassinam Amigo, de Roberto Carlos, pisoteiam a manjada - mas que nunca é demais - Rock ‘n‘ Roll All Nite, do Kiss.
E é nessa levada algo cômica, algo esquizofrênica e sempre etílica, que segue o tresloucado show dos Mizeravão, entre Neil Young e Trem da Alegria, Queen e Laura Gaynor, Dr. Silvana e Ramones, Village People e Judas Priest, Thin Lizzy e Fábio Jr.
”O negócio é pra dar risada da cara da gente, mesmo, até porque o que mais fazemos é pagar mico no palco”, admite Leonardo Lionman Leão, o vocalista.
Acompanhado por Jedernight (bateria), Wallie (guitarra) e Marcinho (baixo), Lionman, que é oriundo da cena heavy metal local (foi vocalista das bandas Shadows e Drearylands), garante que a variedade do repertório é fruto das coisas que eles ouvem em casa mesmo: "Ninguém ouve só metal em casa. Ninguém aguenta!", ri.
Os Mizeravão
Lançamento do DVD Bebendo em Grande Estilo
Participação: DJ Nadja Vladi
Hoje, 22 horas
Boomerangue
R. da Paciência, Rio Vermelho (3334-6640)
R$ 10
DIGNIDADE PARA AS BANDAS COVER
Amor à arte, vontade de ficar famoso, necessidades financeiras, mero passatempo. Podem ser inúmeras as razões que levam um músico à se engajar numa banda cover. No caso d'Os Mizeravão, porém, uma rápida passada de olhos no repertório da banda evidencia o caráter estritamente lúdico e recreativo que move o grupo.
"Mas nós não somos uma banda cover", corrige Lion. "Somos uma banda de versões", afirma, sem trocadilho.
"A gente pega as melodias das músicas de que gostamos e fazemos outros arranjos, mudamos a harmonia. Tocamos outra música, praticamente", garante. "Tem algumas que a gente tira de memória, sem ouvir de novo pra sair tudo igualzinho. Você ouve a gente tocando e é outra música totalmente diferente da original, mas ainda assim, reconhecível".
Em outros casos, eles recorrem ao que a modernidade chama de mash-up, uma mistura de hits não necessariamente similares, mas de efeito interessante, como quando emendam uma canção de Fábio Júnior com Anarchy in the U.K., o clássico hino punk dos Sex Pistols.
"Nossa última preocupação é tocar tudo igual", afirma o leonino vocalista, cheio de convicção.
Sem saber, Lionman e sua trupe acabam, dessa forma, concedendo uma dignidade até então inédita à mais desprezada classe das bandas de música popular: as próprias bandas cover.
Após um efêmero porém marcante momento de estouro nacional nos anos 90, esses grupos meio que se recolheram aos barzinhos e bailes de formatura que costumam animar, mas na verdade, nunca acabaram. O que difere uma boa banda cover de um mero copiador é exatamente aquilo que os Mizeravão esbanjam: personalidade.
segunda-feira, dezembro 17, 2007
VEEEEEENHA!...
Pajelança ainda em alta, agora solo
Uma das mulheres mais influentes do rock, Siouxsie Sioux é remanescente da primeira hora do punk inglês, acompanhada da sua banda The Banshees. Separada do marido e baterista Budgie, esta jovem de 50 anos - garganta intacta - retorna à cena renovada e remoçada, produzindo uma obra que soa atual, mas sem abrir mão de sua identidade. Em Into a Swan, mostra o caminho das pedras as bandas neófitas que emulam o som dos anos 80. Here Comes That Day é musical de cabaré brechtiano em grande estilo, They Follow You tem pegada Bowie e About to Happen trás a urgência sugerida pelo título. E as batidas tribais características também continuam lá. CD bastante regular, que se ouve com prazer e surpresa do início ao fim. Grande "estréia".
Mantaray
Siouxsie
Universal
R$ 25,60
www.siouxsiemantaray.com
Nem Sansão, nem Dalila, nem nada
O título deste disco, Every Second Counts (Cada Segundo Conta, em português) é perfeito por que ilustra perfeitamente a agonia que é ter de ouví-lo. O ouvinte conta mesmo cada segundo para que ele acabe logo. Este é o quarto CD da bandinha de pop-punk Plain White T‘s, de Chicago. Só no terceiro, All That We Needed (2005), conseguiu se destacar dos milhões de outras bandas exatamente iguais a ela, graças à insossa baladinha acústica Hey There, Delilah (E Aí, Dalila), descaradamente incluída no presente CD. Ainda fez mais algum sucesso com uma cover do hit Umbrella, de Rihanna. Mas não adianta, pois apenas resvalam na mesmice brutal que acomete 99,9% das bandas do gênero.
Every Second Counts
Plain White T‘S
Universal
R$ 25,10
http://www.plainwhitets.com/
Astros baianos por uma boa causa
O médico Eduardo Gil, um dos fundadores do bloco Eva, é o idealizador deste projeto solidário: um CD com versões de clássicos natalinos, com renda revertida para as instituições caridade Espaço Lar Vida e Naspec. O destaque é a música-tema, reunindo nomes como Durval Lelys, Luiz Caldas, Carla Visi, Armandinho e Fábio Cascadura (!). Mas o filé do CD mesmo é o trio Armandinho, Dodô & Osmar, que comparece com uma versão - para ouvir de joelhos - de Boas Festas, de Assis Valente. Inclusive, há de se louvar o fantástico trabalho de produção de andré t., que resgatou a sonoridade clássica do famoso trio original do carnaval baiano. É de se pensar o que esse rapaz faria se tivesse oportunidade de produzir um CD cheio para Armandinho, Dodô & Osmar. Se tem alguém capaz de devolvê-los à sua glória original, esse alguém é andré t. Alô, Armandinho! Se liga aí, rapaz! Ainda no CD, Cascadura e Retrofoguetes fazem bonito como sempre, o primeiro debulhando ótima versão para Merry Christmas (I Don't Wanna Fight Tonight), dos Ramones. E até o traidô do movimento Tuca Fernandes (ex-Diário Oficial, como muitos por aqui devem se lembrar), surpreende, com versão bluesy de Noite Feliz. O CD pode ser comprado na Central do Carnaval, Vídeo Hobby e CD Air. Boa causa, boa música.
Um Natal Feliz Para Todos
Vários
Independente
R$ 18
HQs de ponta para gente grande
A melhor revista de HQs adultas nas bancas chega à sua 8ª edição arrasadora. Em 100 páginas, 4 das melhores séries da atualidade: Planetary (de Warren Ellis e John Cassaday), Promethea (de Alan Moore e J.H. Williams), DMZ (de Brian Wood e Ricardo Burchielli) e John Constantine Hellblazer (de Brian Azzarello e Richard Corben). Planetary continua com sua trama alucinante, envolvendo anjos, super-seres e a mitologia da ficção científica e cultura pop do século XX. Promethea é o gênio de Alan Moore delirando sem amarras. Hellblazer mostra Constantine na prisão. Coitados do outros presos. E DMZ continua mostrando Manhattan transformada em uma zona de guerra.
Pixel Media Magazine nº 8
Vários
Pixel Media
100 p. R$ 9,90
www.pixelquadrinhoscom.br
Três heróis e muitos Batmen
Excelente edição especial mostrando o encontro dos três integrantes da equipe Planetary com o Batman. Elijah Snow, Jakita Wagner e O Baterista, os chamados Arqueólogos do Desconhecido, vão à Gotham City em busca de um homem responsável por várias mortes grotescas. O interessante é que, no universo de Planetary, o Batman não existe. Mas o tal sujeito tem o poder de saltar de realidade em realidade, levando os heróis junto. A cada salto, eles encontram - e enfrentam - um Batman diferente, incluindo o Cavaleiro das Trevas de Frank Miller (1986), o gordinho Bruce West da série de TV (66), a retomada clássica de Neal Adams (73) e o original de Bill Finger, (38), de arma na mão. Bom jumping point para novos leitores, já que não é necessário ser leitor de Planetary para entender a história em si.
Planetary / Batman: Noite na Terra
Warren Ellis / John Cassaday
Pixel Media
52 p. R$ 11,90
www.pixelquadrinhos.com.br
Sax e piano num clube esfumaçado
Joe Lovano tem o jazz no sangue. Filho de Tony Big T Lovano, considerado o maior saxofonista de Cleveland (EUA), já tocou com muitos gigantes do estilo e é considerado um dos melhores saxes da atualidade. Já o pianista Hank Jones, um pouco mais velho, é considerado pelos entendidos uma espécie de ponte entre o velho swing dos anos 40 e o complexo bop dos anos 50. Juntos, Joe e Hank fizeram um magnífico show no Dizzy‘s Club (Nova Iorque), registrado neste CD ao vivo, lançado no Brasil em função da apresentação de Lovano no último TIM Festival. Se não chega a ser genial, é muitíssimo bem executado. Um must para os apreciadores.
Kids: Live at Dizzy‘s
Joe Lovano & Hank Jones
Blue Note / EMI
R$ 28,90
http://www.bluenote.com/
Uma das mulheres mais influentes do rock, Siouxsie Sioux é remanescente da primeira hora do punk inglês, acompanhada da sua banda The Banshees. Separada do marido e baterista Budgie, esta jovem de 50 anos - garganta intacta - retorna à cena renovada e remoçada, produzindo uma obra que soa atual, mas sem abrir mão de sua identidade. Em Into a Swan, mostra o caminho das pedras as bandas neófitas que emulam o som dos anos 80. Here Comes That Day é musical de cabaré brechtiano em grande estilo, They Follow You tem pegada Bowie e About to Happen trás a urgência sugerida pelo título. E as batidas tribais características também continuam lá. CD bastante regular, que se ouve com prazer e surpresa do início ao fim. Grande "estréia".
Mantaray
Siouxsie
Universal
R$ 25,60
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Nem Sansão, nem Dalila, nem nada
O título deste disco, Every Second Counts (Cada Segundo Conta, em português) é perfeito por que ilustra perfeitamente a agonia que é ter de ouví-lo. O ouvinte conta mesmo cada segundo para que ele acabe logo. Este é o quarto CD da bandinha de pop-punk Plain White T‘s, de Chicago. Só no terceiro, All That We Needed (2005), conseguiu se destacar dos milhões de outras bandas exatamente iguais a ela, graças à insossa baladinha acústica Hey There, Delilah (E Aí, Dalila), descaradamente incluída no presente CD. Ainda fez mais algum sucesso com uma cover do hit Umbrella, de Rihanna. Mas não adianta, pois apenas resvalam na mesmice brutal que acomete 99,9% das bandas do gênero.
Every Second Counts
Plain White T‘S
Universal
R$ 25,10
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Astros baianos por uma boa causa
O médico Eduardo Gil, um dos fundadores do bloco Eva, é o idealizador deste projeto solidário: um CD com versões de clássicos natalinos, com renda revertida para as instituições caridade Espaço Lar Vida e Naspec. O destaque é a música-tema, reunindo nomes como Durval Lelys, Luiz Caldas, Carla Visi, Armandinho e Fábio Cascadura (!). Mas o filé do CD mesmo é o trio Armandinho, Dodô & Osmar, que comparece com uma versão - para ouvir de joelhos - de Boas Festas, de Assis Valente. Inclusive, há de se louvar o fantástico trabalho de produção de andré t., que resgatou a sonoridade clássica do famoso trio original do carnaval baiano. É de se pensar o que esse rapaz faria se tivesse oportunidade de produzir um CD cheio para Armandinho, Dodô & Osmar. Se tem alguém capaz de devolvê-los à sua glória original, esse alguém é andré t. Alô, Armandinho! Se liga aí, rapaz! Ainda no CD, Cascadura e Retrofoguetes fazem bonito como sempre, o primeiro debulhando ótima versão para Merry Christmas (I Don't Wanna Fight Tonight), dos Ramones. E até o traidô do movimento Tuca Fernandes (ex-Diário Oficial, como muitos por aqui devem se lembrar), surpreende, com versão bluesy de Noite Feliz. O CD pode ser comprado na Central do Carnaval, Vídeo Hobby e CD Air. Boa causa, boa música.
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A melhor revista de HQs adultas nas bancas chega à sua 8ª edição arrasadora. Em 100 páginas, 4 das melhores séries da atualidade: Planetary (de Warren Ellis e John Cassaday), Promethea (de Alan Moore e J.H. Williams), DMZ (de Brian Wood e Ricardo Burchielli) e John Constantine Hellblazer (de Brian Azzarello e Richard Corben). Planetary continua com sua trama alucinante, envolvendo anjos, super-seres e a mitologia da ficção científica e cultura pop do século XX. Promethea é o gênio de Alan Moore delirando sem amarras. Hellblazer mostra Constantine na prisão. Coitados do outros presos. E DMZ continua mostrando Manhattan transformada em uma zona de guerra.
Pixel Media Magazine nº 8
Vários
Pixel Media
100 p. R$ 9,90
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Três heróis e muitos Batmen
Excelente edição especial mostrando o encontro dos três integrantes da equipe Planetary com o Batman. Elijah Snow, Jakita Wagner e O Baterista, os chamados Arqueólogos do Desconhecido, vão à Gotham City em busca de um homem responsável por várias mortes grotescas. O interessante é que, no universo de Planetary, o Batman não existe. Mas o tal sujeito tem o poder de saltar de realidade em realidade, levando os heróis junto. A cada salto, eles encontram - e enfrentam - um Batman diferente, incluindo o Cavaleiro das Trevas de Frank Miller (1986), o gordinho Bruce West da série de TV (66), a retomada clássica de Neal Adams (73) e o original de Bill Finger, (38), de arma na mão. Bom jumping point para novos leitores, já que não é necessário ser leitor de Planetary para entender a história em si.
Planetary / Batman: Noite na Terra
Warren Ellis / John Cassaday
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52 p. R$ 11,90
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Sax e piano num clube esfumaçado
Joe Lovano tem o jazz no sangue. Filho de Tony Big T Lovano, considerado o maior saxofonista de Cleveland (EUA), já tocou com muitos gigantes do estilo e é considerado um dos melhores saxes da atualidade. Já o pianista Hank Jones, um pouco mais velho, é considerado pelos entendidos uma espécie de ponte entre o velho swing dos anos 40 e o complexo bop dos anos 50. Juntos, Joe e Hank fizeram um magnífico show no Dizzy‘s Club (Nova Iorque), registrado neste CD ao vivo, lançado no Brasil em função da apresentação de Lovano no último TIM Festival. Se não chega a ser genial, é muitíssimo bem executado. Um must para os apreciadores.
Kids: Live at Dizzy‘s
Joe Lovano & Hank Jones
Blue Note / EMI
R$ 28,90
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quarta-feira, dezembro 12, 2007
A MAFALDA DO ORIENTE MÉDIO
Cia. das Letras lança consagrada série de Marjane Satrapi em volúme único. Já o filme, sabe lá quando estréia por aqui...
Na década de 1980, o cartunista americano Art Spiegelman marcou época ao publicar uma história autobiográfica intitulada Maus, em que contava como seu pai sobreviveu ao campo de Auschwitz, durante a Segunda Guerra Mundial. Na narrativa, Spiegelman ia e voltava no tempo, estabelecendo relações de causa e efeito entre a psique em frangalhos do pai, após os horrores da Guerra, e sua própria dificuldade de relacionamento com ele. Obra-prima dos quadrinhos mundiais, Maus se tornou a única HQ - ou romance gráfico - a ser premiada com o Pulitzer, prêmio máximo da imprensa americana, fazendo escola.
Persépolis, série de quatro álbuns em quadrinhos da Companhia das Letras (que também publicou Maus há pouco tempo), retoma com brilhantismo o estilo narrativo de Spiegelman. Estão lá a arte - a princípio simples - em preto & branco, a narrativa memorialista e os horrores da guerra. Escrita e desenhada com muita sensibilidade e inteligência pela iraniana Marjane Satrapi, Persépolis apresenta a vida da menina Marjane durante a Revolução Islâmica que derrubou o xá Rezah Pahlevi, em 1979, e a guerra Irã-Iraque que se seguiu.
No primeiro volume, a autora inicia a obra mostrando o descontentamento popular com o regime do xá, simpático e dócil com os imperialistas ocidentais, sua derrubada e a subseqüente instalação dos fundamentalistas no poder. No segundo, enfoca a repressão e o início da Guerra Irã-Iraque (1980-88), o que leva os pais da autora a enviarem-na à Europa. O terceiro volume transfere a narrativa para a Áustria, onde Marjane vive por quatro anos, sua dificuldade de adaptação ao modo de vida ocidental e a adolescência problemática, longe dos pais. No quarto, ela volta ao Irã, onde conhece o rapaz com quem viria a se casar, e ingressa na Escola de Artes Gráficas de Teerã.
Filha de intelectuais liberais, Marjane havia estudado numa escola francesa e laica até o estouro da revolução que empurrou o Irã de volta para a Idade Média. Todo o choque cultural que se seguiu é muito bem explorado nos volumes 1 e 2 da série. Homem sem barba era considerado infiel. Mulher sem véu era tachada de prostituta, correndo o risco de ser apedrejada nas ruas pela turba ensandecida. As escolas bilíngües foram fechadas, assim como as universidades. Mesmo sob esse clima de repressão e terror, Marjane e seus pais ainda tentavam levar uma vida mais ou menos normal.
Logo depois, o ditador iraquiano Saddam Hussein invadiu o Irã, dando início à um conflito que deixou um milhão de mortos. Logo, alimentos e outros itens de necessidade básica sumiram das prateleiras, instalando o caos em Teerã, que vez por outra ainda era bombardeada pelos caças dos iraquianos.
Um dos momentos mais tocantes da série é quando Marjane, ao voltar da escola, descobre que a casa da sua vizinha foi atingida no bombardeio. "Não havia ninguém em casa", disse sua mãe, tentando tranqüilizá-la. O texto que se segue é de uma simplicidade esmagadora: "Quando a gente passou na frente da casa dos Baba-Levy, toda destruída, percebi que ela me puxava discretamente. Algo me dizia que os Baba-Levy estavam lá. Uma coisa chamou minha atenção. Então eu vi um bracelete de turquesa, o que a Neda ganhou da tia, de presente de 14 anos... O bracelete ainda estava preso no... não sei... Grito nenhum poderia aplacar meu sofrimento e minha raiva".
O trauma revoltou a jovem, que se tornou cada vez mais rebelde, o que culminou com sua expulsão da escola. Segundo a tradição islâmica, mulheres virgens não poderiam ser mortas, mesmo que fossem consideradas infiéis. Contudo, isso não era problema para os soldados, que casavam à força com elas e estupravam-nas, para então executá-las.
Temendo destino parecido para Marjane, seus pais a enviaram a Viena, onde viveu pelos quatro anos seguintes. Lá, a autora estabelece o tema central de Persépolis: o sentimento de não-pertencimento, de ser uma eterna estranha numa terra estranha.
Na Europa, ela era uma oriental, vista com desprezo por uns e interesse exótico por outros. De volta ao Irã, no volume 4, ela era uma ocidentalizada, uma infiel. Essa inadequação constante moldou sua personalidade, ora voltando-a para os livros e o isolamento, ora empurrando-a para o enfrentamento. Com o fracasso do seu casamento e a crescente insatisfação com o Irã, Marjane resolve voltar à Europa, desta vez para a França, onde desenvolveu os quatro álbuns desta série.
Imenso sucesso de público e crítica, Persépolis vendeu 400 mil exemplares só na terra do Asterix, ganhando o prêmio de Melhor Historia em Quadrinhos na Feira do Livro de Frankfurt em 2004. Com tanto sucesso, Persépolis está virando um aguardado longa-metragem de animação em preto & branco, com estética igual aos quadrinhos de origem.
Dirigido pela própria Satrapi em parceria com o francês Vincent Paronnaud, o elenco que dublará os personagens é estelar, contando com a eterna deusa Catherine Deneuve e sua filha (com Marcello) Chiara Mastroianni. A estréia é prometida ainda para este ano, na Europa. Com sorte, pode chegar ao Brasil em DVD, em 2008.
segunda-feira, dezembro 10, 2007
4 SEMANAS PARA RENOVAR O TERROR NAS HQS
Álbum 30 dias de noite é relançado para aproveitar estréia no cinema
30 dias de noite
Steve Niles / Ben Templesmith
Devir
88 p. R$ 29,90
www.devir.com.br
As melhores histórias de terror costumam partir de idéias muito simples, porém diabólicas. Chupadores de sangue. Criaturas metade homem, metade lobo. Mortos que se levantam do cemitério. Mas com o tempo e o uso indiscriminado, essa mitologia do horror acaba se desgastando. Daí, de vez em quando, surge a necessidade de se abordar esses mesmos mitos sob um novo ângulo, ou no mínimo, com alguma originalidade.
Foi isso que conseguiu o escritor americano Steve Niles ao criar, em parceria com o desenhista Ben Templesmith, a minissérie em três edições 30 dias de noite, lançada nos EUA no início da década pela editora IDW. Lançada no Brasil (encadernada em um único volume) em 2003 pela Devir, 30 dias de noite volta agora às livrarias numa segunda edição, aproveitando o burburinho causado pela estréia da adaptação para o cinema - na última sexta (7.12) em todo o Brasil, com ótimas resenhas dos críticos.
Sua premissa básica, como costuma acontecer com os melhores clássicos do terror, é diabolicamente simples. Barrow, no Alasca, é uma cidadezinha gelada, mas pacífica.
Localizada no extremo norte da América do Norte, quase no circulo Ártico, tem de conviver todos os anos com mais de dois meses inteiros de sol a pino (no verão, entre 10 de maio e 2 de agosto) e 30 dias de noite (no inverno, entre 18 de novembro e 17 de dezembro).
Localizada no extremo norte da América do Norte, quase no circulo Ártico, tem de conviver todos os anos com mais de dois meses inteiros de sol a pino (no verão, entre 10 de maio e 2 de agosto) e 30 dias de noite (no inverno, entre 18 de novembro e 17 de dezembro).
Ora, se tem uma coisa que os vampiros têm medo, de acordo com a mitologia clássica, é do sol. Dessa forma, uma cidade mergulhada na escuridão durante trinta dias ganha contornos claros de um farto banquete para chupadores de sangue mais espertos.
É isso que acontece com Barrow. Um grupo de 20 vampiros, muito bem preparados, ruma para a cidade bem no momento em que o sol se põe pela última vez antes dos 30 dias noturnos. Cortam toda a comunicação com o mundo exterior, o fornecimento de energia, e por fim, bloqueiam as saídas da localidade.
Transformada em uma ratoeira gigante, os vampiros atacam de surpresa a população indefesa, gerando cenas de puro horror, com muito sangue espirrando, vísceras expostas e desmembramentos, magnificamente deitados no papel pela arte pintada em tons impressionistas de Ben Templesmith.
Em meio ao deus-nos-acuda, Steve Niles centra sua narrativa na dramática luta de um casal de policiais para se salvar e expulsar os monstros da cidade. Contar mais é estragar as surpresas que os autores reservaram para os leitores.
Mas há que se destacar o excelente trabalho da dupla ao criar uma atmosfera realmente aterrorizante para seu pequeno conto de horror. O isolamento dos personagens, o frio, a morte iminente e a presença abjeta dos vampiros são quase palpáveis, proporcionando uma leitura perturbadora - e também muito divertida para os apreciadores do gênero, finalmente brindados com uma história realmente original de vampiros.
30 dias de noite fez tanto sucesso que, além de gerar duas continuações em HQ, ainda deu uma bela alavancada nas carreiras dos dois autores, hoje considerados nomes quentes na indústria americana de entretenimento.
As continuações, Dias sombrios e Retorno à Barrow, já foram lançadas pela mesma Devir, em edições bem-cuidadas. Com o bom resultado que o filme vem tendo nas bilheterias, é bem capaz que em breve vejamos as segunda e terceira parte da Trilogia de Barrow em cartaz nos cinemas.
30 dias de noite
Steve Niles / Ben Templesmith
Devir
88 p. R$ 29,90
www.devir.com.br
quinta-feira, dezembro 06, 2007
METENDO O PÉ NA PORTA DE NOVO, NA RAÇA!
Quase dez anos depois, o festival Boom Bahia retorna à cena em grande estilo, com o melhor da música e da cultura alternativa em dois dias no Pelourinho, de graça
Salvador, essa madrasta malvada para os filhos que ousam pensar diferente, não merece, mas mesmo assim, vai abrigar amanhã e depois, bem no seu coração (o Pelourinho), uma nobre - e porque não dizer, ousada - iniciativa: a retomada definitiva do circuito underground, com a volta do festival Boom Bahia.
A ousadia fica por conta do seu idelizador e organizador, o professor doutor em comunicação (e rock, claro) Messias Guimarães Bandeira, o Messias GB da antológica – e infelizmente, extinta – banda brincando de deus. De aparência frágil, mas com idéias poderosas na cabeça e nenhum medo no coração, Messias está bancando o festival do próprio bolso.
É isso mesmo: ele não conta com patrocinadores ou leis de incentivo. Apenas seus muitos amigos, funcionários de confiança e a enorme vontade de agitar o viciado cenário da cultura local.
"Nosso plano é bem simples: primeiro dominamos o mundo, depois a gente vê o que faz", brinca Messias em entrevista por telefone, apesar da correria e do stress em que uma empreitada desse porte fatalmente incorre. "Eu acho que se não for agora, será da próxima vez", acrescenta.
Ele idealizou e realizou a primeira edição do Boom Bahia em 1997, com as bandas Dois Sapos e Meio, Penélope, brincando de deus, Cascadura e Dead Billies. No ano seguinte, adicionou ao elenco local boas bandas de fora, como Pavilhão 9 e mundo livre s.a. Nas duas edições, conseguiu chamar atenção para a cena local, inclusive de veículos do eixão Rio/SP.
Nesta retomada, o Boom Bahia conseguiu montar um painel bem significativo do circuito alternativo atual: às consolidadas Cascadura, Retrofoguetes e Ronei Jorge & Os Ladrões de Bicicleta e Rebeca Matta, somam-se ainda os talentos de Alex Pochat, Berlinda, Theatro de Seraphin e Pessoas Invisíveis. Correndo por fora, os azarões ainda pouco conhecidos Tágua e Subaquático podem surpreender.
Das três atrações que Messias conseguiu trazer de fora, o destaque, sem dúvida, fica para o ídolo gaúcho Wander Wildner, bardo supremo do punk brega. Desta vez acompanhado da baixista e da baterista da lendária banda punk paulista Mercenárias (!), Wander desfiará seu longo rosário de sucessos do undeground, como Eu Tenho Uma Camiseta Escrita Eu Te Amo, Lugar do Caralho, Bebendo Vinho e muitas outras que serão cantadas em coro pelo seu fiel - e cada vez mais numeroso - público baiano.
A sergipana Snooze também deverá fazer um showzaço. Seu último CD, auto-intitulado e lançado pela Monstro Discos, é um primoroso exercício de criatividade sem amarras na linha do indie rock clássico que a banda segue já há mais de uma década. A cearense Montage é um bom chamariz para a moçada hypada e/ou fashion (perdão pelas más palavras) com seu electro punk poser e de sexualidade ambígua escancarada.
"A missão do Boom Bahia é a mesma de 10 anos atrás: registrar o momento atual da produção independente e colocar Salvador no roteiro nacional desses eventos", explica Messias. O Boom Bahia já está associado à Abrafin, Associação Brasileira de Festivais Independentes, "apesar de ser praticamente um ano zero de novo", observa.
"O Boom celebra o momento atual. Fazer música independente em 2007 é bem diferente do que em 1997, com a internet e o baratamento das tecnologias", conclui.
Boom Bahia
Sábado e domingo
Com Montage, Rebeca Matta, Cascadura e outros (sábado)
Com Wander Wildner, Retrofoguetes, Ronei Jorge, Snooze e outros (domingo)
Praça Teresa Batista (Pelourinho)
DJs a partir do meio-dia, bandas a partir das 14h30
Grátis
Prioridade na entrada para quem doar um livro
Programação completa e mais informações: www.boombahia.com.br
Salvador, essa madrasta malvada para os filhos que ousam pensar diferente, não merece, mas mesmo assim, vai abrigar amanhã e depois, bem no seu coração (o Pelourinho), uma nobre - e porque não dizer, ousada - iniciativa: a retomada definitiva do circuito underground, com a volta do festival Boom Bahia.
A ousadia fica por conta do seu idelizador e organizador, o professor doutor em comunicação (e rock, claro) Messias Guimarães Bandeira, o Messias GB da antológica – e infelizmente, extinta – banda brincando de deus. De aparência frágil, mas com idéias poderosas na cabeça e nenhum medo no coração, Messias está bancando o festival do próprio bolso.
É isso mesmo: ele não conta com patrocinadores ou leis de incentivo. Apenas seus muitos amigos, funcionários de confiança e a enorme vontade de agitar o viciado cenário da cultura local.
"Nosso plano é bem simples: primeiro dominamos o mundo, depois a gente vê o que faz", brinca Messias em entrevista por telefone, apesar da correria e do stress em que uma empreitada desse porte fatalmente incorre. "Eu acho que se não for agora, será da próxima vez", acrescenta.
Ele idealizou e realizou a primeira edição do Boom Bahia em 1997, com as bandas Dois Sapos e Meio, Penélope, brincando de deus, Cascadura e Dead Billies. No ano seguinte, adicionou ao elenco local boas bandas de fora, como Pavilhão 9 e mundo livre s.a. Nas duas edições, conseguiu chamar atenção para a cena local, inclusive de veículos do eixão Rio/SP.
Nesta retomada, o Boom Bahia conseguiu montar um painel bem significativo do circuito alternativo atual: às consolidadas Cascadura, Retrofoguetes e Ronei Jorge & Os Ladrões de Bicicleta e Rebeca Matta, somam-se ainda os talentos de Alex Pochat, Berlinda, Theatro de Seraphin e Pessoas Invisíveis. Correndo por fora, os azarões ainda pouco conhecidos Tágua e Subaquático podem surpreender.
Das três atrações que Messias conseguiu trazer de fora, o destaque, sem dúvida, fica para o ídolo gaúcho Wander Wildner, bardo supremo do punk brega. Desta vez acompanhado da baixista e da baterista da lendária banda punk paulista Mercenárias (!), Wander desfiará seu longo rosário de sucessos do undeground, como Eu Tenho Uma Camiseta Escrita Eu Te Amo, Lugar do Caralho, Bebendo Vinho e muitas outras que serão cantadas em coro pelo seu fiel - e cada vez mais numeroso - público baiano.
A sergipana Snooze também deverá fazer um showzaço. Seu último CD, auto-intitulado e lançado pela Monstro Discos, é um primoroso exercício de criatividade sem amarras na linha do indie rock clássico que a banda segue já há mais de uma década. A cearense Montage é um bom chamariz para a moçada hypada e/ou fashion (perdão pelas más palavras) com seu electro punk poser e de sexualidade ambígua escancarada.
"A missão do Boom Bahia é a mesma de 10 anos atrás: registrar o momento atual da produção independente e colocar Salvador no roteiro nacional desses eventos", explica Messias. O Boom Bahia já está associado à Abrafin, Associação Brasileira de Festivais Independentes, "apesar de ser praticamente um ano zero de novo", observa.
"O Boom celebra o momento atual. Fazer música independente em 2007 é bem diferente do que em 1997, com a internet e o baratamento das tecnologias", conclui.
Boom Bahia
Sábado e domingo
Com Montage, Rebeca Matta, Cascadura e outros (sábado)
Com Wander Wildner, Retrofoguetes, Ronei Jorge, Snooze e outros (domingo)
Praça Teresa Batista (Pelourinho)
DJs a partir do meio-dia, bandas a partir das 14h30
Grátis
Prioridade na entrada para quem doar um livro
Programação completa e mais informações: www.boombahia.com.br
segunda-feira, dezembro 03, 2007
RESISTÊNCIA ROCKER NAS AREIAS DE PIATÃ
Extinção do Palco do Rock teria sido aventada em reunião do Conselho do Carnaval, mas Emtursa nega ter a intenção de acabar com o evento
Todo ano é a mesma agonia. O Palco do Rock, criado e organizado pela Associação Cultural Clube do Rock (ACCR), e que acontece desde 1994 no coqueiral de Piatã durante o Carnaval, agoniza com falta de verba, equipamentos precários e ameaças de cancelamento.
Na semana passada, a entidade organizadora procurou os meios de comunicação para denunciar que a Emtursa, órgão da prefeitura que organiza o Carnaval, estaria cogitando acabar de vez com a festa do pessoal das camisas pretas.
Segundo o Clube do Rock, no último dia 13 de novembro, foi realizada mais uma reunião semanal do chamado Conselho do Carnaval. Durante a reunião, o diretor de Eventos e Festas Populares da Emtursa, Paulo Roberto Carvalho, teria proposto a extinção do Palco do Rock. A reportagem buscou falar com a Emtursa para apurar o que de fato houve.
Esbarrou na assessoria de imprensa do órgão, que afirmou com veemência que essa proposta não está em discussão, e portanto, ninguém se pronunciaria a respeito. A assessoria admitiu que a proposta "pode ter acontecido" durante a reunião, mas que ela não entrou na pauta, portanto, não existe essa possibilidade de dar um fim no P.d.R..
Sandra de Cássia, presidente do Clube do Rock, conta que essa informação lhe foi passada pelo Diretor Executivo do Sindicato dos Músicos da Bahia, Sidney Zapatta. Ele teria inclusive solicitado uma cópia da ata da reunião, onde estaria registrada a proposta de Paulo Roberto, mas esta lhe foi negada.
Bem ou mal, o fato é que a Emtursa nega querer acabar com o P.d.R., o que tranquilizou, pelo menos por enquanto, a comissão organizadora do evento.
"A verdade é que a Emtursa não quer que a gente cite para os meios de comunicação as falhas da organização do Carnaval, especialmente as que acontecem longe do circuito, nos palcos de bairro, que são enormes", afirma Sandra.
Ela ainda reclama que há mais de uma década, o recurso para pagar o cachê das bandas foi cortado.
"Só recebemos um mínimo para operacionalizar o evento. As bandas tocam de graça. O estranho é que isso só acontece no Palco do Rock. No palco do hip hop, que só surgiu em 2007, todo mundo que sobe ganha cachê, assim como em todos os palcos de bairro. Por que só o do rock não tem direito? Que democracia é essa? Aonde está a tão propalada diversidade do Carnaval baiano? Isso é uma imensa farsa!", esbravejou.
Até 8 mil pessoas /dia comparecem no Palco do Rock, armado no Coqueiral de Piatã desde 1994. Apesar de polêmico e de dividir opiniões mesmo no meio rocker local, ele cumpre seu papel.
Sandra explica que o interesse em manter o Palco do Rock não se deve apenas a ter quatro dias de shows grátis para agradar aos apreciadores, mas também em "criar e sedimentar um mercado de trabalho para todos esses músicos que têm um público sufocado o ano inteiro. Mas até os equipamentos que nos cabem são os piores possíveis, em péssimo estado de conservação. Mas nós não arredamos pé e vamos continuar batalhando por esse espaço, até para garantir uma real diversidade", concluiu.
GRADE - O Palco do Rock divulgou também alguns nomes selecionados para 2008: The Honkers, Vandex, Jazz Rock Quartet, Intra, Aluga-se, Pastel de Miolos, Theo & Os Irmãos da Bailarina, Canibal Brasil, Ulo Selvagem, Dimensões Distorcidas e Desrroche. Em breve, sai a lista completa.
Todo ano é a mesma agonia. O Palco do Rock, criado e organizado pela Associação Cultural Clube do Rock (ACCR), e que acontece desde 1994 no coqueiral de Piatã durante o Carnaval, agoniza com falta de verba, equipamentos precários e ameaças de cancelamento.
Na semana passada, a entidade organizadora procurou os meios de comunicação para denunciar que a Emtursa, órgão da prefeitura que organiza o Carnaval, estaria cogitando acabar de vez com a festa do pessoal das camisas pretas.
Segundo o Clube do Rock, no último dia 13 de novembro, foi realizada mais uma reunião semanal do chamado Conselho do Carnaval. Durante a reunião, o diretor de Eventos e Festas Populares da Emtursa, Paulo Roberto Carvalho, teria proposto a extinção do Palco do Rock. A reportagem buscou falar com a Emtursa para apurar o que de fato houve.
Esbarrou na assessoria de imprensa do órgão, que afirmou com veemência que essa proposta não está em discussão, e portanto, ninguém se pronunciaria a respeito. A assessoria admitiu que a proposta "pode ter acontecido" durante a reunião, mas que ela não entrou na pauta, portanto, não existe essa possibilidade de dar um fim no P.d.R..
Sandra de Cássia, presidente do Clube do Rock, conta que essa informação lhe foi passada pelo Diretor Executivo do Sindicato dos Músicos da Bahia, Sidney Zapatta. Ele teria inclusive solicitado uma cópia da ata da reunião, onde estaria registrada a proposta de Paulo Roberto, mas esta lhe foi negada.
Bem ou mal, o fato é que a Emtursa nega querer acabar com o P.d.R., o que tranquilizou, pelo menos por enquanto, a comissão organizadora do evento.
"A verdade é que a Emtursa não quer que a gente cite para os meios de comunicação as falhas da organização do Carnaval, especialmente as que acontecem longe do circuito, nos palcos de bairro, que são enormes", afirma Sandra.
Ela ainda reclama que há mais de uma década, o recurso para pagar o cachê das bandas foi cortado.
"Só recebemos um mínimo para operacionalizar o evento. As bandas tocam de graça. O estranho é que isso só acontece no Palco do Rock. No palco do hip hop, que só surgiu em 2007, todo mundo que sobe ganha cachê, assim como em todos os palcos de bairro. Por que só o do rock não tem direito? Que democracia é essa? Aonde está a tão propalada diversidade do Carnaval baiano? Isso é uma imensa farsa!", esbravejou.
Até 8 mil pessoas /dia comparecem no Palco do Rock, armado no Coqueiral de Piatã desde 1994. Apesar de polêmico e de dividir opiniões mesmo no meio rocker local, ele cumpre seu papel.
Sandra explica que o interesse em manter o Palco do Rock não se deve apenas a ter quatro dias de shows grátis para agradar aos apreciadores, mas também em "criar e sedimentar um mercado de trabalho para todos esses músicos que têm um público sufocado o ano inteiro. Mas até os equipamentos que nos cabem são os piores possíveis, em péssimo estado de conservação. Mas nós não arredamos pé e vamos continuar batalhando por esse espaço, até para garantir uma real diversidade", concluiu.
GRADE - O Palco do Rock divulgou também alguns nomes selecionados para 2008: The Honkers, Vandex, Jazz Rock Quartet, Intra, Aluga-se, Pastel de Miolos, Theo & Os Irmãos da Bailarina, Canibal Brasil, Ulo Selvagem, Dimensões Distorcidas e Desrroche. Em breve, sai a lista completa.
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