terça-feira, julho 19, 2005

JOVEM GUARDA- BEATLEMANIA BRAZUCA?

Tinha pedido a Paquito um artigo sobre a jovem guarda, já que Paquito mantem uma convicção forte que foram Roberto e Erasmo Carlos os grandes responsaveis pelo rock ter se disseminado no Brasil. Finalmente Paquito entregou a encomenda. Paquito alem de cantor e compositor tem se destacado como pesquisador musical com muita propriedade, e apesar do seu mpbismo e do meu rockismo temos mantido polemicas saudaveis sobre nossos pontos de vistas muitas vezes divergentes sobre musica, mas respeito a inteligencia com que Paquito aborda as questões e esta questão da jovem guarda ainda se mantem relevante, ainda mais no momento que o Rei parece estar afiado novamente, descolou a LucianaVendramini como enfermeira.

A JOVEM GUARDA
- por Paquito

A maturidade, se é que se pode chamar assim, do rock brasileiro não começou com a Blitz, como pensa Fernanda Abreu, mas sim com a Jovem Guarda. Antes da Jovem Guarda, o que havia de rock no Brasil se limitava a versões de sucessos norte americanos e italianos, com alguma rara exceção aqui ou ali. Roberto e Erasmo, a principal dupla de compositores do movimento, ao compor em português pérolas do pop, deram o salto qualitativo que faltava. Canções malandras como Os sete cabeludos, O negro gato(essa é de Getúlio Côrtes, mas foi gravada por Roberto, que, além de bom compositor, tinha um ótimo faro pra escolher músicas de outros) e Eu sou fâ do monoquíni, e canções românticas como Quero que vá tudo pro inferno, Por isso corro demais e Eu te darei o céu tem um quê de brasilidade, sem forçar a barra, o que, de resto, fez com que a população jovem do Brasil se identificasse com aquele tipo de música.
A outra lição dada por Roberto foi com relação ao canto. Nunca é demais lembrar a influência cristalina que o Rei teve de João Gilberto. É só ouvir Gosto do jeitinho dela e Ai que saudades da Amélia pra perceber mais claramente do que falo. Roberto, inclusive, começou imitando João no seu primeiro 78 rotações, João e Maria, mas, neste caso, soa como pastiche do ídolo. Quando Roberto adere ao rock (ou iê iê iê), já em Splish splash ( que é uma versão de Erasmo, muito superior ao original de Bobby Darin ) de 62, ele junta a leveza, coloquialidade e balanço de João à urgência típica do rock. O amálgama está formado mas o estouro só virá em 65 com Quero que vá tudo pro inferno, antecedida por O calhambeque, de 63. Sempre me refiro a Roberto e Erasmo porque eles são realmente o que permanece da Jovem Guarda. A gente pode pinçar uma ou outra canção ou interpretação de outro artista, mas o grosso do material bacana é mesmo dos dois, incluindo, é claro, canções que Roberto Carlos interpretou como Só vou gostar de quem gosta de mim, de Rossini Pinto. A partir do disco O inimitável,de 68, Roberto Carlos começa a assumir uma atitude mais madura, começa a namorar o soul, e fica mais eminentemente romântico, deixando, inclusive, de fazer o programa Jovem Guarda na televisão. O bastão do pop é passado, então pros tropicalistas, que vão superar aquela ingenuidade típica da Jovem Guarda. Mas aí já é outra história...

19 comentários:

Anônimo disse...
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Anônimo disse...

ERRATA - ok paquito, belo texto...só que eu acredito que a Jovem Guarda teve seu lado b com bandas desconhecidas na atualidade, que ficaram no underground da coisa...ah, sim, eu particularmente não gosto de jovem guarda
Cláudio

Franchico disse...

o extermineitor tabajara de comments repetidos de Cláudio Esc ataca novamente.

Franchico disse...

bacana, encontrei Paquito sábado mesmo, na Civilização (livraria) e ele me disse que ia enviar esse texto pra Brama publicar. é sempre legal contar com a colaboração de gente gabaritada como Paquito. concordar ou não, é outra história, mas que ele tem substância em seus argumentos, isso ninguém pode negar. apareça sempre, malandro. a casa é sua tb.

osvaldo disse...

sempre que converso com paquito sobre este tema, ele coloca a jovem guarda como o momento que o rock, e portanto a cultura pop, finalmente aportou no brasil.sim, já havia rock no brasil, mas a coisa não tinha identificação com os brasileiros. e rc e erasmo( roqueiro antes de rc) abrasileiraram a parada, e na esteira da beatlemania o iê-iê-iê( corruptela do yeah yeah yeah caracteristico dos beatles) se infiltrou no gosto do povão brasileiro. provavelmente a primeira vez que muitos brasileiros cinquentões ouviu rock foi através da jovem guarda, o que serviu de introdução(epa!) para beatles, stones, animals, ect.

Anônimo disse...

Paquito tá empinando a linha evolutiva da MPB. Raul não ia gostar.


Osama Bin

Anônimo disse...

colé paquito. vai enganar outro. jovem guarda? samba? caetano? aproveite e faça um cursos intensivão com o pessoal daí do rock loco para aprender o que é rock, ok?
muamar el kadafi

Anônimo disse...

Paquito, sorry, mas a maturidade, "se é que se pode chamar assim", do rock brasileiro começa com Raul Seixas; o tropicalismo nunca foi pop e sim pretensão cabeçuda de uma improvável articulação margens do Subaé - PUC/SP. E RC, apesar de alguns discos iluminados, sempre quis mesmo ser cantor romântico, tanto que, recém saído do Espírito Santo, foi apresentado ao jet set da nascente emepebê, por Carlos Imperial, como o 'príncipe da Bossa Nova'. Tá lá no relato de quem presenciou tudo; o mala do Nelson Motta, em Noites Tropicais.

Anônimo disse...

Toooooccaaaaaaaa Raauuuuuuulllllllllllllll

Anônimo disse...

hagamenon brito [dublê de crítico de arte] disse hoje no correio que a capa que fiz para o cd da stancia era "inexpressiva e feia".
cara, esse sujeito é o que o nelson rodrigues chamaria de cretino fundamental. pô hagá, sofre, mas sofre com classe...no mais, boa sorte pra você, que precisa mais de sorte do que eu.

"by" moscka

osvaldo disse...

é mosckabilly?

Anônimo disse...

Sim.

Moscka

Anônimo disse...

Independente da opinião dos críticos, quero expressar nossa palavra à respeito da arte que é o encarte do cd da Stancia. Foi um trabalho de muitíssimo bom gosto e capricho de Moscka, feito com muita atenção, é pena que nem todos tenham a CAPACIDADE de entender arte, nas suas mais diversas formas de expressão !!!.
Mais uma vez, agradecemos muito o trabalho de Glauber e todo o empenho que esse cara teve durante o processo de desenvolvimento do encarte.
Aos críticos, agradecemos pelos elogios em relação ao nosso trabalho, mas solicito que saibam separar eventuais problemas pessoais ao escrever suas matérias.
SEJAMOS PROFISSIONAIS !!!.

Banda Stancia.

osvaldo disse...

Moscka prazerzão te ver frequentando nossas paginas e do clash. quanto esta questão da capa, ligue não, estranho hagamenon dar tanta importancia ao art-work.

Anônimo disse...

valeu moçada! descobri uma banda sensacional: DEATH CAB FOR CUTIE.
abraço,

moscka

osvaldo disse...

pô, vc gosta tb?è a banda de um dos ben, o gibbard. acabei de receber o novo, o photo album, até o momento continuo prefirindo o transatlanticism.

Anônimo disse...

é o que eu tenho. minha preferida é "death of an interior decorator".
tô ouvindo muito também o "a ghost is born" do wilco. e o zappa "we're only in it for the money". e baixei toda a discografia do tom waits...eu vô ficar maluco!...abraço, velho.

moscka

Anônimo disse...

fala Raul!
" Eu gostava muito de João Gilberto.Eu gostava muito. (...)Passei dois anos na CBS como produtor de discos de Jerry Adriani, de Wanderléia, daquela coisa toda de iê iê iê.(...)Foi uma vivência fantástica pra mim.Aprendi muito a comunicar.(...)Bossa-nova era no Teatro Vila Velha.Era uma coisa bem separada mesmo.Existia um conjunto lá, a Orquestra de Carlito, com Caetano e Gil. E existia os Panteras. Duas coisas completamente diversas. Mas no fundo eu acho que tava todo mundo querendo chegar à mesma coisa, era só problema de linguagem. (...)Desde o tempo da Tropicália que a gente começou a ver que era isso mesmo, que todo mundo queria a mesma coisa. (...)Acho que Caetano tá sabendo o que ele tá fazendo. Ele sabe exatamente.(...) Eu acho que tanto Caetano como Gil, embora sendo trabalhos diferentes, são incríveis.(...) É claro, porque eu sofri muito a influência de Caetano e Gil. Isso é óbvio.Porque eu cheguei fazendo aquela coisa meio hermética, foi Caetano que abriu, e Gil fazendo aquela coisa."

Raul Seixas, novembro de 1973.

" Eu quero mesmo é cantar iê iê iê/ eu quero mesmo é gostar de você/ eu quero mesmo é falar de amor/ eu quero mesmo é sentir seu calor"
Do disco o dia em que a terra parou.

Anônimo disse...

Escória, vc é um eterno lado B de compacto 78 rotações. Só para que não sde esqueçam, merece que se diga da Jovem Guarda (que vc não gosta) tem que citar

Os Aranhas, REnato e seus Blue Caps, The Crazy Boys, além Waldirene, Zé Roberto,Roberto Livi, The Sunshines, The Mugstones, Os Sombras,

é tanta porra...

e o cara passou falou 76% do texto falando de um para significar o movimento. ANemico de informações


e lados B de

Um texto sobre a Jovem Guarda