terça-feira, setembro 03, 2019

ABRAM ALAS PARA DONA IRACEMA!

Pare tudo e ouça já o melhor disco do rock baiano em muito tempo: Balbúrdia, da Dona Iracema

Dona Iracema e seus pimpolhos, foto Rafael Flores
De vez em quando aparece no cenário uma daquelas bandas que nos dão vontade de acreditar que é possível fazer o rock voltar a ser, digamos, cool: bacana, descolado, popular.

Pena que aqui na Bahia isso não costuma durar muito. Mas eis que surge mais uma e pronto: olha o colunista acreditando de novo. A banda da vez vem lá de Vitória da Conquista.

É a Dona Iracema, que acaba de lançar o disco de rock cantado em português mais legal dos últimos sei lá quantos anos: Balbúrdia.

Produzido pelo mestre andré t., o disco resgata o espírito do rock bagaceiro, pesado e suingado dos anos 1990 com um pé no agora mesmo, a começar pelo título, pelas temáticas das letras e também pela vocalista Balaio, transexual macho pra cacete e com uma presença de palco absolutamente incendiária.

Ou seja: tudo que está faltando no rock hoje em dia: peso, diversão, aquele senso de perigo a là Iggy Pop.

Coco, hardcore, quebradeira

"Peraí, que prendeu aqui a bata indiana", foto Rafael Flores
Então misture Raimundos, Red Hot Chili Peppers, Catapulta (alguém aí lembra?), Faith No More, acrescente letras detonando todo esse lixo fascista que ora nos aperreia, salpique participações de Luiz Caldas (cantando e esmerilhando na guitarra baiana), Pedro Pondé e a deusa Nancyta, leve ao estúdio e receba um baita álbum de rock baiano.

“É por aí mesmo, e não só influências musicais – tudo nos influencia, de filmes a livros e histórias pessoais”, conta Oscar, baterista.

“A mistura de gêneros passa pela intenção de dialogar com a maior quantidade de ritmos, sem amarras. Não é a toa que o disco tem duas músicas completamente fora da curva, Grilo e Queimando no Altar”, diz.

E esse é o tempero da Dona Iracema: Grilo é à base de viola caipira e Queimando... é um coco. Já Apocalipse Iracemático, um quase thrash metal, tem ali no meio uma quebradeira baiana de deixar muito pagodeiro assustado.

O disco ficou tão bom que essa semana eles já embarcam para São Paulo, onde se apresentam no Feeling (Vila Madalena) e no site Show Livre.

“Mostramos nosso último trabalho ao selo Oranjeiras, logo a parceria foi firmada e de quebra, fechamos com o Show Livre. Ao longo desses sete anos, passamos por um processo de amadurecimento,  fruto inclusive de 4 EPs, um DVD, e participamos de alguns concursos. Nesta caminhada, o desejo de gravar um disco foi tomando corpo e, a medida que fomos interagindo com a cena e figuras importantes como Andre T, pensamos grande no sentido do lançamento de e distribuição da obra”, relata Oscar.

"Trabalhar com André, até hoje, foi a melhor experiência em estúdio. Já havíamos feito um trabalho mais curto, single, quando vencemos o Bolsa Estudio Skol, e foi quando nos apaixonamos pelo seu trabalho. Na gravação do disco, nos sentimos muito a vontade e tudo fluiu perfeitamente bem. Não fosse André T, não teríamos extraído o melhor de nós, bem como aproveitado da experiência de alguém que está no mercado musical há tantos anos e com um currículo extraordinário", afirma.

Os Iracemáticos com André T e Luiz Caldas, foto Rafael Flores
Sobre as participações especiais, Oscar conta que "Quando compusemos Volta Pra Casa João, percebemos nela uma sintonia muito forte com a música baiana. Ninguém menos que Luiz Caldas como o melhor nome para representar esta fatia da história. Sugerimos a ideia a André T, que tem uma longeva relação com Luiz e o mesmo prontamente abraçou a ideia. Nancy Viégas e Pedro Pondé foram relações criadas a partir dos concursos que vencemos, onde criamos forte ligação musical e uma vontade visceral de criarmos algo juntos. Daí surgiu os convites para Eu Tô no CID e Rola Pote. Enzo Fernandes é um ex-membro que continua ativo e torcendo por nós e as crianças que participam da faixa Napalm são filhos de pessoas próximas a gente".

Nas letras, sopapos e ironias pesadas para todo lado. Mas será que eles estão muito indignados com toda essa merda?

"Não. Nosso nível de insatisfação ainda não tem nome. Pelo título do álbum há de se perceber como a influência política é referenciada no disco. No fim das contas, estamos nos divertindo em meio a todo esse caos", observa Oscar.

Eles ainda não tem data para trazer esse show à Salvador, mas deverão vir em breve.

“Mas já temos datas confirmadas para Feira de Santana (dia 21) e Jequié (14/11), além de São Paulo. Queremos rodar o Brasil todo. Estamos em diálogo com os produtores”, conclui.

Oh, grória!

www.facebook.com/BandaDonaIracema



NUETAS

Sexta kaótica

Keter, Zeitgeist(SE), Antiporcos e DJ Bawdy fazem um Kaos Festival nesta sexta-feira no Bardos Bardos. A partir das 17 horas, entrada colaborativa.

Dependentes de metal

As bandas Indominous, Electric Poison, Inner Call, Metal War e Killing Machine quebram tudo em mais uma edição do evento mensal Independence Metal. Sábado, 17 horas, no Cine Teatro Solar Boa Vista (Engenho Velho de Brotas). R$ 10 e R$ 20.

Game Over no BB

E sábado tem mais um esquenta do XI Festival Bigbands. É a noite Sotero Rock Sessions 5, com Game Over Riverside, Malgrada, Kharbon, DJ Bia Biscardi e Atakama Project – Bardos Bardos, 17 horas, colaborativo.

Nenhum comentário: