Ricardo Cury, foto Will Vieira |
Tchau, o livro em questão, foi viabilizado após bem-sucedida campanha de crowdfunding junto a amigos e leitores de seu livro anterior, o volume de crônicas Para Colorir (2008), “que não é livro de colorir”, apressa-se Cury.
Se, em Para Colorir, as crônicas abrangiam sua vivência como baterista de diversas bandas do rock baiano (brincando de deus, Dinky-Dau), Tchau é um passo além: trata-se de um romance.
“(A ideia do romance surgiu) A partir de uma imagem e de um diálogo presenciado por mim, e que em seguida se desencadeou em uma série de cenas e situações. Aí juntei esse roteiro com um tema que sempre me interessou: a despedida. Mas não a despedida do ‘até logo’ e sim, a do ‘adeus’, conta Ricardo.
Destemido, Cury explora em Tchau um tema doloroso: a despedida de pacientes terminais. Para tratar do assunto com a seriedade que ele exige, conversou com diversos profissionais da área de saúde.
“As histórias que conto, mesmo que romanceadas, são reais. As experiências da personagem principal, nesse universo de despedidas, existiram e foram fruto de uma pesquisa que fiz com psicólogos e médicos que trabalham com cuidados paliativos e pacientes terminais”, detalha.
“Criei uma história com base em minhas questões pessoais (dúvidas) sobre esse momento de se despedir. Do filho que sabe que aquela ida ao hospital pra ver o pai é a última. Ou da neta com a avó. Da mãe com a filha”, acrescenta.
Experiência boa e ruim
Percorrer terreno tão delicado trouxe muitas dificuldades à escrita, o que acabou levando ao atraso na entrega do livro aos financiadores do projeto: “(A experiência de crowdfunding) Foi ótima e péssima. Ótima porque viabilizei o projeto com dinheiro privado, com 215 leitores que bancaram a ideia a partir de um primeiro capítulo que disponibilizei”.
“Péssimo porque acreditei que a história estava pronta quando divulguei o crowdfunding. Mas, no decorrer da coisa, percebi que não estava e não foi fácil terminar. Até marcar uma consulta com um hematologista pra tirar dúvidas sobre o tratamento de certa leucemia eu tive que fazer. Porém, mantive os colaboradores informados sobre o andamento da produção e nesses dois anos de atraso apenas duas pessoas pediram o dinheiro de volta. Hoje tenho 213 leitores”, detalha.
Felizmente, a espera terminou. No pique, ele já planeja os próximos: “Tenho vários (projetos de livros). Um que se chama A biografia de meu avô, que vai ser a biografia de meu avô", conta.
"E outro que é uma espécie de Para Colorir 2 (mas que não terá esse nome). No Para Colorir, eu conto histórias minhas, sobretudo sobre bandas que fiz parte. Nesse, a ideia é contar a história dos outros, das outras bandas, imortalizando-as, a partir de um certo recorte que começa com Flores do Mal e Rabo de Saia, passando pela Úteros em Fúria, brincando de deus, Cascadura, as bandas da coletânea UmdaBahia e outras daquele recorte, que é pessoal, terminando nos anos 2000, com o fim dos Dead Billies”. Promete!
Tchau, de Ricardo Cury / Lançamento hoje, 17 horas / Mercadão CC / Gratuito
Tchau / Ricardo Cury / Independente (edição do autor) / 240 páginas/ R$ 40
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