Joe Shuster: O Artista Por Trás do Superman presta bela homenagem aos criadores do personagem ao narrar suas duras vidas
Quem vê o Superman hoje em dia, todo pimpão voando em produções milionárias nas telas do cinema, TV, streaming etc nem imagina que, por trás da criação deste personagem / arquétipo maior-do-que-a-vida, há uma triste história de exploração e descaso.
É o que descobrimos lendo a HQ Joe Shuster: O artista por trás do Superman, de Julian Voloj e Thomas Campi.
Criado pelo desenhista Joe Shuster e pelo roteirista Jerry Siegel na década de 1930, o Superman foi lançado às revistas em quadrinhos em 1938 – e foi um sucesso imediato.
Logo estava nas ondas do rádio, nas telas do cinema e da TV. Um negócio milionário para a National Publications, futura DC Comics.
E bote milionário nisso. Jovens e inexperientes, Siegel e Shuster venderam o personagem por míseros 130 dólares.
Na HQ de Voloj e Campi, a narrativa é centrada em Shuster, que narra sua história em primeira pessoa, desde a infância, até 1975, ano em que se iniciou a produção de Superman - O Filme (1978), o insuperável clássico dirigido por Richard Donner e estrelado por Christopher Reeve.
Os intestinos da indústria
Fruto de muita pesquisa (há uma bibliografia e uma vasta seção de notas no livro), a HQ detalha bastante a trajetória de Shuster.
Seu encontro com Siegel ainda no ensino médio (high school nos EUA) mudou sua vida para sempre.
Menino tímido e fã de quadrinhos de jornal e ficção científica, ele encontrou em Siegel um entusiasmado parceiro, adepto das mesmas coisas.
Logo estavam fazendo planos e suas primeiras tentativas para criar seus próprios personagens de quadrinhos.
A primeira ideia do que viria a ser o Superman é bem detalhada e estava mais próximo do conceito do Übermensch nietzschiano do que do simpático Clark Kent.
Era a história de um andarilho que passa por um experimento de cientista maluco, ganhando super poderes, tornando-se um pretenso ditador do mundo.
Poucos anos depois, a dupla chegou ao personagem como o conhecemos hoje – e caiu na conversa mole dos executivos da editora, tornando-se, em vez de donos do próprio personagem, empregados da National por décadas a fio, ganhando pouco e trabalhando como remadores de Ben-Hur.
Aprofundada, a narrativa desfia muitos detalhes não só da vida de Siegel e Shuster, mas da própria indústria gráfica americana, o que incluía até ligações com a máfia, além das implicações do maccarthismo e sua caça às bruxas nos anos 1950 na indústria e na vida dos protagonistas.
À duras penas, Shuster foi tão marginalizado que chegou a trabalhar de carteiro para poder se sustentar, enquanto a DC só se agigantava graças à sua criação.
O ápice aconteceu justamente em 1975, quando o artista foi resgatado de um banco de praça no Central Park em Nova York, passando frio e fome.
Um policial o abordou e, vendo sua triste situação, pagou-lhe um prato de sopa.
Quando a produção de Superman - O Filme foi anunciada, foi a gota d’água para Siegel.
Irado, ele escreveu uma carta aberta (hoje antológica), detalhando a via-crúcis da dupla e a enviou aos meios de comunicação.
A notícia correu o mundo e mobilizou a comunidade de quadrinhos norte-americana.
Temendo a má publicidade, a Warner (dona da DC), fez um acordo com os dois.
Espetacular, a HQ de Voloj e Campi é um tributo não só aos dois criadores, mas ao próprio espírito de justiça e verdade encarnado pelo Superman.
Joe Shuster: O artista por trás do Superman / Julian Voloj e Thomas Campi / Aleph/ 192 p./ R$ 59,90
Um comentário:
zorra! q história! essa eu desconhecia...
bateu vontade de ler essa hq
abracao,chico!
ps.apesar de comentar pouco (ou quase nunca) to aqui todo dia.
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