Ted e seu (nosso) Beatle preferido, em foto Daniela Dias Mendes |
Com o fim da banda, o vocalista e guitarrista Ted Simões lançou seu primeiro CD solo: Old Memories, Recent Damages, Future Nightmares (2016). Agora veio o segundo: Você Não Estava Lá.
Melhor que o antecessor, Você Não Estava Lá é meio que um álbum de memórias para o músico, que nele reuniu composições de várias épocas de sua vida, de 1998 até 2018.
“Na verdade, são 10 canções ‘perdidas’ e uma inédita. O conceito é justamente esse, de celebrar esses 20 anos de carreira. São canções de bandas que fiz parte nessas duas décadas, desde meu primeiro show, em 1998. Canções que sempre gostei e que nunca foram lançadas”, conta Ted.
À exceção da bateria (a cargo do ex-Starla Bruno Grilo Guimarães), todos os outros instrumentos foram gravados por Ted.
“A faixa que fecha o disco, Tudo Passa, estava no repertório do meu primeiro show, com a banda Heresia (1997/ 99). Mais duas canções da Mr. Kite (banda que tive entre 1999 e 2002) e algumas que ficaram de fora do único disco da Starla (2003/10)”, conta.
“ A única inédita é Devagar, que é uma melodia que eu tinha desde 1999, mas não conseguia me satisfazer com a letra. No meio do processo de gravação, ela surgiu”, relata.
Show em breve
Ted Simões, foto Daniela Dias Mendes |
Ouvindo seus dois álbuns, a influência de Beatles e Oasis fica bem evidente – o que não é necessariamente ruim.
“(Desde 2015) Fiz alguns shows do (primeiro) disco, lancei uns videoclipes e continuei compondo bastante. Aprendi a gravar as demos em casa e gosto de ficar experimentando um pouco. Mas meu tempo quase todo é com a Cavern Beatles, que era um projeto de diversão e se tornou uma coisa enorme em minha vida. Tenho muito carinho e muito orgulho de tudo que conquistamos. Meu tempo quase todo é com a Cavern Beatles, que era um projeto de diversão e se tornou uma coisa enorme em minha vida. Tenho muito carinho e muito orgulho de tudo que conquistamos”, afirma.
“O Oasis foi um grande, enorme, assombroso impacto em minha vida. É normal que as músicas tenham uma sonoridade similar à deles. Compus a grande maioria na época em que eles eram a maior banda do planeta. E se no meu primeiro disco eu consegui um pouco desvencilhar dessa sonoridade, nesse segundo eu escancarei. É a coisa mais justa a se fazer, apesar de muitos pensarem que não há originalidade no disco. E eu concordo com isso. Afinal, mostra a sinceridade em que as canções surgiram. E o projeto cover tinha dado um tempo, mas volta agora em maio. Já estou com saudades”, admite.
Cria de todo o contexto roqueiro dos anos 90 (grunge, Britpop, MTV etc), Ted lamenta que, hoje, o rock daquela década não seja tão apreciado pela molecada mais nova - o que também é compreensível, mas enfim.
"Os anos 90 estão carimbados em minha testa. Como disse antes, seria muito oportunismo de minha parte tentar soar moderno ou diferente. É assim que me expresso através da música, com sinceridade. Os anos 90 foram os últimos anos importantes pro rock, que realmente virou coisa de tiozinho. E a culpa é meio que nossa. Não sei porque, mas de repente quem tinha hit, quem era grande, era um 'vendido'. Sabe aquela coisa Dolabella de 'você traiu o movimento punk?' Estar na rádio, na TV, ter uma canção muito tocada se tornou algo pejorativo. De repente, todo mundo queria ser underground - e conseguiram. Os últimos grandes hits do rock nacional foram Mulher de Fases e Anna Júlia. Isso já tem o que, 20 anos? Depois tiveram alguns sucessos, mas muito longe de serem clássicos absolutos do rock nacional. O texto também ficou sofisticado demais. Você soma isso também à uma geração menos politizada que prefere cantar coisas como 'estou num bar, quero pegar a mulherada e beber a noite toda'. É diferente da geração de Cazuza, Renato Russo, Humberto Gessinger, que viveu a ditadura, a repressão. O rock sempre foi embate, e não se comunica mais com essa nova geração. Não sei se é justo dizer que emburrecemos (é sempre o caminho mais fácil), mas com certeza temos outras prioridades. Eu não tenho muita moral pra dizer que o rock precisa se reinventar, pois é o que menos fiz nesse meu último disco. Mas ao menos é preciso descer um pouco do pedestal que nós mesmos criamos", afirma.
Você Não Estava Lá está disponível nas plataformas digitais e à venda no Bandcamp.
“Farei o show de lançamento dia 6 de julho, ainda sem local definido. Espero fazer mais alguns e começar a trabalhar no meu próximo disco no início do ano que vem”, conclui.
NUETAS
Cantadores quinta
Ana Barroso, Maviael Melo, Joana Terra e Roberto Mendes são as atrações da edição de março da Varanda dos Cantadores. Quinta-feira, 21h30, na Varanda do Teatro SESI – Rio Vermelho. R$ 30.
CTR-X, Duda, Sideral
Evento da banda CTRL-X, o Festival Rock Games bota Duda Spínola, Arte Sideral e Noturnos no Paraíso no palco do Portela Café. Sábado, a partir das 16 horas. Ingressos R$ 15 (Sympla), R$ 20 na porta.
O imortal Jorginho
Jorginho King Cobra comemora seu aniversário de 623 anos (mentira, são 50 mesmo) reunindo suas bandas Space Rovers e... King Cobra. Sábado, no Groove Bar, 22 horas. R$ 25 (Sympla) e R$ 35. Apague as velhinhas (ops) com ele.