Drexler, foto Jesus Conejo |
Quem não está ligando o nome à pessoa pode se lembrar de Drexler como o ganhador do Oscar de Melhor Canção de 2005, com a bela Al Otro Lado del Río, do filme Diários de Motocicleta, do brasileiro Walter Salles.
No show, Drexler vem acompanhado de mais dois músicos (baixista e baterista) – mas que não se espere um show “basicão“.
“O show está centrado no novo disco, Salvavidas de Hielo, e nos sons do violão”, conta Drexler, em entrevista exclusiva por email.
“Todos os sons do disco vêm exclusivamente da voz e do violão. Todos os ritmos básicos que são ouvidos são feitos percutindo os diferentes violões / guitarras: com marretas, pincéis, mãos, baquetas, pauzinhos e tudo o que pode ocorrer para eles, que extrai o som das caixas, alças e sintonizadores do instrumento”, explica.
A ênfase, como se vê, é no instrumento e nas canções. “Para o show, decidimos incluir uma bateria e um baixo elétrico, mas o destaque continuam sendo os violões e a voz”, reitera Drexler.
Bahia e Latino America
Dono de voz suave e composições que casam latinidade com uma abordagem atemporal (longe de modas) do formato canção, Drexler é um dos nomes destacados e respeitados da música sul-americana contemporânea – no continente e fora dele.
Não a toa, conquistou, entre seus fãs declarados, um de seus ídolos: Caetano Veloso.
“Caetano é uma referência na minha música, como compositor e como artista. A visão cultural que ele tem do gênero canção, expandindo os limites artísticos e as possibilidades expressivas, mantendo ao mesmo tempo uma visão popular, influi muito na minha própria maneira de me relacionar com a canção”, diz.
“Foi uma honra contar com a sua participação na minha música Bolívia no disco Bailar en la Cueva (2014). Um verdadeiro sonho feito realidade”, afirma.
Alguém viu o Caetano por aí? Ft Jesus Conejo |
“É a primeira vez que faço show na Bahia, sim. Mas não a primeira vez que eu vou. Já passei dois carnavais na Bahia: em 1984 e 1991”, revela.
“Além do Caetano e do Gilberto Gil, João Gilberto e Dorival Caymmi foram importantíssimos para minha formação musical. Foi depois de ouvir o disco Chega de Saudade, do João, que decidi voltar a escrever canções”, conta.
Médico formado, Drexler lançou em 1992 seu primeiro álbum: La Luz que Sabe Robar. Largou o estetoscópio naquele mesmo ano e, em 1994, se estabeleceu em Madri. Ficou conhecido mundialmente com o Oscar em 2005. “As minhas possibilidades de difusão aumentaram, claro, depois do Oscar, mas as razões porque eu faço canções, não”, afirma o músico.
“Não costumo me relacionar com a música em termos de mercado. Eu já fiz outros trabalhos na minha vida: fui médico por três anos após formar-me. Entrei na música para fazer dela minha disciplina espiritual e artística. Minha maneira de aprender de mim e do mundo e de me relacionar com os demais”, diz.
Exemplo da riqueza de uma música que os autocentrados mercado e público brasileiros costumam ignorar, Drexler sabe que é um fenômeno praticamente isolado no Brasil.
Em excursão pelo país, ele já passou, só nesta turnê, por Fortaleza (dia 8), Rio de Janeiro (12) e São Paulo (dias 13, 14 e 15). Depois daqui, parte para shows em Florianópolis (19), Curitiba (20) e Porto Alegre (21).
“É certo: na música, o Brasil é muito auto referencial. A diferença linguística, a surpreendente qualidade das últimas gerações de músicos, e as dimensões do país, lhes permite ser assim”, percebe.
“Me sinto muito bem recebido no Brasil, mas sou consciente de que é caso bastante excepcional. Acho que a minha relação com os meus parceiros brasileiros e a minha familiaridade com a sua cultura me aproximam”, diz.
Para encerrar, ele nos deixa algumas dicas de bons músicos latino-americanos atuais para buscarmos conhecer: “Recomendo: do Chile, a Ana Tijoux. Do Equador, a Nicola Cruz. Do México, o David Aguilar e a Natalia Lafourcade. E do Uruguai, o Eduardo Mateo”.
Jorge Drexler: Salvavidas de Hielo / Hoje, 20h30 / Teatro SESC Casa do Comércio / Ingressos de R$ 60 a R$ 180 / Vendas: Bilheteria Sesc Casa do Comércio e www.compreingressos.com
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