sexta-feira, abril 27, 2018

O CREPÚSCULO DOS HEROIS

Clímax de uma narrativa que se desenvolve há uma década,  Vingadores: Guerra Infinita - Parte 1 não decepciona e apresenta um vilão perfeito


"Foi daqui que pediram um blockbuster"?
Ajoelhai-vos, infieis! Pois Thanos está entre nós.

O maior vilão do Universo Marvel em todos os tempos chegou arregaçando geral em Vingadores: Guerra Infinita - Parte 1, em cartaz desde quinta-feira.

Como se vê, o gigante púrpura interpretado com maestria por Josh Brolin é tão miserável que um filme só (e as dezenas de herois recrutados para a missão) não bastam pra dar conta de tamanha vilania.

Não que seja um spoiler, mas quem for ao cinema assistir a este filme só conhecerá o final de sua história daqui a mais de um ano – mais exatamente no dia  3 de maio de 2019  – quando estreia o quarto filme dos Vingadores.

Personagem que já tinha feito breves aparições em  Guardiões da Galáxia (2014) e Vingadores: Era de Ultron (2015), Thanos é um nativo de Titã (lua de Saturno).

Nos quadrinhos, suas ações são movidas pela sua paixão pela morte  – não à toa, seu nome é uma variação de Thanatos, personificação da morte na mitologia grega.

"Caralho velho, eu pedi quatro"!
Na adaptação cinematográfica, mais atual, ele é uma espécie de semideus fascista espacial. Seu plano é amealhar poder equivalente ao de uma entidade divina e, assim, erradicar metade da população da galáxia com (literalmente) um  estalar de dedos.

Afinal, há muita fome e miséria em planetas esquecidos por, hã, Deus. E a solução, para Thanos, é exterminar. Assim acaba a miséria. Como se diz por aí, é um mito.

Para detê-lo, entra em cena um exército de super-heróis formado pelos Vingadores, Guardiões da Galáxia e heróis  solo (Homem-Aranha, Doutor Estranho, Pantera Negra).

Divididos em grupos improváveis, o que confere uma boa dinâmica ao filme, os heróis tentam impedir Thanos de coletar as chamadas Joias do Infinito, gemas ancestrais carregados de poder (MacGuffins, ensinou Hitchcock), as quais lhe conferirão força suficiente para botar seu plano genocida em prática.

E aí tome-lhe cenas espetaculares de ação super-heroica com muitas bordoadas, explosões, raios, saltos, voos.

Tudo se encaminha para um mega-clímax em Wakanda, a nação africana superdesenvolvida governada por T’Challa, o Pantera Negra. Dizer mais pode acarretar em spoiler.

O desafio dos Russo

"Dançou playboy, vai ter que nos engolir!"
Blockbuster gigantesco,  Vingadores: Guerra Infinita - Parte 1  é o “ápice” para a grande narrativa de fundo do universo cinematográfico da Marvel iniciada há uma década, em Homem de Ferro (2008).

A invasão alien a Nova York  em Vingadores (2012)? Obra de Thanos nos bastidores. Os apuros dos Guardiões da Galáxia? Idem.

As joias vistas no Tesseract de Loki, na testa do Visão, no cubo cósmico de Capitão América: O Primeiro Vingador (2011). Tudo isso foi para chegarmos em Guerra Infinita.

Aqui – e no próximo filme – se definem os destinos dentro e fora da tela, tanto de veteranos como Robert Downey Jr. (Homem de Ferro) e Chris Evans (Capitão América), quanto de favoritos mais recentes, como Chadwick Boseman (Pantera Negra) e Tom Holland (Homem-Aranha).

Até porque o contrato dos veteranos está próximo do fim, então muita coisa ainda se definirá ao longo deste ano.

Mas o que realmente fica patente em  Vingadores: Guerra Infinita - Parte 1 – e pode ser dito aqui, sem risco de spoiler – são dois aspectos muito fortes.

"Ele guenta"....
O primeiro é a forma impecável com que os diretores (e irmãos) Anthony & Joe Russo dão conta do desafio de coordenar dezenas de heróis e um vilão monstruoso em um roteiro enxuto, mas com espaço para todos brilharem um pouco, mantendo a leveza e os diálogos engraçadinhos (mesmo em meio ao apocalipse) que são a marca da Marvel.

Segundo: Josh Brolin brilha como Thanos. Graças à tecnologia de captura de movimentos, o gigantesco personagem de queixo enrugado é mais verossímil em tela do que muito ator de cara limpa por aí.

Um vilão que, apesar desumano em seus princípios, é multifacetado, complexo como os melhores vilões da ficção.

Que venha a parte 2.

Vingadores: Guerra Infinita - Parte 1  (Avengers: Infinity War) / Dir.: Anthony & Joe Russo / Com Robert Downey Jr., Chris Hemsworth, Mark Ruffalo, Chris Evans, Scarlett Johansson, Josh Brolin / Cinemark, Cinépolis Bela Vista, Cinépolis Shopping Salvador Norte, Cinesercla Shopping Cajazeiras, Espaço Itaú de Cinema Glauber Rocha, UCI Orient Shopping Barra, UCI Orient Shopping da Bahia, UCI Orient Shopping Paralela

terça-feira, abril 24, 2018

UM POUCO DE PRETENSÃO ARTÍSTICA NÃO FAZ MAL A NINGUÉM

Ancestral e futurista, Dandê lança primeiro (e belo)  trabalho sábado, na Casa Preta

Daniel Dandê, foto Flora Rodriguez
Se tem uma coisa que esta coluna, em sua infinita ignorância, leva a sério (ou tenta), é a pretensão artística.

Nada contra quem só quer fazer sua musiquinha lá no seu canto, sem querer dizer nada de muito relevante.

Mas é de coragem e relevância que se fazem as grandes obras – ou pelo menos se começa a construi-las.

O nativo de Itapuã Daniel Dandê, pelo que se pode ouvir em seu primeiro trabalho – o EP Dandê, com seis faixas –, faz parte do pessoal da segunda turma, aquela que tá a fim, sim, de dizer algo consistente, de investigar uma estética, de criar um som próprio, de ser verdadeiro consigo mesmo.

E isso não tem preço.

Produzido pelo grande Enio Nogueira, Dandê leva adiante experimentações contemporâneas que botam a música de raiz afrobaiana em confronto com sonoridades várias, de violinos e trombones a ruídos eletrônicos, passando  pela poesia falada – um lance caleidoscópico, que dispensa refrões (e fórmulas) fáceis.

“Nós brasileiros, em essência somos muito raizeiros, e por mais vanguardistas que os nossos timbres aparentem ser, a busca pela identidade de algo 'novo' perpassa naturalmente pelo cotidiano do povo, ou seja, passa pela nossa ancestralidade. Uma das premissas que uso na construção conceitual da minha obra é ter a consciência do lugar de onde venho”, afirma Dandê.

“Salvador é uma espécie de aldeia global, que traz em si uma fonte infinita de inquietações e interações artísticas, um espaço de convergência onde não cabem mais os mesmismos que somente rotulam a nossa criatividade enquanto artistas baianos. Essa miscigenação nutre nosso trabalho e ajuda a repensar os clichês dos estilos”, acrescenta.

"Meu interesse por musica surgiu na infância. Sempre fui uma criança que se manifestou através da pintura, musica e do corpo. Aos poucos fui desenvolvendo intimidade com a percussão, canto, até chegar ao violão - aos 10 anos - que é o principal instrumento para o desenvolvimento da minha musicalidade, e base para composições. A dedicação aos estudos musicais foi incentivada por diversos mestres e mestras da arte, como Edu Nascimento, Luciano Chaves e muitos outros compositores, musicistas, poetas e atores que expandiram minha visão do que é possível fazer com a criatividade", relata.

Do método UPB

Dandê, um adepto das tardes em Itapuã. Foto Flora Rodriguez
Artista desde que se conhece por gente, Dandê conta que foi a partir do seu contato com o método Universo Percussivo Baiano (UPB), de Letieres Leite, que sua proposta se aprofundou.

“(Ali) Encontrei um valor humano na relação com a musica, algo que foi muito aprendizado técnico. Esta experiencia foi um gatilho para o EP, pois os assuntos das aulas foram imediatamente refletidos nas levadas das minhas canções autorais. A minha proposta artística em termos de forma e conteúdo sempre esteve se redesenhando, no entanto, foi durante a experiencia com o método UPB que encontrei o principal incentivo que precisava para perceber as qualidades da musica que quero fazer. Foi no processo de troca durante as praticas com claves na roda bantu que descobri a possibilidade de externalizar para o coletivo as levadas que tocam em minha cabeça”, detalha.

No sábado, Dandê faz o show de lançamento do seu trabalho na Casa Preta, a partir das 19 horas. No palco,  se faz acompanhar por  Ricardo Flocos (bateria), Letícia Argolo (poesia) e Anderson Capacete (percussão). Experimente.

"Sinto muita coragem com todo apoio e positividade que vem sendo transmitido a mim por parceiros e amigos da cena Soteropolitana. Hoje, aos meus 28 anos, a minha maior ambição é circular o mundo com minha arte e derramar por ai o tempero e o suingue da Bahia. Estou muito feliz com as escolhas, as oportunidades e os resultados que nesse momento têm me acolhido, confio que a verdade do meu trabalho possa acessar cada vez mais pessoas e que elas estejam dispostas a embarcar nessa viagem comigo. Eu sei que os trabalhos estão apenas começando, e após esse processo de produção do EP buscarei ocupar os espaços de cultura e arte com meu live set em diversos formatos. Esta circulação se inicia em Salvador, visando vivências que respaldem a conexão do projeto com sua terra natal. Contudo, sinto que um dos objetivo do Dandê é trocar e aprender com projetos de outros locais, E em maio inciaremos a turnê pelo sudeste, começando por Minas Gerais", conclui.

Dandê: Show de lançamento / Sábado, 19 horas / Casa Preta (R. Areal de Cima, 40, Dois de Julho) / R$ 10 / Vendas: sympla.com.br /


NUETAS

BIKE Bagum Monos

A psicodelia da banda paulista  BIKE faz sua quarta(!) incursão em solo soteropolitano quinta-feira, com as locais Bagum (indie instrumental) e Monoslocos (garage rock). Club Bahnhof SSA, 20 horas, R$ 15.

Freddie na Avenida

O Jazz na Avenida estreia quinta-feira o projeto educacional L(eg)endas do Blues. Na estreia, Márcio Pereira (guitarra), Mauro YBarros (baixo) e Laurent Rivemales (bateria), com canja de Luiz Rocha (gaita) dão uma aula sobre o lendário Freddie King. 18 horas, na Boca do Rio, gratuito.

Flerte Astral Tangolo

Flerte Flamingo, Astralplane e Tangolo Mangos se reúnem sexta-feira,   22 horas, no Portela Café. R$ 15 (nome da lista) ou R$ 20 (na porta).

quinta-feira, abril 19, 2018

ARTISTAS BAIANOS ABRAÇAM ITAMAR ASSUMPÇÃO

Grupo liderado por Du Txai se junta a cantora Anelis Assumpção em oito sessões de show-tributo na Caixa Cultural

Itamar. Foto Vange Miliet
Ponto fora da curva da MPB, o paulista Itamar Assumpção (1949 - 2003) nunca foi cantor da preferência popular, nem frequentou paradas de sucesso. Seu legado, porém, tem influenciado gerações de músicos.

A prova é o espetáculo Isso ainda dá Repercussão – Tributo a Itamar Assumpção, que ocupa a Caixa Cultural nesta semana e na próxima.

Iniciativa do guitarrista baiano Du Txai (Cascadura), o show ganha ainda mais legitimidade com a adesão da filha de Itamar, a cantora Anelis Assumpção, uma  grande artista por méritos próprios, em todas as oito sessões do show.

Além de Du, a banda que ele reuniu e Anelis, cada dia ainda terá um convidado local. Hoje é JosyAra.

Os próximos são Luedji Luna (amanhã), Bruna Barreto (sábado), Dão (domingo), Giovani Cidreira (dia 26), Tuzé de Abreu (27), Aiace (28) e Rebeca Matta (29). No repertório, canções da discografia autoral de Itamar.

“Du e mais alguns músicos haviam inscrito esse projeto para homenagear meu pai e quando o resultado saiu eles me procuraram. Quando eu soube, já tinha sido tudo pensado”, conta Anelis.
Naturalmente, ela ficou surpresa quando soube da iniciativa baiana para homenagear seu pai, ligado ao imaginário essencialmente paulistano.

“Me surpreende sempre. (Mas) Existe uma nova leitura sobre meu pai e seu cancioneiro. A representatividade de suas ideias hoje parecem ter mais espaço. Ele sempre teve uma ótima relação artística na Bahia, fazia muitos shows, sempre muito querido. Acho curioso e importante. Essa quebra de correntes dentro das artes é fundamental”, diz.

Rotulado “maldito”, como costuma acontecer com artistas que não versam sobre dores de cotovelo, barquinhos e bichinhos, Itamar era muito mais amplo. Mas a rotulação o perseguiu em vida.

“(Itamar) Era um preto e pobre que se destacava no meio intelectual. Passou a vida se defendendo, dizendo que queria ser jogador de futebol. Hoje percebo como toda vez que ele falava isso era quase um pedido de desculpas por  ocupar um espaço que não era feito pra ele. O meio dos pensadores paulistanos da USP, a classe intelectual de São Paulo, os grandes experimentadores de inovações. Todos brancos e ricos”, dispara Anelis.

“Meu pai era um escritor, um poeta, um pesquisador da palavra e um inventor. Um compositor. Criador de uma linguagem musical rica e novíssima. Muitos predicados para um sujeito maldito, não acha?”, acrescenta.

Cantora extraordinária, Anelis já fez alguns shows memoráveis em Salvador, onde se sente sempre muito bem recebida.
Anelis. Foto Caroline Bittencourt

"Tenho ido a Salvador muito e cada vez mais fico feliz em perceber como as pessoas me recebem bem. Aceitam meu trabalho, meu sotaque. Se identificam. Faço shows incríveis na cidade e um dia quem sabe, eu moro de vez", afirma.

Por um lado ou por outro

Idealizador do projeto – que, espera-se, rode pelo circuito Caixa Cultural após a temporada baiana – Du Txai também vê uma intensa identificação de Itamar com a Bahia.

“Conheci o trabalho dele pela TV. Eu cresci em Porto Seguro é o acesso à música nos anos 90 ainda era escasso, se fazíamos amigos de fora à música vinha junto, às vezes alguém tinha TV a cabo e a turma aproveitava...  nesse caso, eu estava na casa de um amigo, costumávamos tocar violão madrugadas a dentro, nesse dia passava o "Pra Sempre Agora", Itamar fazendo tributo ao Ataulfo Alves. Era tão diferente de tudo que tínhamos em nosso universo, até mesmo do Ataulfo que conhecíamos mas de uma forma muito envolvente, fiquei impactado, Itamar, Gigante Brasil, uma concepção de música que eu só viria a entender mais tarde, precisava amadurecer pra isso... e pontual porque não havia onde conseguir Itamar pra ouvir! Mais tarde, quando fui pra São Paulo tentar a sorte com um projeto autoral, me deparei com toda obra lançada até então(meados de 2002) através de amigos paulistas. Junto com Itamar vieram o Paulo Leminski, a Alice Ruiz, o Artigo Barnabé, mais compreensão de Jards Macalé, Waly Salomão, enfim...  Todo um universo a se mergulhar mas que dialoga com a música baiana e brasileira que conhecemos desde a época da Tropicália até os dias de hoje. Penso que (analisar a obra de Itamar) é como puxar a ponta de uma teia e observar suas intersecções. Se você começa por ele, passa por Jards (Macalé), Waly (Salomão), logo vem Gal Costa e aí estás na Bahia. Se você puxa do lado do Caetano e encontra o Leminski, já está o Itamar na sequência“, diz.

“Sem falar na música mais moderna, Zélia Duncan, Zeca Baleiro, Lenine, Moska, Curumim, a própria Anelis, Giovanni Cidreira, Luedji Luna e outros tantos. Fora o fato dele trazer temas diretamente relacionados à cultura negra, o que acaba por criar uma relação intrínseca fundamental com a Bahia, onde esses traços são aflorados. Eu vejo um alto gral de identificação”, afirma.

"Faz uns quatro anos desde que começamos a nos movimentar pra esse projeto. No início, comentei ter interesse em montar algo do Itamar com a Ana Camila, que é produtora e havia se tornado minha amiga também naquela época. Acabei por me descobrir cercado de vários fãs do Itamar. Dão, Giovanni Cidreira, Rebeca Matta, então junto com Ana e meus colegas do Nganga, começamos a trabalhar num tributo. Quanto a circular posteriormente, admito ter vontade mas só quero pensar nisso depois de concluir este ciclo", diz Du.

Du Txai, foto Fernando Udo
Artista que inventava muito no estúdio e ao vivo, Itamar tinha um som inclassificável - a não ser que se considere "vanguarda" um gênero por si só. Dito isto, fica curiosidade de saber como será o tratamento musical de Du, Anelis e banda às canções do homenageado.

"Tem um momento pra cada coisa. Procurei ter como ideia principal pra a concepção explorar as nuances da personalidade do Itamar até onde pude alcançar e tentar reverter em arranjos. Tem desconstrução, como em Pra Sempre Agora, tal como Itamar me foi apresentado, mas também tem minimalismo. Procurei também flertar com levadas que ele usava de modo subliminar ou misturada de modo a deixá-la mais aparentes, tipo - e se Cabelo Duro fosse um funk mesmo? Com uma linha de bateria mais pulsante e vocais estilo Motown? Ou brincar com outras nuances da música negra as quais o Itamar não chegou a flertar diretamente como o cadance-lypso, movimento que influenciou as guitarradas, veio a se tornar o zouk, que virou lambada aqui. E de simplesmente ter momentos pra tocar uma música no violão, outros de provocar o público, como ele costumava fazer", descreve o guitarrista.

Sobre os convidados, mesmo com oito na lista, Du conta que foi difícil selecioná-los, pois eram muitos os candidatos aptos à tarefa.

"Foi dura, rsrs. Há tantas outras combinações possíveis de características em artistas daqui a se explorar. Confesso que há muito mais assunto e sinto avidez por mais experiências. Escolher é algo que considero cruel mas é a maneira que possibilita a realização do projeto. O Itamar era performático, intenso, impetuoso, batalhador, excêntrico, irônico, profundo e leve e passava de uma faceta à outra num piscar de olhos, admirador do feminino, ativo nas causas culturais e raciais. Cruzei essas características com artistas cujo trabalho e personalidade são compatíveis com algumas destas combinações e os convidei. Cada um deles, tem uma mistura em seu jeito que dialoga com algo da obra, de um modo que influenciou diretamente na escolha do repertório que cantarão", conclui.

No palco, Du, Anelis e  convidados serão acompanhados por  Alexandre Vieira (baixo), Neila Kadhí (guitarras, vocais e percussão), André T (teclados) e Tony Dávila (bateria).

Isso ainda dá Repercussão – Tributo a Itamar Assumpção / De hoje a domingo e de 26 a 29.04 (Quintas a sábados às 20h, domingos às 19h) / CAIXA Cultural Salvador (Rua Carlos Gomes, 57) / R$ 10 e R$ 5 /  Livre

quarta-feira, abril 18, 2018

NÃO MEXA COM ELAS, RAPAZ!

Cinco meninas retadas e uma banda: Lisbeth, a face mais feminista do rock baiano

Lisbeth, fotos Lanne Araújo
Nestes dias tão estranhos, em que pessoas supostamente  educadas saem do armário para ostentar (com orgulho!) seu machismo e pensamento retrógrado, a reação deve vir à altura.

E tem vindo, das diversas instâncias da sociedade que não cedem ao fascismo fascinante. Eis aqui, portanto, uma valiosa contribuição do rock baiano: a banda Lisbeth.

Com cinco garotas retadas, a Lisbeth acaba de lançar seu primeiro trabalho, o EP Dona da Rua, com quatro faixas.

Francamente feminista, faz um bem-vindo contraponto ao rock – não apenas baiano – que, por incrível que pareça, e indo contra sua própria natureza revolucionária, tem se tornado um reduto de machinhos classe-média chorões - autoproclamados “conservadores”.

“Nos assumimos como banda feminista em 2017, e ficamos com certo receio da reação do público, inclusive o do rock, que contraditoriamente, é muito conservador. Até agora, ninguém nos ofendeu diretamente por conta dos nossos posicionamentos”, conta a vocalista Ângela Maranhão.

“Mas estamos prontas pra enfrentar o que vier de positivo e negativo, defendendo o que a gente acredita. Os homens que ouvem nosso som são, em geral, nossos conhecidos e relacionados, que tem tido uma reação muito positiva. O mesmo em relação as feministas, que são um número cada vez maior de mulheres. Um apoio especial tem vindo de Tatiana Trad, baixista experiente que tem nos apoiado e nos produziu musicalmente no EP Dona da Rua, junto com Irmão Carlos”, acrescenta.

A iniciativa de formar a Lisbeth foi de Angela e de Fernanda, guitarrista que deixou a banda recentemente: "Saímos perguntando aos amigos no facebook se conheciam mulheres que tocassem instrumentos e acabamos sendo unidas pela sorte. Desde o começo nos unimos por sermos mulheres que tocam e amam o rock. Se não fosse por isso talvez nunca tivéssemos nos conhecido, já que moramos muito longe umas das outras e viemos de realidades sociais bem distintas (na época de fundação da banda, os bairros eram Paralela, Cajazeiras, Liberdade e Federação). Já a nossa nova guitarrista, Carol Pepa, conhecemos do rock – ela tocava junto com Daniela, a baterista, na banda Garotas de Liverpool", relata.

Mas sabe o que é o melhor? A Lisbeth, pelo menos no material de estúdio, se mostrou  uma banda de grande potencial, com um som que transita entre o riot grrl (facção feminista do movimento punk) da faixa-título ao pop rock de Homens Vs. Aliens.

Legítima Defesa é outra pérola, narrando de forma muito vívida os planos de uma mulher para se livrar do marido abusivo: “Não deixe o medo te envenenar / Aprenda que é bom ser um pouco má / Hoje a minha noite vai ser em paz / Depois dessa janta ele não levanta mais”.

Desce do muro aí!

Manoela (gtr), Ângela (vcl), Carol (gtrs), Mariana (bx) e Dani (btr)
Méritos também vão para os produtores do disco, a baixista Tatiana Trad (Lou, Scambo) e o inoxidável Irmão Carlos.

“Em termos de influências musicais, existem algumas bandas e cantoras que são unanimidade entre as integrantes, como The Cranberries, The Runaways, Rita Lee, Cássia Eller. Essas bandas/cantoras são de extrema importância para a constituição da banda e seu conceito, não só musical, mas também ideológico. Rita Lee e Cássia são rainhas em cantar e viver essa liberdade que muitas mulheres brasileiras buscam incansavelmente, rompendo com valores conservadores. The Runaways e The Cranberries são as influências em termos de conjunto, de banda, no sentido musical e  instrumental da coisa toda. Além dessas bases, nós somos influenciadas pelos movimentos que buscam defesa das minorias como um todo, principalmente o feminismo, que vem cada vez mais sendo interseccional e sensível a pautas que vão além do gênero”, conta Angela.

Recado dado, agora é ficar de olho pra curtir um show das garotas. Só lembre de descer do muro antes, OK?

“A situação está crítica no Brasil. A nossa democracia foi golpeada e o golpe é machista, racista, LGBTfóbico. Marielle Franco, vereadora negra, lésbica e representante da favela foi executada há mais de um mês no Rio de Janeiro e ainda não temos respostas das instituições. Ao mesmo tempo, direitos vem sendo tolhidos dos trabalhadores, a educação crítica e reflexiva vem sendo questionada, enquanto as violências contra as mulheres só crescem. Está tudo interligado e precisamos nos insurgir, inclusive através da música. É uma realidade que não permite que se fique em cima do muro, insistindo no mito da neutralidade política. Ou você é a favor da democracia ou não é, ou você é a favor dos direitos humanos ou não é. Nós somos, e continuaremos a assumir o ônus do enfrentamento, pois de nós enquanto mulheres não haverá passividade nem resignação: #MariellePresente em todas nós”.

ww.facebook.com/lisbethband



NUETAS

Já foi ao Mercadão?

Novo espaço de Messias GB, o Mercadão C.C. (embaixo do Banhoff) tem discotecagem de Big Bross & Elletra (Messias himself) quinta-feira. 19 horas, pague quanto quiser.

7 Cabeludos e o Rei

Com músicos experientes do cenário (Paquito, Morotó Slim, Maurício Pedrão, Nuno Chuck Norris), Os Sete Cabeludos fazem o repertório mais legal e menos careta de Roberto Carlos. Sexta-feira, Groove Bar, 22 horas, R$ 20 (antecipado no Sympla) ou R$ 30.

RZO, Nova  Era e MC

Grande nome do rap nacional desde os anos 90, o grupo RZO se apresenta em Salvador sábado, no Largo Tereza Batista. Os locais Rap Nova Era e MC Correria fazem as honras da casa. 20 horas, R$ 30 (antecipado no Sympla) e R$ 40 (na porta), R$ 50 (casadinha).

terça-feira, abril 17, 2018

LATINIDADE SEM CLICHÊ

Ídolo sul-americano, o uruguaio Jorge Drexler faz show único e imperdível HOJE, no Teatro Sesc Casa do Comércio

Drexler, foto Jesus Conejo
Soteropolitanos apreciadores de música popular sem rótulos ou amarras tem um compromisso imperdível na noite de hoje: o grande músico uruguaio Jorge Drexler faz apresentação única no Teatro SESC Casa do Comércio.

Quem não está ligando o nome à pessoa pode se lembrar de Drexler como o ganhador do Oscar de Melhor Canção de 2005, com a bela Al Otro Lado del Río, do filme Diários de Motocicleta, do brasileiro Walter Salles.

No show, Drexler vem acompanhado de mais dois músicos (baixista e baterista) – mas que não se espere um show “basicão“.

“O show está centrado no novo disco, Salvavidas de Hielo, e nos sons do violão”, conta Drexler, em entrevista exclusiva por email.

“Todos os sons do disco vêm exclusivamente da voz e do violão. Todos os ritmos básicos que são ouvidos são feitos percutindo os diferentes violões / guitarras: com marretas, pincéis, mãos, baquetas, pauzinhos e tudo o que pode ocorrer para eles, que extrai o som das caixas, alças e sintonizadores do instrumento”, explica.

A ênfase, como se vê, é no instrumento e nas canções. “Para o show, decidimos incluir uma bateria e um baixo elétrico, mas o destaque continuam sendo os violões e a voz”, reitera Drexler.

Bahia e Latino America

Dono de voz suave e composições que casam latinidade com uma abordagem atemporal (longe  de modas) do formato canção, Drexler é um dos nomes destacados e respeitados da música sul-americana contemporânea – no continente e fora dele.

Não a toa, conquistou, entre seus fãs declarados, um de seus ídolos: Caetano Veloso.

“Caetano é uma referência na minha música, como compositor e como artista. A visão cultural que ele tem do gênero canção, expandindo os limites artísticos e as possibilidades expressivas, mantendo ao mesmo tempo uma visão popular, influi muito na minha própria maneira de me relacionar com a canção”, diz.

“Foi uma honra contar com a sua participação na minha música Bolívia no disco Bailar en la Cueva (2014). Um verdadeiro sonho feito realidade”, afirma.

Alguém viu o Caetano por aí? Ft Jesus Conejo
Na verdade, Jorge é um antigo fã tanto da Bahia, quanto de sua música.

“É a primeira vez que faço show na Bahia, sim. Mas não a primeira vez que eu vou. Já passei dois carnavais na Bahia: em 1984 e 1991”, revela.

“Além do Caetano e do Gilberto Gil, João Gilberto e Dorival Caymmi foram importantíssimos para minha formação musical. Foi depois de ouvir o disco Chega de Saudade, do João, que decidi voltar a escrever canções”, conta.

Médico formado, Drexler  lançou em 1992 seu primeiro álbum: La Luz que Sabe Robar. Largou o estetoscópio naquele mesmo ano e, em 1994, se estabeleceu em Madri. Ficou conhecido mundialmente com o Oscar em 2005. “As minhas possibilidades de difusão aumentaram, claro, depois do Oscar, mas as razões porque eu faço canções, não”, afirma o músico.

“Não costumo me relacionar com a música em termos de mercado. Eu já fiz outros trabalhos na minha vida: fui médico por três anos após formar-me. Entrei na música para fazer dela minha disciplina espiritual e artística. Minha maneira de aprender de mim e do mundo e de me relacionar com os demais”, diz.

Exemplo da riqueza de uma música que os autocentrados mercado e público brasileiros costumam ignorar, Drexler sabe que é um fenômeno praticamente isolado no Brasil.

Em excursão pelo país, ele já passou, só nesta turnê, por Fortaleza (dia 8), Rio de Janeiro (12) e São Paulo (dias 13, 14 e 15). Depois daqui, parte para shows em Florianópolis (19), Curitiba (20) e Porto Alegre (21).

“É certo: na música, o Brasil é muito auto referencial. A diferença linguística, a surpreendente qualidade das últimas gerações de músicos, e as dimensões do país, lhes permite ser assim”, percebe.

“Me sinto muito bem recebido no Brasil, mas sou consciente de que é caso bastante excepcional. Acho que a minha relação com os meus parceiros brasileiros e a minha familiaridade com a sua cultura me aproximam”, diz.

Para encerrar, ele nos deixa algumas dicas de bons músicos latino-americanos atuais para buscarmos conhecer: “Recomendo: do Chile, a Ana Tijoux. Do Equador, a Nicola Cruz. Do México, o David Aguilar e a Natalia Lafourcade. E do Uruguai, o Eduardo Mateo”.

Jorge Drexler: Salvavidas de Hielo / Hoje, 20h30 / Teatro SESC Casa do Comércio / Ingressos de R$ 60 a R$ 180 / Vendas: Bilheteria Sesc Casa do Comércio e www.compreingressos.com

sexta-feira, abril 13, 2018

DIVINA PARCERIA

Gilberto Gil, Letieres Leite & Orkestra Rumpilezz se juntam no palco do TCA no concerto Música & Direitos Humanos, com renda revertida para a ONG baiana CESE

Letieres e Gil, foto CrewActive
Há parcerias que parecem mesmo combinadas em algum plano superior, tão afinadas que são. Gilberto Gil com Letieres Leite & Orkestra Rumpilezz certamente é uma delas.

E amanhã a noite, os felizardos que estiverem na Sala Principal do Teatro Castro Alves poderão comprovar esta afirmação.

É a quarta edição do concerto Música & Direitos Humanos, com renda revertida para a ONG baiana CESE - Coordenadoria Ecumênica de Serviço, que, desde sua fundação, em 1973, já apoiou mais de dez mil projetos de organizações populares em todo o Brasil, beneficiando cerca de onze milhões de pessoas.

Na verdade, esta não é a primeira vez que Gil, Letieres e a Orkestra se encontram no palco: já foram realizados alguns concertos em São Paulo – mas cada oportunidade de dividir o palco com Gil é certamente um momento memorável para o maestro.

“Era desde sempre um sonho antigo. Interpretar outros compositores do nosso jeito é uma das linhas de trabalho que desenvolvemos – e Gil sempre estava em todas as listas de escolha”, conta Letieres.

Quinto concerto conjunto e contando, Letieres espera poder seguir fazendo música com Gil por muitas vezes ainda.

“Já nós apresentamos em São Paulo em quatro ocasiões e foi uma das mais ricas e emotivas experiências que já tivemos. E espero que sim, que possamos continuar realizando música com nosso mestre”, afirma.

Direitos humanos pra todos

Orkestra Rumpilezz em ação. Foto Fernando Eduardo
No palco, a poderosa música ancestral da Rumpilezz, com seus tambores de terreiro e extenso naipe de sopros, encontrarão composições clássicas de Gil, como Logun Edé, Essa é Pra Tocar no Rádio, Balafon, Aqui e Agora, A Raça Humana e Professor Luminoso.

“O repertório foi escolhido não só do ponto de vista cronológico, mas foram também escolhas a partir da observação rítmica que tanto nos inspira na obra de Gil”, observa Letieres.

Intitulado Música & Direitos Humanos, o concerto vem em boa hora, quando tantos desinformados (ou mal intencionados, mesmo) tentam transformar estes últimos em palavrão, com a esfarrapada desculpa de que só servem para “proteger bandidos”.

“(Eu diria a estas pessoas) Que elas não são nada inocentes e fazem parte de uma grande ‘orquestração’  fomentada pela elite brasileira, inconformada e incomodada com o avanço social das populações mais carentes”, afirma Letieres.

Dito isto, difícil pensar em dois artistas mais afinados também com a proposta do evento. A obra de Gil, mais do que conhecida – já entranhada no povo brasileiro – fala por si. E a Orkestra, com o protagonismo da música dos terreiros afrobrasileiros, igualmente.

“Nas músicas de Gil sempre houve a coerência e a sensibilidade de retratar a intolerância, o descabido, o inaceitável. A música da Rumpilezz não foi forjada diretamente para o entretenimento (mesmo sendo) mas muito mais para uma afirmação da cultura musical negra, reverenciando seus métodos pela oralidade num formato orquestral”, detalha o maestro.

Sempre ativo, Letieres conta que, em breve, a Orkestra porá em prática dois novos projetos: “Queremos gravar e lançar em vinil nossa versão do antológico álbum Coisas (1965), do maestro Moacir Santos. E também trabalhar no novo projeto Rumpilezz Noise, no qual a música da Rumpilezz irá simplesmente derreter”, conclui. Avante, maestro.

Concerto Música e Direitos Humanos – 4ª EDIÇÃO / Com Gilberto Gil, Letieres Leite & Orkestra Rumpilezz / Amanhã, 21 horas / Sala Principal do Teatro Castro Alves / filas A a P: R$ 200 e R$ 100  / filas Q a Z: R$ 150  e R$ 75 / filas Z1 a Z11: R$ 100 e R$ 50 / Vendas: bilheteria TCA, SACs Shopings Barra e Bela Vista e ingressorapido.com.br

terça-feira, abril 10, 2018

O ROCK QUE AINDA RESPIRA EM SALVADOR

Roqueira com orgulho, Madame Rivera lança 1º EP domingo, com Ronco e Jack Doido

Madame Rivera Foto Yuri Rodrigues
Não é segredo pra ninguém: o rock está em baixa já há algum tempo.

No Brasil, por que no mundo segue vivo e chutando.

Na Bahia isso não faz grande diferença: no  berço do rock brasileiro (com Raulzito & Seus Panteras) o rock sempre foi patinho feio.

Mesmo assim, o rock local parece estar em um momento especialmente desfavorável.

Agora, pergunta se isso importa pra rapaziada da banda Madame Rivera?

“É desafiador, pois competimos com ritmos mais populares e abrangentes do que o rock na atualidade, mas nada nos desanima”, afirmam coletivamente, por email.

E mais: “Queremos que daqui a dez anos a Madame seja citada como hoje citamos bandas e artistas baianos que venceram e rodam o Brasil”. Sentiram aí a pegada?

E é com essa garra, característica do rock que sempre prosperou na adversidade, que este bravo quinteto soteropolitano se apresenta neste domingo, com as igualmente ferozes Ronco e Jack Doido – ambas já vistas nesta coluna.

"Atualmente existem menos espaços voltados para o Rock do que existia há alguns anos, mas não é tão difícil conseguir shows como parece por que algumas bandas se unem e se organizam muito bem. Além das bandas, temos produtoras e produtores independentes que nos ajudam a manter o sonho vivo, como a Trinca Discos e um dos grandes precursores do Rock baiano autoral, Rogério BigBross. O segredo é o profissionalismo e saber se relacionar. Apesar de estarmos no mesmo cenário, matando o mesmo leão, não somos rivais e sim amigos, colaboradores para tornar o rock visível e popular. O que parece faltar em Salvador atualmente é o interesse de produtoras do cenário musical e até de meios de comunicação mais influentes em fomentar o rock local", afirmam.

"Nos conhecemos há muito tempo, amizades de quase 20 anos, mas foi na adolescência que o Rock nos uniu como banda. Jana, João e Orlando tocaram juntos antes por alguns anos, mas quando essa banda acabou, já pensaram a Madame com Nilton. Ke Ning chegou por indicação da namorada de Jana e completamos o time", contam.

Rock misturado com rock

Madame Rivera foto Yuri Rodrigues
De som essencialmente roqueiro – sem misturas – a Madame lança neste show seu primeiro trabalho, um EP autointitulado com cinco faixas.

“Como toda banda independente, nosso primeiro trabalho tem limitações técnicas e de produção, mas o EP excedeu todas as expectativas – nossas, do engenheiro de som, Márcio ‘Portuga’ Vieira, do nosso grande colaborador Yuri Rodrigues e do público”, contam.

“O projeto consiste em 10 faixas, porém o dividimos em duas fases: a Madame se conhecendo (o EP Madame Rivera) e a Madame se encontrando (o próximo). Como qualquer um, passamos por fases e algumas delas é saber quem você é, qual o seu espaço no universo e como você colabora com ele. Isso reflete no comportamento como banda e nas letras, compostas com muita sinceridade”, dizem.

Neste momento, a banda se prepara para, além do show de domingo, rodar pelo interior, que anda mais sedento de rock do que a capital.

“Terminamos as gravações e estamos trabalhando para fazer uma série de shows, uma espécie de turnê na qual pretendemos também ir para o interior do estado. O primeiro show dessa série é o lançamento oficial do EP, que acontecerá no próximo domingo, dia 15, no 30 Segundos. Será um show muito especial, pois será uma apresentação diferente do que costumamos fazer, também por que iremos gravar o clipe da faixa Oh Yeah!. Em seguida nos dedicaremos ao segundo EP, que está previsto para o segundo semestre, e contará com uma estrutura de planejamento similar a esse primeiro momento. Queremos a Madame Rivera tocando o ano inteiro”, avisam. Demorou!

A Madame Rivera é Orlando Barros (guitarra), Nilton Santos (bateria), Ke Ning (baixo), João Vitor Madureira (guitarra) e Janaína Almeida (vocais).

Ronco, Madame Rivera e Jack Doido /  Domingo, 17 horas /  30 Segundos Bar / R$ 15 e R$ 20/ www.madamerivera.com.br 

NUETAS

Jorge Drexler semana que vem

O astro uruguaio Jorge Drexler apresenta na próxima terça (dia 17) no Teatro SESC Casa do Comércio o show Salvavidas de Hielo. 20h30, entradas de  R$ 60 a R$ 180.

Canto com Maglore

Maglore e Canto dos Malditos na Terra do Nunca abrem a session Sons Daqui. Sábado, 20 horas, no Largo Pedro Archanjo. R$ 20, R$ 10.

Mariella no Lalá

A grande Mariella Santiago canta  sexta-feira e sábado no Lálá Multiespaço. 21 horas, R$ 10 e R$ 5.

Zuhri domingo Pelô

A banda de reggae Zuhri faz show de lançamento do seu primeiro CD domingo, no Largo Quincas Berro D’Água. 16 horas, R$ 20.

quinta-feira, abril 05, 2018

TERRA & LIBERDADE

Clássico pronto, Angola Janga, de Marcelo D’Salete, é monumental HQ sobre o Quilombo de Palmares. Rigor histórico, narrativa segura e arte detalhada  a tornam leitura obrigatória 

Fruto de nada menos que onze anos de pesquisa e produção, a HQ Angola Janga é a afirmação definitiva do talento – e da garra – do quadrinista, mestre em história da arte pela USP, Marcelo D’Salete.

Monumental – do alto de 432 páginas –, Angola Janga, contudo, não reafirma só o talento de seu criador, já conhecido por outras elogiadas HQs, como Cumbe (2014) e Encruzilhada (2016), mas também traz uma visão épica e mais abrangente do assunto.

Em Angola Janga, aprendemos – entre outras coisas – que a história de Palmares não se resume a Zumbi, Ganga  Zumba e o bandeirante Domingos Jorge Velho.

Muitos são os personagens desta história, resgatados por D’Salete através de extensa pesquisa (referenciada na vasta bibliografia ao fim do livro) e também na pesquisa de campo em Alagoas.

Adicione-se a isto a espetacular e  detalhada arte em preto & branco (é visível a evolução no traço do artista desde Cumbe) e a narrativa segura, cinematográfica, da HQ – e o resultado é um só: um clássico instantâneo dos quadrinhos.

Não a toa, Angola Janga já tem sua publicação assegurada na França (agora em abril, pela editora Çà et Là), Portugal (pela Polvo), Polônia (Timof) e EUA (Fantagraphics).

“Grande parte das críticas foram positivas e nas livrarias o livro está indo muito bem”, conta D’Salete por email.

Necessária, Angola Janga deveria ser adotada em escolas pelos professores de História – mesmo correndo o absurdo risco nos dias de hoje, de ainda ser denunciado como algum tipo de “doutrinação”.

“É difícil não assumir lados. Posicionamentos contrários podem acontecer. A princípio, não é um problema. Faz parte do jogo. Por outro lado, o que vivemos agora, socialmente, não é apenas contraposição, mas uma tentativa de calar e obstruir o diálogo. Em relação a isso, é preciso se posicionar”, afirma o artista.

“Nossa história tem diversos lados, precisamos estar atentos para não privilegiar apenas uma vertente. Isso já aconteceu antes em relação a história de negros e indígenas. Quase não temos direito de contá-la ao nosso modo”, percebe.

Luta ontem e hoje

Hoje em dia é difícil ter noção do que foi Palmares (ou Angola Janga: Pequena Angola, como chamavam seus habitantes).

De pé por mais de 100 anos, entre os séculos 17 e 18, esse ajuntamento de mocambos entre Alagoas e Pernambuco foi mesmo como um pedaço da África em pleno Brasil.

Sua capital, o mocambo Macaco, chegou a ter seis mil habitantes, população equivalente a qualquer grande cidade brasileira naquele período.

Na HQ, vemos que os africanos alevantados tinham sua arquitetura, sua culinária, suas religiões, seus saberes.

“Nossa história oficial tenta negar os conflitos e toda a opressão de uma ordem fundada na escravidão, no patriarcado etc. Houve inúmeras revoltas indígenas, negras e populares no passado. Nos arredores da escravidão, havia inúmeros mocambos de escravos fugidos”, afirma D’Salete.

Palmares era formado por diversos mocambos: Andalaquituche, Amaro, Curiva, Alto Magno, Tabocas, Subupira, Zumbi, Acotirene, Aqualtune, Una, Macaco, Osenga.

A sofisticação era tal que havia mocambos para produção de alimentos e um mocambo para treinamento militar (Subupira), além da capital administrativa e política (Macaco).

“Alguns (mocambos) eram grandes e fixos, outros eram menores e móveis. A tática principal desses palmaristas era, quando atacados, fugirem para outros mocambos e atacar os luso-brasileiros em momentos oportunos”, conta.

“Para isso, era relevante ter uma rede de espias nas vilas e atalaias (vigias) na serra. Estes deveriam observar qualquer passo dos inimigos. Era uma organização complexa e muito articulada, tanto que se estendeu por mais de 120 anos”, acrescenta.

Emblema do atraso que vitima o Brasil, a escravidão deixou marcas indeléveis – e este é o ponto central da HQ: “Mesmo sendo um livro histórico, tentei trazer elementos contemporâneos à obra. Situá-la num contexto atual. Este passado ainda tem relações com nosso mundo hoje. A escravidão acabou, mas certas estruturas de poder e os grupos por trás disso, alteraram-se pouco”, afirma D’Salete.

“O assassinato de Marielle Franco, mulher negra, periférica, extremamente articulada politicamente, é mais uma marca desta fratura social. Há grupos, beneficiados por esse apartheid social e histórico, dispostos a impedir toda e qualquer mudança”, conclui.

Angola Janga - Uma história de Palmares / Marcelo D'Salete / Veneta / 432  páginas / R$ 89,90/ www.angolajanga.com.br

ENTREVISTA COMPLETA: MARCELO D'SALETE

O livro foi lançado já há alguns meses. Como tem sido a recepção à obra? Alguma proposta de transpo-lo para alguma outra mídia? Alguma reação contrária à obra, como parece estar "na moda" hoje em dia?

Marcelo D'Salete. Foto Rafael Roncato
MS: O livro foi lançado em novembro de 2017 no Brasil. Grande parte das críticas foram positivas e nas livrarias o livro está indo muito bem. Ele toca em assuntos nevrálgicos de nossa história. Rever esse passado incomoda algumas pessoas. É difícil não assumir lados. Posicionamentos contrários podem acontecer. A princípio, não é um problema. Faz parte do jogo. Por outro lado, o que vivemos agora, socialmente, não é apenas contraposição, mas uma tentativa de calar e obstruir o diálogo. Em relação a isso, é preciso se posicionar. Nossa história tem diversos lados, precisamos estar atentos para não privilegiar apenas uma vertente. Isso já aconteceu antes em relação a história de negros e indígenas. Quase não temos direito de contá-la ao nosso modo. Bem, em relação a outras mídias, há interesse de algumas produtoras. Estamos conversando sobre isso.

Entre o início da produção da obra e seu lançamento foram 11 anos. Imagino que você mesmo mudou neste período, seus pontos de vista foram ampliados com o andamento de sua pesquisa e quem sabe até seu traço. Como foi esse processo mais íntimo seu?

MS: Minha maneira de olhar os primeiros séculos do Brasil alterou-se bastante. Sobre Palmares, diversos fatos me chamaram atenção: a tentativa de paz de Ganga Zumba; os inúmeros personagens do conflito; o contato entre os palmaristas e os colonos; o fato de Palmares ser considerado um dos principais problemas da colônia em meados do século XVll; a participação do terço negro dos Henriques contra os palmaristas; o uso de soldados luso-brasileiros nas duas margens do Atlântico, de Pernambuco até Angola; a forma como Palmares continuou mesmo depois da queda do mocambo Macaco em 1694. Enfim, o século XVll ainda é algo desconhecido para nós hoje. É distante de qualquer ideia de nação e país, aliás. Portugal tentava se afirmar no meio de conflitos entre  potências europeias (França, Espanha, Holanda etc.) e os diversos povos indígenas e africanos. E, de fato, o que não faltou foram conflitos acirrados. Desenvolver o livro Cumbe (2014) e Angola Janga (2017) foi um processo longo de aprendizado em termos de possibilidades de traço, composição, texturas e formas de representar o Brasil do século XVII. Fico feliz em perceber este trabalho sendo acolhido no meio dos quadrinhos. Meu traço e modo de contar é fruto de um jeito muito pessoal de lidar com narrativas. Tem fortes influências do cinema, da música, literatura etc. Os quadrinhos têm potencial enorme para explorar narrativas e muitos modos de contar.

Entre o início da produção da obra e seu lançamento, muita coisa  mudou no Brasil - e como sabemos, não para melhor, muito pelo contrário. O retrocesso em diversas áreas que vimos sofrendo, o acirramento cada vez maior dos ânimos no país influenciou de alguma forma sua produção e o resultado final que vemos no livro?

MS: A produção do livro aconteceu no meio dessas últimas ebulições sociais. Mesmo sendo um livro histórico, tentei trazer elementos contemporâneos para a obra. Situá-la num contexto atual. Este passado ainda tem relações com nosso mundo hoje. A escravidão acabou, mas certas estruturas de poder e, principalmente, os grupos por trás disso, alteraram-se pouco. O componente racial é parte da engrenagem de obstrução, por todos os meios, do acesso ao poder e ao compartilhamento dos benefícios trazidos pela sociedade. O Brasil ainda não rompeu com essas condições. De fato, nossa democracia é incompleta desde o princípio. O assassinato de Marielle Franco, uma mulher negra, periférica, extremamente articulada politicamente, é mais uma marca desta fratura social. Há grupos, beneficiadas por esse apartheid social e histórico, dispostos a impedir toda e qualquer mudança.

A visão colonialista tradicional sempre deu a entender que os escravos africanos eram pouco mais conscientes que animais, mas sabemos que as civilizações africanas tinham suas próprias culturas, arquiteturas, saberes. E isso se refletiu em Palmares. Impressionou-me especialmente saber que eles tinham um campo de treinamento militar (Subupira). Esta visão "diminuída" dos africanos seria uma das razões do racismo entranhado em nossa sociedade?

MS: Nossa história oficial tenta negar os conflitos e toda a opressão de uma ordem fundada na escravidão, no patriarcado etc. Houve inúmeras revoltas indígenas, negras e populares no passado. Nos arredores da escravidão, havia inúmeros mocambos de escravos fugidos. Isso aconteceu na antiga Capitania de Pernambuco, nas Minas Gerais do XVIII, no Rio de Janeiro do XIX e em vários outros estados. Cada um desses mocambos tinha sua organização, economia e história própria. Em geral giravam em torno das grandes vilas, pois realizavam trocas com os colonos próximos. Palmares era formado por diversos mocambos (Andalaquituche, Amaro, Curiva, Alto Magno, Tabocas, Subupira, Zumbi, Acotirene, Aqualtune, Una, Macaco, Osenga etc.). Macaco era a capital administrativa e política, onde estava Ganga Zumba e depois Zumbi. Subupira era um centro de treinamento. Outros mocambos eram locais de produção de mantimentos: milho, cana-de- açúcar, mandioca etc.  Alguns eram grandes e fixos, outros eram menores e móveis. A tática principal desses palmaristas era, quando atacados, fugirem para outros mocambos e atacar os luso-brasileiros em momentos oportunos. Para isso, era relevante ter uma rede de espias nas vilas e atalaias (vigias) na serra. Estes deveriam observar qualquer passo dos inimigos luso-brasileiros. Era uma organização complexa e muito articulada, tanto que se estendeu por mais de 120 anos. O contingente principal de pessoas na Serra da Barriga, antiga Pernambuco, eram de africanos da região dos antigos reinos de Angola e Congo. Possuíam seus próprios deuses e crenças, como Zambi, Calunga, o Quibungo etc.

Hoje em  dia parece que estamos em meio a uma "guerra de versões" sobre inúmeros fatos históricos até pouco tempo atrás indiscutíveis como "nazismo é de direita", "a escravidão é culpa dos brancos europeus" etc. Guias que se pretendem "politicamente incorretos" recorrem a argumentos do tipo "ah, mas os próprios negros escravizavam e vendiam pessoas para serem escravizadas pelos brancos", como se isso justificasse alguma coisa. Como combater esse tipo de "fake history"?


MS: Os argumentos que relativizam o que foi a escravidão surgem num momento de politização e de acesso de novos grupos oprimidos à educação superior e algumas esferas de representação política. Mesmo numa escala reduzida, isso é um prenúncio de certa mudança. Os antigos grupos detentores do acesso às melhores universidades e outros postos, sentindo-se ameaçados, começaram a atacar estes primeiros. Muitos dos guias politicamente incorretos servem como luvas perfeitas para os ataques da direita às parcelas marginalizadas em ascensão. Agora, vale dizer, o termo "politicamente correto" surgiu nos EUA por volta da década de 1980, como resposta às demandas de grupos negros e periféricos no ensino superior. Nossa história é muito diferente disso. A luta de negros e negras no Brasil por uma real democracia e direito a uma vida digna vem desde o pós abolição. Aqui, quando usam o termo estrangeiro "politicamente correto" é para destratar e ignorar essa história local. É preciso rever esses fatos e reconhecer nossa própria história.

Qual seu próximo trabalho a ser publicado no Brasil?

MS: Ainda estou em fase de estudo e desenvolvimento de novas ideias. É possível que seja um trabalho mais contemporâneo.

Angola Janga vai ser publicado no exterior também?

MS: Angola Janga tem contrato assinado para publicação na França (Çà et Là), Portugal (Polvo), Polônia (Timof) e EUA (Fantagraphics). A edição francesa sai agora em abril. Cumbe já foi publicado na França, EUA, Portugal, Itália e Áustria, entre 2015 e 2017.

terça-feira, abril 03, 2018

DELÍRIOS EMBEBIDOS EM ÁCIDO,CLIMA DE PESADELO LOVECRAFTIANO

Metal lento, pesadão e psicodélico, Erasy é mais uma boa novidade da cena feirense

Erasy, fotos Diego Santana
Quem acompanha o rock pesado no Brasil sabe que, se tem um subgênero em alta entre a rapaziada hoje é o som lento e pesadão que atende por alguns rótulos: doom metal (o mais antigo e tradicional), sludge ou mesmo stoner.

Inventado há mais de 50 anos pelos pais do heavy metal – Black Sabbath, quem mais? – sua face mais contemporânea já tem um representante à altura na Bahia: a banda feirense Erasy.

(Parênteses para lembrar que a Bahia é pioneira em doom metal desde 1991, com a gloriosa The Cross do vocalista Eduardo Slayer).

O cartão de visitas da Erasy é o EP (com sete faixas) The Valley of Dying Stars, um pesadelo embebido em ácido pleno de levadas sombrias, riffs de profundis e aquele climão de conto de H.P. Lovecraft cobrindo tudo como uma névoa de terror cósmico.

Mais um ponto pra Feira de Santana, que tem aparecido bastante nesta coluna: “A cena feirense, apesar de riquíssima, é pequena, então você acaba conhecendo todo mundo que faz um som ou frequenta os eventos de metal”, conta o vocalista Luciano Penelu.

“Tocávamos em outras bandas, mas, tomando cerveja, descobrimos que havia a vontade de fazer algo mais lento, inspirado por bandas como Saint Vitus, Electric Wizard, Eyehategod, Acid King, Candlemass e outras”, relata.

"Lançamos dois singles em 2014 (Living Hell e Hollow) e, no ano seguinte, começamos a trabalhar no The Valley. Os singles foram gravados no estúdio Evolution, de Jorge Marques, em Feira, e as demais faixas no Caverna do Som, em Salvador, por Irmão Carlos. Mixagem e masterização foram feitas por Jera Cravo, na La Hacienda Creative, Canadá. Não houve produtor. Quer dizer, de certa forma, nós mesmos produzimos todo o material. A versão física do disco saiu no ano passado, através de uma parceria com dois selos: The MetalVox, de Feira, e o Resistência Underground, de Caruaru, Pernambuco", detalha Luciano.

Cinco anos depois, a Erasy  segue firme, com seu primeiro trabalho tendo ótima recepção dentro e fora do Brasil nos canais especializados: “Estamos muito satisfeitos com a recepção do disco. As músicas estão circulando, foram resenhadas por zines e revistas nacionais e internacionais”, conta.

“Tocamos em podcasts gringos e vamos integrar a coletânea Darkness Sets In Vol. 2 (Black Order Productions) ao lado de bandas como Malefactor, Martyrdom, Suffocation of Soul, Insaintification e outras”, acrescenta.

Joílson (baixo), Luciano (voz), Gilmar (bateria) e  Leandro (guitarra)
Maio e julho em Salvador

Em alta, acena sludge no Brasil ganhou um documentário, o Medusalodoom: Rock Chapado Brasileiro (no You Tube), centrada nas bandas da região Sul.

“A cena desta vertente do Metal (Doom, Sludge, Stoner) ainda é limitada, mas há cada vez mais espaço para bandas que, como nós, flertam com um som mais arrastado. Já tocamos em Recife, temos planos para uma pequena turnê pelo Nordeste, e estamos analisando algumas possibilidades para tocar em São Paulo. O disco é recente, e, pela repercussão, acreditamos que ainda precisa ser divulgado por aí”, conta Penelu.

No dia 14 próximo, a Erasy iria tocar em Salvador com a Drearylands, mas o show foi cancelado por conta do susto que Louis, batera desta última, deu em  todo mundo ao passar por um enfarto - calma, meninas, o rapaz está vivo e chutando, se se recuperando na paz do lar (veja mais detalhes aqui).

"Pois é, lamentável. Esperamos muito que este grande baterista (muito importante para o Metal da Bahia) retorne em breve aos palcos. Fizemos um evento com eles em Feira no começo deste mês e foi incrível. Muita gente compareceu, até de cidades distantes, para prestigiar a Drearylands, banda que admiramos há muito tempo. Foi realmente marcante tocar ao lado destes veteranos, e estávamos com uma grande expectativa para o evento em Salvador. Mas, são coisas que acontecem, infelizmente. Acreditamos que em breve surgirá outra oportunidade de realizar este encontro em terras soteropolitanas", conta Luciano.

“Em maio, no dia 12, estaremos em Salvador no Banhoff, com  Iron Bound e outras bandas. Temos outro evento na capital, previsto pra julho, com os nossos conterrâneos da Martyrdom”, conclui.



NUETAS

Skanibais quinta

Skanibais. Quinta-feira, 19 horas. Velho Espanha. Vai.

Pali lança álbum

Tem mais ska na sexta com  Pali lançando seu primeiro álbum. Tás a fim? Nome completo para assessoria@ clubdutimball.com.br.  Commons Studio Bar, 23 horas.

Matinê Rock Games

As bandas Ctrl X, Noturnos no Paraíso e AnderLeds fazem a matinê Rock & Games domingo,  16h. Bahnhof, R$ 20.

Barulho na Oficina

Barulho S/A, Carburados Rock Motor, Eminent Scorn e Death Tales fazem Rock na Oficina. Domingo, 16h, na Oficina Carburados (Ipitanga). Grátis.