terça-feira, agosto 01, 2017

BERIMBAU E VIOLÃO CHEIOS DE BOSSA: DUO B.A.V.I. AGRADA TORCEDORES DE TODOS OS TIMES

Berimbau Aparelhado (Anderson) e Violão Inventável (João) Foto Joana Rizério 
Violão e berimbau cheios de efeitos: Duo B.A.V.I. agrada torcedores de todos os times

Lembram daquele episódio de  um professor do curso de Medicina da Ufba, que disse que o berimbau, “Um dos símbolos da Bahia, não é o tipo de instrumento para pessoas inteligentes”, afinal, “ele tem uma corda só”? Lembram?

Novidade fresquinha da música baiana, o Duo B.A.V.I. subverte as palavras do equivocado professor, utilizando-se do seu próprio áudio  em seu show.

Depois que ouvimos a gravação da asneira toda, o percussionista Anderson Petti mostra toda sua “pouca inteligência”, dando um show com seu Berimbau Aparelhado – o B.A. do duo. O V.I. (Violão Inventável) fica por conta do violonista João Almy, outra fera.

Amigos do curso de música da Ufba (olha ela aí de novo), João e Anderson se juntaram no Duo B.A.V.I. em busca de uma linguagem musical própria.

"Já éramos amigos desde a graduação na EMUS (Escola de Música), Petti cursava percussão e eu violão. Até coincidiu de tocarmos na mesma banda, o Sertanília, só que em épocas diferentes, quando entrei ele já tinha saído das percussões. Mas o impulso de nos juntarmos mesmo veio de conversas informais sobre experimentação, mistura de instrumentos acústicos com sonoridades eletrônicas, enfim, um trabalho que Petti desenvolveu quando estudou na Alemanha e que eu já queria fazer com o violão.  Daí marcamos uns encontros pra fazer som com esses elementos, como um laboratório, trocando ideias, tocando , gravando algumas coisas, sem compromisso. Penso que imprimimos no nosso som muitas influências do que aprendemos na Escola de Música, como o entendimento de não se acomodar com o que já é de determinada linguagem ou idiomático no instrumento. Já no final do meu curso, eu estudava um repertório mais moderno, pesquisava sobre técnicas expandidas (aspectos não explorados pela técnica tradicional do instrumento) no violão de concerto e acabei conhecendo outras referências de técnica expandida no violão popular também. O negócio é que, para o que é feito no Duo B.A.V.I., consideramos influências muito além do que aprendemos na academia, da nossa própria história por exemplo, tanto como músicos, quanto como viventes numa cidade pulsante, potente culturalmente e num Estado igualmente diverso e imenso", relata João.

Resultado? Em poucos shows, uma notável aceitação de público e crítica, com direito a indicações no Prêmio Caymmi e música (Na Cordadeira) tocando na Educadora FM.

“A todo momento somos surpreendidos por uma novidade boa, seja lá um convite pra tocar em um evento legal, a matérias na imprensa. Já foram 14 shows até 21 de Julho deste ano e já temos data até outubro. Estamos digerindo tudo com muito carinho e sempre agradecidos ao apoio permanente das nossas amizades, que sempre dissipam o nosso conteúdo nas redes sociais”, conta Anderson.

“Não é fácil nem simples trabalhar com música independente. Conseguir essa visibilidade foi (e é) trabalho de formiguinha, a cada show, nas redes, no trato com quem trabalha com a gente. Somos apenas dois no palco, mas ao longo dessa trajetória recente formamos um equipe muito competente, que torce pela gente, se empenha e com profissionalismo, sem 'brodagem'. Além disso existe algo que é muito valioso para o músico, produzir algo nosso, com a nossa cara, nosso discurso, nossas viagens, nossas ideias e dialogando com nossa realidade também. Então que boa essa recepção, só é mais impulso para levar o Duo B.A.V.I. adiante”, acrescenta João.

Envolvimento sensorial

Mas qual o segredo da dupla? Como toda música de boa cepa, é quase indefinível, caminhando com muita habilidade na corda bamba entre o experimental e o popular.

“Valorizamos a criatividade, o gosto por tocar e por envolver sensorialmente quem aprecia, a performance, a poesia e a canção. Até costumamos dizer que nossa música é semi-instrumental”, afirma João.

E afinal, o que é um Berimbau Aparelhado? E um Violão Inventável?

"Para a modificação, já começa com o uso de um violão de sete cordas sem a linguagem do choro, sem necessariamente explorar as baixarias e o acompanhamento. E para explorar seu som por completo, uso recursos de percussão sobre regiões do corpo do violão, chiado ao esfregar uma mão sobre as cordas graves, som de caixa com uma corda sobre a outra, tapping em notas e acordes e outras possibilidades sonoras que for descobrindo. O violão tem um captador e no preamp do captador também mexo nas frequências, quando quero fazer outros sons, percutir no violão, etc. Criamos loops e convenções ao vivo, texturas melódicas que vão se sobrepondo, algumas vezes com samplers que pré-produzimos, outras músicas com bases também feitas ao vivo. Além disso usamos efeitos variados, como delay, reverb, oitavadores, enfim, o máximo do que nossos pedais nos possibilitarem", detalha João.

"O berimbau que uso é específico para músico e muito distante do berimbau da capoeira. Tem outra espécie de cabaça, capotraste para sustentar a afinação e tarracha. Um desmembramento de um instrumento de corda como o próprio violão, só que, com uma corda só. O arco de violino, garrafa de vidro ou até o dedo se tornam opções para tirar som do berimbau. A partir daí, é possível modular as frequências tornando o som dele irreconhecível, se assim desejarmos", conta Anderson.

"Sendo que tudo isso é usado com um senso estético, pensado na hora do arranjo, nada sem propósito", acrescenta João.

Nas composições, esses recursos todos são usados em favor de diversos modos de construir uma música.

"Não temos um jeito só de construir nossas músicas, inclusive algumas são muito menos pensadas do que outras. Desde o surgimento do Duo B.A.V.I. até agora, o modo como lidamos com a aparelhagem ligada aos instrumentos amadureceu de um jeito que já conseguimos visualizar o que é possível fazer ou  o que pode dar microfonia, por exemplo", afirma João.

"A primeira música que fizemos chama-se, Na Cordadeira, é um pagode groove arrastado que foi nascendo em etapas, à medida que íamos dominando os nossos aparelhos modificávamos a música adicionando elementos melódicos, rítmicos e onomatopeias ao invés do canto comum”, completa Anderson.

Em setembro, o Duo será a única representação baiana no Festival Música Mundo, em Belo Horizonte.

"Temos a nossa primeira viagem programada pra Belo Horizonte, em 5 de Setembro tocaremos em uma feira internacional de negócios na música. O Festival Música Mundo selecionou 20 projetos, dentre 260 inscritos nacionais e 58 internacionais. Somos os únicos da Bahia fazendo parte do showcase", conclui João.

Se liga neles.

www.facebook.com/duobavi/



NUETAS

QVoS niver com Ivan

A maravilhosa Ivan Motosserra abre hoje o mês de aniversário (três anos!) do Quanto Vale o Show?, com convidados supimpas. Cola lá no Dubliner’s, 19 horas, pagando o quanto puder.

Marconi lança clipe

O bardo urbano Marconi Lins faz show para lançar clipe da música Moscou / Amsterdam. Sexta-feira, 22 horas,  Lebowski Pub, R$ 10.

Via Sacra e Pastel

Via Sacra e Pastel de Miolos quebram tudo no Buk Porão. Sábado, 20, horas, R$ 10.

Baia no domingão

Baia volta à Salvador para mais uma session voz e violão na Varanda do Sesi – desta vez, lançando o álbum Alter–Nativo, de faixas raras ou não lançadas. Domingo, 17 horas, R$ 40 reais ou R$  30 (via email baianavaranda@gmail.com).

7 comentários:

Rodrigo Sputter disse...

Chico...vc escreveu sobre o Sam e a Jeanne hj pro A Tarde?
Passei pela banca hj com minha mãe e vi os dois finados na capa...até comentei com ela que falamos neles ontem aqui...coincidência ou tem sua pena assinada aí?
Se tiver coloca aqui...é matéria grande??

Franchico disse...

Escrevi não, Sputter. Foi material de agência de notícias.

Rodrigo Sputter disse...

Mas vc que "indicou" os defuntos para sair esse material ou foi coincidência?

Franchico disse...

Nunca gostei muito desse negócio dessas empresas gigantes de streaming, como o Spotify. Agora sei exatamente o porque:

https://blogdobarcinski.blogosfera.uol.com.br/2017/08/02/artistas-falsos-sucessos-inventados-o-mundo-misterioso-do-spotify/

Aí, Sputter, esse negócio de fazer show em inferninho já era. O negócio é ser "artista falso". Esse mundo já acabou e ninguém notou mesmo, viu!

Franchico disse...

Não preciso indicar, Sputter, são notícias grandes, de relevância, então elas se impõem por si mesmas. Basta ter um editor minimamente culto / inteligente para perceber isso (o que já é bem difícil, hoje em dia).

Franchico disse...

A fantástica revista Poeira Zine está em promoção no site oficial. Do número 21 em diante (até o 65, quando foi cancelada), sai por R$ 7 - o preço de capa é o dobro disso.

http://www.poeirazine.com.br/loja/

Quem tiver uns trocados a mais pode adquirir o livro LSD - Lindo Sonho Delirante, sobre a discografia psicodélica brasileira produzida entre os anos 1960 e 70, lançado no início deste ano e biblioteca básica desde já.

Jornalismo investigativo musical de altíssimo nível.

rodrigo sputter disse...

Curioso Chico né?? falamos aqui e rolou na capa...nunca vi o A Tarde falar no Sam...posso tá errado...vc leu os comentários dessa matéria do spotify Chico, "interessante"...tou cagando pra essas porras...nuncam e deu $$...o youtube disse q não tenho como provar que as músicas são minhas...e a única q podia rolar $$$ dizia que tava na mão da spat records, de um gringo dos eua, q era broder e perdi contato...queria lançar honkers...mas nunca lançou...curioso, mas pedi os direitos, falando que não tem nenhum contrato e nem mais contrato com o cara que sumiu...mas q esse mundo acabou...isso eu já sei há tempos...nós sabemos...felizmente ou infelizmente...

fiquei curioso por essa regravação, nem sou fã da banda q regravou, mas esse disco marcou o começo de minha adolescência...