Nervochaos, death metal de SP. Foto: Divulgação |
Mas nenhum é tão independente quanto o Bigbands, que chega a sua oitava edição.
Idealizado e realizado pelo icônico produtor local Rogério Big Bross Brito e seus muitos parceiros, o Bigbands não conta com absolutamente nenhum apoio governamental ou privado.
“Apenas parceiros sinceros”, ri o produtor.
Este ano, Big recorreu a dois recursos clássicos para driblar a falta de dinheiro: criatividade e união.
Atento a nova safra de produtores da cena underground, Big se aliou a eles, convidando-os para trazerem seus próprios eventos para dentro do festival.
Ronco, blues rock contemporâneo na foto de Davi Caramelo |
A estratégia deu certo – e ainda atraiu produtores de outras cidades, interessados em se aliar à marca Bigbands. Resultado: o festival acontece também em Feira de Santana e Alagoinhas.
Com isso, o festival conseguiu mobilizar um total de 17 bandas em três espaços de shows.
Entre as bandas, há uma pernambucana (Kalouv), uma paraibana (Hazamat), duas paulistas (Nervochaos e MX) e até uma sul-africana (Boargazm), além das locais.
“Este ano, o festival foi 70 % feito pelos colaboradores. Eu só fui o agregador. Aglutinei, juntei a galera”, afirma.
Hazamat, da Paraíba. Foto divulgação |
No dia 11, do Boargazm, Nervochaos etc, haverá a abertura da exposição do artista pernambucano Guga Burkhardt, "especializado em rock 'n' roll.
"Ele desenha capas de metal e tem um fanzine clássico e roda o Brasil com essa expo, que abre dia 11 e fica em cartaz no Dubliner's até o dia 17, quando rola um show com Drearylands e Malefactor. Abre em show de metal encerra em show de metal", detalha Big.
O "aporcalipse" do Boargazm
Heine e uma performer convidada |
Meio banda conceitual, meio projeto multimídia, a Boargazm conta uma história bem louca de invasão alienígena à Terra por meio de seus discos (nos quais pratica um metal pesadão e groovado) e de uma revista em quadrinhos. Há planos para vídeos em curta-metragem.
“Por enquanto, somos mais uma banda do que um projeto multimídia”, conta por email o vocalista e guitarrista Heine van der Walt.
“No momento, trabalhamos em mais duas HQs e um álbum (o terceiro), mas estamos procurando expandir para outros campos, como videogames e curtas live action e de animação. Espero que um dia possamos dizer que somos banda e projeto multi em igual proporção”, acrescenta.
"A banda toda é uma profecia daquilo que é conhecido como 'O Aporcalipse'. No futuro, um bando rebelde de 'encantadores de porcos' são escravizados pela raça alienígena das pessoas porco. Esses rebeldes escapam e dão um jeito de voltar no tempo para avisar a raça humana da invasão iminente. Como eles conseguem, quem eles são – é parte do show. Há metáforas, claro, mas não é intencional. É uma ficção mesmo", detalha Heine.
Apesar de ser a primeira vez da banda no Brasil, não é a primeira visita deles na América do Sul. Há alguns anos, eles se apresentaram em algumas cidades do Equador.
"Conhecemos o pessoal da banda brasileira de death metal Nervochaos quando fizemos alguns shows com eles no leste europeu e na Rússia. Grande banda, galera muito gente fina. Nós os convidamos para tocar conosco na África do Sul pouco tempo depois e foi uma das melhores turnês que já fizemos no país. Agora eles nos convidaram para viajar pelo Brasil e nós não poderíamos estar mais animados para subir no palco com eles e conhecer esta parte do mundo. Esperamos voltar ao Equador novamente ano que vem, além de tocar em outros países da América do Sul", conta.
Representante da desconhecida por aqui cena metálica sul-africana, Heine também conta que as coisas anda bem agitadas por lá hoje em dia.
"(A cena) Está bem vibrante e viva hoje. 25 anos atrás não havia tantas bandas de metal. Hoje há centenas, de todos os estilos que você imaginar e múltiplos shows em diferentes locais e cidades, todos os fins de semana. Agora recebemos muito mais bandas internacionais e nossas próprias bandas estão fazendo barulho por aí, como Vulvodynia, Wildernessking, Zombies Ate My Girlfriend (primeiro lugar no Wacken Metal Battle) e muitas outras. A brodagem também é bem forte quase sempre. É uma ótima comunidade, que encontrou seu lugar ao sol", detalha.
Com dois bons álbuns lançados (The Baconing, de 2014 e The Aporkalypse, de 2011), a Boargazm fez seu nome na cena sul-africana, com um som bem influenciado pelo Sepultura e bandas nu-metal.
“Sim, nós crescemos ouvindo Sepultura. Mas também curtimos elementos nu-metal e thrash, além de rock progressivo e música muito doida (‘out there’, no original). Mas acima de tudo, amamos tudo com um groove da pesada. Tudo isso, aliado ao nosso amor por ficção científica e fantasia, cultura popular, contracultura, videogames e lances pós-apocalípticos”, conclui Heine.
Festival Bigbands / Dias 2 (Salvador e Feira de Santana), 3, 4 (Alagoinhas) e 11 / Dubliner’s Irish Pub, Let's Go Pub (Alagoinhas) e Offsina Music Lounge (Feira) / www.bigbands.com.br