quinta-feira, janeiro 28, 2016

MÚLTIPLO THIAGO

Na quinta-feira Hoje, o ex-baterista do Cascadura faz jams com grandes músicos na festa de um ano do Bahia Experimental

Thiagão e a Baía de Todos os Santos. Foto sem crédito, do Facebook da BE
 É um papo das antigas: todo fim implica em um novo começo. Está lá, na representação ancestral da serpente mordendo o próprio rabo (ouroboros). Para o baterista Thiago Trad não é diferente.

Membro mais duradouro da Cascadura (exceto o próprio fundador, Fábio Cascadura), extinta no mês passado, Thiago passou os últimos 16 anos se dedicando à banda em múltiplas formações, nas quais as únicas constantes eram o vocalista e ele.

Agora que a banda acabou,  ele mesmo se surpreende ao notar que não está tendo muito tempo para lamentar o fim: “Ainda não parei para sentir essa ausência”, confessa.

Com atividades diversas previstas até o fim do ano, Thiago agora vai se dedicar em tempo integral aos projetos que, na verdade, já vinha tocando em paralelo à antiga banda.

O principal talvez seja o que ele (re)apresenta ao público nesta quinta-feira hoje, Bahia Experimental, em um show viabilizado através do edital Arte Todo Dia, da Prefeitura de Salvador, via Fundação Gregório de Mattos.

Acompanhado de cinco percussionistas de diferentes perfis e uma banda com  Ian Cardoso (guitarra), Cadinho Almeida (baixo) e Pedro Degaut (trombone), Thiago quer explorar os limites do pensamento percussivo, uma pesquisa em que vem se aprofundando desde que se formou em Percussão Sinfônica na Escola de Música da Universidade Federal da Bahia.

“(O show) Não tem assim um repertório, são mais temas que conduzem a sessão toda. É uma sucessão de improvisos mesmo, de troca. Cada músico traz seu universo, por isso, os escolhi pela pesquisa de cada um”, conta.

“Japa System é da eletrônica, toca na Baiana System. Gabi Guedes, da Orkestra Rumpilezz, é um mestre, o Hendrix do atabaque”, diz.

“Mário Pam, do Ilê Aiyê, é outro pesquisador incrível, traz essa linguagem dos blocos afro. Gil Santiago, da Osba, é extremamente versátil e vai tocar vibrafone. E Jorge Dubman, baterista do IFÁ Afrobeat, é um criador de ritmos, um pensador do afrobeat”, descreve Thiago.

Vamos fazer um som?

Perc masters: Mário, Gil, Gabi, Thiago, Jorge e Japa. Ft: Nathália Miranda
Junta, essa turma toda vai comemorar o primeiro ano de existência do projeto Bahia Experimental, um conceito pensado por Thiago que se caracteriza pela versatilidade com que se adequa à diferentes situações.

“Depois que me formei, muitas possibilidades musicais se abriram. Aí passei três meses em Nova York, onde vi muita coisa na cena underground, de jazz, rock e música contemporânea. Isso foi me provocando a fazer um projeto com liberdade de explorar outros instrumentos que venho pesquisando”, conta.

“Aí criei esse projeto, o Bahia Experimental, que seria a Bahia em que eu vivo, os lugares em que eu vou. Sou muito de rua, vou muito em shows de samba, jazz, hip hop. Quero ver tudo que tá acontecendo. Apesar dos estereótipos, a Bahia é muito ampla e diversa”, afirma.

Após o show de estreia em janeiro de 2015, Thiago levou seu projeto para outras cidades, passando por São Paulo, Porto Alegre, Montevidéu e Buenos Aires. “Viajei sozinho e, onde chegava, ia arregimentando músicos. É um projeto que posso levar para todo canto. O mais interessante é essa liberdade de fazer improvisos em qualquer lugar, sem mobilizar grandes estruturas”, percebe.

Bailinho, oficina, solo...

Além do BE, Thiago ainda tem muito com que se ocupar neste ano (e nos próximos). Outro projeto muito querido do público, a banda Bailinho de Quinta, se apresenta domingo, no Clube Espanhol.

“E no Carnaval vamos tocar no Pelô, com Marcela Bellas e o paraense Filipe Cordeiro”, diz.

Pós-Carnaval, ele engata uma série de quatro workshops do Bahia Experimental: dois em Salvador, um em Santo Amaro e outro em Juazeiro.

“É através de um edital da SecultBA em que fui contemplado. Sempre convidados e apresentações para  mostrar ao público o resultado das oficinas. Vamos abrir as inscrições em fevereiro”.

Já no segundo semestre Thiago pretende lançar seu primeiro álbum solo, um disco instrumental.

“Já gravei piano, percussão e bateria. Venho compondo há um bom tempo. Gravei uma parte com Stefano Cortese, um maestro italiano que vive no Vale do Capão, e em Salvador, com Tadeu Mascarenhas”, conta.

Como se não bastasse, Thiago ainda contempla a possibilidade de acompanhar o guitarrista Martin Mendonça (Pitty, ex-Cascadura fase Vivendo...) em uma turnê pelo Nordeste.

“A gente fez esse show em dezembro no Dubliner’s, com Cadinho no baixo e foi muito legal. Estamos vendo a questão das datas, mas tudo indica que vai rolar. É muita coisa em 2016”, vê.

Deus conserve.

Bahia Experimental - Sessão Tambores / quinta-feira, HOJE, 19 horas / Teatro Gregório de Mattos (Praça Castro Alves) / R$ 20 e R$ 10

https://www.facebook.com/Bahia-Experimental-777406189000956/

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