quinta-feira, julho 16, 2015

PONTO FINAL: CASCADURA ANUNCIA FIM DA BANDA PARA NOVEMBRO

Em nota divulgada no Facebook, banda fundada por Fábio Cascadura alega dificuldade de conciliação entre compromissos profissionais e pessoais. Shows já acertados até novembro serão cumpridos

Cadinho, Thiago, Fábio e Di Txai. Foto Givas Santiago
A notícia foi publicada ontem no Facebook e gerou tristeza entre os fãs: a Cascadura, uma das principais bandas baianas, anunciou que estará encerrando suas atividades até o mês de novembro, quando cumprirá seus últimos shows.

“Nós do Cascadura desejamos comunicar à todos que acompanham nossa carreira (...) que, no segundo semestre deste ano de 2015, encerraremos as atividades da banda”, diz o anúncio.

Em seguida, vem a justificativa: “Tomamos essa decisão levando em consideração a circunstância de já não ser mais possível conciliar os muitos projetos profissionais e pessoais que temos, com as demandas de uma banda como o Cascadura”.

Procurado pela reportagem por telefone, o líder e fundador Fábio Cascadura Magalhães reforçou a posição: “Viemos conversando algum tempo sobre isso, então foi um processo natural. Já há algum tempo não conseguimos mais conciliar nosso projetos pessoais com a banda”.

"Inclusive, a gente faz pouco show e pouca turnê por que gostamos de fazer tudo com planejamento e cuidado. Isso acontecia quando tínhamos muito tempo livre e pouca atividade profissional fora da banda. Hoje, pra fazer uma simples reunião é uma ginástica. Não falta disposição (para shows e turnês), mas é tão difícil conciliar as demandas de cada um. Pô, se é difícil se juntar para uma reunião, imagina gravação de disco, turnê, shows? Então discutimos bem, fomos amadurecendo (a decisão de acabar), até voltamos atrás e depois repensamos. Chegamos a conclusão na boa, todo mundo entendeu. Uns entendem com tranquilidade, outros nem tanto, mas todos concordamos em terminar agora. Tudo foi discutido entre a gente, o que já tínhamos marcado, alguns shows, e aí,  cancela ou faz? Mas dá para fazer de boa, sem inventar histórias, de foma honesta. Poderíamos levar a formação atá o fim do semestre e só depois anunciar, mas decidimos vamos falar logo e ser honesto para não rolar telefone sem fio", relata.

Fábio é hoje professor de História em duas escolas (uma particular e uma pública, estadual). “E também desenvolvo uma pesquisa sob orientação acadêmica. Estou terminando meu trabalho de iniciação científica”, conta.



Processo de dispersão

Cândido, Toni, Pochat, Jean e Fábio nos gloriosos 90's
Formada hoje em dia por Fábio, Thiago Trad (bateria), Du Txai (guitarra) e Ricardo Cadinho (baixo) a Cascadura surgiu no cenário em 1992, ajudando a compor uma geração brilhante do rock baiano, na qual se destacaram bandas como  Úteros em Fúria, The Dead Billies e brincando de deus, além da Dois Sapos & Meio e Inkoma, as quais revelaram Peu Souza e Pitty.

Lançaram cinco álbuns, todos muito queridos pelos fãs da banda e do rock baiano em si: Dr. Cascadura #1 (1997), Entre! (1999), Vivendo em Grande Estilo (2004), Bogary (2006) e Aleluia (2012).

No próximo dia 31, a banda cumprirá no Portela Café a primeira data dos shows de despedida, executando todo o repertório do primeiro álbum, comemorando os 20 anos de sua gravação, realizada em 1995, nos Estúdios WR.

“A ideia desse show do dia 31 é resgatar o Cascadura das Antigas,  um projeto que fazemos anualmente com ex- membros convidados, para tocar o repertório dos dois primeiros discos”, conta Fábio.

“Então temos algumas ideias de reeditar esses eventos nesse ‘processo de dispersão’ da banda. Deve rolar show acústico e homenagens as ex- membros. Ainda estamos definindo”, diz.

Depois do “processo de dispersão”, Fábio, Thiago, Du e Cadinho seguirão seus próprios caminhos, musicais ou não.

"A vida musical segue. Thiago tem vários projetos: Bailinho de Quinta, Bahia Experimental e aulas em comunidades carentes. Outro dia ele fez uma tour de quase dois meses pelo Brasil, Argentina e Uruguai com o Bahia Experimental. Nessa mesma época pintou convite para um show (do Casca) em São Paulo, daí veio outro. Esperamos Thiago terminar a turnê para irmos a SP. Fomos e daí rolaram ainda mais convites. Só que quando marcaram a data, chocou com minha agenda acadêmica. Protelamos para outubro. Essas coisas do cotidiano mostram para gente que ou vamos levando de qualquer jeito ou tomamos uma atitude mais séria, com um encerramento transparente, claro", conta.

“Carreira solo eu ainda não pensei. Vou deixar rolar. No momento eu me vejo mais dedicado a carreira acadêmica, que está sendo muito gratificante. A prioridade agora é dar um desfecho bacana para a banda”, conclui Fábio. 

Show: Cascadura das Antigas / Com Cascadura e convidados / 31 de Julho, 22 horas / Portela Café / R$ 20 (antecipado, no www.sympla.com.br)  R$25 (lista amiga) ou R$ 30 (na porta)

6 comentários:

Franchico disse...

Fábio que me deu o toque: tem um rapaz no G1, Gabriel Gonçalves, que fez uma série de reportagens sobre o rock baiano, década por década.

Esse link é sobre os anos 90. Os links das outras partes estão disponíveis na reportagem.

http://g1.globo.com/bahia/musica/noticia/2015/07/anos-90-trazem-festivais-lancamentos-de-discos-e-diversidade-cena-baiana.html

É mais ou menos como Zezão castro fez uma vez no periódico da Tankred Snows Avenue, em uma série de páginas duplas históricas.

Ótimo, quanto mais gente pra contar essas histórias, melhor.

Franchico disse...

Aaaaaaaaaaaaaaaaaahhhhhhhhhhhhhh! Meus olhos! AAAAAAAAAAAAAAAHHHHHHHHHHHH!!!!!!!!

http://extra.globo.com/famosos/caetano-veloso-posa-de-cueca-meia-em-foto-ao-lado-de-carla-perez-xanddy-16781364.html

PRECISO... ARRANCAR... MEUS OLHOS!!.........

AAAAAAAAAAAAAAAAAAHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHH!!!!!!!!!!!!

oH, senhor! Por que? Por que? Por queeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeee?????????????

Ernesto Ribeiro disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Franchico disse...

Menos, Ernest.

O cara segurou a onda da banda por 23 anos.

23 anos - uma eternidade em se tratando de rock baiano.

Lançou cinco álbuns - quatro deles excelentes (na minha humilde opinião).

Acho que durou até demais.

Banda de rock de homens adultos e feitos (leia-se depois dos 40) só justifica sua existência por décadas a fio se dá dinheiro o bastante para sustentar a todos os envolvidos.

Se não o faz, só vale como hobby nas horas vagas ou obsessão tipo "o médico mandou não contrariar".

Fábio, por mais que tenha lá seus defeitos (e quem não os tem?), é dono de talento inquestionável e prestou serviços inestimáveis ao rock baiano e brasileiro.

Aplaudo sua atitude digna de encerrar uma carreira brilhante ainda com moral e querido pelos fãs, sem inventar histórias, como ele mesmo disse.

Ernesto Ribeiro disse...

.

SIM, concordo, sabemos de tudo isso.

Eu me refiro á situação ATUAL. Só isso.

No mais, o cara está de parabéns pela perseverança.

Ernesto Ribeiro disse...

.


Uma era se encerra junto com uma banda respeitável, companheiros rockers.


A Cascadura foi mesmo uma iniciativa séria: madura musicalmente e sólida profissionalmente. Um belo contraste, em comparação com a maioria de seus contemporâneos. Pouquíssimos grupos conseguiram de fato construir uma carreira tão duradoura e consistente. Aplausos á perseverança de Fábio. Parabéns por seus 23 anos de resistência. E façamos um silêncio respeitoso pela honestidade dele em reconhecer quando é hora de parar, e principalmente o porquê.


Acompanhei a trajetória da banda desde o início em 1992, graças á proximidade de meus vizinhos, os geniais 3 irmãos Soto Martinez: Sergio, Márcio e Cândido, o guitarrista fundador e compositor de várias das principais canções da banda, como "Sherazade" e "Taxi Driver".


23 anos passaram aos trancos e barrancos. Olhando pra trás, foi uma história heroica --- se não pela banda em si, mas pelos percalços e desafios individuais de alguns de seus integrantes, como Candido e The Flash.


Além das relações com fãs notórios, como nosso bravo jornalista Claudio Moreira, devidamente lembrado na lista de agradecimentos da banda desde o primeiro CD da Cascadura. Disco este resenhado e elogiado pela revista ShowBizz.


Então cai o pano. Desejo sucesso aos futuros projetos de cada um de seus ex-integrantes.


A Cascadura fez uma bela História. E pesando todos os prós e os contras, o balanço final é bem positivo. Aí está uma banda de rock baiano da qual podemos nos orgulhar.