segunda-feira, junho 23, 2014

TODOS OS SKANKS

Seis anos depois de seu último álbum de inéditas, o quarteto mineiro Skank volta com Velocia, disco que unifica os diferentes momentos da carreira 

Henrique, Lelo, Samuel e Haroldo: Skank 2014. Foto: Weber Pádua
Fato: o Skank é uma espécie de “último dos moicanos”. Entre as bandas de sua geração, o quarteto mineiro é a única que conseguiu sobreviver fazendo sucesso no mainstream com dignidade.

Em Velocia, felizmente, essa constatação se reafirma.

“A gente escolheu desde sempre transitar nesse mundo a fim de ter músicas conhecidas”, confirma o baterista Haroldo Ferretti.

“Então, a gente tenta buscar essa dignidade. Se não fosse dessa forma, talvez não conseguíssemos fazer”, acrescenta.

"Temos essa visão e essa preocupação. Chega num momento que vemos quais faixas tem mais cara de tocar no rádio, e aí começamos e investir mais trabalho e transpiração nelas. Mas também prestamos atenção nas que são experiências diferentes para arranjar. Enfim, algumas faixas podem ser menos comprometidas com o formato clássico. E outras, um pouco mais", detalha Haroldo.

Primeiro álbum de estúdio de Samuel Rosa & Cia desde Estandarte (2008), Velocia também parece anunciar um momento de transição para o Skank ao juntar, em um mesmo trabalho, a pegada reggae dancehall dos primeiros discos e a fase mais melódica, iniciada em Maquinarama (2000).

Em suma: nos anos 1990, o Skank surgiu reggae, deu uma guinada para o rock melódico na década  passada e, agora, parece querer buscar uma nova abordagem para atravessar mais uma década.

“Acho que é um álbum que ficou com uma cara de ter aquela unificação de momentos diferentes de nossa banda. Ela Me Deixou (o primeiro single) é um ska, estilo de música jamaicana que no inicio de nossa carreira era mais forte”, lembra.

“Mas sem deixar de lado canções ao violão, como Esquecimento, que remete a outra fase do Skank, mais recente. No fim das contas, é a mesma banda. Não é uma surpresa tão grande”, descreve Haroldo.

O engraçado é que, para pessoas mais jovens, que começaram a ouvir a banda dos anos 2000 para cá, a retomada reggae soa... nova.

“A minha filha adolescente disse que (esse disco) tava diferente do que gente já tinha lançado”, ri. “Não é diferente. É como no início”, diz.

Nascido em estúdio

Talvez pelo próprio fato de ser um  álbum de  busca por novos caminhos, Velocia foi todo criado em estúdio.

“Nesse intervalo de tanto tampo sem CD de inéditas, a gente não tinha tido uma necessidade, uma vontade lançar álbum novo. Coisa da inspiração, sabe? Tem que respeitar esse momento. Poderíamos lançar um CD novo de ano em ano, mas a chance de sair meia boca é muito maior. Acho que o disco tem um resultado muito bom naquilo que nos propusemos a fazer dez meses atrás, sem nenhum material pronto ou determinação de caminhos a seguir”, aposta Haroldo.

“Fomos para o estúdio e começamos a  tocar, fazer experiências, criar riffs. E assim o Velocia foi se criando. né? Bem despretensioso. Em outros momentos da nossa carreira, dissemos 'temos que mudar esse formato nosso', porque ninguém tinha mais vontade de continuar fazendo a mesma coisa. Nesse agora, não houve isso, só muita tranquilidade e despretensão”, conta.

Orientados pelo produtor Dudu Marote, o Midas que transformou álbuns como Calango (1994) e O Samba Poconé (1996) em múltiplos discos de platina, Samuel, Haroldo, Henrique Portugal (teclados) e  Lelo Zaneti (baixo) chegaram às onze faixas do disco.

Mais da metade – seis faixas – são parcerias  com Nando Reis, que foi ao estúdio e gravou vozes em três delas: Alexia, Périplo e Galápagos.

Há ainda parceria com Lucas Silveira (Fresno) em Do Mesmo Jeito, BNegão em Multidão, Emicida em Rio Beautiful e Tudo Isso e a cantora Lia Paris em Aniversário.

Alexia, craque barceloneta

Alexia Putellas, goleadora do Barcelona e nova musa do Skank
Digerido o álbum, fica difícil entender a razão de Ela Me Deixou, uma balada genérica em ritmo de ska, ter sido escolhida como primeira música de trabalho.

Alexia, a faixa de abertura, homenagem à craque Alexia Putellas, do time feminino do Barcelona, é um hit pronto, pra cima – e ainda fala de futebol, em plena época de Copa.

Assim, fica mantida a tradição do Skank de canções sobre futebol. O curioso é que, entre os quatro membros da banda, Haroldo é justamente o que menos se interessa pelo esporte.

"Eu sou o menos fã de futebol na banda. É um assunto que tá nosso dia a dia todo dia, não tem uma van em que eu entre com a banda que alguém não fale do jogo de ontem ou do de amanhã. A relação do Skank com futebol não é em função de copa ou de um jogo. É constante. A gente fazer música de futebol não tem nada de inusitado, né?", constata.

"Mas a música da Alexia surgiu de um vídeo, um gol dela que deixou todo mundo de cara. Você busca Alexia no You Tube e esse gol é o primeiro vídeo que aparece. Samuel mostrou pra gente e depois pro Nando, 'vamos fazer uma música pra essa menina, que além de linda, joga um bolão'. Nando escreveu a letra, que fala sobre o tema do futebol. Mas sem a pretensão de ser mais um hino pra Copa. Já temos um hino, É Uma Partida de Futebol, que é atemporal, a gente nunca pensou em substitui-la", relata Haroldo.

“Aí depois Samuel e Henrique mostraram a música pra ela, lá em Barcelona. Ela escutou, curtindo no fone. ‘E aí,  é legal?’, Samuel perguntou. ‘Sim, é um samba, não é’! Bom demais né, cara? O gringo é muito bom”, ri Haroldo.

Há quem diga que o Skank fez parte da última grande geração do rock brasileiro, a dos anos 1990, a última antes de uma fase de decadência que começou nos anos 2000 e se arrasta até hoje. "Saber extamente o por que é difícil de saber. É um segmento que se enfraqueceu muito em termos de gosto popular, de tocar em rádio, infelizmente. Mas isso é cíclico no Brasil, sempre foi. Quando surgimos, o que tocava em rádio era sertanejo, aí nossa geração transformou o rock em moda. Depois disso, na década seguinte, já houve um enfraquecimento e isso vem piorando. Muito difícil saber o por que. Há algumas opiniões, tem um pouco o lance de as bandas novas gastarem pouco tempo para desenvolver e pensar em um trabalho legal pela urgência de fazer clipe no you tube, uma ação para ter views e 'fãs' na rede. Deveriam gastar mais tempo pensando em desenvolver um trabalho legal, por que o resto é consequência. A consequência de um bom trabalho é um bom resultado. Obviamente, isso é uma especulação, não tenho dados científicos para confirmar", arrisca.

"Mas a indústria foi mudando muito. Não se vende mais tanto. Aquelas bandas que estão em gravadoras tem menos verba para divulgação. E, ao mesmo tempo, as que não tem gravadora, estão num circuito muito forte de música independente, hoje tem alguns festivais de banda indie com bandas consagradas, com espirito de indie. Acho que a tendência é melhorar esse mercado para as novas bandas. Pra gente é ruim olhar para o lado e nao ver nenhum 'coleguinha'. Estamos quase sozinhos nesse mundo, isso é ruim pra gente também. Mas a sensação é que as coisas estão mudando. Talvez mais lentamente do que gostaríamos, mas estão mudando. Tenho certeza que tem muita banda legal de pop  rock jovem que não toca em rádio e não consegue se lançar. Elas precisam aparecer. Isso talvez esteja ligado a um movimento. A gente não teve assim um movimento. Skank, Cidade Negra, Nação Zumbi, Raimundos, cada um estava num canto do país e sequer tinham o mesmo estilo. Mas virou moda, conseguiram existir e fazer discos. Temos que acreditar que aconteça de novo, agora em outro formato", conclui Haroldo.

Velocia / Skank / Sony Music / Produzido por Dudu Marote e Renato Cipriani / R$ 20, em média /  www.skank.com.br / www.sonymusic.com.br


7 comentários:

Franchico disse...

Como tem imbecil nesse mundo, meu deus.

https://br.esporteinterativo.yahoo.com/noticias/nazista-invade-campo-entre-gana-e-alemanha-154352267.html

Só lamento o Muntari não ter metido uma joelhada no nariz desse retardado.

NAZIS GO HOME, MUTHAFUCKAS!

Ernesto Ribeiro disse...

ABAIXO o "Arraiá" no São João ___ é para se envergonhar



Em algum momento da vida, qualquer cidadão brasileiro com miolos no cérebro deve ter se perguntado:



"PORQUÊ sempre nessa época do ano eu deveria falar e me vestir como um caipira pobre esfarrapado, ignorante, analfabeto e desdentado? Qual o sentido em me cobrir com roupas em farrapos com remendos, chapéu de palha que parece um ninho de passarinhos, calçar sandálias de tabaréu, sujar meu rosto com um falso bigode tosco ou pintinhas nas bochechas e passar hidrocor preto nos dentes para parecer um banguela que nunca se escovou na vida? Enfim: Porquê diabos todos os brasileiros educados e instruídos nas grandes cidades são empurrados a parecer algo que teriam NOJO de ser?"



A resposta talvez seja:


"Porque essas são as suas RAÍZES. Os brasileiros vieram do interior. Principalmente os nordestinos. Você devia se orgulhar de suas origens."



Em primeiro lugar, quem tem raiz é árvore. Sou um ser humano, não um vegetal. Em segundo, sou EU que determino quem devo ser. Não uma tradição ridícula que tenta nos rebaixar a todos desde crianças a parecer ridículos.



Terceiro: depois de tantos esforços de séculos para deixar o atraso e conquistar o progresso, ninguém deve ser obrigado a simular um retorno a um passado embaraçoso ou um presente vergonhoso, considerando os baixíssimos Índices de Desenvolvimento Humano das populações da região Nordeste do Brasil, principalmente os mais pobres grotões do sertão.



Quarto e mais importante: a questão em jogo aqui não são as nossas "origens" mas sim para onde avançamos. Se a sociedade brasileira se originou em condições tão toscas, não há razão para permanecer assim, nem mesmo celebrar isso com orgulho. Pelo contrário: as baixíssimas condições de vida da maioria dos trabalhadores brasileiros no interior e mesmo dos retirantes nordestinos nos grandes aglomerados urbanos são algo para todos nós sentirmos VERGONHA.



E por último: por uma questão de lógica, deveriam ser os caipiras que teriam o dever de abandonar esse padrão de vida tão vexatório e motivo de piadas. São eles que devem progredir para falar português corretamente, melhorar suas condições de vida e se instruir para não serem mais tão atrasados, pobres e explorados por políticos aproveitadores, autoritários e corruptos que se perpetuam no poder com a compra de votos e a ignorância do povo alienado, e que enriquecem com o desvio de verbas, a exploração de trabalho escravo ou semi-escravo e a abominável Indústria da Seca.



ESSA é que deveria ser a nova tendência nacional na época de São João e no resto do ano também. Mas em vez disso, enquanto continuar seguindo em sentido contrário á lógica do desenvolvimento, os brasileiros continuarão baixando a cabeça para a tradição do atraso; e até mesmo gerando a falsa impressão de que "o autêntico brasileiro" é o tipo espalhafatoso do capiau vestido em andrajos, como se o subdesenvolvimento fosse a nossa sina e nosso "verdadeiro" caráter.



É por repudiar essa farsa grotesca embutida na caracterização artificial das pessoas nas festas juninas que eu me recuso a participar das festas de "Arraiá" dessa maneira. Chega de colaborar com esse horror estético. Seja você mesmo.

Bruno Carvalho disse...

Não entendi: nós bhrasileiros deveriamos ter nojo de sermos caipira pobre esfarrapado, ignorante, analfabeto e desdentado? é nisso que você acredita Ernesto?

Ernesto Ribeiro disse...

É, Bruno. esfarrapado e desdentado. Com a boca fedendo de podre. Porquê, você gostaria de dar um amasso e beijar na boca alguém assim?

Ernesto Ribeiro disse...

OK, Bruno. Agora, falando sério:


O que conta aqui não aquilo em que eu acredito, mas sim o que eu NÃO acredito: numa IMPOSIÇÃO de uma falsa cultura artificial e postiça (literalmente postiça como os falsos bigodes e barbichas ou pontos pretos nas bochechas e tinta nos dentes para simular a cárie) sobre crianças pequenas que não fazem idéia do papel ridículo a que estão sendo expostas por seus próprios pais, que nunca questionam o porquê desse ritual e apenas repetem o que seus antepassados pareceram lhe ensinar: a ser uniformemente ridículos, vulgares e grotescos.



Tradição folclórica todo povo tem. Os austríacos têm o Carnaval de Viena. Os alemães têm a Oktoberfest. Mas enquanto esses povos normalmente se produzem com beleza, os brasileiros são o único povo no mundo que cultua a feiúra. É a estética do "quanto mais horroroso e bizarro, melhor." E isso em qualquer época do ano.



Beleza e feiúra são coisas até subjetivas, mas eu me atenho ao conceito da beleza estabelecido pelos antigos gregos: "o equilíbrio das proporções entre formas e cores". O que se vê nas festas juninas e em tudo o mais na paisagem brasileira é o desequilíbrio das proporções entre formas e cores.



Leia direito o meu texto: eu NÃO estou tentando proibir o povo das cidades grandes de se enfeiar ou de parecer o que NÃO SÃO. Apenas digo que não quero participar disso, não encorajo isso e nem tento IMPOR essa estética bizarra a ninguém, sobretudo em crianças.



É de LIBERDADE que eu estou falando aqui. Sobretudo a liberdade de DISCORDAR. Você quer parecer um palhaço? Vá em frente. Mas não tente me obrigar a bater palmas pra isso. Eu respeito o seu direito de adotar uma aparência ridícula, enquanto você respeitar o meu direito de dizer que a sua aparência ESTÁ ridícula. É como dizer que o rei está nu.

Bruno Carvalho disse...

Sua frase é extremamente arrogante, elitista e preconceituosa. E sua resposta tenta induzir leva para um lado sexual que não tem nada a ver com seu comentário, nem com a pergunta que eu te fiz...

enfim, parabéns...

Ernesto Ribeiro disse...

Ah, perdão, colega.


Não quis ofender, nem ser nada disso (arrogante, elitista e preconceituoso). Muito menos "induzir leva para um lado sexual". (???)


Só quero satisfazer sua dúvida e me fazer entender.


Para ser mais claro: eu NÃO estou falando diretamente sobre você. Apenas usei uma linguagem METAFÓRICA.


Quando falei "Porquê, você gostaria de dar um amasso e beijar na boca alguém assim?" eu quis dizer: "Deveríamos todos nós aceitar tal visão repelente como algo atraente?"


Quando falei "Você quer parecer um palhaço?" eu quis dizer: "Qualquer um de NÓS tem o direito de se caracterizar como um tipo folclórico / pitoresco."


E quando falei "É como dizer que o rei está nu." eu me referi á famosa fábula sobre a sinceridade infantil X auto-engano dos adultos perante a autoridade. Eu quis dizer: "Há algo de errado nessa reverência cega para manter uma unanimidade."


Mas enfim: onde eu errei?


Por favor, esclareça-me. Sério. Só quero ajudar.