sábado, junho 21, 2014

AYRAN NICODEMO, VIOLINISTA ENTRE DOIS MUNDOS

Ayran Nicodemo, foto: Ariel Subirá
 Tradição sinfônica, música cigana: o violinista mineiro Ayran Nicodemo partiu dessas duas (enormes) bases para construir a música do seu primeiro álbum de violino solo, Pedra Cigana.

Músico da Orquestra Sinfônica do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, ex-spalla da OSB (Orquestra Sinfônica Brasileira) Jovem, Nicodemo é, aos 25 anos, uma das promessas da música erudita nacional.

Das oito faixas de Pedra Cigana, apenas uma não é de sua autoria: Hora de La Munte, um tema folclórico romeno, que, curiosamente, ele descobriu durante uma visita à Bahia.

“Em janeiro de 2014 fui convidado para integrar o quadro de profissionais do Festival de Música e Danças do Mundo, em Imbassaí. Lá, ao ter contato com músicos de diversas culturas e países, está pérola apareceu, e encontrei nela o que faltava para o CD”, conta Ayran.

“'Hora' é uma dança característica romena, e 'Munte' é uma região. 'Hora de la Munte' é  a dança deste local”, ensina.

Diálogo, releitura

Ayran Nicodemo, foto: Ariel Subirá
Apesar de fascinado pela música e pela cultura ciganas, Nicodemo não tem ascendência  romani (etnia indiana que deu origem aos povos ciganos).

“Sou de ascendência italiana, minha família não tem relação alguma com a cultura cigana. Mas eu, desde o primeiro momento em que peguei o violino, passei a tocar de uma forma muito parecida e influenciada pelos ciganos do leste da Europa”, relata Ayran

“A música cigana é algo que me fascina antes de eu pensar (em) música, é muito visceral em mim. É isso que retrato em Pedra Cigana”, descreve.

Portanto, o que se ouve em no álbum não é “música cigana” de fato, e sim, a interpretação de Nicodemo para esta tradição, além de um diálogo entre esta e a escola da música sinfônica Ocidental – o que só  torna a obra  ainda mais interessante.

“Quando componho, procuro seguir minhas sensações, e o idioma musical do leste europeu encontra muita consonância em mim”, diz.

“Há características deste idioma, como ritmos, compassos e intervalos, mas não penso sobre isso, experimento e gosto ou não, totalmente através do universo sensitivo. Procuro estar aberto ao que vem de mim, mas claro que possuo inúmeras referências, e minha intenção não é traduzir, mas sim expressar o que sinto”, explica.

Na verdade o povo cigano é um povo muito perseguido em todo o mundo, e sua cultura é pouquíssimo respeitada e admirada verdadeiramente. Há no ocidente uma mistura de deslumbramento, medos e crenças sobre algo muito mais simples que é a cultura cigana, claro que há festas e rituais, assim como outras culturas, mas há também um ar de saudade e esperança. Com estas festas, saudade e esperança sim o disco dialoga muito”, constata.

“Sobre a tradição, por ser um disco de músicas autorais e com uma releitura, a ideia de tradição não está presente neste CD, mesmo porque não sou de família cigana, e o arranjo da música romena é mais uma preocupação de diálogo e referência do que de tradição”, observa o violinista.

Músico de orquestra erudita tradicional, Ayran se alimenta tanto da tradição sinfônica ocidental, quanto da musicalidade cigana, uma coisa alimentando a outra.

"Com toda certeza, apesar de serem universos bastante distintos, o músico e o instrumento são os mesmos, ou seja, são a ponte entre estes ambientes, e é muito interessante observar estas imensas forças agindo entre sí dentro de mim! Há momentos nos quais o pensamento sinfônico influência muito,e outros nos quais é o arquétipo cigano tocando na orquestra. Sempre gosto de observar e aprender com estes diálogos/forças", reflete.

Entre dois mundos (cigano e sinfônico), quem ganha é o ouvinte.

"É importante para mim que o ouvinte sinta algo, não importa se é o que eu senti. Claro que num país onde a musicalização (principalmente infantil) não é cultural ainda, a assimilação de uma música sem palavras se torna mais desafiante para muitos, mas jamais inacessível, pois este entendimento se dá mais ainda no mundo das sensações, e é isso que pretendo, quero que as pessoas ouçam e sintam o que reverbera dentro delas e dialoguem com isso! É isso que faço, quando componho, vou me conhecendo e dialogando comigo próprio, e este é o barato da música!", conclui Nicodemo.

Pedra Cigana - Violino Solo / Ayran Nicodemo / A Casa Discos / R$ 27 / www.facebook.com/ayran.nicodemo

3 comentários:

Franchico disse...

Rapaz, assustador pra caralho!

http://omelete.uol.com.br/planeta-dos-macacos/cinema/planeta-dos-macacos-o-confronto-macaco-empunha-arma-em-novo-clipe-veja

Franchico disse...

A maraviosa Rosario Dawson será Elektra no seriado do Demolidor, yeah!

http://www.bleedingcool.com/2014/06/20/rosario-dawson-cast-in-daredevil-as-wed-guess-elektra/

Ernesto Ribeiro disse...

Francis, sabe porque essa cena do filme é algo tão assustador?


Porque além de ser tão realista, nós sentimos que isso pode ser REAL.


Se você entregar uma arma automática nas mãos de um chimpanzé e o treinar, ELE VAI ATIRAR. Fazendo mira. Pra matar. Dando risada.



Talvez nem precise treiná-lo. Eles aprendem por observação e agem por imitação, por interesse egoísta e por vontade própria. Exatamente como qualquer ser humano. O que torna tudo ainda mais perigoso.



Então, se um grupo de soldados pratica tiro ao alvo todos os dias diante dos olhares de um grupo de outros Grandes Primatas de cérebro mais desenvolvido e mais próximos do Homo Sapiens (como os agressivos e metódicos chimpanzés) é muito alta a probabilidade de eles aprenderem a atirar e se APOSSAREM das armas do arsenal militar, se este estiver desguarnecido --- ou de ARRANCAR a arma das mãos de um soldado num momento de distração. E o que vem a seguir, acontece naturalmente.



Já está cientificamente provado que os chimpanzés são tão agressivos e metódicos quanto os seres humanos; que eles têm a mesma capacidade de aprendizado e execução de trabalhos manuais (talvez até MAIOR, considerando que os outros primatas possuem 4 mãos com cinco dedos tão bem articulados e iguais aos nossos) e que eles se organizam em grupos de hierarquias, agem de maneira premeditada e lutam pelo poder. Eles são assustadoramente parecidos conosco e a única coisa que os impede de nos atacar é a diferença no Quociente de Inteligência.



Por isso que existem tantos chimpanzés trabalhando até mesmo na NASA em tarefas manuais e até meticulosas. E isso enquanto ainda são crianças. Sabe por que eles param de nos obedecer ao se tornarem adultos? Exato: porque ao crescerem a mente deles adquire auto-consciência, vontade própria e determinação auto-centrada. Daí, na idade adulta, os nossos parentes mais próximos se fazem a pergunta primordial que diferencia os humanos dos outros animais: "Porquê eu deveria obedecer as suas ordens, se você nem sequer é igual a mim?!?"



Se daqui há alguns milhões de anos ocorrer uma mutação ou um salto evolutivo (como já aconteceu com os nossos ancestrais hominídeos) a nível de crescimento no intelecto deles, então esse perigo se tornará real. Eles poderão mesmo nos matar aos milhares, talvez até aos milhões, com frieza, método e de forma organizada. Por isso que esse filme é tão perturbador.