domingo, janeiro 27, 2013

ENKI BILAL: ANIMAL'Z NO BRASIL, FANTASMAS NO LOUVRE

Expor no Museu do Louvre, o mais visitado do mundo, é a consagração para qualquer artista.

O mais recente a receber tal honraria foi o quadrinista iugoslavo Enki Bilal, cuja obra, finalmente, começa a ser adequadamente publicada no Brasil.

Depois de lançar  a Trilogia Nikopol em volume único e acabamento de luxo, obra que o consagrou, o Nemo (selo de quadrinhos da Editora Autêntica), soltou nas livrarias Animal’Z, HQ mais recente (2009), com o mesmo tratamento.

Já a mostra Le Fantômes du Louvre, assinada por ele, entrou em cartaz no famoso museu parisiense no  dia 20 de dezembro de 2012, permanecendo aberta até 18 de março próximo.

Nela, o artista, hoje aos 62 anos de idade, fotografou 50 obras do museu.

Escolheu 23, as quais ampliou em telas de  50 x 60 cm e pintou diretamente sobre elas, criando os fantômes (fantasmas) que dão título à exposição, disponível na prestigiosa Salle Sept-Cheminées.
 
(Veja mais sobre esta exposição aqui e aqui.)

Apocalíptico e desintegrado

Mas a exposição no Louvre é, na verdade, uma consequência, um coroamento do verdadeiro trabalho da vida de Bilal, que é criar mundos (ou visões de mundo) muito particulares em HQs cultuadíssimas por crítica e público em nível planetário.

Na Europa, assim como no Japão, lugares do mundo em que histórias em quadrinhos são vistas (também) como entretenimento adulto e uma manifestação artística reconhecida, isso não é pouca coisa.

Sua Trilogia Nikopol, iniciada em 1980 e concluída em 1993, reflete sua juventude vivida na Iugoslávia sob a ditadura socialista de (Josip Broz) Tito, que se estendeu de 1953 a 1980.

Passa-se em uma Paris futurista, dominada por fascistas, pós-apocalíptica  e combina tecnologia delirante, deuses egípcios e crítica sócio-cultural. Já foi  definida como “Terry Gilliam dirigindo Blade Runner” – só  para dar uma ideia.

Já em Animal’Z, lançamento mais recente no Brasil, o cenário futurista pós-apocalíptico permanece, mas o contexto é bem diferente.

Ao contrário de Nikopol, em que o apocalipse é provocado pelo homem, em Animal’Z, é a natureza que se revolta, provocando um desastre climático global.

Esse fenômeno natural, chamado “Golpe de Sangue”, causa um desequilíbrio total em escala global, mudando a face geográfica do planeta ao desmembrar continentes, o que leva a obliteração de boa parte da população mundial.

Nesse cenário, os poucos sobreviventes se abrigam em pequenos refúgios e a água potável se torna um bem valioso.  Em meio ao caos surgem criaturas híbridas de humanos e animais, criados em laboratório.

Esses seres podem se metamorfosear em diversas espécies animais através de pequenos dispositivos instalados em suas colunas.

Tom azulado, clima gélido

Tudo isso é só o cenário em que a trama urdida pelo quadrinista vai se desenvolver, envolvendo os tais seres híbridos, lagostas e cavalos marinhos falantes, refugiados que aderiram ao canibalismo, cientistas etc.

Em clima de faroeste futurista pós-apocalíptico, Bilal ainda encontra inspiração para, da boca de um de seus personagens, disparar citações literárias que vão de Nietzsche a Cioran, passando por Celine, Flaubert e Camus, entre outros.

Tudo isso emoldurado pela belíssima arte de Bilal, toda à lápis e carvão com toques sutis de vermelho e azul, deitada sobre papel de tom azulado, o que contribuiu bastante para estabelecer o clima gélido e oceânico do ambiente em que os personagens circulam.

De fato, uma obra digna do Louvre.

Animal’Z / Enki Bilal / Tradução: Fernando Scheibe / Nemo /  104 p. / R$ 54 / www.grupoautentica.com.br/nemo

3 comentários:

Franchico disse...

Doutor Estranho e Homem-Formiga confirmados para a "fase 3" do Marvel Movieverse:

http://www.bleedingcool.com/2013/01/25/doctor-strange-confirmed-for-marvel-movieverse-phase-3/

Homem-Formiga é notícia velha, será dirigido pelo espetacular Edgar Wright. Doutor Estranho promete, o potencial é enorme.

Franchico disse...

Há quem chame isso de liberdade de imprensa.

https://fbcdn-sphotos-g-a.akamaihd.net/hphotos-ak-ash4/321440_154470314704850_490971690_n.jpg

Mas será mesmo?

Ernesto Ribeiro disse...

Sobre a charge:


isso é a liberdade de ser uma imprensa FAJUTA, com repórteres de araque, num país onde tudo é de mentirinha, contratando os piores DEBILÓIDES FARSANTES no poder, que se faz de DESCEREBRADA e trata o povo com PERVERSIDADE e ESCÁRNIO PSICÓTICO.


Quanto mais os inocentes SOFREM, mais os desgraçados os TORTURAM.


Se fazem de inacreditavelmente IRRACONAIS e SEM CÉREBRO porque são PERVERTIDOS SÁDICOS.


Eu já cheguei a dizer que o povo brasileiro é débil-mental? sub-humano? psicopata? bostético?


Se algum dia eu estiver numa situação dessas, eu enfio o microfone do engraçadinho em TODOS os orifícios dele antes de QUEIMÁ-LO VIVO e enterrá-lo ainda agonizando. Aí sim eu pergunto ao filho da puta: "E aí, escória, qual é o teu sentimento nesa hora?"


Depois eu alego insanidade temporária.


Qualquer juiz sério iria me absolver.