terça-feira, dezembro 04, 2012

MICRO-RESENHAS DE NATAL 1

Ácido demais dá nisso

Pobre Wayne Coyne. Outrora um gênio do indie rock psicodélico, o líder do Flaming Lips vive uma bad trip que já dura uns dez anos. Perdidão, tem experimentado diversos formatos – regravou o Dark Side of The Moon inteiro, lançou álbum duplo, música com duração de 24 horas vendida em um pendrive acondicionado dentro de uma caveira de gelatina e por aí vai. O último CD decente da banda é de 2005 – At War With The Mystics. Agora, vem com este CD de duetos, que, a despeito de (alguns) ótimos convidados, como Tame Impala, Nick Cave e Erykah Badu, se revela apenas mais um capítulo mal-escrito de uma saga que já foi gloriosa. The Flaming Lips / ...And Heady Fwends / Warner /R$ 34,90



Grandiloquência vazia

O trio inglês Muse tem ótimos CDs, como Absolution (2003) e Origin of Symmetry (2001). O sucesso (e subsequentes turnês em estádios), porém, não lhe fizeram bem. É mais ou menos como o estado da Bahia: já foi grande. Hoje é só medíocre. Neste novo álbum, a pretensão grandiloquente de Matt Bellamy & Cia alcança novos patamares de chatice abissal. Muse / The 2nd Law / warner / R$ 34,90

 





A qualidade de sempre

O quinteto inglês Hot Chip é um raro fenômeno dentro da música eletrônica. Suas canções não soam como pop plastificado de boate, embora sejam bem dançantes. São como os Pet Shop Boys eram vinte anos atrás: electro pop inteligente e nada vulgar. Hot Chip / In Our Heads / LAb 344 / R$ 34,90

 








Alguém ainda aguenta Two Princes?

One hit wonder (maravilha de um sucesso só) de 1993, graças a então onipresente Two Princes, os Spin Doctors até que não eram tão ruins, comparados ao que se ouve hoje. Edição dupla de aniversário, com demos. Spin Doctors / Pocket Full Of Kryptonite (Anniversary Edition) / Sony / R$ 47,90










Talento promissor

O filho de peixe Eric Assmar estreia bonito no CD do seu trio, com  pegada Stevie Ray Vaughaniana evidente nos riffs de blues rock texano. A crítica é para a voz: ainda que adequada, as vezes parece que ele força um pouco na rouquidão. Precisa mesmo? Eric Assmar Trio / Idem / Star Blues / R$ 20 / www.ericassmar.com.br






Precisa mais feijão

A canadense Metric é uma daquelas bandas super elogiadas pela crítica gringa (e seus repetidores brasucas), mas quando se vai ouvir, é bem mais ou menos. Nos melhores momentos lembra  Blondie e Garbage, mas sem o arrebatamento que caracteriza essas bandas. Se for a sua, arrisque. Metric / Synthetica / Lab 344 /R$ 29,90







Hitchcock de saias

Se Agatha Christie era a rainha do romance policial, Miss Highsmith era a rainha do suspense, uma espécie de Hitchcock de saias que escrevia. Nesta coletânea de contos, sua habitual maestria transforma o ordinário em perturbador, o comum em apavorante. Coisas de gênio. A Casa das Sombras / Patricia Highsmith / Benvirá/ 272 p./ R$ 34,90/ benvira.com.br

 






Humor sofisticado

Divertidíssimo, este guia segue todo o roteiro de um jantar chique em casa de pessoas esclarecidas, dividido por capítulos como “Entrada: Como se comportar diante de um jornalósofo?”. Até a “Sobremesa: Não como sobremesa, sou epicurista”. Hilariante. Pequeno Manual de Filosofia Para Sobreviver a um Papo-cabeça / Michel Eltchaninoff, Sven Ortoli / Agir / 152 p. / R$ 29,90 / ediouro.com.br

 





Bacaninha e só

Donos de invejável lista de hits colecionados ao longo de quase 30 aos de carreira, os Pet Shop Boys retornam com álbum de inéditas solar, mais para um fim de tarde regado à  drinques do que para se acabar na night. Nada que faça retornar seus tempos de glória. Pet Shop Boys / Elysium / EMI / R$ 39,90
 







Blues sem dor

Marcel Ziul é um ótimo guitarrista de pegada bluesy e um cantor bastante razoável. Pena que cai na vala comum da “boa música” e acaba soando como mais um bluesman galã, linha John Mayer. Gente, blues é coisa séria. Vão sofrer um pouco. Marcel Ziul / In a Minute / Tratore / R$ 27,90
 







A pior coisa

O Smashing Pumpkins de Billy Corgan veio, viu, venceu e acabou – tudo nos anos 1990.  Voltou há alguns anos, mas, a bem da verdade, ainda não mostrou a que veio. Este Oceania não chega a ser ruim, mas também não empolga. O que é a pior coisa para um disco de  rock. Se fosse ruim, seria melhor. Smashing Pumpkins / Oceania / EMI / R$ 34,90







Libertário antissemita

Lançado no calor do filme Na Estrada, esta biografia de Jack Kerouac se caracteriza por não ter pudores em esmiuçar as contradições do Rei dos Beats – apesar da aura libertária, Kerouac tinha posições conservadoras e antissemitas. Há ainda um longo e precioso relato sobre o processo criativo de On The Road. Jack Kerouac: King of The Beats / Barry Miles / José Olympio/   420 p./ R$ 49/ record.com.br






Interior

Experimentado autor infanto-juvenil, o gaúcho Caio Riter já publicou mais de 40 livros. Agora ele retorna aos contos adultos, evidenciando influências de Jorge Amado e Guimarães Rosa, mas esquivando-se de certos clichês regionalistas. Para Riter, o único interior que interessa é o dos personagens. Vento sobre terra vermelha / Caio Riter / 8Inverso/ 184 p./ R$ 39/ 8inverso.com.br







Amém

Abençoados sejam Black Francis, Kim Deal, Joey Santiago e David Lovering que, com esta obra-prima de 1987, iniciaram a retomada do rock que culminou com a explosão grunge de 1991 e varreram muito lixo. Palavras de salvação. Pixies / Surfer Rosa & Come On Pilgrim / Lab 344 / R$ 29,90

 








Pop erudito

Ex-membro do Cérebro Eletrônico, Dudu Tsuda casa música eletroacústica com pop neste trabalho refinado e repleto de participações (Tiê, Lulina, Luis Chagas). Belo, intrigante e classudo. Dudu Tsuda / Le Son Par Lui Même / YB Music / R$ 24,90 / Download gratuito: www.dudutsuda.com/soloworks

 








Raiva incontida


No terceiro disco solo após a dissolução da banda System of a Down, o vocalista armênio / americano Serj Tankian segue gritando contra o sistema e praticando sua mistura de altmetal, punk rock e raiva incontida em pedradas certeiras, impiedosas. Serj Tankian / Harakiri / Warner / R$ 34,90







 Não só para jovens

”Minha querida cidade, que te aconteceu, que já não te reconheço? (...) Para ver-te, preciso alcançar os espelhos da memória. Da saudade. E então sinto que deixaste de ser, que estás perdida”. Qualquer semelhança com Salvador não é mera coincidência. É genialidade, mesmo. Crônicas para Jovens / Cecília Meireles / Global / 96 p./ R$ 29 / globaleditora.com.br

10 comentários:

Franchico disse...

Fim de uma era na Vertigo / DC:

http://www.bleedingcool.com/2012/12/03/karen-berger-steps-down-from-dc-comics/

Franchico disse...

Bacana, o poster novo de Superman - O Homem de Aço, novo filme do Azulão:

http://omelete.uol.com.br/superman-homem-de-aco-man-of-steel/cinema/o-homem-de-aco-superman-algemado-no-novo-poster/

Franchico disse...

BAIXE AGORA a primeira música liberada do trabalho solo de CH Straatman!

http://chstraatmann.com/

EFFECTO VERTIGO.

(Homenagem ao selo de HQ?...)

Franchico disse...

Saída de Karen Berger pode ser fim do selo Vertigo, especula o Omelete:

http://omelete.uol.com.br/vertigo/quadrinhos/fundadora-e-editora-do-selo-vertigo-vai-deixar-o-cargo-em-2013/

Aí eu choro. Au-au...

Franchico disse...

Psicopatas imbecis existem aos montes, mas esse é um dos mais imbecis que eu já vi na minha vida.

http://www1.folha.uol.com.br/mundo/1196161-americano-atira-na-namorada-apos-discussao-sobre-serie-the-walking-dead.shtml

E olha que, hoje em dia, a concorrência é extremamente acirrada.

Por falar em imbecis, torço fervorosamente para que aquele timinho imbecil lá tome uma lavada histórica em Tóquio. A torcida imbecil desse time imbecil desse esporte imbecil vai quebrar tudo de qualquer jeito. Se o time ganha, os imbecis quebram tudo por que estão "comemorando". Se perde, quebram tudo por que estão "revoltadinhos". Então que se revoltem. Imbecis de pai e mãe, todos eles e os grandes meios de comunicação que, criminosamente, incentivam essa bárbarie. Sabe como é: a bárbarie rende bilhões em cotas de patrocínio.

Franchico disse...

Mais sobre o futuro incerto do Vertigo:

http://www.bleedingcool.com/2012/12/03/vertigone/

rodrigo sputter disse...

R.I.P. Dave Brubeck (1920 - 2012).

Só faltava 1 dia pro seu aniversário de 92 anos...poderia ter ficado pelo menos pra comer + 1 pedacinho de bolo...

Vou ouvir seus toques de piano pra deixar um dia pesado como o de hj um pouco + leve e tranquilo...

Um pouco do piano (e somente ele) do Dave pra todos nós.

http://www.youtube.com/watch?v=kBSx-1-rzBk

Franchico disse...

Pena mesmo, Sputter!

Take Five é, provavelmente, o disco de jazz que eu mais ouvi no meu medíocre histórico de apreciador do gênero...

Não a toa, é considerado o disco de jazz que mais vendeu cópias em todos os tempos.

Conseguiu fazer jazz acessível as grandes massas, sem diluir o gênero.

Gênio, sem dúvida.

Filipe Dunham disse...

O novo do Swans, The Seer, dos que eu ouvi, foi o melhor lançamento do ano. É algo absurdo. É uma viagem indigesta e emocionante. Há quem diga que Swans é uma masturbação exagerada de sons. Eu discordo. Esse é um julgamento muito simplório para os trampos de Micheal Gira e toda a influência que o Swans teve em outras bandas e cenas ao longo de todo esse tempo.

Franchico disse...

Corrigindo, o nome do disco "básico" do Brubeck é Time Out...

Legal, a dica, Filipe.

Tinha visto o Barcinski falando, mas ainda não ouvi. Procurarei faze-lo.