Ledo engano. Boas bandas surgem a todo momento. Algumas levam tempo para se firmar e chegar ao grande público.
Já outras, graças ao processo meio planejado, meio espontâneo, denominado hype, são içadas à fama instantânea.
No primeiro grupo está o quarteto norte-americano Mastodon (ao lado, em foto de Cindy Frey).
Os conterrâneos do Howler, a despeito de qualidades evidentes, são um exemplo perfeito de grupo hypado.
E os ingleses do The Horrors já passaram pelo hype, sobreviveram e chegam maduros ao 3º CD.
Trovão na montanha
Em seu quinto álbum de carreira, The Hunter, o Mastodon é o grande destaque desta leva.
Trata-se, sem dúvidas, de um CD de heavy metal, mas, a exemplo do Black Album do Metallica ou do Nevermind do Nirvana, é uma daquelas obras que, de tão boas, extrapolam limites de gêneros e se tornam capazes de agradar fãs do rock de qualquer idade ou orientação.
E se for verdade que a primeira impressão é a que fica, é praticamente impossível fugir a à sensação arrebatadora provocada logo na primeira faixa, Black Tongue.
Depois de um riff sinistro, que parece ter sido gravado do alto de uma montanha em meio a uma tempestade, a bateria de Brann Dailor desce sobre o ouvinte como uma avalanche descontrolada.
Quando Troy Sanders (baixo e vocal) surge rugindo como um leão ferido, a voz pairando muito clara e quase etérea sobre a massa sônica, o estrago no ouvinte – no bom sentido – já foi feito.
Formado por instrumentistas virtuosos, o quarteto de Atlanta não se utiliza de suas habilidades para mero efeito de espanto dos ouvintes – e sim, como o meio através do qual expressam uma musicalidade afiadíssima, precisa, criativa e brutal.
Não a toa, o Mastodon tem sido apontado como uma das bandas responsáveis por trazer o rock sujo e viajandão de grupos como Hawkwind e Black Sabbath para o século 21.
As influências são bem claras, mas são estão tão impregnadas de personalidade própria (e pegada contemporânea) que eles alcançam aquela qualidade indefinível, reservada apenas aos grandes: soar novo e reconhecível ao mesmo tempo.
A sensação em algumas faixas é de pânico na estação orbital, graças a orientação sci-fi e space rock de faixas fortes e viajantes, como Blasteroid e Stargasm.
Destaque ainda para Curl of The Burl (com uma levada funky irresistível) e o estilo schizo-jazz de Octopus Has No Friends.
Mas o álbum inteiro é nota dez.
(Falando francamente agora, aposto neles como uma espécie de Led Zeppelin para o século 21. No sentido de que os caras TOCAM PRA CARALHO e são extremamente criativos com essas habilidades, nunca são chatos. Esse disco foi o pulo do gato comercial para eles e por isso mesmo, os antigos fãs estão chiando muito lá fora, dizendo que os caras se venderam. Porra nenhuma, eles simplesmente estão deixando de ser uma banda de nicho - metal, no caso -, para se tornar uma das maiores bandas de ROCK de sua geração. Mais ou menos como o Metallica fez com o Black Album. Se sobreviverem aos hypes, à montanha de grana que vão ganhar - e as drogas, egotrips etc -, terão um futuro imenso pela frente.)
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Já as bandas Howler (de Minneapolis, EUA) e The Horrors (de Southend, Inglaterra) vem nadando de braçada no chamado circuito indie graças aos elogiados America Give Up (da primeira) e Skying (da segunda).
Encabeçando as apostas de “próximos Strokes”, o Howler (em foto de Pieter Van Hattem) soa mais como um Jesus & Mary Chain mais ensolarado e menos deprimido do que com a banda de Nova York com a qual tem sido comparada.
Estão lá as melodias sessentistas (praia surf music), as guitarras apitando e as batidas bubble gum, que tanto vem agradando aos adeptos do estilo.
Como quase todas as bandas de sua geração, contudo, o Howler se dá muito bem em singles e peca nos álbuns cheios.
Com apenas dois anos de formada, a banda explicita em America Give Up sua imaturidade, para o bem e para o mal.
Para o bem, por que afinal de contas, isso aqui é rock ‘n’ roll e maturidade não exatamente combina com o conceito do gênero em sua forma mais crua.
E para o mal, por que, no fim das contas de fato, o disco tem bons momentos, mas fica no empate – não é espetacular, mas aponta para algo promissor.
Entre as faixas que valem a pena, Back of Your Neck (surf music pós-J&MC), This One’s Different (levada empolgante e rapidinha, boa de levantar pista de dança) e I Told You Once.
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Mais uma vez, nada de exatamente novo aqui.
E sim, uma atualização – muito bem sucedida, diga-se – de sons que gerações anteriores de indie rockers conhecem muito bem, como Joy Division, The Cure, My Bloody Valentine e afins.
Assim como o Mastodon, os rapazes do Horrors conhecem bem suas fontes, mas tem personalidade o bastante para não cair na mera imitação.
O curioso é que, mesmo partindo de influências tão macambúzias (conhecido no metiê roqueiro local como rock triste), o Horrors não sugere o cortar de pulsos iminente que caracterizou suas referências.
Still Life, primeiro single de Skying, é a faixa que melhor exemplifica essa inusitada capacidade de criar melodias que, ainda que sugiram uma aura crepuscular, não chega a jogar o ouvinte em um poço sem fundo de melancolia terminal.
Na verdade, ela tem sido comparada ao pop eletrônico de estádios do Simple Minds. I Can See Through You é outro hit do álbum, uma levada em crescendo de teclado e guitarra com refrão para cantar junto.
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10 comentários:
Mastodon é viciante.
Horrors é bem legal, sobreviveu ao hype vagabundo nos dois primeiros discos e tem futuro.
E Howler, descontado um possível exagero na comparação com o J&MC - ainda que a influência esteja bem óbvia em um punhado de faixas - não deve sobreviver. O CD é fraquinho.
Breaking Bad, temporada final, vai ser assim:
http://omelete.uol.com.br/breaking-bad/series-e-tv/breaking-bad-protagonista-afirma-que-temporada-final-sera-dividida-em-duas-partes/
Essa galera sabe como instigar os fãs...
http://omelete.uol.com.br/fringe/series-e-tv/fringe-assista-ao-bizarro-teaser-trailer-do-aguardado-episodio-numero-19/
Hoje em dia, até o Pateta é em live-action....
http://www.bleedingcool.com/2012/04/06/goofy-in-the-art-of-vacationing-like-an-old-disney-short-but-live-action/
Com site repaginado, o senhor W.W. libera a dicografia para download gratuito...
http://www.wanderwildner.com.br/
...Mas não se preocupem em baixar ainda. Na hora de descompactar, o winzip pede uma senha que não está disponível. Marcelo Costa, do Scream & Yell, disse lá nos comments que WW vai subir os arquivos de novo, agora sem a exigência da senha....
http://screamyell.com.br/
Com todo respeito, mas deixar o show espetacular do Band Of Horses pela metade para assistir aquela enganação chamada Peaches é coisa de amador / hypeiro / mané de última categoria.
http://omelete.uol.com.br/lollapalooza-brasil/musica/lollapalooza-brasil-foo-fighters-joan-jett-blackhearts-peaches-e-tv-radio/
Deus não dá asa a cobra, mesmo...
Recebido por email...
People,
Saiu a lista completa de indicados ao Prêmio Dynamite de Música Independente 2012. A minha banda Vendo147 (www.vendo147.com) está concorrendo ao prêmio de melhor disco instrumental. Para votar e conhecer a relacao completa é só acessar o site www.premiodynamite.com.br.
Se alguém gosta da gente, vota lá!
abraço!
Charlie Sheen convida os brasileiros para o Metal Open Air São Luis.
http://www.youtube.com/watch?v=c6GpNI2r9kc
O cara fala 3 frases publicitárias sem nenhuma piada no meio e ainda assim é hilário! Dá vontade de comprar ingreso imediatamente! Quem explica isso? Que carisma é esse?
Mañana, quarta-fiera (once), post nuevo... com o perdão do paraguaio tosco....
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