quinta-feira, janeiro 06, 2011

AMY JÁ ESTÁ NO BRASIL - E ALGUMAS NOVAS CARAS DA SOUL MUSIC

Nesses primeiros dias de 2011, só se fala de duas mulheres no Brasil: Dilma e Amy Winehouse. A despeito da gigantesca diferença de perfis entre elas, a ironia é que a questão que cerca ambas as madames é basicamente a mesma: “Será que ela vai dar conta”?

Sobre a primeira, a resposta só poderá ser dada daqui a quatro anos. Já sobre a segunda, conhecida por inúmeros barracos e episódios de abuso de álcool e diversas outras substâncias não recomendadas pela Constituição, a resposta virá em poucos dias, quando se encerra sua primeira (e infelizmente, curta) turnê pelo Brasil.

A cantora britânica, de origem judia, já está no Brasil desde a manhã de ontem, hospedada em um hotel no bucólico bairro de Santa Teresa, no Rio de Janeiro, cidade que adotou como base durante sua temporada brasileira (na foto, ela já aparece na sacada do seu quarto de hotel. Foto por Gil Rodrigues da Photo Rio News).

Segundo o jornalista carioca que deu a notícia, Bruno Astuto (do jornal O Dia), ela está “amando o bairro”.

Figura fácil no jornalismo de celebridades, Amy se tornou, em muito pouco tempo após o estouro do hit Rehab (por volta de 2005), um prato cheio de escândalos para os ávidos tabloides britânicos.

No Brasil, espera-se que essa faceta bagaceira da artista fique em segundo plano, em benefício de grandes shows, que são a expectativa geral.

Para tranquilizar os apreensivos fãs brasileiros que compraram ingresso, um de seus músicos, Heshima Thompson, backing vocal da banda de acompanhamento, publicou, na última terça-feira, uma foto de Amy durante um ensaio em Londres.

“Tivemos um ótimo ensaio e sua voz estava malvada (tradução literal para wicked)”, escreveu o rapaz.

Em outro post, ele adiantou que a banda estava preparando “algumas surpresas para o repertório”. É bom se preparar para ouvir Garota de Ipanema em versão soul...

Em outras informações mais recentes, foram divulgadas as exigências da diva para os camarins, que vem a ser quatro tipos diferentes de bebidas alcoólicas: quatro garrafas de vinho tinto francês grand cru classé Pomerol, cervejas mexicanas, vodca russa e champanhe francês.

Haverá ainda água tônica, sucos de laranja e cranberry, refrigerantes e leite semidesnatado. Para forrar o estômago (e aguentar tanto álcool), ela solicitou batatas chips, iogurtes orgânicos e tortillas mexicanas.

Depois de animar a festa de reveillon de um bilionário russo (que pagou a Amy o equivalente a R$ 2,6 milhões), os shows no Brasil serão os primeiros da cantora desde 2008.

“Minha expectativa é de que seja um show com a empolgação característica da soul music”, espera o economista baiano Márcio Martinez, que viajará para ver o show de Recife. “Se for tão bom quanto ou melhor que o DVD ao vivo (I Told You I Was Trouble - Live in London), já valeu a viagem”, diz.

Apreciador de soul music clássica, Márcio acha que Amy “honra a tradição americana. Mas não gosto de comparar, até por que ela é branca”, ressalva.

Amy Winehouse no Brasil- Itinerário da turnê:


Florianópolis, dia 8: Atração principal do Summer Soul Festival, com abertura da cantora Janelle Monáe e do cantor Mayer Hawthorne, no Stage Music Park. Ingressos entre R$ 100 e R$ 600.

Rio de Janeiro, dias 10 e 11: Show solo, com abertura de Janelle Monáe, no HSBC Arena. Ingressos entre R$ 140 e R$ 700.

Recife, dia 13: Summer Soul Festival, com Janelle Monáe e Mayer Hawthorne, no Centro de Convenções. Ingressos entre R$ 100 e R$ 300.

São Paulo, dia 15: No Summer Soul Festival, com Janelle Monáe e Mayer Hawthorne, na Arena Anhembi. Ingressos entre R$ 200 e R$ 500.

Sucesso de Amy abriu caminho para (bem-vindo) renascimento soul

Quando Back to Black, o álbum que catapultou Amy Winehouse rumo à fama, foi lançado, em 2006, o clima de revival da soul music que ora parece estabelecido ainda não se havia configurado. Certo, Joss Stone já namorava abertamente com o gênero desde a estreia, no disco The Soul Sessions (2003).

Mas a abordagem de Stone, conterrânea de Amy, apesar de correta, ainda era (e é até hoje) açucarada, diluída demais. Foi só com a confessional Rehab, de Amy (“Tentaram me mandar para o tratamento / eu disse não, não, não”) que a ficha caiu.

Amy, depois de um primeiro álbum mais próximo do jazz (Frank, 2003), deu a guinada que mudou para sempre sua carreira (e sua vida) ao abraçar a cria mais festiva e, sim, comercial do blues: soul music.

O segredo está na fonte

O mentor da guinada de Amy rumo ao soul foi o badalado produtor e dândi Mark Ronson. Como os ingleses fazem desde a British Invasion, nos anos 1960, a dupla voltou-se à fonte original: os Estados Unidos, pegando “emprestada” da cantora negra norte-americana Sharon Jones, sua banda de apoio, a espetacular The Dap-Kings.

Esta reproduz com assombrosa exatidão o som padrão da soul music, estabelecido pelos selos Motown (Marvin Gaye, The Supremes) e Stax (Otis Redding, Isaac Hayes e outros).

O resultado, Back To Black, é tranquilamente um dos melhores álbuns da década passada.

Com o estouro de Winehouse, ficou mais fácil para artistas de soul dos dois lados do Atlântico se lançarem no mercado com chances de sucesso.

Do lado de lá, logo surgiu a luminosa figura da cantora galesa Duffy, que fez grande sucesso em 2008 com o hit Mercy e agora volta com novo álbum, Endlessly.

Mas ainda há outras cantoras soul de relativo sucesso na Europa, como a cheinha Adele e a longilínea Estelle, ambas com bons trabalhos.

Nos Estados Unidos, além da diva original Sharon Jones & The Dap-Kings, o selo deles, o Daptones, segue lançando artistas como o extraordinário Charles Bradley (visto ao lado) e outros.

Mas há muito mais. Os nomes mais quentes do momento são a multitalentosa Janelle Monáe (que abre os shows de Amy no Brasil) e o ex-cantor do Gnarls Barkley, o carecão Cee-Lo Green. Ambos acabam de lançar novos álbuns, aclamados pela crítica.

Aumente o som, get down!


POUCA TELHA, MUITO SOUL

Cee-Lo Green, o dono do vozeirão que ganhou o mundo em 2006 com o hit Crazy (do Gnarls Barkley, banda com o produtor Danger Mouse) está de volta em The Lady Killer, um álbum (com o perdão do trocadilho) matador, que deixaria Otis Redding (o deus supremo do soul) orgulhoso. Ortodoxo, mas nem tanto, o pouca-telha rasga o peito (e a garganta), mandando a ex para aquele lugar (na irresistível F**k You), traz o agudo angelical de Philip Bailey (Earth Wind and Fire) de volta em Fool For You, entre outras proezas. Bom do início ao fim, lindo. The Lady Killer / Cee-Lo Green / Warner Music / R$ 31,20



GRAÇA GALESA

Ela é lourinha de olhos verdes e sua voz sequer parece negra, mas desde o estouro do hit Mercy, em 2008, Duffy arrebanhou uma legião de fãs com sua abordagem classuda da soul music, na linha de suas conterrâneas (dos anos 60) Dusty Springfield e Petula Clark. Neste segundo álbum, produzido pelo midas Albert Hammond (pai do guitarrista dos Strokes), Duffy mantém sua chama acesa em faixas bacanas como My Boy, Keeping My Baby e Well Well Well. Garota esperta. Endlessly / Duffy / Universal / R$ 29,90



MENOS, JANELLE, MENOS


Ela canta como Diana Ross, dança como se fosse filha de James Brown com Fred Astaire e compõe como Marvin Gaye. Com tanto talento, o que pode dar errado? Resposta: pretensão demais as vezes atrapalha. Álbum conceitual, Archandroid, o segundo disco de Janelle Monáe, tem momentos sublimes, como Locked Inside (pista cheia na certa), Oh Maker e Come Alive. Mas também testa a paciência do ouvinte com faixas arrastadas e grandiloquentes, como 57821 e Sir Greendown. Mas vale pelas boas. The Archandroid / Janelle Monáe / Warner Music / R$ 24,90

20 comentários:

Celeste Lelles disse...

Ótimo post...VOU VER EM RECIFE...se a "doida aguentar"..rsrs...to bem curiosa na Janelle, tenho visto/ouvido, coisas bem legais dela...

glauberovsky disse...

cee-lo green é sensacional. janelle monáe é um talento extraordinário. amy é PHoda. grandes artistas.

GLAUBER

Franchico disse...

Muito obrigado, Celeste! Volte sempre!

Com certeza, Glauber!

Procurem ouvir esse cara que eu falo aí, o Charles Bradley! Soul FODÃO!

Franchico disse...

Em especial, uma música chamada Now That I'm Gone. Em uma recente sessão espírita, James Brown mandou dizer que ainda não ouviu, mas a filha dele gostou muito! ;-)

Franchico disse...

Depois do sensacional Shaun of The Dead (Todo Mundo Quase Morto), vem aí....

JUAN OF THE DEAD, o primeiro filme de zumbis produzido em Cuba!

YEAS!!!!!!!!

http://www.omelete.com.br/cinema/cuba-tambem-tem-seu-filme-de-zumbi-veja-os-teasers-de-juan-dead/

Agora, a pergunta que não quer calar é a seguinte: vai ter pontinha do Fidel? Por que nem de maquiagem ele precisa, né?

DUH!

Franchico disse...

Yeahs, não, sorry!

SI!

Franchico disse...

Jason Aaron, esritor de Scalped (ótima série publicada mensalmente na revista Vertigo) ficou putinho por que Alan Moore tirou onda com a cara de todo mundo na indústria dos quadrinhos.

http://www.bleedingcool.com/2011/01/06/creators-react-to-jason-aarons-reaction-to-alan-moores-reaction-to-being-offered-the-watchmen-rights-back/

Esse rapaz até que escreve bem, mas no dia em que ele escrever que chegue no chulé de Watchmen (ou V de Vingança, ou Do Inferno, ou Promethea, ou Monstro do Pântano, ou Marvelman, ou Tom Strong ou...), el e terá o direito de se indignar com o bardo de Northampton.

Por enquanto, é forçação de barra, né? Ou então, só quis chamar a atenção, ganhar ibope (e da forma errada).

Mas quem não gosta de uma baixariazinha envolvendo os caras mais talentosos dos quadrinhos?....

glauberovsky disse...

Christos Gage:

"I hate myself far more than Alan Moore ever could"

hahahahahaha...sensacional.

G.

Márcio A Martinez disse...

Postaço Chicaço! Se superou! Gosto dessa barreira toda que cê citou, embora nem todos eu conheça muuuuito profundamente (ooops!).
Taremos lá in Recife, eu e minha senhôra, como bem sabes, naquela expectativa que você me preguntara pra publicar em A TARDE: que ela apareça! rsrsrs...
Lia já me disse que ela e Marquinhos de Seráphím também irarão pra Recife.

Franchico disse...

Valeu, Marcionílio!

Franchico disse...

Queridos irmãos e irmãs, oremos em prol da saúde dessa senhora aqui:

http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/856294-aretha-franklin-diz-que-problema-de-saude-foi-resolvido-mas-nao-revela-causa.shtml

Taí um obituário que eu não quero ter de escrever tão cedo.

Franchico disse...

Tava demorando!

Amy Winehouse deixa seios à mostra em sacada de hotel no Rio

http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/856331-amy-winehouse-deixa-seios-a-mostra-em-sacada-de-hotel-no-rio.shtml

cebola disse...

Agoooooora, sim! Amy chegou!
I love this girl!!

cebola disse...

Assino embaixo no primeiro coment de mr. Tecla preta! Esse disco do cee lo, que tem a melhor musica de 2010!!, Fuck you, é fora de ´serie!!!

cebola disse...

o Lady Killer tá fácil fácil entre os tres melhores do ano...neil Young ali tambémm e...vou pensar.

Franchico disse...

Winehouse Watch News:

http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/856507-com-manchas-roxas-amy-winehouse-volta-a-piscina-no-rio.shtml

Franchico disse...

Winehouse Watch News 2:

Paixão e decepção marcam 1º show de Amy no País

http://www.atarde.com.br/cultura/noticia.jsf?id=5671605

Franchico disse...

A quem interessar possa....

Mauricio de Sousa Produções abre vagas para roteiristas e desenhistas

http://www.universohq.com/quadrinhos/2011/n10012011_10.cfm

Márcio A Martinez disse...

Éééé... e quem é que tinha a ilusão de assistir a algo diferente disso?
Vou mais é curtir Monele Jane e Wayne Hawthorne mesmo...

cebola disse...

Já ouvi opiniões bastante discordantes sobre este show de Amy. Ela vem de dois anos sem shows. Back to Black é O disco de soul desta década. A banda é foda e a voz dela está em forma. Sim, ela não pula e dança e rola e bate palminhas. Mas broca. E em sampa vai estar mais à vontade. Ainda aposto no show dela como o melhor da noite. Aposto, mas sem torcer. Veremos...