sexta-feira, janeiro 29, 2010

O INVENTOR DA MOCIDADE



Uma das maneiras mais eficientes que um artista já estabelecido pode lançar mão para aparecer para o grande púbico, é, por incrível que pareça, desaparecer das vistas de todos – especialmente da imprensa (Belchior que o diga). J.D. Salinger foi outro que sentiu isso na pele.

Ao se isolar em uma casa na área rural de Cornish, New Hampshire, Salinger, inadvertidamente ou não, perpetrou seu golpe final em direção à imortalidade, criando uma bolha particular na qual, por curiosidade, muitos queriam entrar, mas apenas muito poucos tiveram acesso.

Quem penetrou na bolha de Salinger se viu obrigado a escrever seus próprios livros de memórias, tão mítico se tornou o autor e seu isolamento.

Assim o fez a escritora Joyce Maynard, com At home in the world (1998), detalhando seu romance com o escritor, bem como sua filha Margaret, com Dream Catcher (2000).

Esta última, por sinal, foi desmentida da primeira a última página pelo próprio irmão, Matthew, um ator fracassado, cujo papel de maior destaque foi, ironicamente, o Capitão América – um herói da 2ª Guerra, como seu pai – em um filme de quinta categoria de 1990, que volta e meia, é reprisado na Sessão da Tarde.

O legado de J.D. Salinger, contudo, é bem mais duradouro do que o do seu filho. Por ano, só nos Estados Unidos, são vendidas cerca de 200 mil cópias de seu livro mais famoso, O apanhador no campo de centeio. Com sua morte, esse número deverá, ao menos nos próximos anos, aumentar exponencialmente.

O segredo de tanto sucesso foi a forma terna e, ao mesmo tempo, sem firulas com que o escritor retratava seus personagens favoritos: adolescentes rebeldes e em eterno conflito com o mundo adulto que lhes esperavam logo ali, na esquina onde a adolescência cruza com as indesejadas responsabilidades da vida.

Romance de formação de linguagem ágil, dinâmica e irresistível, O apanhador definiu o gênero e formatou os romances de formação que viriam depois dele.

Coincidência ou não, O apanhador veio ao mundo na mesma época em que a juventude começava a ganhar relevo na sociedade americana do pós-guerra com diversas outras manifestações culturais da época, como o rock ‘n‘ roll, os filmes de Marlon Brando (O Selvagem) e James Dean (Juventude Transviada) e os livros da geração beat (On The Road de Jack Kerouac e Uivo, de Allen Ginsberg, especialmente).

Depois de Holden Caufield, protagonista de O apanhador no campo de centeio, a literatura – ou melhor, a cultura – americana e, por conseguinte, a cultura pop mundial, nunca mais foram as mesmas.

Holden, na sua imutável rabugice adolescente, concedeu os contornos que inspirariam todos os adolescentes sensíveis e inconformados.

Holden, assim como James Dean e Marlon Brando, foi o "template" definitivo do jovem rebelde – seja na década de 50 ou nos anos 2000.

Só por isso, seu criador já fez por merecer sua imortalidade. Nem precisava ter se isolado.

7 comentários:

Franchico disse...

Informo aos amigos e leitores que, com este post, o blogueiro se retira para merecidas férias do periódico da Tankred Snows Avenue.

Com isto, o ritmo de posts e liberação de comentários no Rock Loco deverá ser beeem mais lento do que o habitual.

Estarei aqui hj (sexta), o dia inteiro, liberando eventuais comentários, mas, a partir de amanhã, sabe lá.

Mas não se desesperem. Volta e meia, pretendo, da lan house mais próxima, postar uma coisa ou outra e dar vazão à (bem-vinda) sanha comentarista dos leitores do Rock Loco.

Isto posto.....

Franchico disse...

A propósito, o título deste post, o Inventor da Mocidade, eu chupei de uma comédia maluca de Howard Hawks, de 1952, com Cary Grant e Marilyn Monroe, que vi há muitos anos atrás na televisão e nunca esqueci.

http://epipoca.uol.com.br/filmes_detalhes.php?idf=13948

Disponível em DVD.

Recomendadíssima....

Franchico disse...

Fãs da Vivendo do Ócio vão gostar disso aqui.

www.myspace.com/vocemeexcita

Banda local. Um dos membros é filho do honorável Jerry Marlon.

Saiba mais na próxima terça, na coluna Coletânea - periódico da Tankred Snows etc.....

Márcio A Martinez disse...

Não nos esqueçamos de Jack Kerouac, que anos após seu ON THE ROAD, viu seu mundo particular desmoronar por conta de um bando de imbecis que acharam que sua obra foi feita pra mudar o mundo e o seguiram como a um messias...
Seu ódio e decepção com essa corja foi tanta que ele, aos 40 e poucos anos já era um recluso completo na casa de sua mãe, bêbado cotumaz, barrigudo, decepcionado e desiludido com uma geração estupidamente deslumbrada que não olhava onde estava pisando, em vez de seguir os próprios pés.
Compreensível...

cebola disse...

Dia 2 de fevereiro é isso aqui ó: www.oculosdecebola.blogspot.com . Tenho dito!

Franchico disse...

Quem se habilita?

Para colecionar

Durante sua passagem pelo Brasil em novembro do ano passado, para o lançamento da vodka ABSOLUT Rock Edition, o roqueiro e baterista Marky Ramone, além de comandar as pick ups durante a festa, autografou poucas garrafas da edição limitada, que homenageia o rock and roll.
As garrafas autografadas pelo único integrante vivo da formação original da banda Ramones – a mais influente da cena punk rock mundial, se tornaram peças de colecionadores e poderão ser adiquiridas por apenas um fã brasileiro de cada região eleita pela marca. Em Salvador a raridade poderá ser encontrada na delicatessen Perini Vasco da Gama, a partir deste fim de semana.
A reliquia poderá ir para os bares ou estantes de colecionadores pelo valor de R$ 499. A edição limitada traz a descolada garrafa envolta em um “casaco” de couro preto com apliques de tachas de metal, que aderem perfeitamente ao famoso shape da vodka.

osvaldo disse...

got vape? volcano vaporizer:o novo jeito de fazer a cabeça sem fazer fumaça.literalmente.impressionante, mesmo para non-users.

How Rich People Smoke Pot

http://www.thedailybeast.com/blogs-and-stories/2010-02-07/how-rich-people-smoke-pot/?cid=hp:mostpopular4