Blog (que, nos seus primórdios, entre 2004-05, foi de um programa de rádio) sobre rock e cultura pop. Hoje é o blog de Chico Castro Jr., jornalista formado pela Faculdade de Comunicação da Universidade Federal da Bahia. Atualmente, é repórter do Caderno 2+ do jornal A Tarde, no qual algumas das matérias vistas aqui foram anteriormente publicadas. Assina a coluna Coletânea, dedicada à música independente baiana. Nossa base é Salvador, Bahia, a cidade do axé, a cidade do terror.
quarta-feira, maio 27, 2009
ÍCONE PUNK FAZ DJ SET NO GROOVE
Nos últimos anos da década de 1970, ele já era punk – sem saber. Pouco depois, fundaria uma das bandas pioneiras do estilo no Brasil: Inocentes. Hoje, Clemente Nascimento (foto: Daniel Arantes) é um dos músicos e produtores mais respeitados do rock brasileiro. Neste sábado, no Groove Bar, os baianos poderão conhecer sua outra faceta: DJ.
Ele, que hoje ainda trabalha como apresentador de dois programas do portal Showlivre (showlivre.com), Pé Na Porta e Estúdio Showlivre, confessa que, quando vai discotecar, não costuma planejar muito o repertório.
“Depende muito da cara do povo! A gente nunca sabe, né? Vamos sentir o clima. É que, as vezes, vou pensando em tocar uma coisa e toco outra, então nunca é uma coisa fechada. Mas posso adiantar que sempre rolam umas coisas velhas, mas também coisas novas. Tento dar uma equilibrada“, conta, bem-humorado.
Jornada dupla – Hoje em dia, além de continuar na ativa com a Inocentes, ele também toca guitarra em outra banda fundamental do punk Brasil: Plebe Rude.
Inclusive, no último Carnaval, ele esteve aqui com as duas bandas, que se apresentaram no Palco do Rock de Piatã.
O fato é interessante por reunir em uma única banda as duas principais tendências do estilo no País: o punk de São Paulo e o punk de Brasília, de perfis bem diferentes – enquanto os primeiros eram proletários, os jovens brasilienses eram burgueses, filhos funcionários do governo.
“Conheço os caras da Plebe Rude desde a primeira vez que vieram pra São Paulo com o pessoal da Legião Urbana, em 1983. Eu trabalhava no (clube noturno) Napalm e sempre fomos amigos. Aí um dia teve um show-tributo ao The Clash aqui e tocamos juntos. O Phillipe (Seabra, vocalista) teve ‘um estalo‘ e aí me convidou pra entrar na banda ali, na hora“, conta.
Novo mercado – No front da Inocentes, as coisas também vão bem, obrigado. “Acabamos de lançar um DVD ao vivo (Som e Fúria), fizemos um show antológico na Virada Cultural e agora estamos preparando um CD de inéditas“, resume.
Com os anos 00 quase no fim, começa a chegar o momento de avaliar tudo o que aconteceu na década do download. Diferentes de muitos apocalípticos, Clemente a vê com bons olhos: “Achei uma década bacana. A internet abriu espaço para a liberdade artística, mas também tem o lado pro mal. Como não é uma ‘mídia normal‘, você é que tem que gerar a sua audiência. É meio desafiador“.
Mas o grande ganho da década é mesmo o estabelecimento definitivo – e ainda em processo – de um mercado musical médio, intermediário entre o mainstream e o realmente pequeno.
“O lance da cena independente que se estabeleceu é que o melhor. Nunca toquei tanto com os Inocentes quanto agora. Tocamos no Brasil todo em vários festivais, do Pará ao Rio Grande do Sul, o que era impensável na década de 80. E aí começa a se estabelecer uma cena independente fortíssima no Brasil“, diz.
Dentro disso, Clemente destaca a baiana Cascadura como uma das melhores bandas desse novo cenário.
“Eu tô louco pra fazer o Cascadura no Estúdio Showlivre. Um dos melhores álbuns que eu ouvi ultimamente foi o Bogary. Vi também os Retrofoguetes no Clube Vegas outro dia. Foi muito bom. O que eu achei mais louco foi quando Morotó pegou a guitarra baiana, por que faz um link com a música brasileira sem perder o punch rock n roll. Não é o instrumento que você toca que diz se você é rock, mas o modo como você toca. Já vi muita banda por aí dizer que faz um som ‘fudido‘ (super-pesado) e tal, quando você vai ouvir é uma bosta“, ri Clemente.
Clemente - DJ set
Participação: DJs el Cabong e Pinguim (Residente)
Sábado, 22 horas
Groove Bar (3267-5124)
Rua Marques de Leão, 351 A, Barra
R$ 15
sábado, maio 23, 2009
DIÁRIOS DE BORDO TREKKER
Com a febre de Jornada na Estrelas em alta novamente, dois livros surgem para abastecer os motores da franquia
Star Trek, o novo filme baseado na clássica série criada por Gene Rodenberry, levantou uma franquia que andava esquecida, arregimentando novos adeptos.
Na onda do blockbuster de J.J. Abrams, as livrarias receberam dois petiscos de sabores diferenciados que podem ser apreciados tanto por neófitos, quanto por velhos fãs: Almanaque Jornada nas Estrelas, de Salvador Nogueira e Susana Alexandria, e Jornada nas Estrelas - Klingons: Herança de Sangue, escrita pelos irmãos Scott e David Tipton, com desenhos de David Messina.
O primeiro segue o mesmo formato de outros almanaques lançados nos últimos anos e que se tornaram best-sellers, como o Almanaque Anos 80 e Almanaque Jovem Guarda.
Escrito por dois trekkers (denominação para especialistas, diferente do trekkie, que seria o iniciante ou apreciador ocasional) de carteirinha, o livro é praticamente uma bíblia para os fãs brasileiros.
Completíssimo, o Almanaque Jornada nas Estrelas se estende por mais de 270 páginas recheadas de ilustrações em dez capítulos cobrindo todas as séries de TV, filmes, livros e outros produtos que algum dia portaram o escudo da Frota Estelar da Federação dos Planetas Unidos.
Boa parte de suas páginas, claro, se detém na série clássica de TV que deu início a franquia (1966-68) e aos filmes feitos para o cinema a partir do subestimado Jornada nas Estrelas - O Filme (1979), dirigido pelo experiente Robert Wise (O Dia Em que a Terra Parou e A Noviça Rebelde).
Por dentro e por fora – Para o fã dedicado a mitologia original, há um guia de episódios por temporada, contendo sinopses, ficha técnica e curiosidades, além de todas as citações literárias – e há muitas delas, especialmente de Shakespeare, talvez uma das razões da fama de “ficção-científica cabeça“ que Star Trek angariou ao longo das últimas décadas.
Um dos principais méritos do livro é analisar a série clássica tanto por dentro quanto por fora, ou seja, contando diversas histórias de bastidores, especialmente as dificuldades orçamentárias que levaram ao seu cancelamento precoce, na 3ª temporada.
As séries derivadas que começaram a surgir nos anos 80 – pela ordem, A Nova Geração, Deep Space Nine, Voyager e Enterprise – também ganham análises, mas não o guia de episódios detalhado concedido a série clássica – provavelmente, a única falha (ou falta) do livro.
Mas ainda assim, o Almanque marca pontos ao resgatar, por exemplo, a curiosa série de desenhos animados produzida entre 1973 e 74, bem como a tentativa abortada de reativar o seriado clássico em 1975, conhecido como Fase II. Apesar de cancelado antes mesmo de começar, ele foi importante por ter pavimentado o caminho que levou a produção do filme para o cinema de 79.
Há ainda uma mini-biografia do criador Gene Rodenberry, além de entrevistas feitas no Brasil com os atores que já visitaram o País para participar de eventos, como Leonard Nimoy (Sr. Spock), George Takei (Sulu) e Walter Koenig (Pavel Chekov), além de diversas outras curiosidades e dados envolvendo o universo de Star Trek.
Publicação fundamental para trekkers e trekkies.
O “lado klingon“ – Parte do chamado “universo expandido“ de Star Trek, os quadrinhos baseados nas suas diversas séries vêm sendo produzidos por diversas editoras americanas desde os anos 70, tendo passagens pela Marvel, DC, Gold Key e Dark Horse. O álbum Klingons: Herança de sangue, lançado pela Devir, traz para o Brasil material inédito produzido pela sua atual editora nos EUA, a IDW.
O grande barato desta série é trazer para o leitor o “lado klingon“ de Star Trek. A raça klingon – belicosa, naturalmente guerreira e orgulhosa – era a grande inimiga da Federação dos Planetas Unidos, e portanto, as naves desta civilização viviam às turras com a tripulação da Enterprise – a serviço da Federação.
Desta forma, o álbum reconstrói, na visão dos klingons, os fatos narrados em quatro dos melhores episódios da série clássica: Missão de Misericórdia (1967), Problemas aos Pingos (1967), Uma Guerra Particular (1968) e O Dia do Pombo (1968).
Ainda assim, o leitor de primeira viagem não terá dificuldades em entender as HQs.
Almanaque Jornada nas Estrelas
Salvador Nogueira e Susana Alexandria
Aleph
272 p. | R$ 54
www.alephnet.com.br
Jornada nas Estrelas - Klingons: Herança de Sangue
Scott Tipton, David Tipton e David Messina
Devir
168 p | R$ 45
www.devir.com.br
Star Trek, o novo filme baseado na clássica série criada por Gene Rodenberry, levantou uma franquia que andava esquecida, arregimentando novos adeptos.
Na onda do blockbuster de J.J. Abrams, as livrarias receberam dois petiscos de sabores diferenciados que podem ser apreciados tanto por neófitos, quanto por velhos fãs: Almanaque Jornada nas Estrelas, de Salvador Nogueira e Susana Alexandria, e Jornada nas Estrelas - Klingons: Herança de Sangue, escrita pelos irmãos Scott e David Tipton, com desenhos de David Messina.
O primeiro segue o mesmo formato de outros almanaques lançados nos últimos anos e que se tornaram best-sellers, como o Almanaque Anos 80 e Almanaque Jovem Guarda.
Escrito por dois trekkers (denominação para especialistas, diferente do trekkie, que seria o iniciante ou apreciador ocasional) de carteirinha, o livro é praticamente uma bíblia para os fãs brasileiros.
Completíssimo, o Almanaque Jornada nas Estrelas se estende por mais de 270 páginas recheadas de ilustrações em dez capítulos cobrindo todas as séries de TV, filmes, livros e outros produtos que algum dia portaram o escudo da Frota Estelar da Federação dos Planetas Unidos.
Boa parte de suas páginas, claro, se detém na série clássica de TV que deu início a franquia (1966-68) e aos filmes feitos para o cinema a partir do subestimado Jornada nas Estrelas - O Filme (1979), dirigido pelo experiente Robert Wise (O Dia Em que a Terra Parou e A Noviça Rebelde).
Por dentro e por fora – Para o fã dedicado a mitologia original, há um guia de episódios por temporada, contendo sinopses, ficha técnica e curiosidades, além de todas as citações literárias – e há muitas delas, especialmente de Shakespeare, talvez uma das razões da fama de “ficção-científica cabeça“ que Star Trek angariou ao longo das últimas décadas.
Um dos principais méritos do livro é analisar a série clássica tanto por dentro quanto por fora, ou seja, contando diversas histórias de bastidores, especialmente as dificuldades orçamentárias que levaram ao seu cancelamento precoce, na 3ª temporada.
As séries derivadas que começaram a surgir nos anos 80 – pela ordem, A Nova Geração, Deep Space Nine, Voyager e Enterprise – também ganham análises, mas não o guia de episódios detalhado concedido a série clássica – provavelmente, a única falha (ou falta) do livro.
Mas ainda assim, o Almanque marca pontos ao resgatar, por exemplo, a curiosa série de desenhos animados produzida entre 1973 e 74, bem como a tentativa abortada de reativar o seriado clássico em 1975, conhecido como Fase II. Apesar de cancelado antes mesmo de começar, ele foi importante por ter pavimentado o caminho que levou a produção do filme para o cinema de 79.
Há ainda uma mini-biografia do criador Gene Rodenberry, além de entrevistas feitas no Brasil com os atores que já visitaram o País para participar de eventos, como Leonard Nimoy (Sr. Spock), George Takei (Sulu) e Walter Koenig (Pavel Chekov), além de diversas outras curiosidades e dados envolvendo o universo de Star Trek.
Publicação fundamental para trekkers e trekkies.
O “lado klingon“ – Parte do chamado “universo expandido“ de Star Trek, os quadrinhos baseados nas suas diversas séries vêm sendo produzidos por diversas editoras americanas desde os anos 70, tendo passagens pela Marvel, DC, Gold Key e Dark Horse. O álbum Klingons: Herança de sangue, lançado pela Devir, traz para o Brasil material inédito produzido pela sua atual editora nos EUA, a IDW.
O grande barato desta série é trazer para o leitor o “lado klingon“ de Star Trek. A raça klingon – belicosa, naturalmente guerreira e orgulhosa – era a grande inimiga da Federação dos Planetas Unidos, e portanto, as naves desta civilização viviam às turras com a tripulação da Enterprise – a serviço da Federação.
Desta forma, o álbum reconstrói, na visão dos klingons, os fatos narrados em quatro dos melhores episódios da série clássica: Missão de Misericórdia (1967), Problemas aos Pingos (1967), Uma Guerra Particular (1968) e O Dia do Pombo (1968).
Ainda assim, o leitor de primeira viagem não terá dificuldades em entender as HQs.
Almanaque Jornada nas Estrelas
Salvador Nogueira e Susana Alexandria
Aleph
272 p. | R$ 54
www.alephnet.com.br
Jornada nas Estrelas - Klingons: Herança de Sangue
Scott Tipton, David Tipton e David Messina
Devir
168 p | R$ 45
www.devir.com.br
quinta-feira, maio 21, 2009
ZONA MUNDI TRAZ DJ CARIOCA HOJE, NO MAM
A arte eletrônica, uma curiosa interseção entre criação e tecnologia que engloba diversas linguagens artísticas, é uma área que vem experimentando um grande crescimento nesta última década, tanto em produção, quanto em procura.
A série de eventos Zona Mundi procura dar vazão à produção daqueles que militam nesta área.
Organizado pelo cantor Vince de Mira, da banda Lampirônicos, o Zona Mundi chega ao terceiro evento de uma série de cinco, previstos para acontecerem no Museu de Arte Moderna da Bahia (Solar do Unhão) até o mês de julho. Além de apresentações, os artistas convidados também ministram workshops que são gratuitos (assim como os eventos) para o público interessado.
Nesta etapa, a Zona Mundi apresentará o DJ e pesquisador carioca Lúcio K, além da banda residente RadioMundi e do coletivo local de VJs Mote.
A atração principal será o show em formato Live P.A. (onde o DJ cria e manipula diversos sons ao vivo, através do das pick ups e computador integrados) de Lúcio K., experiente profissional, na ativa desde o fim dos anos 80. O som que promete sair das caixas será uma estonteante mistura de sons globais e regionais que vão do pop ao samba-reggae, passando por samba, maracatu e ciranda, até o funk carioca.
Já a banda RadioMundi que se apresenta amanhã também não deixará por menos, realizando intrincadas misturas entre música eletrônica e orgânica.
Para isso, conta com alguns dos músicos mais engajados nas pesquisas dessas fusões: Mangaio (programações e samplers), Mamá Soares (percussão), Marcelo Santana (baixo), Vince de Mira (voz e efeitos), Emanoel Venancio (bateria) e Gabriel Dominguez (guitarra e guitarra baiana).
Antes disso tudo, porém, o DJ Lúcio K ainda comanda hoje, pela manhã e pela tarde um workshop onde tentará passar um pouco de sua técnica e conhecimentos musicais.
Paralelo ao workshop, há ainda uma série de discussões, as Zonas de Pensamento, onde os artistas buscam uma forma de se relacionarem com as novas possibilidades de mercado.
Zona Mundi | Com o DJ Lúcio K. | Hoje, às 20 horas | Com Radiomundi e performances de Vjing do Coletivo Mote | Amanhã, às 20 horas | Estacionamento do Museu de Arte Moderna (3117-6141/6139) | Av. Contorno, s/n, Solar do Unhão | Gratuito
Workshop com Lúcio K | Hoje, das 9 às 12 horas e das 14 às 18 horas | Sala de Oficinas do MAM | Gratuito
Maiores informações: www.zonamundi.blogspot.com
segunda-feira, maio 18, 2009
CRIATIVIDADE NO RABO DO FOGUETE
Orgulho rocker local, os Retrofoguetes atacam no novo CD com tango, mambo, country e, claro, Rock ‘n‘ roll
Eles dispensam apresentações. Senhoras e senhores, eles são os Retrofoguetes e Cha Cha Chá (2009, Indústrias Karzov) é o seu novo e formidável álbum de músicas inéditas.
Aqui, o trio de músicos baianos pegou o rock, a surf music e o rockabilly e os levaram, a bordo da sua possante nave intergaláctica, aonde nenhuma banda de rock jamais ousou ir.
E quem diz isso não é nenhum jornalista, não. São eles próprios: “Chegamos num lugar desconhecido com Cha Cha Chá“, avisa o baixista CH Straatman, cuja galopante levada de baixo é responsável por abrir o álbum, na faixa Vênus Cassino.
“Ficou bem diferente do primeiro, eu acho. Gravamos todas as músicas que planejamos, nenhuma foi excluída e todas ficaram boas por que acreditamos no potencial de todas elas. Não ficamos com medo de arriscar por que elas eram diferentes do que vínhamos fazendo“, ensina CH.
Lançado cinco anos após o álbum de estreia, Ativar Retrofoguetes! (2004, Monstro Discos), o segundo CD da banda traz o som característico de surf music do trio, mas, ao invés de ficar só nisso, as composições evocam paisagens e sonoridades de lugares distantes e exóticos, como Itália (na faixa Santa Sicília), Turquia (O Falso Turco), Argentina (Constelación), Caribe (Maldito Mambo!), Memphis (Um foguete Para Memphis) e o atol de Bikini (Bikini, 1958).
Evolução natural – Para o guitarrista Morotó Slim, o que houve foi “uma evolução e o fato da gente estar mais aberto aos estilos que apareceram. ‘Pô, apareceu um tango! Vamos fazer!‘ Nada foi inventado, foi tudo muito natural“, conta.
“Esse disco tem músicas que são a realização de um sonho. O mambo mesmo foi um sonho que se concretizou“, revela. E para realizar sonhos, nada melhor do que contar com uma mãozinha dos amigos.
E Cha Cha Chá está cheio deles, a começar pelos produtores andré t. e Nancy Viegas, ambos parceiros e amigos de longa data do trio. Já Maldito Mambo!, conta com os preciosos metais da Orkestra Rumpilezz, além de arranjos do maestro Letieres Leite.
“Espero um dia fazer um disco inteiro com uma orquestra“, deseja Morotó. “E vai ser melhor do que a Brian Setzer Orchestra, claro“, brinca. Ou não.
Já Saulo Gama abrilhanta as faixas Constelación e Santa Sicília com seu acordeom, enquanto Aroldo Macedo traz sua guitarra baiana para Mademoiselle Zazel (homenagem a mulher do título, a primeira pessoa a ser disparada como bala humana de um canhão).
Joe Tromondo, ex-Dead Billies e primeiro baixista dos Retrofoguetes (hoje na banda de Pitty) toca seu ukelele (guitarra havaiana) em Bikini, 1958. O percusssionista Humberto Monteiro levanta O Falso Turco com suas marimbas, concedendo à faixa um clima de flme de Tim Burton (como notou o jornalista Luiz Pimentel, autor do release do disco).
Cine cabeça – O sabor de trilha sonora de filme B dos anos 50 e 60, aliás, permeia todo o álbum. Cada faixa parece evocar imagens de alguma película obscura assistida em alguma sessão da tarde ainda na infância e enterrada há décadas lá no inconsciente do ouvinte.
“O cinema é um norte pra gente mesmo“, admite o baterista Rex. “Quando a gente fala que pensamos na música como se fosse uma trilha, é verdade mesmo. E se fosse essa a nossa profissão (trilheiro), não poderíamos fazer música dentro de um estilo só. A cada filme você tem que fazer música de um jeito“, percebe.
“Eu não diria que o disco inteiro é a trilha de um único filme“, acrescenta CH. “Tinha um determinado clima em uma música que o jornalista pegou e disse: ’essa faixa me remete a uma perseguição de carro’. E foi exatamente o que a gente pensou! Quando você lê um livro, aquilo atiça sua imaginação a visualizar aquilo que está escrito. É a mesma coisa com a gente: não temos letras, mas cada um um vai fazer o seu próprio filme na cabeça com essas músicas“, sugere.
Para fazer seu próprio filme, Cha Cha Chá está nas lojas Saraiva, midialouca e Urbanorama.
Cha Cha Chá
Retrofoguetes
Indústrias Karzov
R$ 20
www.retrofoguetes.com.br
Eles dispensam apresentações. Senhoras e senhores, eles são os Retrofoguetes e Cha Cha Chá (2009, Indústrias Karzov) é o seu novo e formidável álbum de músicas inéditas.
Aqui, o trio de músicos baianos pegou o rock, a surf music e o rockabilly e os levaram, a bordo da sua possante nave intergaláctica, aonde nenhuma banda de rock jamais ousou ir.
E quem diz isso não é nenhum jornalista, não. São eles próprios: “Chegamos num lugar desconhecido com Cha Cha Chá“, avisa o baixista CH Straatman, cuja galopante levada de baixo é responsável por abrir o álbum, na faixa Vênus Cassino.
“Ficou bem diferente do primeiro, eu acho. Gravamos todas as músicas que planejamos, nenhuma foi excluída e todas ficaram boas por que acreditamos no potencial de todas elas. Não ficamos com medo de arriscar por que elas eram diferentes do que vínhamos fazendo“, ensina CH.
Lançado cinco anos após o álbum de estreia, Ativar Retrofoguetes! (2004, Monstro Discos), o segundo CD da banda traz o som característico de surf music do trio, mas, ao invés de ficar só nisso, as composições evocam paisagens e sonoridades de lugares distantes e exóticos, como Itália (na faixa Santa Sicília), Turquia (O Falso Turco), Argentina (Constelación), Caribe (Maldito Mambo!), Memphis (Um foguete Para Memphis) e o atol de Bikini (Bikini, 1958).
Evolução natural – Para o guitarrista Morotó Slim, o que houve foi “uma evolução e o fato da gente estar mais aberto aos estilos que apareceram. ‘Pô, apareceu um tango! Vamos fazer!‘ Nada foi inventado, foi tudo muito natural“, conta.
“Esse disco tem músicas que são a realização de um sonho. O mambo mesmo foi um sonho que se concretizou“, revela. E para realizar sonhos, nada melhor do que contar com uma mãozinha dos amigos.
E Cha Cha Chá está cheio deles, a começar pelos produtores andré t. e Nancy Viegas, ambos parceiros e amigos de longa data do trio. Já Maldito Mambo!, conta com os preciosos metais da Orkestra Rumpilezz, além de arranjos do maestro Letieres Leite.
“Espero um dia fazer um disco inteiro com uma orquestra“, deseja Morotó. “E vai ser melhor do que a Brian Setzer Orchestra, claro“, brinca. Ou não.
Já Saulo Gama abrilhanta as faixas Constelación e Santa Sicília com seu acordeom, enquanto Aroldo Macedo traz sua guitarra baiana para Mademoiselle Zazel (homenagem a mulher do título, a primeira pessoa a ser disparada como bala humana de um canhão).
Joe Tromondo, ex-Dead Billies e primeiro baixista dos Retrofoguetes (hoje na banda de Pitty) toca seu ukelele (guitarra havaiana) em Bikini, 1958. O percusssionista Humberto Monteiro levanta O Falso Turco com suas marimbas, concedendo à faixa um clima de flme de Tim Burton (como notou o jornalista Luiz Pimentel, autor do release do disco).
Cine cabeça – O sabor de trilha sonora de filme B dos anos 50 e 60, aliás, permeia todo o álbum. Cada faixa parece evocar imagens de alguma película obscura assistida em alguma sessão da tarde ainda na infância e enterrada há décadas lá no inconsciente do ouvinte.
“O cinema é um norte pra gente mesmo“, admite o baterista Rex. “Quando a gente fala que pensamos na música como se fosse uma trilha, é verdade mesmo. E se fosse essa a nossa profissão (trilheiro), não poderíamos fazer música dentro de um estilo só. A cada filme você tem que fazer música de um jeito“, percebe.
“Eu não diria que o disco inteiro é a trilha de um único filme“, acrescenta CH. “Tinha um determinado clima em uma música que o jornalista pegou e disse: ’essa faixa me remete a uma perseguição de carro’. E foi exatamente o que a gente pensou! Quando você lê um livro, aquilo atiça sua imaginação a visualizar aquilo que está escrito. É a mesma coisa com a gente: não temos letras, mas cada um um vai fazer o seu próprio filme na cabeça com essas músicas“, sugere.
Para fazer seu próprio filme, Cha Cha Chá está nas lojas Saraiva, midialouca e Urbanorama.
Cha Cha Chá
Retrofoguetes
Indústrias Karzov
R$ 20
www.retrofoguetes.com.br
segunda-feira, maio 11, 2009
HIGHWAY REVISITADA
Chega as livrarias versão de On The Road com o manuscrito original de Kerouac
Muito já se escreveu sobre On the road, a emblemática obra sobre a geração beatnik que revelou, além do seu autor Jack Kerouac, Allen Ginsberg e William Burroughs, entre outros escritores. O amplo debate que se estabeleceu nos meios literários desde os anos 50 sobre essa rapaziada deve ganhar novo fôlego agora, com a publicação do lendário manuscrito original do livro, que chega as livrarias pela mesma L&PM que publicou pela primeira vez no Brasil a versão "clássica", ainda nos anos 80.
On The Road – O Manuscrito Original traz na íntegra o texto datilografado no famoso rolo de 37 metros de folhas de papel vegetal, que Kerouac colou umas nas outras. Turbinado pelas chamadas “bolinhas“ – e pelo próprio entusiasmo –, o rapaz escreveu o livro inteirinho em três semanas do ano de 1951, quase sem dormir.
O resultado é o texto apresentado nesta edição: 250 páginas corridas por um único parágrafo, totalmente preenchidas com a prosa febril, ágil, doce apaixonada de Jack Kerouac. A edição ainda inclui quatro ensaios de literatos estrangeiros.
Entre outras diferenças básicas com a obra editada pela editora americana Viking e só lançada em 1957, é que, aqui, Kerouac referia-se aos personagens com seus nomes reais, e não pelos pseudônimos que todos que leram o livro conhecem.
Neal Cassady – o grande companheiro de viagens de Kerouac e personagem principal do livro – aqui é mesmo Neal Cassady, e não “Dean Moriarty“. Assim, como William Burroughs, conhecido na versão editada como “Old Bull Lee“, e assim por diante.
A versão editada do livro só saiu depois de muita conversa entre o autor e os editores. Para Kerouac, só a versão integral e sem cortes traduzia suas reais intenções. Mas há controvérsias.
Excessivo – O primeiro tradutor brasileiro de On the road, o gaúcho Eduardo “Peninha“ Bueno, uma autoridade em Jack Kerouac e geração beat, concorda que o Manuscrito original – agora traduzido por Lúcia Brito – está mais próximo da idéia do autor para o livro, mas também reflete que a versão editada tem lá suas vantagens.
“Na verdade, quem coteja um texto com o outro, como eu fiz, percebe que o Manuscrito original está muito mais próximo das intenções originais de Kerouac ao fazer a obra do que aquela versão que conhecemos. Por outro lado, não sei se é porque estou envelhecendo (risos), mas o fato é que ninguém conhecia esse original. E as coisas que você não conhece viram lenda. E a lenda que ele sempre propagou é que o original era muito melhor do que que a versão editada. Mas eu me permito discordar. Pode ser a idade, mas eu concordo com os editores da Viking. Eles fizeram uma coisa mais comercial, mas no melhor sentido da palavra. A versão que a gente conhece era mais legível, mais vendável mesmo, e foi isso que ajudou o livro a ficar famoso“, reflete Bueno.
“Na verdade, eu acho que, se tivesse saído dessa forma, seria excessivo, e talvez ele não tivesse tido o alcance que teve“, acrescenta. “Por que ele não queria cortar nenhum excesso – e o livro é cheio deles. De qualquer forma, eu diria que é uma tremenda audácia editorial lançar esse Manuscrito original“, nota.
Beatífico – Na versão editada, On the road é dividido em quatro partes. Cada parte é o relato de uma viagem que Kerouac fez com seu amigo Neal Cassady pelos EUA e México (na quarta parte). No Manuscrito original, essa divisão desaparece, tornando tudo, aparentemente, uma única viagem, uma verdadeira tour de force, tanto pelo fluxo delirante de consciência do autor, bem como pela vibrante América do Norte pós-guerra, com sua paranóica política anti-comunismo e pró-consumismo.
Kerouac e seus amigos, como se sabe, eram a antítese de tudo isto. Tudo o que eles queriam era pular fora de toda aquela loucura e buscar a sua própria forma de enlouquecer, e para isso, recorriam as estradas, álcool, drogas, jazz bebop, poesia e a uma certa “atitude beat“.
Mas não beat de “batida“, mas beat de “beatífico“, uma bondade intrínseca, um dom de amar ao próximo sem precisar ser exatamente religioso. Apenas bom. Esse conceito, mais tarde, foi uma das bases da revolução de costumes da geração hippie.
“Eu acho que esta foi a grande contribuição de On the road para a liberação das mentes e espíritos, além dos méritos literários. Foi o legado comportamental do livro. Tipo, ‘agora chega‘. Eles estavam na época do macarthismo, do (presidente) Eisenhower, e foi com isso que eles disseram esse ‘chega, vai se afundar no seu petroleo‘, sabe?“, observa Eduardo Bueno.
Ainda assim, ele vê pouca relação entre a juventude de hoje, mais preocupada em possuir o celular mais moderno do mercado e a de então. Mas, como se sabe, os rebeldes sempre foram minoria.
”Em termos de comportamento, não vejo relação, mas de espírito, sim. Esse espírito rebelde de On the road veio de antes, de Herman Melville, Walt Whitman, e continuou depois, com Sam Shepard, Brett Easton Ellis e outros. Há um lado da juventude que tem essa sensação vívida. Não teria tanto sentido viver isso hoje em dia, mas a chama de rebelião eu te garanto que ‘tá viva. Vem muita garotada de 17, 18 anos me dizer que ‘o livro mudou minha vida‘. Não é uma coisa de massa ou geracional. Não tem um amplitude comportamental, mas tem o seu núcleo”, garante.
On the road - O manuscrito original
Jack Kerouac
L&PM Editores
360 p. | R$ 59
www.www.lpm-editores.com.br
Muito já se escreveu sobre On the road, a emblemática obra sobre a geração beatnik que revelou, além do seu autor Jack Kerouac, Allen Ginsberg e William Burroughs, entre outros escritores. O amplo debate que se estabeleceu nos meios literários desde os anos 50 sobre essa rapaziada deve ganhar novo fôlego agora, com a publicação do lendário manuscrito original do livro, que chega as livrarias pela mesma L&PM que publicou pela primeira vez no Brasil a versão "clássica", ainda nos anos 80.
On The Road – O Manuscrito Original traz na íntegra o texto datilografado no famoso rolo de 37 metros de folhas de papel vegetal, que Kerouac colou umas nas outras. Turbinado pelas chamadas “bolinhas“ – e pelo próprio entusiasmo –, o rapaz escreveu o livro inteirinho em três semanas do ano de 1951, quase sem dormir.
O resultado é o texto apresentado nesta edição: 250 páginas corridas por um único parágrafo, totalmente preenchidas com a prosa febril, ágil, doce apaixonada de Jack Kerouac. A edição ainda inclui quatro ensaios de literatos estrangeiros.
Entre outras diferenças básicas com a obra editada pela editora americana Viking e só lançada em 1957, é que, aqui, Kerouac referia-se aos personagens com seus nomes reais, e não pelos pseudônimos que todos que leram o livro conhecem.
Neal Cassady – o grande companheiro de viagens de Kerouac e personagem principal do livro – aqui é mesmo Neal Cassady, e não “Dean Moriarty“. Assim, como William Burroughs, conhecido na versão editada como “Old Bull Lee“, e assim por diante.
A versão editada do livro só saiu depois de muita conversa entre o autor e os editores. Para Kerouac, só a versão integral e sem cortes traduzia suas reais intenções. Mas há controvérsias.
Excessivo – O primeiro tradutor brasileiro de On the road, o gaúcho Eduardo “Peninha“ Bueno, uma autoridade em Jack Kerouac e geração beat, concorda que o Manuscrito original – agora traduzido por Lúcia Brito – está mais próximo da idéia do autor para o livro, mas também reflete que a versão editada tem lá suas vantagens.
“Na verdade, quem coteja um texto com o outro, como eu fiz, percebe que o Manuscrito original está muito mais próximo das intenções originais de Kerouac ao fazer a obra do que aquela versão que conhecemos. Por outro lado, não sei se é porque estou envelhecendo (risos), mas o fato é que ninguém conhecia esse original. E as coisas que você não conhece viram lenda. E a lenda que ele sempre propagou é que o original era muito melhor do que que a versão editada. Mas eu me permito discordar. Pode ser a idade, mas eu concordo com os editores da Viking. Eles fizeram uma coisa mais comercial, mas no melhor sentido da palavra. A versão que a gente conhece era mais legível, mais vendável mesmo, e foi isso que ajudou o livro a ficar famoso“, reflete Bueno.
“Na verdade, eu acho que, se tivesse saído dessa forma, seria excessivo, e talvez ele não tivesse tido o alcance que teve“, acrescenta. “Por que ele não queria cortar nenhum excesso – e o livro é cheio deles. De qualquer forma, eu diria que é uma tremenda audácia editorial lançar esse Manuscrito original“, nota.
Beatífico – Na versão editada, On the road é dividido em quatro partes. Cada parte é o relato de uma viagem que Kerouac fez com seu amigo Neal Cassady pelos EUA e México (na quarta parte). No Manuscrito original, essa divisão desaparece, tornando tudo, aparentemente, uma única viagem, uma verdadeira tour de force, tanto pelo fluxo delirante de consciência do autor, bem como pela vibrante América do Norte pós-guerra, com sua paranóica política anti-comunismo e pró-consumismo.
Kerouac e seus amigos, como se sabe, eram a antítese de tudo isto. Tudo o que eles queriam era pular fora de toda aquela loucura e buscar a sua própria forma de enlouquecer, e para isso, recorriam as estradas, álcool, drogas, jazz bebop, poesia e a uma certa “atitude beat“.
Mas não beat de “batida“, mas beat de “beatífico“, uma bondade intrínseca, um dom de amar ao próximo sem precisar ser exatamente religioso. Apenas bom. Esse conceito, mais tarde, foi uma das bases da revolução de costumes da geração hippie.
“Eu acho que esta foi a grande contribuição de On the road para a liberação das mentes e espíritos, além dos méritos literários. Foi o legado comportamental do livro. Tipo, ‘agora chega‘. Eles estavam na época do macarthismo, do (presidente) Eisenhower, e foi com isso que eles disseram esse ‘chega, vai se afundar no seu petroleo‘, sabe?“, observa Eduardo Bueno.
Ainda assim, ele vê pouca relação entre a juventude de hoje, mais preocupada em possuir o celular mais moderno do mercado e a de então. Mas, como se sabe, os rebeldes sempre foram minoria.
”Em termos de comportamento, não vejo relação, mas de espírito, sim. Esse espírito rebelde de On the road veio de antes, de Herman Melville, Walt Whitman, e continuou depois, com Sam Shepard, Brett Easton Ellis e outros. Há um lado da juventude que tem essa sensação vívida. Não teria tanto sentido viver isso hoje em dia, mas a chama de rebelião eu te garanto que ‘tá viva. Vem muita garotada de 17, 18 anos me dizer que ‘o livro mudou minha vida‘. Não é uma coisa de massa ou geracional. Não tem um amplitude comportamental, mas tem o seu núcleo”, garante.
On the road - O manuscrito original
Jack Kerouac
L&PM Editores
360 p. | R$ 59
www.www.lpm-editores.com.br
sexta-feira, maio 08, 2009
KID É O CARA
Autoridade em rock, jornalismo e discotecagem, Kid Vinil ataca de DJ sábado a noite, no Groovebar
Não é possível pensar em imprensa especializada em rock no Brasil sem lembrar de Kid Vinil. O carismático roqueiro, jornalista, radialista e apresentador é a atração de hoje da festa Into The Groove, no Groovebar (Barra).
É a primeira vez que Kid, que despontou para a fama nacional na primeira metade da década de 80 com sua banda Magazine e os hits Sou Boy e Tique Nervoso, vem discotecar em uma festa em Salvador. Além dele, se apresentam ainda na noite os DJs Big Brother, Pinguim (residente da casa) e Amenus (de Curitiba).
No comando da balada, o dono da festa avisa que a ordem é curtir: “Eu tento equilibrar um pouco a coisa, tento fazer o povo dançar. Toco década de 80, rock brasileiro, mas também coisas atuais, mas mais para dançar mesmo“.
Antes da festa, Kid ainda tem outro encontro marcado com o público baiano durante a noite de autógrafos do seu livro Almanaque do Rock, lançado há poucos meses, na Saraiva Megastore do Salvador Shopping.
Tiros a esmo – Quem andava se perguntando por onde andava Kid Vinil, por si só um ícone da new wave brasileira, é bom saber que o homem nunca se acomodou nesse papel, diferente de muita gente que fez sucesso nos anos 80. Ativo como nunca, ele hoje atua como blogueiro oficial dos sites da MTV e do Yahoo!, além de continuar como disc-jockey da rádio paulista Brasil 2000, escrever muito e discotecar na noite também.
Então é batata: quer saber o que anda rolando de novo e interessante no rock, é só consultar Kid Vinil. Para ele, o difuso rock desta década, já em seu ocaso, “se caracteriza por atirar pra todos os lados. Não tem mesmo uma cara, nem um estilo definido. Tem gente fazendo folk rock, outros synth pop, new darks, shoegazer revival... Enfim, uma mistura de estilos dos anos 80 e 90. Acho que daqui pra frente vai ser essa salada“, opina.
Tudo isso parece ser resultado dos últimos dez anos, com a cultura do download que disponibiliza tudo de forma muito fácil. “O grande problema hoje é que muita coisa está disponível, então não existe um filtro. Antigamente, você tinha nas revistas informações mais jornalísticas que ajudavam nisso. Essa nova geração não tem muito critério, talvez por causa disso, então cada um baixa e ouve o que quer“, observa Kid.
Mas, de qualquer forma, o rock continua. “Acho que a melhor cena de rock hoje vem do Brooklyn em Nova Iorque. Tem Vivian Girls, Dirty Projectors, Crystals Stilts, The Pains Of Being Pure At Heart, Chairlift e uma série de outras bandas“, aponta.
Como todo roqueiro maduro, Kid não curte rock farofa, apesar de demonstrar tolerância com os similares nacionais: “O que eu não gosto são bandas tipo Simple Plan. Aqui no Brasil mesmo, essa geração emo pós-CPM 22 (Strike, NX Zero, Fresno) não me desagrada, acho válido, os garotos são esforçados e batalhadores, tem influências de punk, hardcore e new wave“, ensina.
Trajetória marcante no BRock
Um dos pioneiros do punk rock no Brasil, Kid montou em 1980 a banda Verminose, mais ou menos na linha do resgate do rockabilly, como já faziam os Stray Cats. Adicione-se a isso seu visual inspirado em Groucho Marx e, logo, Kid virou um “traidor“ para os radicais do movimento.
”Na época, eu fui considerado o primeiro traidor do movimento. Todos queriam me pegar, mas nunca aconteceu. Só um incidente em 80, num show ainda do Verminose, mas saí ileso. Depois disso, vieram outros traidores, como o Clemente (do Inocentes) e o João Gordo (do Ratos de Porão). Mas isso acabou. Hoje o João é um popstar da MTV e o Clemente, um produtor e músico respeitadíssimo. Enfim, eles acabaram nos engolindo”.
Em 1983, a banda mudou de nome e orientação no momento certo, tornando-se Magazine, um sucesso instantâneo em plena era da new wave, Blitz e popularização do rock Brasil, com os hits Sou Boy, Tic Tic Nervoso, Comeu e Glub Glub no Clube.
“Uma das coisas que mais me impressionou na época foi ouvir minhas músicas tocando nas rádios em todo país e viajar o Brasil de Norte a Sul e ver as pessoas cantando Sou Boy e Tic Tic Nervoso. Como diz aquela propaganda, ‘isso não tem preço!‘”.
Apesar do sucesso, Kid saiu da Magazine em 1985, formando, com o bluesman André Christovam, a banda de blues rock Kid Vinil & Os Heróis do Brasil, de vida bastante curta.
“O Heróis do Brasil foi um projeto meu e do André que não deu muito certo, pois a gravadora não quis divulgá-lo na época. Isso nos desanimou e acabamos cada um seguindo sua carreira. Hoje, o André é um reconhecido blueseiro e não pensamos em nos reagrupar, pois o projeto foi frustrante pra nós. Nos esforçamos tanto na época e só recebemos criticas negativas, foi desastroso. Eu e o André particularmente adoramos o disco, mas a critica foi implacável, nos destruiu“, relembra.
A partir daí, passou a se dedicar mais ao trabalho de jornalista, com passagens por veículos como TV Cultura, MTV e diversas rádios. Em 1993, remontou o Verminose e lançou o CD Xu-Pa-Ki. Em 2002, voltou com o Magazine, lançando o CD Na Honestidade.
“O Magazine não existe mais. Meu projeto agora é o Kid Vinil Xperience, que revive a banda. O guitarrista é o Carlos, ex-Magazine. Tocamos coisas inéditas e covers dos 80“, diz.
Kid Vinil | DJ set | Mais os DJs Big Brother, Amenus e Pinguim | Sábado, (09.05) as 22 horas | Groovebar (3267-5124) | R. Marquês de Leão, 351, Barra | R$ 15
Noite de autógrafos do Almanaque do Rock | Sábado, (09.05), 19 horas | Saraiva Megastore Salvador Shoppping (3341-7020) | Avenida Tancredo Neves, s/n | Gratuito
Não é possível pensar em imprensa especializada em rock no Brasil sem lembrar de Kid Vinil. O carismático roqueiro, jornalista, radialista e apresentador é a atração de hoje da festa Into The Groove, no Groovebar (Barra).
É a primeira vez que Kid, que despontou para a fama nacional na primeira metade da década de 80 com sua banda Magazine e os hits Sou Boy e Tique Nervoso, vem discotecar em uma festa em Salvador. Além dele, se apresentam ainda na noite os DJs Big Brother, Pinguim (residente da casa) e Amenus (de Curitiba).
No comando da balada, o dono da festa avisa que a ordem é curtir: “Eu tento equilibrar um pouco a coisa, tento fazer o povo dançar. Toco década de 80, rock brasileiro, mas também coisas atuais, mas mais para dançar mesmo“.
Antes da festa, Kid ainda tem outro encontro marcado com o público baiano durante a noite de autógrafos do seu livro Almanaque do Rock, lançado há poucos meses, na Saraiva Megastore do Salvador Shopping.
Tiros a esmo – Quem andava se perguntando por onde andava Kid Vinil, por si só um ícone da new wave brasileira, é bom saber que o homem nunca se acomodou nesse papel, diferente de muita gente que fez sucesso nos anos 80. Ativo como nunca, ele hoje atua como blogueiro oficial dos sites da MTV e do Yahoo!, além de continuar como disc-jockey da rádio paulista Brasil 2000, escrever muito e discotecar na noite também.
Então é batata: quer saber o que anda rolando de novo e interessante no rock, é só consultar Kid Vinil. Para ele, o difuso rock desta década, já em seu ocaso, “se caracteriza por atirar pra todos os lados. Não tem mesmo uma cara, nem um estilo definido. Tem gente fazendo folk rock, outros synth pop, new darks, shoegazer revival... Enfim, uma mistura de estilos dos anos 80 e 90. Acho que daqui pra frente vai ser essa salada“, opina.
Tudo isso parece ser resultado dos últimos dez anos, com a cultura do download que disponibiliza tudo de forma muito fácil. “O grande problema hoje é que muita coisa está disponível, então não existe um filtro. Antigamente, você tinha nas revistas informações mais jornalísticas que ajudavam nisso. Essa nova geração não tem muito critério, talvez por causa disso, então cada um baixa e ouve o que quer“, observa Kid.
Mas, de qualquer forma, o rock continua. “Acho que a melhor cena de rock hoje vem do Brooklyn em Nova Iorque. Tem Vivian Girls, Dirty Projectors, Crystals Stilts, The Pains Of Being Pure At Heart, Chairlift e uma série de outras bandas“, aponta.
Como todo roqueiro maduro, Kid não curte rock farofa, apesar de demonstrar tolerância com os similares nacionais: “O que eu não gosto são bandas tipo Simple Plan. Aqui no Brasil mesmo, essa geração emo pós-CPM 22 (Strike, NX Zero, Fresno) não me desagrada, acho válido, os garotos são esforçados e batalhadores, tem influências de punk, hardcore e new wave“, ensina.
Trajetória marcante no BRock
Um dos pioneiros do punk rock no Brasil, Kid montou em 1980 a banda Verminose, mais ou menos na linha do resgate do rockabilly, como já faziam os Stray Cats. Adicione-se a isso seu visual inspirado em Groucho Marx e, logo, Kid virou um “traidor“ para os radicais do movimento.
”Na época, eu fui considerado o primeiro traidor do movimento. Todos queriam me pegar, mas nunca aconteceu. Só um incidente em 80, num show ainda do Verminose, mas saí ileso. Depois disso, vieram outros traidores, como o Clemente (do Inocentes) e o João Gordo (do Ratos de Porão). Mas isso acabou. Hoje o João é um popstar da MTV e o Clemente, um produtor e músico respeitadíssimo. Enfim, eles acabaram nos engolindo”.
Em 1983, a banda mudou de nome e orientação no momento certo, tornando-se Magazine, um sucesso instantâneo em plena era da new wave, Blitz e popularização do rock Brasil, com os hits Sou Boy, Tic Tic Nervoso, Comeu e Glub Glub no Clube.
“Uma das coisas que mais me impressionou na época foi ouvir minhas músicas tocando nas rádios em todo país e viajar o Brasil de Norte a Sul e ver as pessoas cantando Sou Boy e Tic Tic Nervoso. Como diz aquela propaganda, ‘isso não tem preço!‘”.
Apesar do sucesso, Kid saiu da Magazine em 1985, formando, com o bluesman André Christovam, a banda de blues rock Kid Vinil & Os Heróis do Brasil, de vida bastante curta.
“O Heróis do Brasil foi um projeto meu e do André que não deu muito certo, pois a gravadora não quis divulgá-lo na época. Isso nos desanimou e acabamos cada um seguindo sua carreira. Hoje, o André é um reconhecido blueseiro e não pensamos em nos reagrupar, pois o projeto foi frustrante pra nós. Nos esforçamos tanto na época e só recebemos criticas negativas, foi desastroso. Eu e o André particularmente adoramos o disco, mas a critica foi implacável, nos destruiu“, relembra.
A partir daí, passou a se dedicar mais ao trabalho de jornalista, com passagens por veículos como TV Cultura, MTV e diversas rádios. Em 1993, remontou o Verminose e lançou o CD Xu-Pa-Ki. Em 2002, voltou com o Magazine, lançando o CD Na Honestidade.
“O Magazine não existe mais. Meu projeto agora é o Kid Vinil Xperience, que revive a banda. O guitarrista é o Carlos, ex-Magazine. Tocamos coisas inéditas e covers dos 80“, diz.
Kid Vinil | DJ set | Mais os DJs Big Brother, Amenus e Pinguim | Sábado, (09.05) as 22 horas | Groovebar (3267-5124) | R. Marquês de Leão, 351, Barra | R$ 15
Noite de autógrafos do Almanaque do Rock | Sábado, (09.05), 19 horas | Saraiva Megastore Salvador Shoppping (3341-7020) | Avenida Tancredo Neves, s/n | Gratuito
segunda-feira, maio 04, 2009
TAÍ O QUE VOCÊ QUERIA: MIIIIIIIICRO-RESENHAS
Pet Shop Boys renovado
Representação mais visível e de maior sucesso do synth pop inglês da década de 80 para cá, a dupla Pet Shop Boys, formada pelo vocalista Neil Tennant e pelo tecladista Chris Lowe, é uma velha conhecida dos fãs brasileiros. Em Yes, seu décimo álbum de estúdio, o duo aparece a vontade, fazendo o que sabe melhor: um tecno pop de classe, que cai bem tanto na pista de dança quanto nas rádios que ainda tocam música razoável. Na verdade, Yes tem sido saudado pela crítica estrangeira como seu melhor álbum em muito tempo – desde Very, de 1993. Após alguns anos envolvidos em pesquisas com ritmos latinos e até mesmo em projetos grandiosos, como a criação de uma trilha sonora para o clássico filme russo O Encouraçado Potemkin (1925) , além de álbuns ao vivo, Tennant e Lowe parece mesmo ter voltado as raízes no novo CD, como atestam faixas como Love Etc. (o primeiro single), Did You See Me Coming?, Vulnerable e Beautiful People, que remetem aos bons tempos de álbuns como Actually (1987) e Introspective (1989), seus maiores clássicos.
Yes
Pet Shop Boys
EMI
R$ 29,90
www.petshopboys.co.uk
Cordel para o vexame no TCA
Em agosto de 2007, o Seminário de Audiovisual da Bahia foi abalado por um tremendo rebu: em pleno palco do Teatro Castro Alves, o mais venerável crítico de cinema do jornalismo baiano, o professor André Setaro (foto), foi escandalosamente achincalhado pelo cineasta Edgar Navarro. Motivo: alguns dias antes, o crítico havia classificado os cineastas baianos como mendigos do estado. Inspirado no fato, o jornalista Zezão Castro descreveu o incidente todo em um bem-humorado cordel, subintitulado A peleja de André Setaro com Edgar Navarro em nome da 7ª arte. A venda na Berinjela, Tom do Saber e Mercado Modelo.
Mendicância ou mecenato?
Zezão Castro
Edições Teobroma
R$ 3
zezaocastro@yahoo.com.br
Como assim não tem Men At Work?
Houve um tempo em que as trilhas sonoras de filme de surfe se limitavam a enfileirar ou bandas australianas (e aí tome-lhe Men At Work, Midnight Oil, Hoodoo Gurus e Spy Vs. Spy) ou bandas de HC (Millencolin, Pennywise, Bad Religion). A trilha do filme brasileiro (com título em inglês) Surf Adventures 2 não segue nem uma maré nem a outra, ficando a meio caminho entre o bicho-grilismo declarado e a contemporaneidade – com resultados desiguais. Direto de Arembepe (ou Saquarema ou Ubatuba), o CD oferece Novos Baianos (Tinindo Trincando), Erasmo Carlos (Meu Mar, dele e de Robertão, belíssima), Jorge Mautner (Maracatu Atômico, genial) e Moraes Moreira (Meiufiu). Pegando uma onda nova (ops), há ainda Los Hermanos (A Flor), Mombojó (Deixe-se Acreditar), Nação Zumbi (Meu Maracatu Pesa Uma Tonelada). Quem tá totalmente de haole aqui é a banda paulista Hurtmold. Vaca neles. Em águas internacionais há Sly & The Family Stone, Grateful Dead, Allman Brothers e Santana. Tirando o último, chatérrimo, todos pegam altos tubos.
Surf Adventures 2
Vários artistas
Som Livre
R$ 24,90
www.somlivre.com
Machado e Barreto em HQ
Uma verdadeira febre tomou conta dos autores de quadrinhos brasileiros nos últimos anos: as adaptações de obras literárias, especialmente de clássicos nacionais. A iniciativa é vantajosa para todos. Para os quadrinistas, é uma forma de se manter no mercado profissional. Para as editoras, é uma forma de driblar a crise, já que essas adaptações são muitas vezes, adquiridas em grandes quantidades pelo MEC, que os distribuem pelas bibliotecas públicas. E para os jovens leitores, é uma forma atraente de descobrir a boa literatura. Memórias póstumas de Brás Cubas (Machado de Assis) e O triste fim de Policarpo Quaresma (Lima Barreto) são as duas mais novas adaptações para HQ a chegar nas livrarias.
Memórias Póstumas / Policarpo Quaresma
Assis / Barreto / Seabra / Vilachã
Escala Educacional
R$ 19,90 (cada)
www.escalaeducacional.com.br
Roqueiros do Acre fazem DVD ao vivo
Se o rock brasileiro dos anos 80 revelou bandas de Brasília e Rio Grande do Sul, e o dos anos 90 foi de Pernambuco e Minas Gerais, os anos 00 se notabilizaram pelos grupos de estados ainda mais a margem do eixo Rio-SP, como Mato Grosso, Pará e Acre. Neste antigo território adquirido da Bolívia, a ponta de lança do movimento roqueiro local é a banda Los Porongas, formada por Diogo Soares (voz), João Eduardo (guitarra), Márcio Magrão (baixo) e Jorge Anzol (bateria). Após lançar no ano passado um elogiado CD de estréia produzido por Philipe Seabra (da banda Plebe Rude), a rapaziada, hoje residente em São Paulo, lança agora um bem produzido DVD ao vivo, pelo projeto Toca Brasil, do Itaú Cultural. Para Quem ainda não conhece, o vídeo é uma boa introdução ao grupo, que faz um rock um tanto introspectivo e carregado das pretensões poéticas de um vocalista intenso. Nem sempre a banda acerta, mas aqui e ali há bons momentos, como Lego de Palavras e Enquanto Uns Dormem. João Eduardo é o destaque, demonstrando inteligência ao encontrar soluções melodiosas e pouco convencionais com sua guitarra.
Toca Brasil
Los Porongas
Senhor F / Itaú Cultural
R$ 22
www.myspace.com/losporongas
A gaúcha da voz rouca
Nascida em Pelotas, Luciana Pestano chamou a atenção da crítica quando lançou seu primeiro CD (autointitulado) em 1997. Sua voz meio rasgada e o repertório 100% autoral do álbum também chamou a atenção de Herbert Vianna, que a convidou para tocar gaita e cantar com ele no seu CD solo O Som do Sim (2000), na faixa Eu Não Sei Nada. A parceria deu certo e logo o Paralama começou a produzir o que viria a ser o segundo disco da moça. O trabalho foi interrompido quando o Paralama sofreu o grave acidente de ultraleve que matou sua esposa. O trauma deixou Luciana em crise e ela resolveu abandonar a música, passando a trabalhar com fotografia. Como o tempo – e o incentivo dos amigos – curam tudo, a cantora resolveu voltar ao estúdio de gravação, retomando o trabalho de onde havia parado. O resultado é este Tigra, um CD de resultados irregulares, mas interessantes – graças a sua bela voz, algumas boas composições e a músicos como o guitarrista Júnior Tostói, que dá o peso necessário a faixas como Dia Zen e Tigragem. E Vianna comparece em Entre Você e Eu.
Tigra
Luciana Pestano
RM 2 Entretenimento
R$ 24,90
www.myspace.com/lucianapestano
Representação mais visível e de maior sucesso do synth pop inglês da década de 80 para cá, a dupla Pet Shop Boys, formada pelo vocalista Neil Tennant e pelo tecladista Chris Lowe, é uma velha conhecida dos fãs brasileiros. Em Yes, seu décimo álbum de estúdio, o duo aparece a vontade, fazendo o que sabe melhor: um tecno pop de classe, que cai bem tanto na pista de dança quanto nas rádios que ainda tocam música razoável. Na verdade, Yes tem sido saudado pela crítica estrangeira como seu melhor álbum em muito tempo – desde Very, de 1993. Após alguns anos envolvidos em pesquisas com ritmos latinos e até mesmo em projetos grandiosos, como a criação de uma trilha sonora para o clássico filme russo O Encouraçado Potemkin (1925) , além de álbuns ao vivo, Tennant e Lowe parece mesmo ter voltado as raízes no novo CD, como atestam faixas como Love Etc. (o primeiro single), Did You See Me Coming?, Vulnerable e Beautiful People, que remetem aos bons tempos de álbuns como Actually (1987) e Introspective (1989), seus maiores clássicos.
Yes
Pet Shop Boys
EMI
R$ 29,90
www.petshopboys.co.uk
Cordel para o vexame no TCA
Em agosto de 2007, o Seminário de Audiovisual da Bahia foi abalado por um tremendo rebu: em pleno palco do Teatro Castro Alves, o mais venerável crítico de cinema do jornalismo baiano, o professor André Setaro (foto), foi escandalosamente achincalhado pelo cineasta Edgar Navarro. Motivo: alguns dias antes, o crítico havia classificado os cineastas baianos como mendigos do estado. Inspirado no fato, o jornalista Zezão Castro descreveu o incidente todo em um bem-humorado cordel, subintitulado A peleja de André Setaro com Edgar Navarro em nome da 7ª arte. A venda na Berinjela, Tom do Saber e Mercado Modelo.
Mendicância ou mecenato?
Zezão Castro
Edições Teobroma
R$ 3
zezaocastro@yahoo.com.br
Como assim não tem Men At Work?
Houve um tempo em que as trilhas sonoras de filme de surfe se limitavam a enfileirar ou bandas australianas (e aí tome-lhe Men At Work, Midnight Oil, Hoodoo Gurus e Spy Vs. Spy) ou bandas de HC (Millencolin, Pennywise, Bad Religion). A trilha do filme brasileiro (com título em inglês) Surf Adventures 2 não segue nem uma maré nem a outra, ficando a meio caminho entre o bicho-grilismo declarado e a contemporaneidade – com resultados desiguais. Direto de Arembepe (ou Saquarema ou Ubatuba), o CD oferece Novos Baianos (Tinindo Trincando), Erasmo Carlos (Meu Mar, dele e de Robertão, belíssima), Jorge Mautner (Maracatu Atômico, genial) e Moraes Moreira (Meiufiu). Pegando uma onda nova (ops), há ainda Los Hermanos (A Flor), Mombojó (Deixe-se Acreditar), Nação Zumbi (Meu Maracatu Pesa Uma Tonelada). Quem tá totalmente de haole aqui é a banda paulista Hurtmold. Vaca neles. Em águas internacionais há Sly & The Family Stone, Grateful Dead, Allman Brothers e Santana. Tirando o último, chatérrimo, todos pegam altos tubos.
Surf Adventures 2
Vários artistas
Som Livre
R$ 24,90
www.somlivre.com
Machado e Barreto em HQ
Uma verdadeira febre tomou conta dos autores de quadrinhos brasileiros nos últimos anos: as adaptações de obras literárias, especialmente de clássicos nacionais. A iniciativa é vantajosa para todos. Para os quadrinistas, é uma forma de se manter no mercado profissional. Para as editoras, é uma forma de driblar a crise, já que essas adaptações são muitas vezes, adquiridas em grandes quantidades pelo MEC, que os distribuem pelas bibliotecas públicas. E para os jovens leitores, é uma forma atraente de descobrir a boa literatura. Memórias póstumas de Brás Cubas (Machado de Assis) e O triste fim de Policarpo Quaresma (Lima Barreto) são as duas mais novas adaptações para HQ a chegar nas livrarias.
Memórias Póstumas / Policarpo Quaresma
Assis / Barreto / Seabra / Vilachã
Escala Educacional
R$ 19,90 (cada)
www.escalaeducacional.com.br
Roqueiros do Acre fazem DVD ao vivo
Se o rock brasileiro dos anos 80 revelou bandas de Brasília e Rio Grande do Sul, e o dos anos 90 foi de Pernambuco e Minas Gerais, os anos 00 se notabilizaram pelos grupos de estados ainda mais a margem do eixo Rio-SP, como Mato Grosso, Pará e Acre. Neste antigo território adquirido da Bolívia, a ponta de lança do movimento roqueiro local é a banda Los Porongas, formada por Diogo Soares (voz), João Eduardo (guitarra), Márcio Magrão (baixo) e Jorge Anzol (bateria). Após lançar no ano passado um elogiado CD de estréia produzido por Philipe Seabra (da banda Plebe Rude), a rapaziada, hoje residente em São Paulo, lança agora um bem produzido DVD ao vivo, pelo projeto Toca Brasil, do Itaú Cultural. Para Quem ainda não conhece, o vídeo é uma boa introdução ao grupo, que faz um rock um tanto introspectivo e carregado das pretensões poéticas de um vocalista intenso. Nem sempre a banda acerta, mas aqui e ali há bons momentos, como Lego de Palavras e Enquanto Uns Dormem. João Eduardo é o destaque, demonstrando inteligência ao encontrar soluções melodiosas e pouco convencionais com sua guitarra.
Toca Brasil
Los Porongas
Senhor F / Itaú Cultural
R$ 22
www.myspace.com/losporongas
A gaúcha da voz rouca
Nascida em Pelotas, Luciana Pestano chamou a atenção da crítica quando lançou seu primeiro CD (autointitulado) em 1997. Sua voz meio rasgada e o repertório 100% autoral do álbum também chamou a atenção de Herbert Vianna, que a convidou para tocar gaita e cantar com ele no seu CD solo O Som do Sim (2000), na faixa Eu Não Sei Nada. A parceria deu certo e logo o Paralama começou a produzir o que viria a ser o segundo disco da moça. O trabalho foi interrompido quando o Paralama sofreu o grave acidente de ultraleve que matou sua esposa. O trauma deixou Luciana em crise e ela resolveu abandonar a música, passando a trabalhar com fotografia. Como o tempo – e o incentivo dos amigos – curam tudo, a cantora resolveu voltar ao estúdio de gravação, retomando o trabalho de onde havia parado. O resultado é este Tigra, um CD de resultados irregulares, mas interessantes – graças a sua bela voz, algumas boas composições e a músicos como o guitarrista Júnior Tostói, que dá o peso necessário a faixas como Dia Zen e Tigragem. E Vianna comparece em Entre Você e Eu.
Tigra
Luciana Pestano
RM 2 Entretenimento
R$ 24,90
www.myspace.com/lucianapestano
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