sexta-feira, junho 27, 2008

O VOLTA DO NERO DO ROCK

Marcelo Nova faz três shows em clima intimista a partir de hoje até domingo, acompanhado por guitarristas locais, revisitando sucessos da carreira e covers

Artista polêmico por natureza e que dispensa apresentações, Marcelo Nova retorna à Salvador para três shows em clima intimista no Balcão Botequim, acompanhado apenas pelos violões e guitarras do duo Operários do Blues, formado por Cândido Amarelo Neto e Eric Assmar.

No repertório, as canções que fizeram sua fama na banda Camisa de Vênus, da carreira solo, e, eventualmente, covers.

“Eu não privilegio esse negócio de época de carreira, não, bicho. O que eu posso te dizer é que vai ter canções de Marcelo Nova no show. As que eu fiz sozinho, as que eu fiz com Raul Seixas e as que eu fiz com o Camisa“, enumera, durante entrevista por telefone de sua casa em São Paulo, onde se estabeleceu há mais de 20 anos. “Eu não tenho set list. Esse negócio me entedia muito“, acrescenta.

Salvo engano, será a primeira vez que Marcelo faz um show desse tipo em Salvador, segundo o próprio. “Rapaz, eu costumo fazer esse tipo de show, mas não me lembro se já fiz um desses aí em Salvador“, confessa, rindo.

Será também a primeira vez que tocará com a revelação da guitarra Eric Assmar, filho de um contemporâneo seu, Álvaro Assmar, que na época do Camisa de Vênus, tocava na banda Cabo de Guerra. “Eu não tô preocupado com isso, não. Eles (a dupla de guitarristas) é que têm que se preocupar comigo“, brinca.

Sobre a maldição do “toca Raul“, frase que acompanha 10 entre 10 músicos Brasil afora em shows, Marcelo lembra que, de fato, toca Raul “desde que ele estava vivo, então esse negócio de ‘toca Raul‘ pra mim, não faz sentido, constata.

Conhecido pela língua solta e o destemor com que expressa suas opiniões fortes, Marcelo teve sua primeira experiência com o cinema no ano passado, quando atuou no filme O Magnata, produzido e roteirizado por Chorão, da banda Charlie Brown Jr.

Seu papel, uma espécie de Grilo Falante, era a consciência do personagem principal (vivido por Paulo Vilhena) e lhe valeu uma indicação de Melhor Ator Coadjuvante no IV Prêmio Fiesp/Sesi-SP de Cinema Paulista. “Quando eu soube, eu disse o seguinte: como o Brasil tá ruim de ator“, disparou.

Não gosto! – Sua relação com Salvador, a Bahia e suas características específicas (a chamada baianidade, seja a nagô ou não) sempre foi conflituosa. Na verdade, ele diz com todas as letras que não gosta mesmo e pronto.

“Eu gosto de ir aí trabalhar e rever os amigos. Mas veja bem, eu não gosto de praia, sol, acarajé, carnaval, trio elétrico, velhos baianos, novos baianos, abará, Pelourinho, Porto da Barra, Itapoan e Iansã. Da Bahia, eu só gosto de Pitty, que nem mora aí“ completa, quase às gargalhadas com a lista feita no improviso.

A última notícia que Marcelo teve de Salvador foi a da polêmica provocada pelo coordenador do curso de medicina da Ufba, que disse que “baiano só sabe tocar berimbau por que só tem uma corda“.

Mas Marcelo ainda foi além: “O cara falou umas verdades aí e ficou todo mundo chocadinho. A única coisa que eu corrigiria da fala dele é que o baiano ainda toca mal o berimbau“, largou.

Nero do rock – Responsável por moldar o perfil de uma das bandas mais influentes do rock brasileiro em todos os tempos, Marcelo não tem acompanhado muito o atual momento do rock nacional.

“Eu sou de outra época, meu amigo. Eu toquei fogo aí na Bahia, eu fui o Nero do rock baiano e depois toquei fogo no Brasil, também. O fogo era a minha passionalidade, mas hoje não tem mais incêndio, só faísca. Hoje, tudo é mercado“, lamenta.

“Depois eu cansei. Banda de rock é coisa de adolescente. Toda banda deveria ser proibida de tocar depois dos 40 anos. Esse negócio de andar em bando, todo mundo de camisa preta, xingando garçom, não dá mais pra mim“, afirma.

Néctar – Nos anos 70, antes de montar a Camisa de Vênus, Marcelo era dono de uma loja de discos que ficava na Barra, chamada Néctar, especializada em rock.

“Era muito chato naquela época em Salvador. Mas era engraçado também, por que minha loja só vendia discos de rock. Então, imagine só uma loja segmentada para o rock, em Salvador, nos anos 70. Aí nego entrava e perguntava: ‘tem João Gilberto?‘ Eu gritava de lá: ’Não!’ ‘Tem Simone?‘ “Não!’ O bom não era nem vender, era gritar com quem entrava lá“, ri Marcelo.

Marcelo Nova & Os Operários do Blues
Hoje e sábado, 22 horas | Domingo, 18 horas
Balcão Botequim | R. da Paciência, 233, Rio Vermelho (3334- 7450)
R$ 90 (mesa para 4 pessoas com kit de salgadinhos) e R$ 25 (cadeira)
Censura 18 anos (hoje e sábado) e 12 anos (domingo)

14 comentários:

Franchico disse...

Semana que vem, o que vai pegar é isso aqui:

SHOW-berlinda dia 05/07(sábado) no Bar Balcão(rio vermelho).

participação especial:Banda de Rock Triste(integrantes da berlinda e Cascadura tocando clássicos dos Smiths,Velvet Underground,New Order,Jesus and Mary Chain,entre outros).

22 hrs $10.

osvaldo disse...

eu bem que falei com messias pra fazer, mas banda de rock triste é demais!!!!! huahauahah

Franchico disse...

Rapaz, quase rachei bico quando recebi esse email de Batata!

Mudando de pau pra cacete, amanhã (28 de junho), Dia Municipal do Rock, cortesia de vcs sabem quem, tem matéria de capa no Cad 2 sobre o assunto, assinada pelo meu companheiro de redação Robertinho Midlej - eu tava com outras pautas, por isso não pude pegar essa...

Enfim, como tudo que envolve vocês-sabem-quem, essa tb deverá levantar alguma poeira e polêmica. Leiam. De qualquer modo, depois vou pedir pro colega licença para publicá-la aqui. Ou não, vamos ver...

cebola disse...

Acaba o ensaio da berlinda pois André tinha q trabalhar. Ficamos no estúdio sem muito o que fazer. Com o dono presente, obviamente. Tempo sobrando na terça de são joão, o diabo atenta e eis que potato assume o baixo, candido empunha sua guitarra, juliano senta a porra nas peles e que diabo é que eu podia fazer se não cantarolar noassas canções prediletas? deu ignição, gerou diversão e resolvemos aproveitar o embalo. Agora a diversão será dividida com a galera. Banda de Rock Triste, felicidade garantida.
Quem viver verá...

cebola disse...

Sim, e o batismo da mesma foi tão óbvio que nem me lembro quem sugeriu. Eu sei q não fui eu.

Anônimo disse...

epa...esse crédito é meu;)

grande abraço a todos principalmente a chicória man!!!

candido 'nariga mcfly" sotto

Anônimo disse...

E a Amy morrendo...

osvaldo disse...

sensacional a temporada de marcelo nova no balcão. e candido amarelo e eric assmar mataram a pau no acompanhamento e arranjos.

osvaldo disse...

e chicão a apartir desta semana eu e messias vamos na medida do possivel mandar uns drops e umas fotos do werchter festival que acontece na belgica a partir de 3 de julho. o site aí:

http://www.rockwerchter.be/RW2008/site/index.asp

Anônimo disse...

se fosse wander wildmer

Anônimo disse...

mbv na belgica. putz se inveja matasse!potato.

Franchico disse...

Quero ver essa cobertura excrusiva hein, Brama? Fotos, muitas fotos, e detalhes escabrosos, por favor.

Não precisa ser texto longo, não, que vc tem coisa melhor pra fazer por lá, claro, mas qualquer dez linhas só pra dar uma idéia pros capiau aqui tá valendo! Uhú!

Franchico disse...

Notícia triste: com apenas 37 anos de idade, morreu o desenhista Michael Turner, criador de alguns títulos da Image Comics, como Witchblade, The Darkness (não confundir com a banda de neo-farofa), Fathom e Soulfire. O cara era um exímio desenhista de gostosas e tinha um traço extremamente elegante. Há uns 10 anos, Turner vinha lutando contra um câncer bizarro que ataca os ossos, uma doença horrível. As revistas em si nunca foram grande coisa, mas enfim...

RIP.

http://www.omelete.com.br/quad/100013479/Morre_o_desenhista_Michael_Turner__criador_de_Witchblade_e_Fathom.aspx

Franchico disse...

OPS! Desculpem, The Darkness não era do Michel Turner, não, e sim, de Marc Silvestri e Garth Ennis.