Onda de lançamentos luxuosos de autores nacionais ressalta a alta qualidade da produção pátria, além do respeito das editoras com a HQ brasileira
Nem só de super-heróis gringos vive o leitor brasileiro quadrinhos, Maurício de Sousa que o diga. Mas, além do célebre criador de Mônica e Cebolinha, as livrarias e bancas têm recebido uma animadora oferta de HQs brazucas – tanto em termos de quantidade, quanto de qualidade.
Só no último mês, cinco álbuns de luxo – e até de alto luxo – aportaram nas lojas: Piratas do Tietê - A Saga completa Vol. 3, Níquel Náusea - Minha mulher é uma galinha (ambas da Devir Livraria), Quadrinhofilia, Leão Negro - Pepah (ambas da HQM Editora) e O alienista (Companhia Editora Nacional. Impossível deixar de citar também a revista Antologia Chiclete com banana, que está republicando o material da clássica revista homônima dos anos 80 e chega agora ao seu quinto número.
O leitor que tiver a oportunidade de conhecer todos estes materiais vai perceber, pelo menos, duas características marcantes da HQ brasileira. Uma é a variedade de estilos e temáticas. O quadrinista brasileiro que desenvolve um trabalho autoral não se limita a mostrar pessoas comas cuecas para fora das calças voando por aí, parecendo mais preocupado em desenvolver estilos e universos estéticos próprios e intransferíveis.
A outra característica que marca essa leva de lançamentos é a alta qualidade do quadrinho nacional, seja numa produção mais recente (como Quadrinhofilia e Níquel Náusea) ou mais antiga, como Piratas do Tietê e Chiclete com banana, ambos produzidos nos anos 80.
EDITORAS INVESTEM – Além da qualidade do material em si, é notável o cuidado editorial tomado com as edições em questão. Casas como a Devir e a HQM, numa atitude nobre e corajosa, investem em lançamentos mais do que dignos para HQs nacionais, numa clara tendência de (merecida) valorização desses trabalhos.
Nesse sentido, o carro-chefe é sem dúvida a coleção Piratas do Tietê - A Saga Completa, que apresenta as hilárias aventuras dos bucaneiros paulistanos criados pelo cartunista Laerte Coutinho. Piratas ganhou uma luxuriante coleção de três álbuns em capa dura e papel off-set de 120 gramas. No último e recém-lançado terceiro volume, um enorme poster colorido acompanha o livrão.
Mas os outros lançamentos, se não têm capa dura, também têm qualidade para conquistar qualquer leitor, como álbum Níquel Náusea - Minha mulher é uma galinha, sétima coletânea de tiras do cartunista e veterinário Fernando Gonsales.
Estrelada por uma constelação de animais engraçadíssimos, Níquel Náusea ganha a simpatia do leitor pelo humor simples e direto que muitas vezes reflete o inesgotável repertório da estupidez humana. De forma cômica, Gonsales toca em assuntos sérios com um toque leve, deixando espaço para quem lê tirar suas próprias conclusões. Risadas garantidas.
Demasiado humano também são os felinos de Leão Negro - Pepah. Criada na década de 80 por Cynthia Carvalho e Ofeliano de Almeida na década de 80, essa série de fantasia, aventura e um toque de erotismo retorna agora com um novo álbum, escrito pela mesma Cynthia e desenhada por André Mendes e Danusko Campos.
Estrelada por Othan, um anti-herói egoísta e dono de uma grande juba branca, Leão Negro se passa num mundo medieval habitado por leões antropomorfizados e – como não poderia deixar de ser – com o pavio bem curto e desejos irrefreáveis. O senão desta edição é a colorização em tons de cinza um tanto exagerada e que interfere um pouco na visualização dos belos desenhos. A HQM promete novos álbuns da série para breve.
Quem não curte muito o gênero da fantasia deve curtir bastante a crônica urbana sensível do curitibano José Aguiar, autor do álbum Quadrinhofilia. No caso de Aguiar, o termo "álbum" se adeqüa muito bem à sua obra, que apresenta uma coletânea de histórias avulsas, produzidas ao longo de uma década.
Versátil, premiado e com HQs publicadas na Europa, Aguiar é um dos maiores talentos dos quadrinhos nacionais na atualidade fora da seara do humor, merecendo pleno reconhecimento do público. Seu domínio da linguagem e a narrativa precisa são simplesmente impressionantes, dignos de muitos aplausos.
Outro lançamento que merece atenção é a adaptação do pernambucano Laílson de Holanda Cavalcanti para O alienista, a genial e irônica fábula de Machado de Assis sobre a hipocrisa que rege a sociedade.
Dono de um traço clássico, firme e com estilo próprio, Cavalcanti produziu a terceira adaptação recente da obra para os quadrinhos. As outras são de Francisco S. Vilachã (para a editora Escala Educacional) e dos gêmeos Fábio Moon e Gabriel Bá (para a AGIR). Ainda assim, é (mais) uma válida e bela re-interpretação do clássico.
Blog (que, nos seus primórdios, entre 2004-05, foi de um programa de rádio) sobre rock e cultura pop. Hoje é o blog de Chico Castro Jr., jornalista formado pela Faculdade de Comunicação da Universidade Federal da Bahia. Atualmente, é repórter do Caderno 2+ do jornal A Tarde, no qual algumas das matérias vistas aqui foram anteriormente publicadas. Assina a coluna Coletânea, dedicada à música independente baiana. Nossa base é Salvador, Bahia, a cidade do axé, a cidade do terror.
segunda-feira, maio 26, 2008
terça-feira, maio 20, 2008
UNIVERSO ONÍRICO É O TEMA DA FRONT 19
Coletânea de HQ nacional destaca novo autor baiano
A cada três meses, fãs de quadrinhos têm uma boa oportunidade de conhecer os melhores novos autores nacionais que vêm surgindo entre a internet e os cursos de HQ e design na revista Front.
No número mais recente, o 19, o destaque - para os baianos - é o autor local André Leal e sua musa e parceira, a jovem Fernanda Breta, que protagoniza sua própria HQ, O cheque de 7 dígitos.
A cada edição, a publicação elege um tema para os quadrinistas trabalharem da forma que melhor lhes convir. Neste número, o tema é "Sonho", um prato cheio para qualquer cartunista.
Dono de um traço que oscila graciosamente entre o caricatural e o realista-detalhista, Leal cria uma divertida aventura esportiva para a doutora Fernanda, veterinária que é a principal jogadora da equipe de vôlei da clínica onde trabalha.
Acontece que, sabendo da grande habilidade da veterinária na quadra, o dono da clínica adversária faz um trabalho de feitiçaria para amarrar a moça na competição. Em jogo, um cheque de sete dígitos apostado entre dois magnatas.
Leal recheia seus desenhos de referências, como um dos personagens que surge num sonho para Fernanda, inspirado no Morpheus (interpretado por Laurence Fishburne) no filme Matrix. Ele ainda se dá ao luxo de incluir em quadros nas paredes e nas camisas dos personagens, ilustrações de amigos, como o emergente designer Túlio Carapiá.
No geral, a Front conta com um time bastante homogêneo de autores, quase todos de nível profissional muito bom, como André Leal. É notável, por exemplo, a narrativa madura e bem resolvida da HQ que abre a revista, Doces Sonhos, de Daniel Esteves e Júlio Brilha, uma crônica urbana de sonhos abandonados em desenhos de encher os olhos.
Folheando a revista, é impossível não se deixar impressionar pelas diversas experimentações gráficas de quadrinistas como Will e Leonardo Santana (em Sonhos 2.0), Sidnei Akiyoshi (em Amarraapá) e Leandro Moraes (em Rosto em descanso), todos aproveitando muito bem o formato horizontal deste número.
Há ainda as técnicas múltiplas (aquarela, colagem, fotografia) de Fernando Real em Erè Mela, igualmente preciosas.
Front 19
Vários artistas
Via Lettera
112 p. |R$ 27
http://front.vialettera.com.br
CONHEÇAM O TRABALHO BACANA DE ANDRÉ LEAL AQUI: http://bibifonfon.blogspot.com/
E TAMBÉM SUA MUSA, A BELA E MISTERIOSA FERNANDA BRETA AQUI: www.fernandabreta.com.br/
A cada três meses, fãs de quadrinhos têm uma boa oportunidade de conhecer os melhores novos autores nacionais que vêm surgindo entre a internet e os cursos de HQ e design na revista Front.
No número mais recente, o 19, o destaque - para os baianos - é o autor local André Leal e sua musa e parceira, a jovem Fernanda Breta, que protagoniza sua própria HQ, O cheque de 7 dígitos.
A cada edição, a publicação elege um tema para os quadrinistas trabalharem da forma que melhor lhes convir. Neste número, o tema é "Sonho", um prato cheio para qualquer cartunista.
Dono de um traço que oscila graciosamente entre o caricatural e o realista-detalhista, Leal cria uma divertida aventura esportiva para a doutora Fernanda, veterinária que é a principal jogadora da equipe de vôlei da clínica onde trabalha.
Acontece que, sabendo da grande habilidade da veterinária na quadra, o dono da clínica adversária faz um trabalho de feitiçaria para amarrar a moça na competição. Em jogo, um cheque de sete dígitos apostado entre dois magnatas.
Leal recheia seus desenhos de referências, como um dos personagens que surge num sonho para Fernanda, inspirado no Morpheus (interpretado por Laurence Fishburne) no filme Matrix. Ele ainda se dá ao luxo de incluir em quadros nas paredes e nas camisas dos personagens, ilustrações de amigos, como o emergente designer Túlio Carapiá.
No geral, a Front conta com um time bastante homogêneo de autores, quase todos de nível profissional muito bom, como André Leal. É notável, por exemplo, a narrativa madura e bem resolvida da HQ que abre a revista, Doces Sonhos, de Daniel Esteves e Júlio Brilha, uma crônica urbana de sonhos abandonados em desenhos de encher os olhos.
Folheando a revista, é impossível não se deixar impressionar pelas diversas experimentações gráficas de quadrinistas como Will e Leonardo Santana (em Sonhos 2.0), Sidnei Akiyoshi (em Amarraapá) e Leandro Moraes (em Rosto em descanso), todos aproveitando muito bem o formato horizontal deste número.
Há ainda as técnicas múltiplas (aquarela, colagem, fotografia) de Fernando Real em Erè Mela, igualmente preciosas.
Front 19
Vários artistas
Via Lettera
112 p. |R$ 27
http://front.vialettera.com.br
CONHEÇAM O TRABALHO BACANA DE ANDRÉ LEAL AQUI: http://bibifonfon.blogspot.com/
E TAMBÉM SUA MUSA, A BELA E MISTERIOSA FERNANDA BRETA AQUI: www.fernandabreta.com.br/
segunda-feira, maio 19, 2008
MELANCOLIA LO-FI BAIANA PARA EXPORTAÇÃO
Contratados por um selo de Nova Jersey, o duo local Dois Em Um lança seu primeiro CD em agosto, direto nos EUA
Que a Bahia não vive só de dancinhas de verão e outras manifestações tão passageiras quanto as quatro estações não é novidade pra ninguém. A real diversidade baiana, que guarda tesouros inestimáveis e não sobe em trio elétrico, ainda está por ser descoberta. Um desses tesouros ocultos, porém, está pouco a pouco despontando na superfície: é o Dois Em Um, projeto do casal Luisão Pereira (ex-Penélope e Cravo Negro) e Fernanda Monteiro, violoncelista da Osba (vistos ao lado e abaixo em fotos de Marina Novelli).
Os dois se conheceram quando Luisão, baiano de Juazeiro, morava no Rio com sua antiga banda (extinta em 2004) e Fernanda, carioca, tocava violoncelo como convidada nos shows acústicos de bandas como Kid Abelha e Roupa Nova. Em 2005, se mudaram para Salvador.
Para não deixar enferrujar as habilidades de músico e compositor, Luisão volta e meia compunha suas músicas em casa, as quais grava no seu estúdio caseiro. "Um dia eu tava aqui me batendo com uma música, tentando cantar, só que minha voz é um horror. Aí a Fernanda veio, sentou do meu lado e começou a cantarolar a tal da música. Não é que encaixou perfeito?", admira-se o marido orgulhoso.
"Gravamos quatro faixas e, como todo mundo faz, colocamos no MySpace para mostrar aos amigos", conta. A resposta foi imediata e apaixonada. No MySpace (www.myspace.com/doisemum) desde dezembro último, as cinco faixas já contam juntas com mais de 13 mil plays, um feito impressionante para um projeto caseiro que sequer faz shows.
"Isso fez com que a gente começasse a pensar que, de fato, nós existimos, digamos assim", observa o músico. "No site tem um mapinha-múndi que indica os locais onde tem gente acessando nossa música, e tem lugares que a gente nem imaginava, tipo umas ilhas lá na Ásia", ri Luisão.
SOUVENIR RECORDS - Além das tais ilhas na Ásia, as cinco faixas também causaram uma ótima impressão no pessoal do selo Souvenir Records, de Orange, Nova Jersey (EUA). "Eles deixaram um recado lá no MySpace, a gente foi se comunicando, e quando eu vi, o contrato já tava aqui em casa", diz.
O acerto com a Souvenir prevê o lançamento do primeiro álbum - já gravado - do Dois Em Um somente na América do Norte, entre julho e agosto próximos. "Não incluí a América do Sul no contrato por que acho que posso conseguir coisa melhor por aqui", confia Luisão.
Mas os convites não pararam por aí. "Rolou um monte de convite muito rápido, sendo que a gente nunca fez um show. Na verdade, nem pensamos nisso ainda. Teve o Rodrigo Lariú (do emblemático selo indie Midsummer Madness) e o pessoal do selo Si No Puedo Bailar, que nos convidou para uma coletânea de bandas latinas", revela.
Tanto entusiasmo chega mesmo a assustar o casal, especialmente Luisão, músico militante no rock local desde os anos 80, quando fundou a banda Cravo Negro. "Estamos sendo empurrados pelos outros, o que é o processo inverso do que eu vivi até hoje. Sempre fui o maior cabo eleitoral de mim mesmo, tipo 'ouça minha banda, por favor'", relembra.
Mas afinal, qual é o segredo do Dois Em Um, por que sua música encanta tanta gente de tantos lugares diferentes? A resposta pode estar na simplicidade com que o casal cruza as linguagens do pop eletrônico sutil, da bossa nova e do erudito, criando melodias doces, melancólicas e de uma beleza simplesmente arrebatadora.
A voz da violoncelista - instrumento responsável por intervenções igualmente certeiras - é outro trunfo até então insuspeito, com um timbre lindo, frio e distante que evoca a mítica Nico (cantora do Velvet Underground) e Laetitia Sadier, do grupo anglo-francês Stereolab.
"Luís já chega com a canção e o arranjo mais ou menos prontos na cabeça, aí a gente vai gravando e criando ao mesmo tempo", revela Fernanda. "Quando o CD sair, as pessoas vão poder comprar pela internet. Mas até o fim do ano, espero lançá-lo no Brasil também", adianta Luisão.
OUÇA:
www.myspace.com/doisemum
Que a Bahia não vive só de dancinhas de verão e outras manifestações tão passageiras quanto as quatro estações não é novidade pra ninguém. A real diversidade baiana, que guarda tesouros inestimáveis e não sobe em trio elétrico, ainda está por ser descoberta. Um desses tesouros ocultos, porém, está pouco a pouco despontando na superfície: é o Dois Em Um, projeto do casal Luisão Pereira (ex-Penélope e Cravo Negro) e Fernanda Monteiro, violoncelista da Osba (vistos ao lado e abaixo em fotos de Marina Novelli).
Os dois se conheceram quando Luisão, baiano de Juazeiro, morava no Rio com sua antiga banda (extinta em 2004) e Fernanda, carioca, tocava violoncelo como convidada nos shows acústicos de bandas como Kid Abelha e Roupa Nova. Em 2005, se mudaram para Salvador.
Para não deixar enferrujar as habilidades de músico e compositor, Luisão volta e meia compunha suas músicas em casa, as quais grava no seu estúdio caseiro. "Um dia eu tava aqui me batendo com uma música, tentando cantar, só que minha voz é um horror. Aí a Fernanda veio, sentou do meu lado e começou a cantarolar a tal da música. Não é que encaixou perfeito?", admira-se o marido orgulhoso.
"Gravamos quatro faixas e, como todo mundo faz, colocamos no MySpace para mostrar aos amigos", conta. A resposta foi imediata e apaixonada. No MySpace (www.myspace.com/doisemum) desde dezembro último, as cinco faixas já contam juntas com mais de 13 mil plays, um feito impressionante para um projeto caseiro que sequer faz shows.
"Isso fez com que a gente começasse a pensar que, de fato, nós existimos, digamos assim", observa o músico. "No site tem um mapinha-múndi que indica os locais onde tem gente acessando nossa música, e tem lugares que a gente nem imaginava, tipo umas ilhas lá na Ásia", ri Luisão.
SOUVENIR RECORDS - Além das tais ilhas na Ásia, as cinco faixas também causaram uma ótima impressão no pessoal do selo Souvenir Records, de Orange, Nova Jersey (EUA). "Eles deixaram um recado lá no MySpace, a gente foi se comunicando, e quando eu vi, o contrato já tava aqui em casa", diz.
O acerto com a Souvenir prevê o lançamento do primeiro álbum - já gravado - do Dois Em Um somente na América do Norte, entre julho e agosto próximos. "Não incluí a América do Sul no contrato por que acho que posso conseguir coisa melhor por aqui", confia Luisão.
Mas os convites não pararam por aí. "Rolou um monte de convite muito rápido, sendo que a gente nunca fez um show. Na verdade, nem pensamos nisso ainda. Teve o Rodrigo Lariú (do emblemático selo indie Midsummer Madness) e o pessoal do selo Si No Puedo Bailar, que nos convidou para uma coletânea de bandas latinas", revela.
Tanto entusiasmo chega mesmo a assustar o casal, especialmente Luisão, músico militante no rock local desde os anos 80, quando fundou a banda Cravo Negro. "Estamos sendo empurrados pelos outros, o que é o processo inverso do que eu vivi até hoje. Sempre fui o maior cabo eleitoral de mim mesmo, tipo 'ouça minha banda, por favor'", relembra.
Mas afinal, qual é o segredo do Dois Em Um, por que sua música encanta tanta gente de tantos lugares diferentes? A resposta pode estar na simplicidade com que o casal cruza as linguagens do pop eletrônico sutil, da bossa nova e do erudito, criando melodias doces, melancólicas e de uma beleza simplesmente arrebatadora.
A voz da violoncelista - instrumento responsável por intervenções igualmente certeiras - é outro trunfo até então insuspeito, com um timbre lindo, frio e distante que evoca a mítica Nico (cantora do Velvet Underground) e Laetitia Sadier, do grupo anglo-francês Stereolab.
"Luís já chega com a canção e o arranjo mais ou menos prontos na cabeça, aí a gente vai gravando e criando ao mesmo tempo", revela Fernanda. "Quando o CD sair, as pessoas vão poder comprar pela internet. Mas até o fim do ano, espero lançá-lo no Brasil também", adianta Luisão.
OUÇA:
www.myspace.com/doisemum
sexta-feira, maio 16, 2008
THE GLADIATORS MOSTRAM SUAS ARMAS NA BAHIA
The Gladiators, banda clássica do ritmo jamaicano, toca neste domingo com as locais Mosiah e Rastabrothers Duo Dub
Domingo, 18 de maio, será um dia especial para todos os fãs do reggae em Salvador. A lendária banda jamaicana The Gladiators, considerada uma das melhores de todos os tempos, além de ser também uma das responsáveis pela disseminação do ritmo pelo mundo, se apresenta hoje, na casa Espetáculo, na Boca do Rio, com abertura das locais Mosiah Roots e Rastabrothers Duo Dub.
Fundada como um trio vocal por Albert Giffiths, David Webber e Errol Grandison há 40 anos, em 1968, a Gladiators ganhou esse nome por causa do filme Ben-Hur (1959). A idéia de escravos lutando pela liberdade contra a Babilônia impressionou Griffiths.
O núcleo que deixaria a banda famosa no decorrer dos anos 70, contudo, contaria apenas com Griffiths de membro original, além de Clinton Fearon – hoje em carreira solo – e Gallimore Sutherland.
Juntos, os três cometeriam um punhado de álbuns clássicos, como a trilogia Trenchtown Mix Up (1977), Proverbial Reggae (1978) e Naturality (1979), entre outros. O grupo trabalhou ainda em parceria com outras lendas do estilo, como o rei do dub Lee Scratch Perry – com quem gravaram Jah Vengeance (1974) – e Eddy Grant.
Em 2005, já destituído de Fearon, Griffiths resolveu que era hora de passar o bastão à nova geração, e, com o álbum Father and Sons, se despediu da banda e apresentou seus filhos Al (vocais) e Anthony Griffiths (bateria), que hoje a lideram, junto com o remanescente Sutherland.
"A reggae music jamais morrerá. Nós lutamos por isso, pois ela é a música que traz os ensinamentos de Jah, é o que alimenta nosso corpo e alma", garante o vocalista. em entrevista por telefone, de um hotel em Goiânia. "É uma grande honra e um prazer continuar o legado que meu pai iniciou há 40 anos", afirmou.
No momento, o grupo está trabalhando – entre um show e outro – no CD sucessor de Father and Sons, o primeiro sem o Griffiths pai. "Assim que voltarmos para a Jamaica, após essa turnê brasileira, concluiremos as gravações. Logo depois, viajaremos para alguns shows na França", disse.
O show de hoje, segundo Griffiths, será uma mistura de números clássicos com outros do álbum de 2005, como Jah Works, Hearsay e God Bless.
LOCAIS – Antes dos gladiadores do reggae, porém, os espectadores assistirão às apresentações da estreante Rastabrothers Duo Dub e da experiente Mosiah Roots.
Com dez anos de atividades no cenário local, a Mosiah já conta com um bom público cativo na cidade. "Esse é um ano comemorativo para a Mosiah. Já fizemos um show em tributo à Bob Marley e agora tocamos com uma das bandas que mais nos influenciaram", conta Luciano Correia, vocalista.
Em processo de gravação do segundo CD de estúdio, o grupo ainda planeja o lançamento de um DVD ao vivo comemorando a década de fundação, cuja registro está previsto para "agosto ou setembro, em local ainda ser definido", adianta o músico.
The Gladiators, Mosiah Roots e Rastabrothers Duo Dub | 18 de maio, 17 horas | Espetáculo | Av. Octavio Mangabeira, s/n, Boca do Rio, na sede de praia do Esporte Clube Bahia (3232-0239) | R$ 25,00 (preço promocional para todos) | À venda nos balcões Pida e no local
Domingo, 18 de maio, será um dia especial para todos os fãs do reggae em Salvador. A lendária banda jamaicana The Gladiators, considerada uma das melhores de todos os tempos, além de ser também uma das responsáveis pela disseminação do ritmo pelo mundo, se apresenta hoje, na casa Espetáculo, na Boca do Rio, com abertura das locais Mosiah Roots e Rastabrothers Duo Dub.
Fundada como um trio vocal por Albert Giffiths, David Webber e Errol Grandison há 40 anos, em 1968, a Gladiators ganhou esse nome por causa do filme Ben-Hur (1959). A idéia de escravos lutando pela liberdade contra a Babilônia impressionou Griffiths.
O núcleo que deixaria a banda famosa no decorrer dos anos 70, contudo, contaria apenas com Griffiths de membro original, além de Clinton Fearon – hoje em carreira solo – e Gallimore Sutherland.
Juntos, os três cometeriam um punhado de álbuns clássicos, como a trilogia Trenchtown Mix Up (1977), Proverbial Reggae (1978) e Naturality (1979), entre outros. O grupo trabalhou ainda em parceria com outras lendas do estilo, como o rei do dub Lee Scratch Perry – com quem gravaram Jah Vengeance (1974) – e Eddy Grant.
Em 2005, já destituído de Fearon, Griffiths resolveu que era hora de passar o bastão à nova geração, e, com o álbum Father and Sons, se despediu da banda e apresentou seus filhos Al (vocais) e Anthony Griffiths (bateria), que hoje a lideram, junto com o remanescente Sutherland.
"A reggae music jamais morrerá. Nós lutamos por isso, pois ela é a música que traz os ensinamentos de Jah, é o que alimenta nosso corpo e alma", garante o vocalista. em entrevista por telefone, de um hotel em Goiânia. "É uma grande honra e um prazer continuar o legado que meu pai iniciou há 40 anos", afirmou.
No momento, o grupo está trabalhando – entre um show e outro – no CD sucessor de Father and Sons, o primeiro sem o Griffiths pai. "Assim que voltarmos para a Jamaica, após essa turnê brasileira, concluiremos as gravações. Logo depois, viajaremos para alguns shows na França", disse.
O show de hoje, segundo Griffiths, será uma mistura de números clássicos com outros do álbum de 2005, como Jah Works, Hearsay e God Bless.
LOCAIS – Antes dos gladiadores do reggae, porém, os espectadores assistirão às apresentações da estreante Rastabrothers Duo Dub e da experiente Mosiah Roots.
Com dez anos de atividades no cenário local, a Mosiah já conta com um bom público cativo na cidade. "Esse é um ano comemorativo para a Mosiah. Já fizemos um show em tributo à Bob Marley e agora tocamos com uma das bandas que mais nos influenciaram", conta Luciano Correia, vocalista.
Em processo de gravação do segundo CD de estúdio, o grupo ainda planeja o lançamento de um DVD ao vivo comemorando a década de fundação, cuja registro está previsto para "agosto ou setembro, em local ainda ser definido", adianta o músico.
The Gladiators, Mosiah Roots e Rastabrothers Duo Dub | 18 de maio, 17 horas | Espetáculo | Av. Octavio Mangabeira, s/n, Boca do Rio, na sede de praia do Esporte Clube Bahia (3232-0239) | R$ 25,00 (preço promocional para todos) | À venda nos balcões Pida e no local
quinta-feira, maio 15, 2008
DJ DOLORES PINTA O SET NO REMIX-SE
Um dos DJs mais conceituados do Brasil volta à Bahia para fazer o que sabe melhor: comandar as pick-ups e botar o povo pra dançar. É o DJ Dolores, que encabeça mais uma edição especial do Remix-se, evento semanal que agita o Pátio do Instituto Cultural Brasil-Alemanha (Icba) todos os sábados.
Sergipano radicado em Pernambuco, Hélder Aragão (nome de batismo) acompanhou os primórdios do movimento mangue beat in loco, começando a discotecar nas festas do grupo, e daí não parou mais.
Diferente da grande maioria dos DJs, contudo, Dolores não trafega apenas na área da música eletrônica, circulando com bastante habilidade no cruzamento eletro-acústico que caracteriza o movimento recifense em si, recheando seu som tanto com sambas rurais quanto com batidas sintéticas.
"Desde o começo da década de 90 que a gente queria discutir a identidade musical brasileira, nordestina e nossa própria origem, talvez tentando formatar um pop genuinamente brasileiro, mas sem nacionalismos bobos", relembra o músico.
"Quando eu falo de tradição, eu me refiro a algo que está vivo. Um exemplo simples é o maracatu e a ciranda após a chegada da TV e da internet nas zonas rurais, o que acaba modificando, de uma forma ou de outra, essas manifestações. E veja bem, se eles não mudassem, não renovariam o público", aposta. "A cultura não é uma coisa estática".
O último álbum de Dolores, 1 Real, já foi lançado na Europa, Japão e Estados Unidos, mas, infelizmente, não tem previsão de lançamento no Brasil. O próprio DJ recomenda aos interessados que o baixem de graça no site sombarato.blogspot.com.
"Muita gente já baixou de lá que eu sei, mas ainda quero lança-lo em formato físico no Brasil, por que é importante para a divulgação em jornais, revistas e rádios".
Em 2003, Dolores ganhou os prêmios BBC Awards e o Prêmio Multicultural Estadão pelo álbum Contraditório, o que lhe rendeu 40 shows em dois meses de turnê pela Europa.
DJ Dolores, DJ's Angelis Sanctus (Pragatecno), BigBross, Chicão e Bhramz (Clube do Vinil) | Sábado, 16 horas | Pátio do ICBA | Av. Sete de Setembro, 1.809, Corredor da Vitória (3337- 0120) | R$ 10
Sergipano radicado em Pernambuco, Hélder Aragão (nome de batismo) acompanhou os primórdios do movimento mangue beat in loco, começando a discotecar nas festas do grupo, e daí não parou mais.
Diferente da grande maioria dos DJs, contudo, Dolores não trafega apenas na área da música eletrônica, circulando com bastante habilidade no cruzamento eletro-acústico que caracteriza o movimento recifense em si, recheando seu som tanto com sambas rurais quanto com batidas sintéticas.
"Desde o começo da década de 90 que a gente queria discutir a identidade musical brasileira, nordestina e nossa própria origem, talvez tentando formatar um pop genuinamente brasileiro, mas sem nacionalismos bobos", relembra o músico.
"Quando eu falo de tradição, eu me refiro a algo que está vivo. Um exemplo simples é o maracatu e a ciranda após a chegada da TV e da internet nas zonas rurais, o que acaba modificando, de uma forma ou de outra, essas manifestações. E veja bem, se eles não mudassem, não renovariam o público", aposta. "A cultura não é uma coisa estática".
O último álbum de Dolores, 1 Real, já foi lançado na Europa, Japão e Estados Unidos, mas, infelizmente, não tem previsão de lançamento no Brasil. O próprio DJ recomenda aos interessados que o baixem de graça no site sombarato.blogspot.com.
"Muita gente já baixou de lá que eu sei, mas ainda quero lança-lo em formato físico no Brasil, por que é importante para a divulgação em jornais, revistas e rádios".
Em 2003, Dolores ganhou os prêmios BBC Awards e o Prêmio Multicultural Estadão pelo álbum Contraditório, o que lhe rendeu 40 shows em dois meses de turnê pela Europa.
DJ Dolores, DJ's Angelis Sanctus (Pragatecno), BigBross, Chicão e Bhramz (Clube do Vinil) | Sábado, 16 horas | Pátio do ICBA | Av. Sete de Setembro, 1.809, Corredor da Vitória (3337- 0120) | R$ 10
terça-feira, maio 13, 2008
TODAS AS MICRO-RESENHAS DO MUNDO
Apenas rock ‘n‘ roll, mas...
Show dos Rolling Stones é aquela coisa: quem já viu um, já viu todos. Ainda assim, trata-se do melhor show de rock de todos os tempos, ponto. O CD duplo traz a trilha sonora do bombado filme de Martin Scorsese, registrado em dois shows no Beacon Theatre, de Nova Iorque. Estão aqui, mais uma vez, as razões do seu reinado de quase 50 anos como a maior banda de rock ‘n‘ roll de todos os tempos. As execuções são limpas, redondas, perfeitas. A curiosidade é que repertório de sucessos dos Stones é tão vasto que aqui eles se deram ao luxo de incluir alguns preciosos hits obscuros que só fãs mais ardorosos lembram, como She Was Hot (do álbum Undercover, 1983), Some Girls (do LP homônimo, de 1978), Little T&A (do Tatoo You, 1981), além da própria faixa título, um dos melhores momentos de Exile on Main Street (1972), considerado o melhor disco da banda. Participações de Jack White (White Stripes), Buddy Guy e Christina Aguillera, único senão do álbum. Por que não chamaram logo a Amy Winehouse?
Shine a Light
Rolling Stones
Universal
R$ 34,90
www.rollingstones.com
Confronto devastador no deserto
A incrível saga de Jesse Custer, o padre texano desbocado que recebe uma entidade meio divina-meio demoníaca e resolve acertar contas com Deus, que abandonou o Paraíso, chega à um de seus momentos mais emocionantes no 5º volume da série, Guerra ao Sol. Tudo converge para uma encarniçada batalha no Vale Monumental – cenário clássico dos inesquecíveis faroestes de John Ford –, quando Jesse encara o terrível Santo dos Assassinos, o ridículo Herr Starr e seu exército, tudo ao mesmo tempo, com direito à tanques, fugas alucinadas e uma bomba atômica. As coisas, claro, não terminam muito bem para o personagem principal e seus amigos Tulipa e Cassidy, que além, de vampiro, irlandês e beberrão, se revela um tremendo mau-caráter. Enquanto isso, Arseface, personagem de nome impublicável em português, se torna um astro do rock. Preacher, uma das melhores HQs adultas dos anos 90, é também o trabalho mais elogiado do escritor irlandês Garth Ennis.
Preacher - Guerra ao Sol
Garth Ennis / Steve Dillon
Pixel Media / Vertigo
180 p. | R$ 35,90
www.pixelquadrinhos.com.br
A escalada do poeta ao topo das Américas
"Não há passaportes que levem ao incognoscível, não há razões que nos façam acessar a imensidão e depois voltar à nossa humanidade". Com essas palavras, o sociólogo e poeta gaúcho Assis Aymone sintetizou o efeito que uma experiência de vida realmente radical pode causar no íntimo de uma pessoa. No caso, uma escalada ao Aconcágua, a montanha mais alta das Américas - e pelo caminho mais árduo, a escarpada face Sul. Integrante da expedição que ficou marcada pela perda do alpinista brasileiro Eduardo Silva, Aymone decobriu ali, entre a rocha áspera e o gelo causticante, que os limites de cada um podem ser mais elásticos do que se imagina, mas não devem jamais ser ignorados.
Aconcágua - O cume e depois morrer
Assis Aymone
Record
182 p. | R$ 35,00
www.record.com.br
Sanguinários e hilários
Eles são sujos, rudes, sanguinários. E mais do que tudo isso junto, eles são hilários. Os Piratas do Tietê, imortal criação do cartunista Laerte Coutinho, finalmente ganharam o tratamento que merecem: uma coleção em três volumes com capa dura e miolo em papel off-set 150 gramas reunindo todas as suas histórias, mais alguns extras, como o roteiro e fotos da peça de teatro dos Piratas, montada em 2003 em São Paulo, incluídos no volume 2. Criados ainda nos anos 80, os Piratas estrearam para o grande público nas páginas do clássico gibi Chiclete com Banana, do cartunista Angeli. Os volumes 1 e 2 já foram lançados nas livrarias e lojas on line. O terceiro e último deve chegar em breve. No livro 2, contos inesquecíveis com convidados especialíssimos, como em O poeta, com participação de Fernando (em) Pessoa, Vozes da selva, com aparições do casal Fantasma e Diana Palmer, A terceira margem, com o Batman e A revelação, com a Virgem da Conceição. Só clássicos.
Piratas do Tietê - Livro 2
Laerte
Devir
112 p. | R$ 52
www.devir.com.br
Primórdios de uma saga
Spawn, o Soldado do Inferno, continua tendo seus primeiros números, originalmente lançados na década de 90, encadernados no Brasil. Neste segundo volume, englobando as edições 6 a 8 e 11, o criador e desenhista Todd McFarlane recebeu o auxílio luxuoso dos mestres Alan Moore (Watchmen) e Frank Miller (Sin City) - nas edições 8 e 11, respectivamente. As edições 9 e 10, com roteiros assinados por Neil Gaiman (Sandman) e Dave Sim (Cerebus), não puderam constar da compilação por questões judiciais envolvendo seus autores - o que as tornou objetos instantâneos de colecionadores. Para quem não conhece a história, Spawn era o soldado americano Al Simmons, que, após ser traído pelos seus superiores, morreu e foi parar no inferno. Após um acordo com o rabudo, ele volta à Terra na forma do sinistro Spawn. Belos desenhos.
Spawn - Origem Vol.2
Todd McFarlane / Vários
Pixel Media
116 p | R$ 32,90
pixelquadrinhos.com.br
E-feijão com arroz orgânico
Um veterano da música eletrônica anti-comercial e outro da música regional nordestina se juntam, numa improvável parceria, para produzir um dos CDs mais originais dos últimos anos. O paulistano Loop B, conhecido pela mistura dos beats eletrônicos com percussão de sucata, e o paraibano Pedro Osmar, um dos mais conceituados violeiros nordestinos, estão juntos em Farinha Digital, projeto viabilizado pela Petrobras, através da Lei de Incentivo Cultural. A bem da verdade, misturanças de música regional com eletrônica já não são novidade desde os anos 90. Isso, porém, não tira a originalidade do esforço criativo da dupla, ambos reconhecidamente competentes nas suas respectivas searas. Quase inteiramente instrumental e longe de uma acessibilidade mais pop, contudo, o álbum poderá soar um tanto arrastado para quem só costuma associar música eletrônica com pista de dança. O mérito da obra é promover um suave encontro - não uma colisão - de dois mundos que, apesar de distantes, parecem cada vez mais próximos. Bem-resolvido, instigante e ousado.
Farinha Digital
Pedro Osmar e Loop B
Cooperativa de Música / Tratore
R$ 25
www.myspace.com/pedroosmareloopb
Show dos Rolling Stones é aquela coisa: quem já viu um, já viu todos. Ainda assim, trata-se do melhor show de rock de todos os tempos, ponto. O CD duplo traz a trilha sonora do bombado filme de Martin Scorsese, registrado em dois shows no Beacon Theatre, de Nova Iorque. Estão aqui, mais uma vez, as razões do seu reinado de quase 50 anos como a maior banda de rock ‘n‘ roll de todos os tempos. As execuções são limpas, redondas, perfeitas. A curiosidade é que repertório de sucessos dos Stones é tão vasto que aqui eles se deram ao luxo de incluir alguns preciosos hits obscuros que só fãs mais ardorosos lembram, como She Was Hot (do álbum Undercover, 1983), Some Girls (do LP homônimo, de 1978), Little T&A (do Tatoo You, 1981), além da própria faixa título, um dos melhores momentos de Exile on Main Street (1972), considerado o melhor disco da banda. Participações de Jack White (White Stripes), Buddy Guy e Christina Aguillera, único senão do álbum. Por que não chamaram logo a Amy Winehouse?
Shine a Light
Rolling Stones
Universal
R$ 34,90
www.rollingstones.com
Confronto devastador no deserto
A incrível saga de Jesse Custer, o padre texano desbocado que recebe uma entidade meio divina-meio demoníaca e resolve acertar contas com Deus, que abandonou o Paraíso, chega à um de seus momentos mais emocionantes no 5º volume da série, Guerra ao Sol. Tudo converge para uma encarniçada batalha no Vale Monumental – cenário clássico dos inesquecíveis faroestes de John Ford –, quando Jesse encara o terrível Santo dos Assassinos, o ridículo Herr Starr e seu exército, tudo ao mesmo tempo, com direito à tanques, fugas alucinadas e uma bomba atômica. As coisas, claro, não terminam muito bem para o personagem principal e seus amigos Tulipa e Cassidy, que além, de vampiro, irlandês e beberrão, se revela um tremendo mau-caráter. Enquanto isso, Arseface, personagem de nome impublicável em português, se torna um astro do rock. Preacher, uma das melhores HQs adultas dos anos 90, é também o trabalho mais elogiado do escritor irlandês Garth Ennis.
Preacher - Guerra ao Sol
Garth Ennis / Steve Dillon
Pixel Media / Vertigo
180 p. | R$ 35,90
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A escalada do poeta ao topo das Américas
"Não há passaportes que levem ao incognoscível, não há razões que nos façam acessar a imensidão e depois voltar à nossa humanidade". Com essas palavras, o sociólogo e poeta gaúcho Assis Aymone sintetizou o efeito que uma experiência de vida realmente radical pode causar no íntimo de uma pessoa. No caso, uma escalada ao Aconcágua, a montanha mais alta das Américas - e pelo caminho mais árduo, a escarpada face Sul. Integrante da expedição que ficou marcada pela perda do alpinista brasileiro Eduardo Silva, Aymone decobriu ali, entre a rocha áspera e o gelo causticante, que os limites de cada um podem ser mais elásticos do que se imagina, mas não devem jamais ser ignorados.
Aconcágua - O cume e depois morrer
Assis Aymone
Record
182 p. | R$ 35,00
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Sanguinários e hilários
Eles são sujos, rudes, sanguinários. E mais do que tudo isso junto, eles são hilários. Os Piratas do Tietê, imortal criação do cartunista Laerte Coutinho, finalmente ganharam o tratamento que merecem: uma coleção em três volumes com capa dura e miolo em papel off-set 150 gramas reunindo todas as suas histórias, mais alguns extras, como o roteiro e fotos da peça de teatro dos Piratas, montada em 2003 em São Paulo, incluídos no volume 2. Criados ainda nos anos 80, os Piratas estrearam para o grande público nas páginas do clássico gibi Chiclete com Banana, do cartunista Angeli. Os volumes 1 e 2 já foram lançados nas livrarias e lojas on line. O terceiro e último deve chegar em breve. No livro 2, contos inesquecíveis com convidados especialíssimos, como em O poeta, com participação de Fernando (em) Pessoa, Vozes da selva, com aparições do casal Fantasma e Diana Palmer, A terceira margem, com o Batman e A revelação, com a Virgem da Conceição. Só clássicos.
Piratas do Tietê - Livro 2
Laerte
Devir
112 p. | R$ 52
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Primórdios de uma saga
Spawn, o Soldado do Inferno, continua tendo seus primeiros números, originalmente lançados na década de 90, encadernados no Brasil. Neste segundo volume, englobando as edições 6 a 8 e 11, o criador e desenhista Todd McFarlane recebeu o auxílio luxuoso dos mestres Alan Moore (Watchmen) e Frank Miller (Sin City) - nas edições 8 e 11, respectivamente. As edições 9 e 10, com roteiros assinados por Neil Gaiman (Sandman) e Dave Sim (Cerebus), não puderam constar da compilação por questões judiciais envolvendo seus autores - o que as tornou objetos instantâneos de colecionadores. Para quem não conhece a história, Spawn era o soldado americano Al Simmons, que, após ser traído pelos seus superiores, morreu e foi parar no inferno. Após um acordo com o rabudo, ele volta à Terra na forma do sinistro Spawn. Belos desenhos.
Spawn - Origem Vol.2
Todd McFarlane / Vários
Pixel Media
116 p | R$ 32,90
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E-feijão com arroz orgânico
Um veterano da música eletrônica anti-comercial e outro da música regional nordestina se juntam, numa improvável parceria, para produzir um dos CDs mais originais dos últimos anos. O paulistano Loop B, conhecido pela mistura dos beats eletrônicos com percussão de sucata, e o paraibano Pedro Osmar, um dos mais conceituados violeiros nordestinos, estão juntos em Farinha Digital, projeto viabilizado pela Petrobras, através da Lei de Incentivo Cultural. A bem da verdade, misturanças de música regional com eletrônica já não são novidade desde os anos 90. Isso, porém, não tira a originalidade do esforço criativo da dupla, ambos reconhecidamente competentes nas suas respectivas searas. Quase inteiramente instrumental e longe de uma acessibilidade mais pop, contudo, o álbum poderá soar um tanto arrastado para quem só costuma associar música eletrônica com pista de dança. O mérito da obra é promover um suave encontro - não uma colisão - de dois mundos que, apesar de distantes, parecem cada vez mais próximos. Bem-resolvido, instigante e ousado.
Farinha Digital
Pedro Osmar e Loop B
Cooperativa de Música / Tratore
R$ 25
www.myspace.com/pedroosmareloopb
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