A lendária casa noturna Madame Satã (SP), que marcou época nos anos 80, é relembrada em ótimo livro de Marcelo Leite de Moraes
Imagine entrar numa casa pintada de preto, e de cara, se deparar com uma mulher enjaulada comendo repolho, bebendo uísque no gargalo e soltando uns berros de vez em quando. Essa era a primeira impressão que se tinha ao entrar no antigo Madame Satã, lendária casa noturna paulista. A história do Madame e as muitas lembranças que ficaram daquela época estão agora reunidas no livro Madame Satã - O templo do underground dos anos 80, do jornalista Marcelo Leite de Moraes.
É possível dizer que, se não fosse o Satã, a história do rock brasileiro naquela década - e sua explosão - talvez não tivesse acontecido, ou teria sido totalmente diferente. Praticamente todas as bandas do período, do RPM ao Camisa de Vênus tocaram no Satã. Centro de tudo o que era moderno, alternativo, gótico e punk nos anos 80, a casa da da Rua Conselheiro Ramalho, no bairro da Bela Vista aglutinou todos os descontentes e malucos do período.
Foi a casa certa, na hora certa, na cidade certa. Era o início da redemocratização, o início de uma nova década e de uma certa retomada cultural, que desembocou no estouro do BRock. E foi lá que a maioria das bandas despontaram para o sucesso. O RPM, por exemplo, foi contratado pela CBS (hoje Sony Music) após lotar a casa por várias noites seguidas.
Era o lugar em que tudo podia acontecer. A começar pelos personagens pitorescos da casa, como a citada Mulher-Repolho, "interpretada" pela performer Amélia Gonçalves, ou o Mãozinha, um sujeito esquisito que ficava sentado ao lado do american bar e não falava com ninguém. O negócio dele era botar a mão no chão para as meninas pisarem em cima. "As meninas que usavam escarpin, salto 15, de repente sentiam uma coisa macia onde estava pisando: era a mão do cara. Ele ia lá devagar e colocava a mão. As meninas pisando e ele curtindo", relembra Clemente, vocal dos Inocentes, uma instituição do punk brasileiro.
O autor lembra que, numa única noite, o Madame Satã era capaz de apresentar atrações totalmente díspares como um desfile de moda, um lançamento de revista, noite de autógrafos de desenhistas, shows de mímica, strip-tease e também das bandas Ratos de Porão, Pin-Ups e outras. "Tudo em uma noite apenas, tudo junto, uma verdadeira salada mista", define.
No livro, resultado do Trabalho de Conclusão de Curso de Marcelo em Jornalismo na Faculdade Anhembi-Morumbi em 2002, estão reunidos muitas e muitas histórias dos mais diversos personagens - muitos deles impensáveis no mesmo ambiente. Até porque o Madame era, definitivamente, o lugar mais bem frequentado da época. Músicos de todas as bandas iam lá e se revezavam entre o palco e a platéia, dependendo da noite. "No Madame Satã acontecia que um dia você era a platéia, e na semana seguinte, a banda no palco", conta Edgard Scandurra (Ira!) no livro.
Muitos baianos, residentes ou de passagem por São Paulo, testemunharam o agito do lugar na época. Inclusive bandas locais, como Camisa de Vênus, Ramal 12 e 14º Andar, tocaram naquele palco lendário, como lembra Cláudio Lacerda, cantor da Ramal: "O Madame era o símbolo da época e nós tocamos para a casa lotada. O público realmente prestava atenção nas bandas, diferente de outros lugares".
Nem tudo foram flores para os baianos que ousavam se aventurar no Madame, contudo. O empresário Osvaldo Silveira, também conhecido como DJ Brahmz, lembra que os punks locais ameaçaram o pessoal do Camisa de Vênus de faca em punho. "Foi Clemente quem salvou os caras. Como ele era - ainda é - meio que um líder do movimento, conseguiu conter os punks enquanto os caras do Camisa saíam de fininho. Por conta desse clima, eu mesmo nunca tive coragem de pisar lá. Eu ia no Rose Bom Bom, que era um pouco menos imprevisível", lembra rindo, citando outra casa noturna famosa da época.
Jerry Marlon, então baixista do 14º Andar, também pontua que era bem difícil pros rockers baianos se enturmarem com os paulistas. "Eles não aceitavam a gente. Sabe como é, baiano indo tocar rock em São Paulo... eles não levavam muita fé", considera.
O ponto forte do livro é mesmo a grande quantidade de depoimentos de músicos e artistas que frequentaram o Madame, com causos hilariantes. Por exemplo, a rixa entre João Gordo e Cazuza. "Toda vez que o Cazuza ia lá, vinha me aporrinhar e eu descia o cacete nele. Virou folclore. Teve uma vez que eu estava no bar, e de repente, olhei pra baixo e ele estava agachado, abraçado nas pernas do Ezequiel Neves, olhando para mim. Aí ele disse: 'odeio você'. Dei um pisão na cara dele, umas bicas de coturno, mandei ver", conta João.
Essa e muitas outras histórias e considerações sobre o sexo, as drogas, a música, as danças e loucuras do Madame estão neste livro, em uma leitura muito prazerosa.
Matéria publicada no Caderno 2 do jornal A Tarde, no dia 4 de setembro de 2007.
18 comentários:
Dica para quem se interessou: nas Americanas do Iguatemi é possível encontrar esse livro por módicos 9,90.
da serie quem puxa aos seus nao degenera. olha so o tamanho do charo da neta de jagger, em pleno verao de ibiza .http://www.thesun.co.uk/article/0,,4-2007401019,00.html
com consideravel atraso li um post de marcos rodrigues "salvador- a by-passed city" de junho no http://imago-urbis.blogspot.com/
e com sua analise objetiva e inspirada marcos nos faz sentir atores contemporaneos de um processo em vigencia hoje no mundo.deixei de ser espectador, pelo menos durante esta leitura. coisa fina.
Paul está vivo! E come! Digo, e como!
Paul McCartney tem "affair" com atriz Renée Zellweger, diz tablóide
http://www1.folha.uol.com.br/folha/ilustrada/ult90u325505.shtml
Graaaande, Paul....
Muuuurrrray!!.....
Embriagado, Bill Murray guia carrinho de golfe por ruas da Suécia
http://www1.folha.uol.com.br/folha/ilustrada/ult90u322445.shtml
Nasi não está fora do Ira!, mas banda vai mesmo dar um tempo
http://www.omelete.com.br/musi/100007797/Ira__.aspx
Se for para não cair no ridículo como os Titãs, é melhor que acabe mesmo...
Maakies, a série de tirinhas estrelando um macaco maníaco depressivo e um corvo beberrão e suicida, estréia no site G1.
http://g1.globo.com/Noticias/PopArte/0,,MUL99481-7084,00.html
Rrrrecomendo....
Descobri que amo essa banda. Amem tb, que não custa nada e só faz bem...
http://www.myspace.com/bandofhorses
rapaz, parada gay domingo. deu no diário oficial. ruas canceladas, trânsito alterado, verdadeira loucura pra quem vai ficar na cidade.
ótimas fotas, situações idem e o povo se manifestando na refestelação.
Ok, Miwky.
Só um adendo, para que não hajam dúvidas:
Eu não tenho nada a ver com isso!
só porrada nesses veado.
solta essa franga chiquitita!
hahahaha!
"as pessoa mutchas vezi..." se comprometem sem necessidade.
hehehehe!!
I don't care what you do / just as long as you / don't come back / don't come back / don't come back to me
http://www.myspace.com/maryweiss
Alegres tardes de sábado....
Feira Hype
8 de setembro de 2007 - das 13h às 20h.
Apresentações
16h00 - Dj Bhramz
17h00 - Dj Chicão
18h00 - Dj Bernd (Viena/Salvador)
18h50 - Video Clipe: “Tekilamex” da banda SubAquático
19h00 - Dj Elettra + projeção de live paint by May
Expositores
Se liguem, rockers da minha Bahia...
FUNCEB LANÇA 14 EDITAIS EM SETEMBROOs incentivos contemplam as áreas de Artes Visuais, Audiovisual, Dança, Música e Teatro,
além de Residência Artística, Cultura Digital, Popular e Indígena.
A Fundação Cultural do Estado da Bahia lança 14 editais na primeira quinzena de setembro – uma ação que integra o Programa de Fomento à Cultura da Secretaria de Cultura do Estado da Bahia. Com esta iniciativa, a FUNCEB busca contribuir para a descentralização e democratização do acesso aos recursos públicos e incentivar o desenvolvimento das diversas linguagens artísticas na capital e interior do estado. Ao todo, serão destinados mais de R$1,5 milhões em prêmios, com recursos do Fundo de Cultura. Em junho, a FUNCEB investiu R$315 mil da fonte 00, em oito concursos.
Os novos editais visam o apoio à montagem e circulação de exposições e espetáculos de dança, música e teatro. Também incentivam projetos de curadoria em Artes Visuais, atividades formativas em Música, mostra de Design e a produção de vídeo e de roteiros para cinema. Novas áreas também serão contempladas, como Residência Artística, Cultura Digital, Cultura Popular e Indígena. Os prêmios variam de R$ 3 mil a R$ 60 mil.
A partir de 10 de setembro estarão abertas inscrições para editais das áreas de Audiovisual, Dança e Teatro. Serão lançados o Prêmio Yanka Rudzka e Prêmio Monoel Lopes Pontes (montagens de espetáculos de Dança e Teatro, respectivamente), Prêmio Ninho Reis e Prêmio Jurema Penna (circulação de espetáculos de Dança e Teatro, respectivamente), e o XI Festival Nacional de Vídeo - Imagem em 5 minutos.
Os editais de Artes Visuais e de Música estarão abertos a partir de 11 de setembro. Já os prêmios de Roteiro de Longa-Metragem, Residência Artística, Cultura Digital, Cultura Popular e Cultura Indígena serão lançados em seguida, no dia 12. O prazo de fechamento de cada edital é de 45 dias, a partir da data de seu lançamento.
As inscrições acontecem na sede da Fundação Cultural do Estado da Bahia, das 13h às 17h, ou pelo correio (Praça Thomé de Souza, s/n, Palácio Rio Branco, CEP: 40.020-010, Salvador-Bahia). No caso dos editais de Audiovisual, as inscrições serão realizadas na Diretoria de Audiovisual – DIMAS, localizada na Rua General Labatut, nº 27, Barris, CEP: 40.070-100, Salvador-Bahia (prédio da Biblioteca Pública do Estado).
Os editais estão publicados no site www.funceb.ba.gov.br e podem ser adquiridos também na sede da Fundação Cultural do Estado da Bahia (Pça. Tomé de Souza, s/n, Palácio Rio Branco, Salvador/BA). Mais informações pelo telefone 71 3103-4119.
No caso dos editais da área de Audiovisual, as inscrições serão realizadas na Diretoria de Audiovisual – DIMAS, localizada à Rua General Labatut, 27, Barris, Salvador/BA. Tel: 71 3116-8100.
SOBRE OS EDITAIS
Além de investir em editais específicos nas áreas de Artes Visuais, Dança, Música, Teatro, novos segmentos estão sendo incentivados pela FUNCEB. Na área de Cultura Digital, haverá apoio à difusão de conteúdo na internet através de portais de cultura e bancos de samples (em áudio ou vídeo), disponibilizados gratuitamente na internet sob licença Creative Commons.
As manifestações da Cultura Popular e da Cultura Indígena também são alvo das políticas culturais dos Estado. Vão ser apoiadas iniciativas de grupos representantes da cultura popular tradicional e de povos indígenas do Estado da Bahia visando o fortalecimento das expressões, da identidade, da memória e contribuam para a continuidade de suas tradições.
A FUNCEB, através da DIMAS, irá fomentar ainda a produção de roteiros, etapa fundamental para o desenvolvimento do cinema baiano, com um edital inédito, voltado para o apoio a projetos de ficção de longa-metragem.
A descentralização dos recursos públicos para o investimento na produção cultural continua sendo premissa básica dos editais. “Criamos estratégias para ampliar o raio de alcance dos projetos apoiados com o recurso que temos disponível para este ano, ao mesmo tempo em que buscamos promover uma circulação mais efetiva dos espetáculos selecionados. Nos editais de Dança e Teatro, por exemplo, existem categorias que definem diferentes faixas de premiação a depender da área geográfica de circulação dos projetos. Desta maneira, pretendemos assegurar que as produções cheguem a diversos Territórios de Identidade do Estado”, explica Gisele Nussbaumer, diretora geral da FUNCEB.
Também na área de Música haverá circulação de apresentações. Os projetos selecionados no edital Multimídia Circular percorrerão 10 cidades do interior, além de Salvador e/ou Região Metropolitana, realizando shows e atividades formativas para músicos, técnicos, produtores e estudantes, nos espaços culturais sob a responsabilidade da Fundação.
Mais informações, nos releases em anexo.
Assessoria de Comunicação – FUNCEB
Tel: 71 3103 4016 / 4017
ascom@funceb.ba.gov.br/ noticia@funceb.ba.gov.br
Verminagem de sexta.
É com grande prazer que a CP e H Produções convida você para o coquetel de lançamento do CD do grupo de surf music Capitão Parafina e os Haoles, entitulado "Frutos do Mar". Na ocasião, o trio vai conversar com a imprensa e apresentar um pocket show aos convidados.
Discos à venda no local!
Aonde: Loja Saraiva Mega Store Salvador, av. Tancredo Neves - Salvador Shopping, 2º Piso - Salvador/BA Tel.: (71) 3341-7020
Dia 14/08/2007, sexta-feira, às 18h.
Entrada Franca
Creio que seja impossível este relato do João Gordo sobre bater no Cazuza. É so uma forma do Gordo conquistar público, sendo o Cazuza um dos maiores poetas do rock e blues.
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