terça-feira, outubro 08, 2019

TRISTE, MAS QUEM NÃO ESTÁ?

André Dias, da Exoesqueleto, apresenta belo – e melancólico  trabalho solo. Confira dia 24 no Bardos Bardos

André Dias e seu amigo de seis cordas. Foto Eduardo César
Guitarrista e vocalista do power-trio Exoesqueleto, uma das poucas bandas de rock negras de Salvador (na formação e na proposta musical) – o que não deixa de ser irônico –, André Dias aproveita um momento de hiato do grupo para gravar e tocar projeto solo, produzido por André T.

Músico de mão cheia, evidencia o reconhecimento de seu talento com parcerias de primeiro time nas gravações: Antenor Cardoso (vibrafonista da banda Retrovisor), Morotó Slim (guitarrista, ex-Retrofoguetes), Joatan Nascimento (trompetista, Orkestra Rumpilezz) e Cadinho Almeida (o baixista xodó da Bahia).

No dia 24 André se apresenta no Bardos Bardos, em  noite dedicada à alguns dos “caras solo” do rock local – além dele tocam o grande Artur Ribeiro (ex-Theatro de Seraphin) e o ótimo Duda Spínola (ex-Adão Negro).

“A proposta é apresentar algumas das músicas do disco, mais algumas da ExoEsqueleto nesse formato voz e guitarra com a participação de Heverton Didoné na ‘percuteria’”, conta André.

“Inicialmente ele é o único dos participantes do disco a me acompanhar nesses pocket shows, mas a ideia é contar com todos no lançamento do disco”, acrescenta.

Antes ainda, no dia 18 ele leva seu som a Santo Amaro, durante o I Festival de Cultura e Arte Cecult da UFRB.

Chet Baker à baiana

André, foto Eduardo César
Ele ainda não soltou nenhum single do trabalho solo, mas adiantou para este colunista duas faixas: Be My Jazz e Mar de Desejos, ambas muito bonitas, sofridas e intimistas, especialmente a primeira, onde encarna uma espécie de Chet Baker baiano, com aquele auxílio luxuoso do trompete mágico de Joatan.

“Sim, o tom do disco é este. É um álbum sobre a tristeza, basicamente. A forma como ela permeia as relações, seja antes, durante ou depois e isso não quer dizer – essencialmente – que a sua presença anule a beleza das coisas”, diz.

“As letras são autobiográficas, aí alguém há de perguntar: ‘você é um cara triste’? Eu respondo com outra pergunta: ‘e quem não é hoje em dia’? Claro que o espectro é enorme, mas ela (a tristeza) sempre está por aí, ainda mais em dias tão sombrios”, acrescenta.

Tristezas à parte, André está felizão com o trabalho no estúdio: “Posso dizer que esse disco é um sonho que eu nunca tive até que comecei a gravá-lo. André T tem grande responsabilidade aí por ajudar a extrair o melhor de cada canção e me dar a oportunidade de trabalhar (e aprender) com Morotó (sou fã desde os Dead Billies) e  Joatan, que sempre vi na Jam do Mam e nunca imaginei  trabalhar com ele”, conta.

"Porque o rock e o jazz tem cenas que pouco dialogam aqui na cidade. Então, com eles dois as sessões foram assim: aperta o rec e deixa acontecer. Cada take era melhor que o anterior. Cadinho e Heverton Didoné, além de grandes músicos, são meus parceiros de ExoEsqueleto, o que torna tudo mais fácil. Antenor Cardoso e Felipe Guedes são dois queridos amigos que a música me deu e que não hesitaram em embarcar comigo nessa aventura", acrescenta.

Sobre o hiato da banda original, ele conta que "Acho que toda banda passa por um processo parecido com esse no qual a ExoEsqueleto está: Depois de um tempo na trincheira que é a música independente, a gente fica com vontade de tentar outros caminhos pra ver se obtemos resultados diferentes ou, até mesmo, ter acesso à novos públicos e praças. Na Exo, em particular, todo mundo está engajado em algum projeto particular nesse momento. Seja disco solo, seja família ou a correria por grana. Então, inicialmente, temos uma obrigação moral com a obra da banda que é regravar e relançar nosso primeiro disco – em 2023, quando ele completa 10 anos – com essa formação atual. Até lá, tudo pode acontecer. Até gravar um novo disco… Deixa rolar".

"É importante falar que esse disco solo está sendo feito sem ajuda de editais, vaquinhas virtuais etc. Então, a falta de grana é um fator que, muitas vezes, emperra o andamento das coisas. Dito isso, 2020 será um ano no qual quero extrair o máximo que o álbum puder me dar (clipes, apresentações aqui e em outras cidades). Pretendo começar lançar singles já a partir de janeiro e o disco deve vir em meados de março, no mais tardar, início de abril do ano que vem", conclui.

Solo Sessions com André Dias, Artur Ribeiro e Duda Spínola / Dia 24 (quinta-feira), 19 horas / Bardos Bardos / Pague quanto quiser

NUETAS

Sabadão heavy

Sábado tem o Impacta Music Festival com as bandas Nervosa (SP), Project 46, Torture Squad (SP), Headhunter D.C. e Arcantis.  16 horas, no Alto do Andu. R$ 100, últimos ingressos. No dia 30 de novembro o mesmo evento chega a Vitória da Conquista, com Ratos de Porão, Eminence (MG), Matanza Inc. (RJ), Suffocation of Soul e Arcantis.

Domingo no Centro

Chocolate com Blues, Anemia, Fridha, Jimmy Six e Lote 7 invadem a  Budega Pub (Carlos Gomes, Centro). Domingo, 15 horas, R$ 10.

Domingo na Pituba

O show Cidade Alternativa  bota as bandas Eustass, Rubatosis, Andar De Cima e Fernão Gaivota no palco do B23 Lounge Music Bar. Domingo, 16 horas, R$ 15 (lista).

Um comentário:

Mirdad disse...

Chicão! Meu brinquedo agora é reggae psicodélico progressivo. Dê um saque: https://elmirdad.blogspot.com/2019/10/discografia-mirdad-orange-roots-fluid.html