Caro Henry, Caro Robert...
Henry James (A Outra Volta do Parafuso) e Robert Louis Stevenson (A Ilha do Tesouro), dois dos principais autores do século 19, não poderiam ter estilos mais diferentes, mas se igualavam no que havia de mais importante: a genialidade. Aqui, a correspondência trocada por eles ao longo de uma década. A Aventura do Estilo / H. James, R. L. Stevenson, Marina Bedran (org.) / Rocco / 272 p. / R$ 34,50
Os subterrâneos da liberdade
Premiado com o Pulitzer e elogiado por Barack Obama, este livro conta a saga de Cora, escrava das plantações de algodão que foge por uma ferrovia subterrânea rumo ao Norte, onde a escravidão era proibida. Breve nas telas, em série de TV. The Underground Railroad: Os Caminhos Para a Liberdade / Colson Whitehead / Harper Collins / 320 p. / R$ 44,90
Vida na escola de médicos
Publicada na Europa antes do Brasil (e muito elogiada pela crítica especializada), esta HQ da carioca Cynthia B. resgata seus dias de estudante de Medicina na UFRJ. Entre bebedeiras homéricas, dissecações de cadáveres e dilemas existenciais, surgem reflexões sobre o execício da medicina. Estudante de Medicina / Cynthia B. / Veneta / 176 p. / R$ 49,90
Prisioneiro do próprio corpo
Aos 12 anos, o autor foi diagnosticado com uma doença degenarativa. Um ano depois, já se encontrava no estado vegetativo do qual só se libertaria doze anos depois. Aqui, ele conta sua história real, incluindo os maus tratos que sofreu e como superou tudo, conseguindo estudar e casar. Quando Eu Era Invisível / Martin Pistorious / Astral Cultural/ 288 p./ R$ 34,90
Chiclete sem banana
Em sua estreia, a mineira Iá transita por Cetano (Como 2 e 2), Gil (Cérebro Eletrônico), Red Hot Chili Peppere (Otherside), Adriana Calcanhoto (Mentiras), e outros – e fica tudo mais ou menos igual. Vale investir mais na identidade própria. Iá / Esquerdo Direito / Independente - Tratore / R$ 27,90
Revelação pernambucana
Segundo do pernambucano Almério, de timbre similar ao de Ney Matogrosso e repertório original, cheio de vigor lírico. A produção é espartana, privilegiando violão, percussão e pífano. Elba Ramalho canta junto Do Avesso. Revelação. Almério / Desempena / Natura Musical / R$ 27,90
Encontro Recife / Paris
Belo EP de quatro faixas, resultado do encontro entre os pernambucanos Mombojó e a musa indie francesa Laetitia Sadier (ex-Stereolab). Psicodelia tropical com um toque de chanson e kraut rock. Agradará aos fãs de ambos. Mombojó + Laetitia Sadier / Summer Long / Joinha / Baixe: www.summerlongsongs.com
Power-trio de responsa
Segundo trabalho do power trio baiano, este EP de quatro faixas desce redondo com um indie rock de sabor clássico (anos 1990) e bem azeitado. Ouça: Transition (levada disco) e a melodiosa Moonshine. suRRmenage / Headphoning Life / Brechó-Big Bross-São Rock / Ouça: www.surrmenage.bandcamp.com
Alma torta, verdades nuas
Tony Lopes, o Reverendo T do rock baiano, lança seu primeiro livro de poemas – alguns com feitio de oração, outros, pura blasfêmia. Em todos, as verdades nuas e cruas de uma alma torta mas plena de sentimentos reais e muito humanos. Blasfêmias & Orações / Reverendo T / Edição do Autor/ 156 páginas / R$ 30 / discipulosdescrentes@gmail.com
E irracionais são os animais?
Recentemente adaptado para o cinema, este livro conta a história real do casal responsável pelo zoológico de Varsóvia durante a ocupação nazista, que arriscou as próprias vidas para proteger judeus e armazenar munição para a resistência nas celas dos animais. Zoológico de Varsóvia / Diane Ackerman / HarperCollins / 304 páginas / R$ 34,90
Agora em capa dura
Com um novo filme a ser produzido em breve, a clássica space opera Duna retorna ao mercado em edição de luxo (capa dura, prefácio de Neil Gaiman). Comparado a’O Senhor dos Aneis, é uma megassaga que mistura política, religião, ecologia e aventura com um príncipe herdeiro de um império no centro da trama. Duna / Frank Herbert / Aleph/ 680 p./ R$ 69,90
Big bands em profusão
A big band carioca Zé Bigode é mais um nome a integrar a brilhante cena de grupos como Bixiga 70, Aláfia e outras. O som é bem eclético e capaz de estimular tanto mentes quanto cinturas. Ouça: 7 Caminhos, Nebula. Zé Bigode / Fluxo / Independente / Ouça: www.zebigode.bandcamp.com
Climática e fantasmagórica
Sweet Desastre é o duo Glauber Guimarães (ex-Dead Billies) e Heitor Dantas (Laia Gaiatta), praticando música instrumental climática e algo fantasmagórica. Ouça: Simbolicatron, Pocketmantra. Sweet Desastre / Música Para Aparelhos Subversivos / Independente / Ouça: www.sweetdesastre.bandcamp.com
Hinos punk saídos do forno
Segundo trabalho dos punks locais Antiporcos, este EP de cinco faixas declara a paixão pelo futebol (Meu Esporte é Arquibancada, com Gigito) e reafirma sua união (Somos Fortes). Hinos prontos. Punk rock é amor, gente. Antiporcos / Seguimos no Front / Under Rocks Records / Ouça: www.antiporcos.bandcamp.com
Médico sem fronteira
Médico, professor, pesquisador e humanista de estirpe, o baiano Carlos Marcílio (morto em 2016) ajudou a formar gerações de médicos na Universidade Federal da Bahia. Aqui, é homenageado pela sua viúva, a pesquisadora Maria Thereza. Introdução de Edivaldo Boaventura. Carlos Marcílio: um homem plural / Maria Thereza Oliva Marcílio / Quarteto / 306 p. / R$ 40
"Eu não lembro de nada"
Um homem acorda sem memória em um quarto de motel barato e rapidamente descobre que está metido em encrenca da grossa e mais: é um tremendo casca-grossa. Apesar do início clichê, a HQ Dead Letters ganha o leitor pela agilidade e surpresas da narrativa. Bom início de saga. Dead Letters Vol. 1: Operação Existencial / Christopher Sebela e Chris Visions / Devir / 112 páginas / R$ 45
A união faz...
Iniciada com Eu Sou o Número Quatro, a saga Os Legados de Lorien chega ao fim no sétimo volume, Unidos Somos Um. Fantasia com toques de ficção científica, trata de nove jovens com poderes que enfrentam uma raça alienígena invasora na Terra. Os Legados de Lorien Vol. 7: Unidos somos um / Pittacus Lore / Intrínseca/ 352 p. / R$ 44,90 / E-book: R$ 29,90
Linha Renato
De Itabuna, o cantor Cardoso Filho estreia com single de duas faixas: Meu Mundo e A Ti. De voz grave e letras confessionais, segue a linha Renato Russo com alguma eficiência. Se evoluir, pode encontrar a própria voz. Cardoso Filho / Meu Mundo / Brechó - BigBross - São Rock / R$ 10
Tape em K7
Primeiro trabalho da dupla formada por Silvia Tape (Mercenárias) Edgard Scandurra, est aposta na liberdade criativa, com bons resultados de perfil indie rock. Ouça: Asas Irreais, Rio Rastro. Tape e Scandurra / est / 180 Selo Fonográfico / K7 ou CD: R$ 25 / LP: R$ 89,90 / Baixe: www.tapescandurra.com
Ortodoxo e bem feito
Residente em Nova York e casada com o pianista John Allen Watts, Débora põe sua voz à serviço de repertório próprio de MPB ortodoxa, porém muito bem executada e produzida. Ouça: Eu Sou do Samba, Calma e Bem Feito. Debora Watts / Um Samba ao Contrário / Independente / Preço não divulgado
O testamento de um gênio
Espécie de rock star dos fumetti (HQs italianas), Andrea Pazienza (1956-88) viveu pouco mas produziu muito – e muito bem, com vigor criativo, humor e habilidade técnica. Nesta, que é sua última obra, ele relata a luta de um artista contra o vício em heroína – droga que terminou por mata-lo. Os últimos dias de Pompeo / Andrea Pazienza / Veneta/ 136 p./ R$ 74,90
Resgate suingado
Pouco lembrado, o sambalanço surgiu no fim dos anos 1950, paralelo à bossa nova. Entre seus principais nomes estão Jorge Ben, Elza Soares, Miltinho, Orlandivo e outros. Neste livro, Tárik de Souza dá uma visão geral do movimento e seus principais artistas. Resgate importante. Sambalanço, a Bossa Que Dança - Um Mosaico / Tárik de Souza / Kuarup/ 272 p./ R$ 35,90
A minutos do fim do mundo
No livro final da trilogia O Último Policial, o mundo está a duas semanas de acabar, prestes a ser atingido por um asteroide. Perambulando por uma América devastada, o detetive Hank Palace ainda encontra forças para investigar um crime em meio ao caos. Mundo das horas finais / Ben H. Winters / Rocco / 320 p. / R$ 39,50 / E-book: R$ 26,00
Rock brazuca made in Bahia
Ex-Adão Negro, Duda Spínola “migrou” do reggae para o rock e manda bem neste primeiro EP. Lembra um pouco Barão Vermelho, o que é muito bom. Ouça Sozinho no Universo e Ele e Ela. Duda Spínola / Direto Ao Ponto / Brechó - BigBross - São Rock/ Baixe: www.dudaspinola.com.br
Insólitos instrumentais
Ótima coletânea de bandas instrumentais brasileiras. Tem dose dupla de Camarones (Private Idaho e Rockaway Beach), Iron Maiden no tango (The Trooper via Yangos) e muito mais. Baixa, que vale a pena. Vários artistas / Sem Palavras / Scream & Yell / Baixe: www.screamyell.com.br
Doces e caipiras
Donos de belas vozes, o paulista Kleber e o brasiliense Rubi as unem em prol de canções singelas, entre o caipira de raiz e a doçura. Acompanhamento de luxo: Mario Manga (cello) e Rovilson pascoal (guitarra). Kléber Albuquerque + Rubi / Contraveneno / Sete Sóis - Tratore / preço não divulgado
Foi o chá, menino, foi o chá
O experiente quadrinista Laudo (Yeshuah) acerta as contas com o passado nesta HQ, uma grande sessão de psicoterapia xamânica por meio da ingestão do chá ayahuasca. Entre a ficção e o relato biográfico, a busca de um homem pela redenção e o amor do pai. Cadernos de Viagem: Anotações e Experiências do Psiconauta / Laudo Ferreira / Devir / 72 páginas/ R$ 34
Amor aos números
A amizade entre um recluso professor de matemática e o filho de sua faxineira é o ponto de partida para a escritora japonesa Yoko Ogawa construir uma carta de amor à ciência dos números, ajudando a desmitificar a mais detestada das disciplinas escolares. Best-seller internacional. A fórmula preferida do Professor / Yoko Ogawa / Estação Liberdade / 232 páginas/ R$ 43
Mais mitologia nórdica
Depois de se divertir (e aos seus fãs) com a mitologia grega na série Percy Jackson, o norte-americano Rick Riordan explora a mitologia nórdica em Magnus Chase e Os Deuses de Asgard, sua nova saga. Este é o segundo volume, O Martelo de Thor. Magnus Chase e os Deuses de Asgard: O Martelo de Thor / Rick Riordan / Intrínseca/ 400 páginas/ R$ 44,90/ E-book: 29,90
Onda boa que bate
Quarto trabalho da dupla maranhense Alê Muniz e Luciana Simões, bate uma onda boa com abordagem desencanada do reggae e da psicodelia dub. Vale ouvir Pare Que Eu Sigo a Pé, Compacto 76 e Jaracaty. Criolina / Radiola em Transe / Sete Sóis / Preço não informado
Indefinível e promissor
A banda paulista Mamparra demonstra personalidade em seu primeiro trabalho, um som indefinível entre o samba, o experimental à Arrigo e o suíngue à Novos Baianos. Maiana, a cantora, honra a estirpe: é filha da baiana Vânia Abreu. Mamparra / Mamparra / Independente / R$ 15
Guinada pop
O segundo CD das Vespas Mandarinas dá uma guinada no hard rock em direção ao pop brasileiro, com alguma elegância. Muita gente boa colou: Samuel Rosa, Edgard Scandurra, Carlos Malta, Marcos Suzano. Ouça a faixa- título e E Não Sobrou Ninguém. Vespas Mandarinas / Daqui Pro Futuro / Deck / R$ 27,90
Adoráveis e empoderadas
Neste volume 1 da HQ das Lumberjanes, Cuidado com o Sagrado Gatinho, acompanhamos as aventuras de cinco amigas no Acampamento da Senhorita Quinzella Para Garotas da Pesada, encarando criaturas sobrenaturais. Moderna e ousada, é a HQ das meninas superempoderadas. Inicialmente pensada como uma minissérie em oito partes, fez tamanho sucesso que conquistou não só o público teenager à qual era destinada, mas também o público adulto e dois prêmios Eisner. Lumberjanes Volume 1: Cuidado com o sagrado gatinho / Noelle Stevenson, Grace Ellis e Brooke Allen / Devir / 128 páginas/ R$ 45
Moleque valente
Estas são as memórias reais de Julian Kulski, um escoteiro que tinha dez anos em 1939, quando os nazistas invadiram seu país, a Polônia. Nos seis anos seguintes, ele se engajou na luta contra os alemães, cometendo pequenas sabotagens e pegando em armas, até ser preso pela Gestapo. A Cor da Coragem / Julian Kulski / Valentina / 416 páginas / R$ 59,90
A seis mãos
Romance adolescente escrito a seis mãos por três jovens escritores, sobre três jovens de cidades diferentes, que em algum momento se cruzam, se apaixonam, se confundem, se magoam e, eventualmente, fazem seu ritual de passagem à idade adulta. O Verão Em Que Tudo Mudou / Vinícius Grossos, Gabriela Freitas e Thaís Wandrofski / Faro Editorial / 304 páginas / R$ 44,90
Funky soul bróder
Um dos pilares da cena independente local, Irmão Carlos abafa geral na estreia solo em álbum pleno de suíngue e colaboradores de primeira linha. Ouça: Eu Sei do Movimento, Engrenagem da Ilusão (com IFÁ Afrobeat) e E Quando Eu Acordar (com Eric Assmar). Irmão Carlos / Irmão Carlos / Brechó - BigBross - São Roque / R$ 20
Bela e talentosa
Finalmente, em seu terceiro álbum, a banda norte- americana liderada pela cantora e atriz Taylor Momsen (Gossip Girl) diz a que veio. Hard rock vintage (de estilo sulista às vezes) de boa cepa. Ouça Back to the River e Take Me Down. The Pretty Reckless / Who You Selling For / Universal Music / R$ 29,90
Rumbora solo surpreende
Ex-Rumbora, Alf Sá estreia solo em um álbum pop rock de notável consistência. A faixa-título abre o disco e ganha o ouvinte na manha, aliando a batida dançante com a bela voz do cantor. Quando Tudo Se Desfaz e Mandinga também já valem o CD. Alf Sá / Você Já Está Aqui / Hearts Bleed Blue / R$ 19,80
Na linha de frente estelar
Ambientado durante a batalha que se seguiu à destruição da primeira Estrela da Morte (Episódio IV), este romance mostra a dura rotina dos soldados da Companhia do Crepúsculo, tropa rebelde na linha de frente da guerra contra o Império. Um olhar mais humanista para Star Wars. Star Wars Battlefront: Companhia do Crepúsculo / Alexander Freed / Aleph / 424 páginas / R$ 49,90
Clássico recriado
Clássico do cinema expressionista alemão, O Gabinete do Doutor Caligari (1920), de Robert Wiene, é recriado frame a frame nesta HQ (com cara de storyboard, mas tudo bem) do artista gráfico paulista Alexandre Teles, por meio da técnica da monotipia. Uma viagem bela e sombria. Caligari! / Robert Wiene, Hans Janowitz, Alexandre Teles / Veneta / 336 páginas / R$ 69,90
Sujeira na gravata
Especializado em thrillers jurídicos, John Grisham volta às livrarias com mais um romance de seu melhor personagem, o advogado de porta de cadeia Sebastian Rudd. Aqui, o malandro dos tribunais se move entre diversos casos escabrosos, enquanto tenta dar um jeito na vida pessoal. O advogado rebelde / John Grisham / Rocco / 400 p. / R$ 39,50
HC melódico ainda vive
Em seu segundo álbum, o quarteto paulista de hardcore melódico Dinamite Club manda bem com uma boa dinâmica nas levadas velozes e riffs cortantes. O chato são as letras, muito na linha “autoajuda fofa”. Dinamite Club / Nós Somos Tudo O Que Temos / Hearts Bleed Blue / R$ 24,80
Estética da fome
Em três faixas, o trio paulista Giallos traduz a miséria em que o Brasil está afundado em um som sujo, industrial, minimalista e abafado: “Nunca fui num velório de menino morto pela polícia / Mas sei que ele existe”. Giallos / Blaxxxploitation / Independente / www.giallos.bandcamp.com
Erudito contemporâneo com prazer
Trilha sonora do compositor alemão Max Richter para um balé inspirado em três livros de Virgina Woolf: Mrs. Dalloway, Orlando e As Ondas. Piano e quinteto de cordas em suspensão (e beleza) permanentes. Max Richter / Three Worlds: Music From Woolf Works / Universal / R$ 27,90
Investigadora linha-dura
Romance policial brasileiro de autora sob pseudônimo (questão de segurança, garante a editora), Bom Dia, Verônica segue a personagem do título em uma dupla investigação: o suicídio de uma jovem e o desaparecimento de outra. Baseado na experiência da autora, ex-investigadora. Bom Dia, Verônica / Andrea Killmore / DarkSide Books / 256 p. / R$ 49,90
Uma donzela no trono do império
Foi no reinado de Elizabeth I (1533 - 1603) que a Inglaterra se tornou a grande potência política, econômica e cultural do Ocidente no século XVI. Aqui, uma envolvente biografia assinada pela jornalista inglesa Lisa Hilton sobre a Rainha Virgem, como ficou conhecida. Elizabeth I: Uma biografia / Lisa Hilton / Zahar/ 416 páginas/ R$ 69,90 / E-book: R$ 44,90
Impossível não amar
Uma das melhores séries em quadrinhos da atualidade, Saga é uma deliciosa mistura de Star Wars, Romeu & Julieta e sitcoms familiares, com sua história sobre um casal de soldados de duas raças em guerra que se apaixonam, tem uma filha e são obrigados a fugir pela galáxia. Nesta edição, Marko tem um caso extraconjugal e Alana se vicia na droga da moda. Saga – Volume 4 / Brian K. Vaughan e Fiona Staples / Devir / 152 páginas / R$ 65
Psicodelia carioca
Figura carimbada do indie rock carioca, Lê Almeida abre Mantra Happening com Oração de Noite Cheia, baita trip psicodélica de 15 minutos, coisa de deixar o saudoso Júpiter Maçã orgulhoso. E olha que é só a primeira faixa... Lê Almeida / Mantra Happening / Independente / www.lealmeida.bandcamp.com
Tendência consolidada
O afrobeat pegou mesmo no Brasil – demorou, né? De São Paulo, a Èkó Afrobeat quebra tudo em dez faixas: cinco canções e cinco instrumentais. Tem Chico Science (Macô), reggae (Mulher Negra), funk (Não Tem Como) etc. Sonzera. Èkó Afrobeat / Èkó Afrobeat / Independente / Preço não informado
Blog (que, nos seus primórdios, entre 2004-05, foi de um programa de rádio) sobre rock e cultura pop. Hoje é o blog de Chico Castro Jr., jornalista formado pela Faculdade de Comunicação da Universidade Federal da Bahia. Atualmente, é repórter do Caderno 2+ do jornal A Tarde, no qual algumas das matérias vistas aqui foram anteriormente publicadas. Assina a coluna Coletânea, dedicada à música independente baiana. Nossa base é Salvador, Bahia, a cidade do axé, a cidade do terror.
sábado, junho 10, 2017
O PODER DO HUMOR
Livro: Em Belmonte, Gonçalo Junior resgata vida e obra do cartunista censurado por Getúlio Vargas e xingado por Josef Goebbels
O humor, aquele do bom, que não precisa ser grosseiro ou vulgar, tem uma força que, às vezes, os próprios humoristas desconhecem.
Em 1943, o cartunista Belmonte teve uma prova inconteste disso, como nos conta o jornalista baiano Gonçalo Junior, no livro justamente intitulado Belmonte.
Sub-titulado Vida e Obra de um dos Maiores Cartunistas Brasileiros de Todos os Tempos, o livro resgata do esquecimento quase absoluto um personagem de suma importância na imprensa e no humor gráfico brasileiros: Benedito Carneiro Bastos Barreto, o Belmonte (1897 - 1947).
Entre 1921 e o ano de sua morte, Belmonte foi o mais popular cartunista de sua época, trabalhando nos jornais Folha da Manhã e Folha da Noite, atual Folha de S. Paulo.
Em um tempo sem televisão nem internet, isso era muita coisa.
“É inconcebível que alguém tão importante na história da imprensa nacional – e não apenas do humor gráfico – tenha ficado tanto tempo esquecido, ignorado, não reconhecido. Eu ousaria dizer que Belmonte foi o mais influente cartunista brasileiro na primeira metade do século XX, pois nenhum artista foi tão popular e presente no cotidiano dos leitores quanto ele. E os jornais onde ele trabalhava sabiam valorizar isso. A Folha da Noite e a Folha da Manhã estavam totalmente atrelados no imaginário popular paulistano das décadas de 1920 a 1940 ao nome de Belmonte”, afirma Gonçalo.
“Ele era um cartunista-celebridade. O tempo foi injusto com Belmonte, alimentado pela precariedade da memória construída sobre a imprensa no Brasil”, acrescenta.
Criador do personagem Juca Pato, uma representação do cidadão de classe-média paulistana, Belmonte era um crítico implacável dos políticos e dos poderosos.
Seus cartuns eram tão eloquentes – e incomodavam tanto seus alvos – que, não a toa, foi censurado pelo famigerado DIP (Departamento de Imprensa e Propaganda) na ditadura de Getúlio Vargas (1930-45).
O auge foi ter sido alvo de impropérios cuspidos via rádio a mando de Josef Goebbels, ministro da propaganda de Adolf Hitler – o episódio de 1943 citado no primeiro parágrafo, fato comemorado pelo próprio Belmonte.
“Ele era culto, inteligente, ousado, desafiador, levava o seu trabalho de usar o humor para criticar às últimas consequências, sem medo de ser preso ou censurado. Ele seguia a linha quase suicida do humor francês que tanto influenciou nosso humor na imprensa no século XIX”, afirma.
O que torna Belmonte definitivamente um clássico é que ele, além de ser muito inteligente, era um artista gráfico de primeira categoria, dono de elegantérrimo traço.
“É deprimente compararmos isso com o que se faz hoje, quando a maioria dos nossos cartunistas é careta, politicamente correta, chata e mais preocupada em ganhar concursos sobre meio ambiente e desenhar pica-pau derrubando árvores. São poucas as exceções. Citaria Angeli, Laerte e Allan Sieber”, dispara.
Para Gonçalo, só houve um outro cartunista que se compara à Belmonte: “O único que se aproximou em coragem, ousadia e disposição para desafiar o poder foi Henfil. Os dois faram os maiores cartunistas brasileiros do século 20”, afirma.
Porta-voz do povo
Sua maior criação foi o personagem Juca Pato, que – tão brasileiro, – tinha por lema “podia ser pior”.
Era ao mesmo tempo, alter ego de Belmonte e porta-voz do povo, sempre impressionado (e impotente) diante dos desmandos do poder. O sucesso do personagem foi imenso.
“Foi uma coisa tão impressionante que era como se Juca Pato realmente existisse”, conta Gonçalo.
Paulistano apaixonado pela sua cidade, deixou importante contribuição historiográfica ao pesquisar sobre os bandeirantes, sertanistas que fundaram São Paulo.
Pesquisa que rendeu o livro No Tempo dos Bandeirantes (1939), elogiado pelo historiador Luis da Câmara Cascudo (1898 - 1986).
Em Belmonte, Gonçalo Junior sustenta que o cartunista ajudou a moldar a própria identidade da São Paulo moderna.
“Em vários sentidos. Como, por exemplo, ao incutir na cabeça dos governantes a noção de metrópole, de civilidade e civilização”, afirma.
“Não era possível ver tanto progresso enquanto a cidade penava pela falta de água, esgoto e transporte público. Belmonte batia muito nessa tecla, na questão da saúde publica, dos cortiços etc”, conta.
E até hoje temos políticos que ainda não entenderam isso, é bom acrescentar.
“Faz muita falta (um cartunista como Belmonte). Vivemos tempos terríveis, de censura, perseguição, opressão, de medo, de retaliação, de desvalorização da vida, do império do crime, da falência da justiça e do poder judiciário. Ninguém respeita mais nada, a corrupção virou uma endemia no país, que é governado por um partido que, para mim, deveria ser tratado como facção criminosa. O humor, felizmente, sobrevive nos memes das redes sociais e são uma ferramenta importantíssima para alimentar a nossa indignação”, afirma.
Workaholic, o jornalista baiano está sempre preparando três ou quatro livros ao mesmo tempo. Este anos, ele ainda lança mais algumas obras.
"Em abril, juntamente com este livro de Belmonte, lancei a biografia do cantor brega Evaldo Braga (Eu não sou lixo), pela Editora Noir. Agora em junho, está saindo a biografia do quadrinista italiano Milo Manara (Subversão pelo prazer), também pela Noir. No segundo semestre, devem ser publicadas as de Vadico (parceiro de Noel Rosa, pela Noir) e do Bandido da Luz Vermelha, espero", conclui Gonçalo Junior.
Getúlio Vargas. Qualquer semelhança com Michel Temer hoje é mera... |
Em 1943, o cartunista Belmonte teve uma prova inconteste disso, como nos conta o jornalista baiano Gonçalo Junior, no livro justamente intitulado Belmonte.
Sub-titulado Vida e Obra de um dos Maiores Cartunistas Brasileiros de Todos os Tempos, o livro resgata do esquecimento quase absoluto um personagem de suma importância na imprensa e no humor gráfico brasileiros: Benedito Carneiro Bastos Barreto, o Belmonte (1897 - 1947).
Entre 1921 e o ano de sua morte, Belmonte foi o mais popular cartunista de sua época, trabalhando nos jornais Folha da Manhã e Folha da Noite, atual Folha de S. Paulo.
Em um tempo sem televisão nem internet, isso era muita coisa.
“É inconcebível que alguém tão importante na história da imprensa nacional – e não apenas do humor gráfico – tenha ficado tanto tempo esquecido, ignorado, não reconhecido. Eu ousaria dizer que Belmonte foi o mais influente cartunista brasileiro na primeira metade do século XX, pois nenhum artista foi tão popular e presente no cotidiano dos leitores quanto ele. E os jornais onde ele trabalhava sabiam valorizar isso. A Folha da Noite e a Folha da Manhã estavam totalmente atrelados no imaginário popular paulistano das décadas de 1920 a 1940 ao nome de Belmonte”, afirma Gonçalo.
“Ele era um cartunista-celebridade. O tempo foi injusto com Belmonte, alimentado pela precariedade da memória construída sobre a imprensa no Brasil”, acrescenta.
Criador do personagem Juca Pato, uma representação do cidadão de classe-média paulistana, Belmonte era um crítico implacável dos políticos e dos poderosos.
Um dos muitos cartuns de Belmonte tendo o Eixo como alvo |
O auge foi ter sido alvo de impropérios cuspidos via rádio a mando de Josef Goebbels, ministro da propaganda de Adolf Hitler – o episódio de 1943 citado no primeiro parágrafo, fato comemorado pelo próprio Belmonte.
“Ele era culto, inteligente, ousado, desafiador, levava o seu trabalho de usar o humor para criticar às últimas consequências, sem medo de ser preso ou censurado. Ele seguia a linha quase suicida do humor francês que tanto influenciou nosso humor na imprensa no século XIX”, afirma.
O que torna Belmonte definitivamente um clássico é que ele, além de ser muito inteligente, era um artista gráfico de primeira categoria, dono de elegantérrimo traço.
“É deprimente compararmos isso com o que se faz hoje, quando a maioria dos nossos cartunistas é careta, politicamente correta, chata e mais preocupada em ganhar concursos sobre meio ambiente e desenhar pica-pau derrubando árvores. São poucas as exceções. Citaria Angeli, Laerte e Allan Sieber”, dispara.
Para Gonçalo, só houve um outro cartunista que se compara à Belmonte: “O único que se aproximou em coragem, ousadia e disposição para desafiar o poder foi Henfil. Os dois faram os maiores cartunistas brasileiros do século 20”, afirma.
Porta-voz do povo
Sua maior criação foi o personagem Juca Pato, que – tão brasileiro, – tinha por lema “podia ser pior”.
Era ao mesmo tempo, alter ego de Belmonte e porta-voz do povo, sempre impressionado (e impotente) diante dos desmandos do poder. O sucesso do personagem foi imenso.
“Foi uma coisa tão impressionante que era como se Juca Pato realmente existisse”, conta Gonçalo.
Paulistano apaixonado pela sua cidade, deixou importante contribuição historiográfica ao pesquisar sobre os bandeirantes, sertanistas que fundaram São Paulo.
Pesquisa que rendeu o livro No Tempo dos Bandeirantes (1939), elogiado pelo historiador Luis da Câmara Cascudo (1898 - 1986).
Em Belmonte, Gonçalo Junior sustenta que o cartunista ajudou a moldar a própria identidade da São Paulo moderna.
“Em vários sentidos. Como, por exemplo, ao incutir na cabeça dos governantes a noção de metrópole, de civilidade e civilização”, afirma.
“Não era possível ver tanto progresso enquanto a cidade penava pela falta de água, esgoto e transporte público. Belmonte batia muito nessa tecla, na questão da saúde publica, dos cortiços etc”, conta.
Juca Pato vai às urnas. Arte: Belmonte |
E até hoje temos políticos que ainda não entenderam isso, é bom acrescentar.
“Faz muita falta (um cartunista como Belmonte). Vivemos tempos terríveis, de censura, perseguição, opressão, de medo, de retaliação, de desvalorização da vida, do império do crime, da falência da justiça e do poder judiciário. Ninguém respeita mais nada, a corrupção virou uma endemia no país, que é governado por um partido que, para mim, deveria ser tratado como facção criminosa. O humor, felizmente, sobrevive nos memes das redes sociais e são uma ferramenta importantíssima para alimentar a nossa indignação”, afirma.
Workaholic, o jornalista baiano está sempre preparando três ou quatro livros ao mesmo tempo. Este anos, ele ainda lança mais algumas obras.
"Em abril, juntamente com este livro de Belmonte, lancei a biografia do cantor brega Evaldo Braga (Eu não sou lixo), pela Editora Noir. Agora em junho, está saindo a biografia do quadrinista italiano Milo Manara (Subversão pelo prazer), também pela Noir. No segundo semestre, devem ser publicadas as de Vadico (parceiro de Noel Rosa, pela Noir) e do Bandido da Luz Vermelha, espero", conclui Gonçalo Junior.
Belmonte / Gonçalo Junior / Três Estrelas / 160 páginas / R$ 54,90
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