Khusugtun, da Mongólia: canto, percussões e sons ancestrais |
O PercPan - Panorama Percussivo Internacional, um dos festivais de música mais tradicionais da Bahia, tem sua edição 2017 realizada em pleno verão, em tempo de esquentar ainda mais a estação mais agitada do ano em Salvador.
Realizada desde 1994 – com alguns poucos anos de intervalo – o PercPan já trouxe à cidade grandes shows, tanto de artistas consagrados quanto de ilustres (e surpreendentes) desconhecidos.
Esta edição, com patrocínio da Petrobras, Vivo e Governo da Bahia, não será diferente.
De um casal polonês que toca um instrumento feito de taças de cristal à uma africana de Gâmbia que toca o kora, tradição masculina de sete séculos (que ela quebrou), passando por um grupo de mongóis da China e outro de cadeirantes congoleses, o PercPan 2017 não deixou por menos.
Coletivo Rumpillezinho é coisa nossa |
Cada noite tem um tema definido por Alê.
“Pensar por temas é uma coisa que me acompanha na minha vida. É uma maneira de dar organicidade, unidade à tudo que eu faço, seja um festival, um disco ou um DVD. No caso do PercPan, mais do que uma coletânea de atrações, pensei em enfatizar enfoques curatoriais, conceituando cada noite”, explica.
Desta forma, ele conceituou a primeira noite como RIME – Ritmo e Melodia: “Ela vai na contramão da percussão grandiloquente, é uma noite mais delicada, com o grupo da Mongólia, que tem uma poética delicada, a cantora da Gâmbia e o duo polonês”, diz.
Glass Duo, da Polônia: o maior instrumento de cristal do mundo |
“É um convite para refletir a música como instrumento de inclusão social. Daí temos projetos lindos, como o Rumpillezinho, o Trio MultiFaces, que saiu do Neojibá e o Grupo de Referência de Ourinhos (São Paulo)”, diz.
A última noite, CELEBRE, é festiva, com Roberto Mendes, Lucas & Orquestra dos Prazeres (PE), Staff Benda Bilili (Rep. Democrática do Congo), Muzenza e Patax (Espanha).
Além dos shows, o PercPan estende suas atividades até Santo Amaro, onde haverá encontros e uma mesa-redonda.
“Outra coisa é a descentralização do festival, o que transcende a questão da música pela música, utilizando o recurso do festival para levar cultura para o Recôncavo. Então teremos quatro ações sócio-educativas em Santo Amaro: três workshops e uma mesa-redonda”, conta o curador.
Mateus e Jorge
Staff Benda Bilili, da República Democrática do Congo |
“O que existe de mais real é um festival como o PercPan. Afinal, antes de tudo havia o ritmo. E o festival sintetiza isso”, afirma o artista.
A expectativa para que Aleluia cante entre um número e outro é grande, mas ele despista: “Meu papel é dar a conhecer as atrações, interagir com os convidados. Entre um e outro, pode ser que alguma coisa altamente intuitiva saia. Quem é mestre de cerimônia tem que recorrer ao que sabe fazer”, afirma, enigmático.
Quem também está animadíssimo para o festival é o percussionista espanhol Jorge Pérez, líder da banda Patax. “Vamos fazer uma festa!”, avisa.
“Alguns dos mais talentosos músicos de jazz da Espanha estarão lá, fazendo um baile de força, felicidade e boas energias. Tocaremos algumas músicas de Michael Jackson, do álbum que gravamos em seu tributo (Patax Plays Michael, 2015), além de músicas novas”, conta, por email.
Apesar de já ter visitado Salvador, ele diz que tocar com sua banda aqui é “o início da realização de um sonho”.
Bienvenidos, Jorge e Patax.
21º PercPan / de 18 a 21 de janeiro / Salvador e Santo Amaro / Programação e informações: www.facebook.com/festivalpercpan
ENTREVISTA: SONA JOBARTEH
Você é a primeira mulher instrumentista do Kora, quebrando uma tradição de sete séculos. Como foi isso? Enfrentou algum tipo de preconceito masculino?
Sona Jobarteh e seu kora,da Gâmbia |
Sona Jobarteh: Isto é algo que faço com grande responsabilidade, porque entendo e respeito muito a tradição, ainda que eu a tenha quebrado enormemente, apenas por ser mulher. Então, sinto que carrego uma grande responsabilidade. Em relação às reações, por não me colocar no velho contexto de tocar o kora em cerimônias, casamentos etc, e sim como artista, acredito que esta condição me concede um alto grau de liberdade dentro da tradição. Muitos anciões me deram suas bênçãos por que ficaram felizes em ver alguém da nova geração dando continuidade à tradição e a espalhando em outros territórios.
Pode nos contar um pouco sobre o que vamos ouvir no seu show? Você vem com sua banda e seu kora?
SB: Sim, vou com minha banda completa, com o kora, guitarra, baixo, percussão e bateria. Vou apresentar o repertório do meu último álbum, chamado Fasiya. Este repertório é baseado na música tradicional do povo mandinka, à qual minha família pertence. Mas as músicas são composições minhas mesmo, mesclando tradição e modernidade.
Já esteve na Bahia? Tem algum interesse na música e nas tradições percussivas locais?
SB: É a minha primeira vez no Brasil, então estou muito animada para encontrar o povo brasileiro e assistir às performances dos outros artistas e músicos. Há muitos anos eu queria ir ao Brasil, por conta do meu interesse na tradição de sua música, então será uma experiência muito interessante para mim.
ENTREVISTA: JORGE PÉREZ
Pode nos contar um pouco sobre o que vamos ouvir no seu show? Vi que vocês gravaram um álbum só com músicas do Michael Jackson (Patax Plays Michael, 2015). Elas estão no repertório também?
Jorge Pérez, seu cajón e a dançarina flamenca |
Jorge Pérez: O que vocês vão ouvir no show do PercPan é uma verdadeira festa! Alguns dos mais talentosos músicos de jazz da Espanha estarão lá, fazendo um baile de força, felicidade e boas energias. Tocaremos algumas músicas de Michael Jackson, do álbum que gravamos em seu tributo, além de músicas novas. Mas o show do Patax não é só algo para ser ouvido, você o aprecia com os olhos também! E não apenas pelos rostos sorridentes (da banda) transmitindo sinais entre os músicos enquanto improvisam, mas também por que o Patax tem uma dançarina flamenca que interage com a música. Um mimo para seus sentidos.
O Patax se define com uma banda de jazz fusion. Quais ingredientes entram nessa receita de fusão?
JP: Sou formado pelo Berklee College of Music, compositor e arranjador da banda, além de tocar congas e cajón. Então, as influências do Patax vem diretamente do meu background musical. Nasci na Espanha e me formei entre a Espanha, Cuba e Estados Unidos. Os ingredientes são flamenco, música afrocubana, jazz, rock, pop e funk. O ritmo é, assim, o núcleo do entendimento para a fusão de gêneros musicais do Patax.
Já esteve na Bahia? Tem algum interesse na música e nas tradições percussivas locais?
JP: O Patax nunca esteve no Brasil, mas eu estive em Salvador quando era adolescente e fiquei louco com a música e a cultura profunda da cidade. Desejei voltar algum dia e ser parte deste excitante ambiente musical. O concerto do Patax no PercPan é o início da realização deste sonho.
8 comentários:
uau! parece bom isso hein??
interessante como ela fala de outra forma sobre "quebrar a tradição" e não fala de machismo, ou homem x mulher, lendo aquele blog mulherista...percebi que há uma outra visão de "homem" e "mulher" na ancestralidade africana...nem tudo é machismo, feminismo, que são conceitos ocidentais...brancos...eles têm outra visão, que conheço pouco, mas achei interessante o pouco que li sobre...há coisas acima do gênero, que não cabem somente ao nosso "egoísmo", visão de mundo, há outras...e isso não quer dizer que não se lute contra o machismo e pela questão de gênero, mas nem tudo é homem x mulher, macho x fêmea, há questões ancestrais acima disso...achei interessante...essa tradição que ela "quebrou" deve ter algo por trás além de macho querendo tocar instrumento, assim como algum africano pode "quebrar" uma tradição que seja feminina...e ela fala com certo orgulho que recebeu as bençãos dos tocadores, isso mostra que nem todo mundo é cabeça fechada, nem ela, nem eles...interessante a fala dela...fosse aqui vinha com um discurso já pronto, mas ela veio com outro ponto de vista...reparou nisso?
Adnet detonou de novo.
http://www.pragmatismopolitico.com.br/2017/01/esquete-branco-no-brasil-gera-discussao-internet.html
https://pensamentosmulheristas.wordpress.com/2017/01/16/notas-sobre-afrocentricidade-socialismo-e-cultura/
e aqui Chico??
fale aí o que achou...queixo caído pra mim!
Europa se acha a fodaça do universo...e sabemos que não é bem assim...nunca foi...se o preço do "avanço" e da "tecnologia" é o mundo em que vivemos...então somos ultra atrasados, sempre pensei dessa forma...mas o colonizado acha que tudo que não seja europeu é bárbaro...primitivo e ultrapassado.
Já tina lido alguns textos desse blog, Sputter. É um (bem-vindo) tapa em nossa cara encardida de baiano de pele clara... Recomendo demais a todos os outros leitores que passem por aqui.
Esse filme tá passando em Salvador.
http://www.diariodocentrodomundo.com.br/essencial/sessoes-do-filme-daniel-blake-viram-manifestacoes-de-fora-temer/
Ken Loach, né? O cara é sempre foda.
Deputies!
http://www.diariodocentrodomundo.com.br/essencial/janaina-paschoal-usa-google-tradutor-para-fazer-apelo-a-deputados-dos-eua/
Coitada dessa senhora. Não cansa de levar fora. Ô coitada!
(Em tempo: deputado em inglês não é deputy. É congressman).
EITA PORRA!
https://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2017/01/19/nome-de-teori-estava-em-lista-de-passageiros-de-aviao-que-caiu-diz-stf.htm
carajo...a mulé com $$ paga um mico desse?
se não tem segurança no inglês, paga alguém...ou chama um coxinha riquinho pra escrever...
será que ela ouviu muito bob marley quando era uma jovem rebelde?
ehehhehhe
só num entendi o democrata e não republicano...mas nesse texto aí...tudo pode ser qualquer coisa...
gostei da definição "baiano de pele clara", embora nossa "clareza" de pele seja menos de que de outras pessoas...mas é isso mesmo...nunca me considerei branco, embora sei que pra Salvador eu sou...um "branco baiano", pois em outros países eu não serei branco...mas aqui "sou"...boa definição.
agora sobre a queda do avião...estamos fudidos...ou foi acidente ou sabotagem...pra saber...vi no yahoo isso:
http://www.gazetadopovo.com.br/vida-publica/sergio-moro-no-lugar-de-teori-zavascki-e-possivel-9ghewujz1qbpeq59vlne63yk3?ref=yfp
tudo pode ser verdade, inclusive a mentira...já diz a pós-verdade.
agora se eles foem burros o suficiente, fazem isso:
http://www.gazetadopovo.com.br/vida-publica/sergio-moro-no-lugar-de-teori-zavascki-e-possivel-9ghewujz1qbpeq59vlne63yk3?ref=yfp
ou os imbecis vão dizer que o povo pediu seu herói...Chico, nessa viagem pra gringa que vc vai fazer, tem lugar pra mais um??
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