Lazzão, foto Djalma Santos |
Mas há algum tempo ele vem desfazendo essa impressão. O show Voltando às Origens é parte deste esforço.
Cartaz do primeiro Domingo no TCA de 2017, com entradas quase de graça (R$ 1 a inteira), o espetáculo é basicamente o mesmo que Lazzo fez no Café Teatro Rubi em 2016, no qual ele revisitou a obra de mestres do samba baiano, como Ederaldo Gentil (1947-2012), Edil Pacheco, Walmir Lima e Tote Gira.
Este último, autor do hino O Canto da Cidade, é seu parceiro mais frequente de composições e aparecerá ao seu lado no palco, em uma participação especial.
Além de Tote, participações de Roberto Mendes e Aiace Félix (Sertanília) também estão no roteiro.
“Na realidade, eu já tenho um projeto chamado Batuques do Coração, que é uma vertente do meu bloco, o Coração Rastafari”, conta Lazzo.
“Como no bloco a predominância é do reggae, eu ficava meio na vontade de cantar os sambas enredo das quadras de samba da época em que comecei a cantar”, diz.
Criado no bairro do Garcia, onde frequentava o clube Legião Hebert de Castro, Lazzo não perdia os ensaios da Escola de Samba Juventude do Garcia.
Foi lá que ele conheceu Ederaldo Gentil e os sambas enredo que ele compunha todo ano para a Escola.
“Foi daí que veio a ideia de um show mais bem elaborado, para ser feito em um teatro. Ele estreou no Rubi com esse título, Voltando às Origens, por que boa parte do repertório é dele, com os sambas enredo e seus maiores sucessos, como O Ouro e a Madeira, Rose e Canto Livre de um Povo”, conta.
“Aí quando veio essa possibilidade de levar esse show para o Teatro Castro Alves, eu achei bacana demais”, diz.
Com um repertório tão bonito e que faz parte de sua memória afetiva, Lazzo não nega a profunda ligação que ele tem com sua própria história de vida.
“Os sambas de Ederaldo são imprescindíveis neste show. Especialmente Rose, que fiz questão de gravar quando Edil Pacheco me convidou para participar de um disco em tributo a ele (Pérolas Finas)”, conta.
“Por que tem a ver com o início da minha carreira, com minha história. Eu era garotão e ele estava chegando do Rio de Janeiro, ovacionado pelo sucesso de O ouro e a Madeira. Rose veio na sequência e eu tinha uma amiga muito próxima, chamada Rose. Por isso fiz questão de cantá-la quando Edil me chamou”, relata.
Griô urbano
Lazzo, foto Filipe Cartaxo |
“É uma música em homenagem a Oxóssi, que é o orixá regente de 2017. Além dessa, ele também canta uma música minha, que estará no disco solo dela, chamada Nega Margarida“, revela Lazzo.
“Já Roberto Mendes traz uma canção dele sobre a origem do samba na Bahia, o que é oportuno até pelo centenário do samba (estabelecido em novembro de 2016, cem anos da gravação da música Pelo Telefone), que ele vai homenagear com esse relato musical. Roberto é uma enciclopédia viva, um griô (detentor da memória, difusor de tradições) urbano. Por que a gente sabe: o primeiro samba foi o do Recôncavo”, afirma.
Bem acompanhado e ensaiado, Lazzo comemora a oportunidade de poder se apresentar para um grande público um show tão especial com ingressos a preços simbólicos.
“Ah, quando surgiu o convite e me perguntaram que espetáculo eu faria, pensei logo nesse, que tem tudo a ver. É um espetáculo bem popular, feito para o povo mesmo, então é super gratificante”, afirma.
“E com esses convidados maravilhosos, Roberto, Aiace e Tote Gira, meu companheiro que fez grandes composições e poucas pessoas tem consciência desse compositor, que para mim está no mesmo nível de um Ederaldo, de um Edil, Batatinha ou Walmir Lima”, diz.
Em 2017, Lazzo pretende lançar um novo álbum sucessor do ótimo porém pouco ouvido Lazzo Matumbi (2013).
“E soul com samba de roda, com reggae. Tá nessa mistura, com jeitinho baiano”, ri.
Projeto Domingo no TCA: Lazzo Matumbi: Voltando às Origens / Part. Especiais: Roberto Mendes, Tote Gira e Aiace Félix / domingo, 11 horas / Sala Principal do Teatro Castro Alves / R$ 1 e R$ 0,50 / Vendas somente no dia, a partir de 9 horas, com acesso imediato do público
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