Possível último álbum de Iggy
Pop traz nova parceria, enquanto biografia definitiva chega às livrarias em
bela edição de capa dura
O mundo realmente
está de ponta-cabeça.
Iggy Pop, o patriarca do punk, não é mais o primeiro
surgir quando se digita seu nome no Google (é uma tal de Iggy Azalea).
Mas e
daí? Quase septuagenário, esta entidade superior do rock estava aí muito antes
da Internet – e sua obra e memória seguirão vivas quando a tal da Azalea, muito
em breve, se tornar mera nota de rodapé na enciclopédia da cultura pop.
Apontado por muitos críticos como a obra
derradeira de Pop em vida – vira essa boca pra lá –, o álbum é fruto da recente
parceria do cantor com um dos mais respeitados roqueiros dos últimos 15 anos:
Josh Homme, da banda Queens of The Stone Age.
Ao seu lado, uma cozinha de
respeito: Dean Fertita (The Raconteurs) no baixo e Matt Helders (Arctic Monkeys) na bateria.
Aos 69 anos, Pop faz
em Post Pop Depression, de fato, um balanço da vida louca e do legado que deixa
ao encarar a própria mortalidade.
Letras como a de
American Valhalla (referência ao paraíso pós-vida dos guerreiros nórdicos) não
deixam dúvidas: “Aonde é o Valhalla
Americano? / Morte é a pílula mais difícil de engolir”.
Gravado em segredo no
estúdio de Homme localizado no deserto de Joshua Tree, o álbum traz aquele som
já característico do guitarrista: grave, anguloso, seco. Se for mesmo a
saideira do velho punk, está de bom tamanho.
Pode não ser comparável aos seus
grandes momentos com os Stooges ou David Bowie, mas desce a cortina em grande
estilo.
Todo mundo conhece
Iggy Pop, o rock star destrambelhado com corpo de bailarino que se tornou um
dos pais do punk rock ao fundar, em 1967, a lendária banda The Stooges.
Já em Open up and
bleed: A vida e a música de Iggy Pop, o autor Paul Trynka nos apresenta ao
homem por trás do mito, o senhor James Osterberg.
Considerada por muitos críticos como a
biografia definitiva do Iguana, Open up and bleed ganhou bela edição brasileira
da Aleph, com capa dura e caderno de
fotos.
Com mais de 500
páginas, o livro traz um relato detalhadíssimo de Pop, com direito a
depoimentos de amigos de infância, músicos e produtores e até seu terapeuta.
Não dava para esperar menos de Paul Trynka,
consagrado jornalista musical inglês, autor de bios de David Bowie, Brian Jones
e ex-editor da revista Mojo.
Mas talvez o maior
mérito do livro seja a revelação da dupla personalidade James Osterberg / Iggy
Pop.
Nascido na pacata cidade universitária de Ann Arbor, Iggy cresceu em um
parque de trailers.
Seu pai era
professor, e ele era um verdadeiro CDF: articulado, envolvido com política, foi
até apontado como “o mais provável a se tornar presidente” no livro do ano
escolar.
Tudo mudou, claro, quando ele foi fisgado pelo rock ‘n’ roll, graças aos irmãos (e vizinhos) Ron e Scott Asheton, com os quais ele fundou os Stooges.
O livro – talvez esta
seja sua única falha – não explicita o momento exato em que o afável Jim se
metamorfoseou em Iggy, o roqueiro selvagem que rolava sobre cacos de vidro no
palco.
Mas um relato em particular, do fotógrafo Bob Gruen, é bem revelador.
Em 1996, ele foi
fotografar um show de Pop em Londres. Ao chegar, o encontrou em um ritual
pré-show:
“Foi como assistir ao Hulk, quando uma pessoa normal se transforma
numa criatura incrível. Dava quase para ver ele se tornando mais forte e
poderoso. O Jim tinha se transformado no Iggy e se apropriado de toda aquela
massa, aquele poder”.
Iggy, seu monstrinho.
Post Pop Depression /
Iggy Pop / Universal Music / R$ 27,90
Open up and bleed: A vida e a música de Iggy Pop
/ Paul Trynka / Aleph / 536 p. / R$ 69,90
2 comentários:
quando eu crescer eu quero escrever que nme você.
Cara muito bom post, O Iggy é dinossauro mesmo, curto muito Stoogs, muito bom texto, continue escrevendo, tenho uma loja de camiseta e vou cadastrar uma do Iggy depois de ler esse post até me empolguei, se quiser conhecer é http://mrdylan.com.br
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