Depois do filme de zumbis Mangue Negro (2008), de Rodrigo Aragão, a HQ Lavagem, do paraibano Shiko, traz outra abordagem para este cenário lamacento.
Curiosamente, a HQ fez o caminho inverso costumeiro: trata-se de uma adaptação do curta-metragem homônimo dirigido pelo próprio Shiko, Menção Honrosa do Júri Jovem no Curta Cinema 2011 - Festival Internacional de Curtas do Rio de Janeiro.
De narrativa ágil e essencialmente visual, Lavagem mostra um casal paupérrimo que vive isolado em um barraco no meio do mangue em uma ilha.
Eles mal se comunicam, embrutecidos pela pobreza e pelo ambiente selvagem em torno.
Cada qual, porém, tem seu refúgio: ela, na religião evangélica e nas fugas extra-conjugais durante as idas a igreja. E ele, no chiqueiro onde cria porcos e com os quais costuma conversar.
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Esse fiapo de roteiro é desenvolvido às últimas consequências por Shiko, um quadrinista que vem despontando como talento a ser acompanhado, dada a sua versatilidade narrativa e de traço.
Versatilidade que pode ser verificada em outra obra sua recentemente publicada: a graphic novel Piteco: Ingá, da série Graphic MSP, de Maurício de Souza.
Nela, Shiko pega o clássico personagem cômico da idade da pedra criado por Maurício e o transforma em um herói pré-histórico brasileiro, na melhor tradição de um Tor (do mestre Joe Kubert, 1953) ou Turok: Dinosaur Hunter (personagem da Dell Comics, criado em 1954).
Escrita, desenhada e pintada em aquarela pelo paraibano, Piteco: Ingá, é uma das melhores HQs da inovadora série de graphic novels de temática mais adulta lançada pelo criador da Mônica.
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Lavagem / Shiko / Editora Mino / 72 páginas / R$ 44 / www.facebook.com/editoramino
Um comentário:
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Ah, alvíssaras! Uma luz desponta no horizonte quadrinístico nacional...
aliás, várias luzes: Shiko, Danilo Beyruth, Vitor e Lu Cafaggi.
Fantástica a decisão da editora Maurício de Souza em investir em uma inovadora série de graphic novels de temática mais adulta como essa Graphic MSP.
Entusiasmante saber como o ambiente do mangue é inspirador de toda uma cultura de arte do terror brasileiro.
Vamos ver essas HQS e os filmes; ler, assistir, comprar e recomendar a todos.
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