quinta-feira, janeiro 22, 2015

FERA DO BAIXO, O BAIANO LEFÊ SE LANÇA SOLO NO JAZZ COM O ÁLBUM MATRIZ

Luis Fernando Neto, o famoso Lefê, em foto de Julio Acevedo
O contrabaixista baiano Luis Fernando Lefê Neto é um daqueles casos que fazem o colunista blogueiro pensar: de onde sai tanto músico fera dessa cidade?

Isso eu não sei, mas sei para onde vão.

Residente em São Paulo há mais de dez anos, Lefê acaba de lançar seu primeiro álbum: Matriz, uma coleção de temas autorais de jazz avant garde.

Mas ele tem uma longa história na cena de Salvador. “Eu comecei com a banda da AMA (Academia Música Atual, escola que marcou época nos anos 1980). E era massa, todo mundo era direcionado para o que sabia fazer melhor”, conta.

No início dos anos 1990 ele integrou o power trio Stone Bull, com outros monstros locais: o guitarrista Paulinho Oliveira e o baterista Maurício Braga.

Sério, foi uma das bandas mais incríveis do cenário de Salvador que o colunista já teve a sorte de assistir.


Era uma banda tão boa que depois  Márcio Mello “roubou” essa cozinha (Lefê e Maurício), fazendo uma histórica temporada de mais ou menos seis anos no extinto bar Alambique.

“Toquei tanto tempo com Márcio que gravei dois discos com ele. E olha que ele não faz disco por ano! No Alambique eu tinha que me esconder dos amigos que pediam para entrar. Era divertido demais”, lembra.



De L.A. para São Paulo

Após um ano estudando no famoso Musician’s Institute de Los Angeles, Lefê entra na Cascadura no fim dos anos 1990, com a qual grava o lindo álbum Vivendo em Grande Estilo.

Cascadura circa 2001: Lefê, Fábio, Thiago e Martin Mendonça
"Aí depois de alguns anos eu larguei Márcio e comecei a tocar com Peu Sousa no Diga Aí Chefe. Depois toquei com Cascadura e gravei com eles o Vivendo em Grande Estilo. Vim com eles para São Paulo e não voltei mais. Tinha muitos amigos aqui, contatos que tocavam, casou tudo", resume.

E se manda para São Paulo com Fábio & Cia. Pouco tempo depois, a banda voltou, mas Lefê continua por lá  até hoje.

Em São Paulo, o rapaz logo se enturmou, graças à extrema perícia com o baixo em mãos – além de ser uma figura muito boa-praça.

"No meio das coisas com o Casca em São Paulo já rolou o Sousa Lima, um conservatório em que me matriculei. Aí em me bandeei para o outro lado (o jazz). A coisa do rock é divertida, mas a gente perde muita noite", observa.

No conservatório, Lefê deu continuidade aos seus estudos (que ainda continuam) e hoje vive das aulas que ministra, além de tocar na cena jazz de São Paulo.

Lefê, foto Júlio Acevedo
"Quando você chega aqui, encontra tem um nível muito alto. Não da para esperar, tem que estudar muito, tem que tocar de verdade. Se vacilar, já era", conta.

"Em São Paulo vc se sustenta dando aula, além de tocar jazz na noite. E a gente toca por que precisa tocar. É o que eu faço. Se eu não tocar, de que adiante dar aula? Aí vou dar aula de culinária. Tem que se manter em forma, atualizado", reflete Lefê.

“No Matriz eu me forcei a compor por quer eu queria fazer algo por mim. Faz bem pro ego, não vou mentir”, diz.

"E é legal tocar com os amigos na noite, mas muito é difícil tocar meu som autoral por que que eu tava ouvindo muita coisa maluca que eu gosto. Aí eu disse quero fazer esse som, desse caras aí, uns malucos de Nova York. Quem? Ah, tem um guitarrista chamado Wayne Krantz, tem Lage Lund, Chris Potter e Dave Holland. Esse Chris Potter tem uma banda chamada Underground que é da pesada", indica.

"Uma das coisas desse disco que foi legal é que eu voltei para a faculdade. Estou no ultimo ano de contrabaixo acústico na Unesp. É muita coisa para estudar. E eu não queria ficar sem estudar, mas como essa é uma empreitada maluca, então estou meio sem tempo. Toco em alguns barzinhos e tal, mas falta tempo agora. Preciso me formar primeiro e fazer outro disco. Ah! Quem tiver interessado, o Matriz tá na Tratore, Rdio, Deezer, iTunes e Livraria Cultura", prossegue Lefê.

"Na verdade, o Matriz é mais uma fotografia do que eu acho que eu tenho que ser. O que eu almejo ser. E mesmo assim, muita coisa de conhecimento, de abordagem, veio depois desse disco. O próximo mesmo eu nem sei como vai ser a formação, se vai ter bateria, se vai ser só baixo e vibrafone, por exemplo. Vou me formar e compor em formações diferentes, por que é legal explorar as nuances da musica e de outras linguagens", diz.

"A propósito, eu gravei três músicas no programa Jazz em Plutão (Vandex TV). Foi eu, Vandex, Jorge Solovera e Mauro Tahim. Gravamos duas músicas minhas e uma de Vandex. Foi massa, divertido. Tá disponível, já. O Mauro mora aqui em SP, então foi fácil pra caramba. Inclusive já tem uma música nova minha que não está no disco", conta.

E aí, Lefê, quer dizer mais alguma coisa? "Eu queria mandar um beijo pra minha mãe, pro meu pai e pra você".

Ouça: www.luisfernandoneto.com





9 comentários:

Paulo Sales disse...

Muito bom o quarteto, Chicão. Banda coesa, azeitada. Tomei uma cerveja com o cara e nem sabia que ele tocava jazz. Legal.
Abração

Franchico disse...

Putz, foi uma cachaça boa danada aquele dia! Zendão tava muito doido, picou o CD de Lefê no mato, quase morri de vergonha! Sorte que Lefê levou de boa, viu que a figura era, hã, "assim mesmo".... Hilário.

Rodrigo Sputter disse...

GRANDE LF...além de puta músico é uma pessoa das mais incríveis desse planeta...do bem total...nunca vi de fofoquinha ou coisa parecida...sempre um cara pra cima...positividade...essa foto dele foi tirada por outro cara que amo pra porra, Júlio Acevedo, amigão das antigas...e ele tá tocando aí com outro cara da zorra, que é Marcelo Jesuíno...gostei do som...mesmo sendo um tema mais clássico de jazz moderno...é tocado de uma forma "diferente" e com excelentes timbragens...desce bem...bem tocado, mas não punhetado...será q essa foto é de 2001 mesmo Chicón? do casca...creio que deva ser de 2002...pra 20003...o cara é miseravi no baixo, MONSTRO, depois de décadas tocando, ainda se matricula ni conservatório? dódói-heheehh...certo ele...o mais legal é que ele tá com uma camisa do sonic youth...que já ouvir por aqui dizerem que a banda não tem talento...imagina...um monstro do contra baixo usando uma camisa de uma banda sem talento...nunca achei jazz e rock universos diferentes...sempre achei tudo a ver um com o outro...os músicos de jazz sempre influenciaram o rock...e vice versa...o jazz do fimal dos anos 50 e mais ainda o do final dos anos 60...ajudaram a abrir a mente dos roqueiros...tou dando um saque no Chris Potter aqui....

Ps.: Chico, quem é Zendão? Fiquei curioso-ehhehehe
Num é Zezão não né?
Isso num é a cara dele...
Aliás sempre que lembro que Zezão é seu mano fico pensando como 2 gênios podem vir do mesmo ventre...figuraças que amo muito...e só vim saber disso ano passado eu acho...aliás kd o sacana do Zezón? Manda abraços pra ele!!

Ps2.: Cara, eu ia postar esse comentário e o laptop desligou, pensei "fudeu tudo", mas o são google (chrome) salva!

Rodrigo Sputter disse...

Um abraço pra Caio, que tá tentando se mudar até hoje e o povo num sai do bar pra ajudar o cara-ehheheheeh

Ele se diverte muito com as "brigas" aqui...tenho pena de Chico...vai ser educado assim na casa da banana...Chico é Zen!

Rodrigo Sputter disse...

Gosto muito desse "Jazz":

https://www.youtube.com/watch?v=eXaCkJiwWAc


https://www.youtube.com/watch?v=2njV16CtqOk

https://www.youtube.com/watch?v=rCeQDIx5wYs

Acho que Xico tomém!

Franchico disse...

Por partes, Sputter.

Botei na legenda da foto do Casca "circa 2001", o que significa "por volta de 2001", portanto...

Não se incomode com os detratores: SY é foda pra caralho para este blogueiro também.

Zendão não é Zezão. Zendão é um amigo meu desde os 13 anos, que em 1991 foi morar na Itália. Lá se converteu à música erudita, toca violoncelo, dá aulas do instrumento e também é tatuador. A cada dois anos mais ou menos ele vem à cidade e sempre enchemos a cara uma ou duas vezes. Nesta vez, ele estava impossível e hilário.

A propósito, Zezão é meu irmão sim, mas não carnal, apesar de termos o mesmo sobrenome. Que aliás, é bem comum. Temos aí o Fidel, o Raul, a Márcia, o Caio... Tem até um conde e uma condessa de Castro, que abriram um restaurante chique no Rio Vermelho outro dia. é uma família grande e diversa, os Castro....

Love ya 2, man!

Franchico disse...

Porra, coitado de Caio (o Tuy)! Tô devendo uma cachaça com ele há eras. É que ando meio sossegado ultimamente...

Rodrigo Sputter disse...

é...mas eu mudaria o circa pra uns 2 anos-ehhehehehehe

carajo músico erudito e tatuador...esse é cool antes do hype...

Ah, logo vi que Zezão era irmão de sangue...pq senão eu saberia desde os anos 90...

Caio só num pode defender aécio-ehheheehhe

Caio Tuy disse...

Tá devendo mesmo, Chicão, daqui a pouco tá chegando perto da dívida da Grécia com a UE!!!!! Tá tudo anotado, hehehehehe

Os caras me botaram de molho me fazendo esperar naquela terça, Sputter, flórida!!!!!


E outra, nem preciso defender Aécio, Dilmanta já tá fazendo isso por mim. Aguarde e confie, Psit!!!!