segunda-feira, dezembro 01, 2014

O REI E ECO

Show de Roberto Carlos na Itaipava Arena Fonte Nova seguiu à risca roteiro rígido que é sua marca, com exceção da surpresa Aquarela do Brasil, de Ary Barroso. O ponto negativo foi a qualidade do som: prejudicada por eco e reverb, as palavras do Rei estavam quase incompreensíveis

O céu limpo de noite estrelada se abriu para a audiência real do último sábado com Roberto Carlos, na Itaipava Arena Fonte Nova.

Os súditos acorreram em massa ao estádio e começaram a se acomodar nas arquibancadas e cadeiras dispostas no campo duas horas antes do início do espetáculo, previsto para as 21h30.

Aqui e ali surgem faixas e cartazes empunhadas pelos aldeões,   saudando a visita real. “Grupo da 3ª idade de Muritiba saúda o Rei Roberto Carlos”. “Te amo, RC. Ass.: Isa Torres”. “Estamos juntos no Novembro Azul”, arriscou uma, fazendo referência ao mês de prevenção ao câncer de próstata.

Ainda havia um outro banner, que exibia apenas a foto da fã, abraçada ao Rei, na típica foto de camarim pós-show. A imagem que vale mil palavras, com o perdão do clichê.

Por todo o estádio, é possível perceber a predominância feminina do público, especialmente de mulheres acima dos 45, 50 anos.

Espevitadas em seus melhores vestidos de festa, elas percorrem a pista em passinhos rápidos, indo e voltando do open bar, sorridentes como na noite dos seus 15 anos, a expectativa pela chegada do príncipe encantado evidente nos olhos atentos e nos rostos corados pela agitação.

“Não perco um show do Roberto”, confirma Inah Borel, um copo de cerveja em cada mão – o segundo era para uma amiga, claro.

“Só não fui em Las Vegas. Meu sonho é conhecer o camarim do Rei, mas acho que deve ser  impossível”, lamenta.

Outra distração antes do show é observar as figuras folclóricas que seguem Roberto. Circulando pelo gramado, havia – pelo menos – dois sósias a caráter, que a todo momento eram abordados para tirar fotos e conceder entrevistas à imprensa.

Um deles, Gabriel Silva, é radialista em Rio Real, a 202 quilômetros de Salvador.

“Faço algumas aberturas de shows”, conta. Mas o senhor canta? “Estou tendo aulas de canto e tenho tentado interpretar as músicas de Roberto Carlos. Desenvolvo um trabalho cultural gratuito”, fez questão de frisar, muito educado.

Outra figura é o pintor Raimundo dos Santos, que vestia uma camisa (que parecia jamais ter sido lavada) da escola de samba Beija-Flor, com o tema do carnaval 2011: Roberto Carlos.

“Eles ganharam por que apostaram nele”, garante. E o senhor viu o desfile? “Não, essa camisa me enviaram de lá do Rio, mas eu vou em tudo que é show dele, desde 1978”.

Às 22 horas, com meia hora de atraso, o estádio fica as escuras e o povo urra. O espetáculo vai começar.

Eduardo Lages, maestro e líder de torcida, rege orquestra e público ao som do medley que cria o clima para a chegada do Rei. Adequadamente, todos se levantam em respeito (e excitação), à entrada em cena da inconfundível figura cabeluda de blazer branco impecável, o rugir da multidão que já lhe parece inseparável.

Ao clima sinatriano de Emoções, percebe-se que o cenário é o mesmo do show no TCA em 2011: fundo preto todo furadinho e iluminado por trás, criando o efeito “noite estrelada”.

O repertório, exceção feita ao hit mais recente Esse Cara Sou Eu (que confirmou sua condição ao ser uma das músicas mais aplaudidas do espetáculo), também é basicamente o mesmo.

E nem poderia ser diferente: é isso mesmo que as pessoas esperam ouvir. “Que prazer ver vocês aqui em Salvador, na...”, faz uma pausa para conferir o teleprompter aos seus pés: “Arena Fonte Nova”.

Orquestra afiada, repertório recheado de hits, o Rei simpático, infalível (justiça seja feita: o homem é incapaz de desafinar) e a vontade (de camisa fora da calça!): foi tudo nos conformes.

O maior pecado da noite, sem dúvida, não estava no palco: foi a qualidade do som que se ouvia na Arena (pelo menos assim o foi na área reservada às imprensa).

Entender as palavras do Rei – fosse cantando ou falando – era uma tarefa quase impossível.

Uma mistura de eco com reverberação interferiu de forma mortal na qualidade do som, transformando as palavras de Roberto em uma sopa de letrinhas difusa, quase sempre incompreensível, indistinguível. O efeito era de alguém falando em um túnel, com as palavras reverberando de uma parede a outra.

Pecado imperdoável para quem pagou ingresso, não importa o valor, seja R$ 20 ou R$ 500.

Alheio ao problema, o Rei seguiu sua rotina, com todas aquelas canções que ele fez para nós, até atacar com uma surpresa: Aquarela do Brasil.

Com o reverb, a louvação de Ary Barroso ganha um efeito inusitado de eco distante, tão distante quanto o  Brasil idílico imaginado pelo compositor.

O show chega ao final com Jesus Cristo e o tradicional ritual das rosas beijadas e distribuídas ao público no gargarejo. Algumas são arremessadas para o meio do povo, outras entregues diretamente na mão da súdita.

Alguém passa um berimbau. O Rei o recebe, examina o instrumento puxa a corda junto ao ouvido, faz cara de aprovação e o passa ao assistente ao seu lado. São dez minutos de ritual. O Rei se despede e se retira.

As luzes se acendem, o povo se dirige às saídas. De repente, o som volta e o Rei também, para o bis. Com as luzes do estádio acesas, Roberto canta Amigo.

A canção termina, o show já terminou. É hora de encarar um engarrafamento digno de Rei.

Veja galeria de fotos aqui.

11 comentários:

Rodrigo Sputter disse...

esperando a resenha versão de buteco desse show-heehhhehhe
se é que vc me entende-ehhehehe
fico pensando, no q Robertão se realiza?
malhando?
trasando com novinhas?
pq como artista...arte...creio que não...

Caio Tuy disse...

hahahahahahahahahahaha chorei de rir aqui, Sputter!

Rodrigo Sputter disse...

heehhe
Grande Caio Tuy!!!
kd vc mestre???
mesmo votando ni aécio, gosto de tu-hehehehehe
advogado tem que defender sua classe mermo...dus barao-ehhhehe

Tou ligado que nosso irmão Chicão, queria mesmo era fazer outra resenha, mas como bom gentleman que é...hehehehehe

Foda que Chico tá mais popstar do que Truman Capote, num aparece nos eventos...pelo menos o Mr. Capote num perdia uma boa oportunidade de um coquetel free...hehehehehe

Franchico disse...

Sputter, eu agora só apareço em área vip, com direito a comes e bebes.....

Tô brincando, é preguiça mesmo. Velhice, mau humor, saco cheio. Confesso, sou culpado de tudo isso.

O pior é que a tendência é piorar....

Sobre RC, eu acredito que o prazer dele é o mesmo do Tio Patinhas: longos mergulhos em montanhas de money.

Rodrigo Sputter disse...

é...tem isso...pensei q seria esse mermo...ver o cacau crescer mais e mais...deve comer umas novinha e curtir o poder...tá comendo até carne...mas num sei pra q num come...pq é feio pra diacho...nunca foi bonito...pode tá até "pocado", mas...feio pá porra...

foi na vip vc é?
aí eu escreveria bem até sobre claudinha milk e ivetao.

Franchico disse...

Que nada, antes sesse. Fiquei num curralzinho para a imprensa, na lateral, a meio caminho do palco, muito longe de qualquer sinal de área vip......

Rodrigo Sputter disse...

e pra comprar cerva ainda tinha que disputar fila com as senhorinhas né?

Franchico disse...

Na verdade, a cerveja, da empresa que botou a marca no nome do estádio, era - com o perdão do termo - alavontê: open bar.

Mas é "recomendado" aos jornalistas a trabalho que não bebam.

Se eu bebi?

Claro que não!

Rodrigo Sputter disse...

e na Bamaica?
Foi??
heheheheh
Nem no bis man?
no bis pegava logo 4, só pra garantir a noite...

Franchico disse...

Queisso, Sputter?!?!

Eu lá curto bad trip?!?!

Rodrigo Sputter disse...

heheeehhe
lembra da bamaica?
bamor + jamaica??
hehehehe
cara...quando a bamor num era essa merda que é hj em dia, quando ainda era romântica...