quinta-feira, dezembro 04, 2014

BIBLIOTECA DESENHADA

Soneto 20, de Shakespeare, por Aidan Koch
Cânone Gráfico Volume 1 traz adaptações de 51 clássicos da literatura universal por grandes nomes das HQs

De alguns anos para cá, as adaptações de obras literárias em quadrinhos se tornaram um filão de mercado disputado pelas editoras, de olho na verba do PNBE (Programa Nacional Biblioteca nas Escolas). O lançamento Cânone Gráfico Vol. 1, porém, é de uma espécie muito diferente das adaptações convencionais.

Organizada pelo jornalista e ativista norte-americano Russ Kick, o volume – com feitio de tijolo – é uma antologia que reúne adaptações de trechos de obras do cânone literário universal, por alguns dos artistas mais conceituados dos quadrinhos mundiais.

Precedidas por bons textos de apresentação das obras, as adaptações estão, a bem da verdade, mais para uma livre interpretação de cada artista para o livro em questão, tal a liberdade criativa e a ampla diversidade de estilos.

Um bom exemplo é a adaptação de Molly Crabapple para As Ligações Perigosas, de Choderlos de Laclos, que consiste em apenas três (esplêndidas) ilustrações mudas de uma página cada – e, ainda assim, a desenhista resume o drama epistolar francês.

Diário Londrino, de James Boswell., po R Crumb
Já Robert Crumb, um dos maiores gênios da história da arte sequencial, fiel ao seu estilo verborrágico e graficamente rebuscado, faz uma releitura fidedigna e detalhada para um trecho do Diário Londrino, de James Boswell.

Outro enorme mérito do Cânone Gráfico Vol. 1, desta vez vez para o organizador Russ Kick, é a inclusão de textxtos religiosos, cartas, manifestos e clássicos ancestrais pouco conhecidos do público ocidental, como O Livro Tibetano dos Mortos, Apu Ollantay (peça teatral da tradição oral inca), Popol Vuh (poema épico maia), Poemas (de Rumi, poeta persa da tradição sufi), Mahabharata (poema épico indiano) e muitos outros, todos belamente vertidos em arte gráfica.

Projeto em três volumes, este primeiro, lançado no Brasil pelo Barricada (selo de HQ da Boitempo) começa justamente daquele que é considerada a primeira narrativa humana: A Epopeia de Gilgamesh, recuperada de tábuas babilônicas datadas de mais de dois mil anos antes de Cristo.

O primeiro volume se encerra com ó já citado As Ligações Perigosas, de 1782.

Espera-se que a editora dê prosseguimento à coleção, cujo segundo volume começa em Kubla Khan (1797), poema do inglês Samuel Taylor Coleridge e encerra com O Retrato de Dorian Gray (1890), de Oscar Wilde).

O terceiro volume é inteiramente dedicado ao século 20, Coração das Trevas (1899, de Joseph Conrad) à Graça Infinita (1996), de David Foster Wallace.

Fabuloso encontro de literatura e arte gráfica, projeto maluco e ambicioso, Cânone Gráfico acaba tendo valor por si só, independente do vasto elenco de gênios vivos e mortos envolvidos em sua feitura.

Altamente recomendado.

Cânone gráfico I: clássicos da literatura universal em quadrinhos / Russ Kick (org.) / Barricada - Boitempo / 456 p./ R$ 118

6 comentários:

Franchico disse...

...e Benedict Cumberbatch é o Doutor Estranho no cinema.

http://omelete.uol.com.br/cinema/doutor-estranho-benedict-cumberbatch-e-confirmado-no-filme

Boa escolha.

Franchico disse...

O disco solo (ou em conjunto) de algum barbado não deve estar vendendo muito bem...

http://omelete.uol.com.br/musica/los-hermanos-pode-se-reunir-novamente-em-2015

Nossa, nem vou dormir direito depois dessa notícia!

Franchico disse...

...e a Jessica Jones (da ótima HQ Alias) da TV será Krysten Ritter.

http://omelete.uol.com.br/jessica-jones/series-e-tv/jessica-jones-krysten-ritter-sera-protagonista-da-serie-da-netflix

Tb boa escolha. Além de carismática, a moça é uma gata.

Franchico disse...

...e o Deadpool do cinema é o mesmo Ryan Reynolds, que já tinha feito o personagem no primeiro Wolverine.

http://omelete.uol.com.br/deadpool/cinema/deadpool-ryan-reynolds-negocia-com-fox-para-estrelar-o-filme

Torcer para que, dessa vez, acertem o tom (cômico e psicopata) do personagem.

E deem uma boca para o cara, pelamor! Ate porque ele é justamente conhecido como "Merc with a mouth".

Franchico disse...

Incrível como uma piada pronta como esse Olavo de Carvalho tenha arrebanhado tantos fiéis.

https://br.noticias.yahoo.com/blogs/jornalismo-wando/olavao-olavismo-e-seus-fieis-100934683.html

Mas enfim, estamos no Brasil. Por aqui há quem acredite até em axé music, Neymar e Edir Macedo.

E olha, já vi foi gente bem formada e capacitada ostentando com orgulho o livro desse louco patético como se fosse uma verdade absoluta.

Que triste....

Rodrigo Sputter disse...

será que mallu, ex magalhaes, entra na banda??
cara, agora é MODA, tudo que é da periferia ser genial, até carla perez agora é foda...o detalhe é que conheço mais banda de rock da periferia do que artistas de axé e pagode das quebradas...