Com quatro dias, o XIX Festival de Música Instrumental da Bahia traz grandes concertos à Sala Principal do TCA a preços populares
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Amilton Godoy (piano), do Zimbo Trio, e Gabriel Grossi (gaita). Foto Dani Godoy |
Se em qualquer lugar do mundo manter um festival de música estritamente instrumental não é lá tarefa fácil, imagina na Bahia.
Mas é com muita dignidade e alegria que o Festival de Música Instrumental da Bahia chega à sua 19ª edição.
Às favas que não foi uma trajetória em linha reta. “Fizemos as primeiras nove edições entre 1980 e 1988”, conta o criador e curador do Festival, o maestro Zeca Freitas.
“Foi uma época maravilhosa, mas depois ficamos sem força. Só em 2003, com a ajuda do músico, ator e produtor Fernando Marinho, conseguimos retomar o Festival, graças ao Fazcultura”, detalha.
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Arthur Maia, uma lenda do baixo no Brasil |
Melhor ainda: em 2013, eles conseguiram inserir o evento na lista de projetos calendarizados da SecultBa.
“Com isso, garantimos sua realização por três anos: 2013, 14 e 15”, conta.
“É muito importante garantir essa continuidade. Estamos numa fase boa, mas pretendemos continuar fazendo parte dos projetos calendarizados”, diz.
Este ano, serão quatro dias de concertos na Sala Principal do Teatro Castro Alves com grandes atrações locais, nacionais e uma internacional, com ingressos a preço popular: R$ 20, R$ 10 a meia.
Tudo começa na quinta-feira, com
Orquestra de Violões da Ufba,
Eric Almeida (saxofonista),
Toninho Ferragutti &
Marco Pereira (duo de acordeom e violão).
Na sexta-feira é a vez de
Estevam Dantas & Grupo,
Letieres Leite Quinteto e
Orquestra Victoria (da Argentina).
Sábado tem
Grupo Instrumental do Capão,
Saravá Jazz Bahia e
Arthur Maia (com
Gerson Silva & Amigos).
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Ubuntu: jazz com influências africanas |
No domingo, o gran finale com Ubuntu,
Camará Ensemble e
Amilton Godoy & Gabriel Grossi (duo de piano e gaita, fazendo um repertório só de Villa-Lobos).
Camará, Victoria, Toninho
Comemorando 60 anos da Escola de Música da Universidade Federal da Bahia, esta nobre instituição é homenageada com duas atrações na grade: as Orquestras de Violões e Camará.
“Tanto a Escola quanto o Festival são duas instituições de resistência da música instrumental. A força de ambas vem da manutenção de um mundo saudável para práticas musicais que trabalham com outra lógica que não a da mainstream”, percebe Paulo Rios, diretor artístico da Camará Ensemble.
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Orquestra de Violões da Ufba |
O concerto do Camará será “todo dedicado a obras de compositores baianos de quatro gerações. Participamos da homenagem aproveitando o repertório que surgiu na Bahia, de forma emaranhada com a história do conjunto”, detalha.
Já a atração internacional, Orquesta Victoria (onze integrantes) trará um repertório de tangos autorais e clássicos, “com arranjos próprios”, informa Ezequiel
Cheche Ordoñez, diretor.
“Podemos dizer que fazemos tango, tocado por jovens de hoje. Com um olhar moderno para o gênero, mas sempre respeitando as bases rítmicas”, diz.
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Letieres Leite Quinteto. Foto: Fernando Eduardo |
Mas que ninguém espere a pegada modernosa / eletrônica do
Gotan Project: “Entendo que é uma proposta feita com profissionalismo. Pessoalmente, respeito e aplaudo a pesquisa que eles fazem, mas gostar mesmo, eu não gosto”, afirma.
“É uma sorte tocar aí, especialmente um grupo tão grande. Estamos muito animados para tocar no TCA, é realmente um belo teatro”, conclui Cheche.
Outra atração de peso é a dupla formada pelo acordeonista Toninho Ferragutti e o violonista Marco Pereira, que vem fazer o repertório do CD
Comum de Dois.
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Grupo Instrumental do Capão: viagem sonora |
“Desde janeiro de 2013, quando o Duo estreou, sentimos que valia a pena ser registrada em CD”, diz Toninho.
“O acordeon é um instrumento riquíssimo, de possibilidades infinitas, soa muito bem com cordas, palhetas e a voz, além de ser o grande representante das culturas regionais”, conclui.
XIX Festival de Música Instrumental da Bahia / de Quinta-feira (26) até domingo (29), às 20 horas / Teatro Castro Alves / R$ 20 e R$ 10 / www.festivalinstrumental.com.br
EXTRAS: ENTREVISTAS
Toninho Ferragutti
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Marco Pereira e Toninho Ferragutti. Foto: Gal Oppido |
A parceria com o violonista Marco Pereira rendeu um material muito bonito e de sonoridade pouco ouvida no Brasil, que alia o dinamismo do acordeom com as harmonias do violão. Te surpreendeu o resultado? Como o senhor avalia a interação entre esses dois instrumentos tão ricos?
Toninho Ferragutti: Na verdade, o resultado não me surpreendeu, pois desde janeiro de 2013, quando o Duo estreou e Curitiba, nós dois já sentimos que a música que estávamos fazendo valia a pena ser registrada em CD e tivemos o cuidado de não deixar o trabalho esmorecer marcando vários shows para amadurecer o repertório Sentimos que mais que a importância do instrumento, pensamos a música de forma muito próxima, e isso aconteceria mesmo que tocássemos outros instrumentos.
O que podemos esperar do show? É o repertório do CD Comum de Dois? Ou haverá alguma surpresa?
TF: O repertório do show é quase o mesmo do repertório do CD, sendo os solos as únicas surpresas.
No Brasil, costuma-se ligar muito o acordeom aos gêneros regionais, como o forró (aqui no Nordeste) e à música tradicional gaúcha (de fronteira), no sul. Mas sabemos que se trata de um instrumento de possibilidades muito mais amplas, utilizado em diferentes estilos de música mundo afora. Como o senhor lida com essa dualidade no seu trabalho? Esse pré-conceito sobre o instrumento no Brasil atrapalha ou ajuda?
TF: O acordeon é um instrumento riquíssimo, de possibilidades infinitas, soando muito bem com instrumentos de cordas, palhetas, e com a voz humana além de ser o grande representante das culturas regionais da qual vc citou na sua pergunta. Sem dizer que o Brasil, é uma escola de grande acordeonistas. Acho que é assim mesmo, tudo ao mesmo tempo, música regional, música popular, erudita o importante é fazer bem e bem feito e o futuro a Deus pertence rsrsrs.
É a primeira vez que o senhor vem tocar em Salvador? Qual sua expectativa para o festival? Ficou feliz com o convite?
TF: Ficamos
extremamente felizes com o convite. Já estive levando meu trabalho para
Salvador outras vezes e a nossa expectativa é das melhores Grande
abraço e obrigado! Esperamos você no nosso concerto.
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Paulo Rios, diretor artístico, regendo o Camará Ensemble |
Paulo Rios (Camará Ensemble)
A Escola de Música da Ufba é a grande homenageada deste XIX Festival de Música Instrumental da Bahia. Você poderia falar um pouco sobre a relação da Escola com o Festival - e a importância que um tem para o outro?
Paulo Rios: Chico, não sei muito sobre a relação histórica do Festival com a EMUS. Acho que não sou o melhor para responder isto. No entanto, vejo que tanto a Escola quanto o Festival são duas instituições de resistência da música instrumental no estado. A força de ambas é a da manutenção de um mundo saudável para práticas musicais que trabalham com outra lógica que não a da mainstream mercadológica. Assim, tanto EMUS quanto Festival são lugares de criação e invenção, por natureza.
O Camará Ensemble é um conjunto dedicado a ao lançamento e gravação de obras de compositores brasileiros de música de concerto contemporânea. Que peças serão executadas no concerto do Festival? Alguma inédita?
PR: O concerto será todo dedicado a obras de compositores baianos de quatro diferentes gerações. Todas as músicas já foram apresentadas pelo menos uma vez pelo Camará. Nós decidimos participar da homenagem justamente aproveitando o repertório que surgiu, na Bahia, de forma emaranhada com a história do próprio conjunto. São, em sua maioria, obras que foram encomendadas pelo ensemble, desde a sua formação, em 2011. Além delas, há também a minha "
Choro de Estamira", que foi estreada em 2009, na Holanda, por um grupo de música contemporânea europeu que acabou influenciando bastante na criação do Camará.
Como diretor artístico do Camará, você mesmo costuma reger os concertos, mas desta vez teremos o maestro José Maurício Brandão à frente da orquestra. Por que? É você mesmo que seleciona as peças, os músicos, os regentes?
PR: Desde que me mudei para a cidade de Parnaíba, no Piauí, que mudamos a forma como o grupo funciona. Agora não sou mais seu diretor artístico, mas sim um dos consultores artísticos do Camará, que decide os detalhes de suas apresentações através de um conselho formado por alguns dos músicos e o compositor Vinícius Amaro – que tem sido um colaborador frequente desde a criação do grupo. Além disso, há uma relação estreita entre Camará e
OCA – Oficina de Composição Agora, que serve também como um ponto de apoio para o grupo (tanto do ponto de vista artístico, quanto de produção mesmo). A relação estreita com os compositores também deve ser citada: gente como
Alexandre Espinheira,
Paulo Costa Lima,
Guilherme Bertissolo,
Alex Pochat, sempre estão apoiando o grupo e participando da sua trajetória. A minha atuação como regente era uma ousadia de minha parte... Agora, com a distância, os músicos do grupo terão a oportunidade de trabalhar com regente de verdade, como é o caso do nosso querido
José Maurício Brandão – o que, por sinal, reforça a homenagem à Escola de Música, tendo em vista o excelente trabalho desenvolvido pelo maestro dentro da instituição.
Que atividades podemos esperar do Camará no futuro próximo? Concertos, gravações, alguma viagem em vista?
PR: Logo após a apresentação no Festival, o Camará iniciará os trabalhos de colaboração com o compositor norte-americano
Jonathan Pfeffer, que
está fazendo uma residência artística no
Instituto Sacatar, em Itaparica. Em meados de Julho, o grupo apresentará um espetáculo montado pelo compositor, inspirado em aspectos da música e ritualística do candomblé. Estamos na expectativa, ainda para Julho, do início da segunda edição do
MAB – Música de Agora na Bahia, projeto da OCA dedicado à música contemporânea, que este ano, com patrocínio da Petrobrás, promete agitar o circuito da música nova música de concerto no Brasil e no qual o Camará, mais uma vez, será colaborador especial. Até o início do ano que vem, devemos, ainda, participar de dois festivais de música contemporânea no país, um em São Paulo e outro no Rio Grande do Sul. Mas são eventos cujas agendas ainda dependem de confirmação.
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Orquestra Victoria: o tango pelos "jovenes de hoy" |
Ezequiel Cheche Ordoñez (Orquesta Victoria)
Pode nos descrever a abordagem da Orquesta Victoria para o tango? Mais tradicional, mais contemporâneo ou a meio caminho?
Cheche:
Poderíamos dizer que é o tango interpretado por jovens de hoje. Fazemos algumas composições próprias e vários tangos clássicos com arranjos próprios, com um olhar bastante moderno do gênero, mas sempre respeitando as bases rítmicas do tango, ainda que tentando lançar um olhar diferente e nosso, de quem nunca deixou de tocar tango.
A Orquestra faz exclusivamente o tango ou também trabalha com outros ritmos / gêneros argentinos?
Cheche: Como eu disse acima, é o tango com o nosso próprios olhar. Dentro dessa pesquisa, flertamos com outros ritmos e, especialmente, com outros timbre um pouco mais distantes do tango, mas em nenhum momento tocamos concretamente um um outro estilo, ou seja, em algum arranjo de tango podemos fazer uma base rítmica de chacarera , mas nunca chegamos a tocar uma chacarera em todas as suas formas.
Grupos como Gotan Project e Bajofondo tem ajudado a popularizar o tango mundo afora para novas gerações, com uma abordagem moderna, incluindo a música eletrônica em suas "receitas". O que a Orquestra Victoria acha desta nova estética?
Cheche: A opinião de toda a orquestra honestamente não sei, eu posso dar a minha opinião.Eu, pessoalmente, sou a favor de qualquer busca de algo novo, desde que seja feita com seriedade e paixão, além do fato de eu gostar ou não. Por exemplo, Gotan Project e Bajofondo eu não gosto de ouvir o que eles geralmente fazem, mas eu entendo que a proposta é feita com profissionalismo e à sua maneira, como uma forma de acrescentar à visão global da música, de qualquer maneira. Pessoalmente, eu respeito e aplaudo a pesquisa que eles fazem, mas gostar mesmo, eu não gosto .
É raro termos bons músicos argentinos tocando aqui na Bahia. Estão entusiasmados para vir a Salvador? O que podemos esperar do concerto no Teatro Castro Alves?
Cheche: A verdade é que é uma sorte de ir tocar aí, especialmente um grupo tão grande como nós, são 11 músicos e não é fácil de se mover uma grande orquestra. Felizmente, com a ajuda do Festival podemos ir. Estamos muito animados para tocar no TCA, é realmente um belo teatro. Para todas as pessoas que vão nos ver, é uma grande oportunidade de ouvir um pouco do que acontece com o tango em Buenos Aires hoje.
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Márcio Pereira (último a direita) e o Saravá Jazz Bahia |
Com show sábado no Festival Instrumental, Saravá Jazz Bahia se inspira em New Orleans
Uma das atrações de sábado no XIX Festival de Música Instrumental da Bahia, a banda local Saravá Jazz Bahia foi formada por inciativa do guitarrista baiano Márcio Pereira após uma temporada na cidade norte-americana de
New Orleans.
Bom, quem conhece algo sobre essa meca do jazz (ou no mínimo, assistiu ao fantástico seriado
Treme, da HBO), sabe que Nova Orleans, é provavelmente, a cidade mais parecida com Salvador fora do Brasil.
Centro cultural que mistura tradições europeias e africanas na música, na culinária e nos costumes? Povo alegre que ama brincar na rua? Blocos afro que se vestem de índios? Salvador e Nova Orleans tem tudo isso e muito mais em comum.
“Os blocos tem um quê meio religioso, saem de manhã dos bairros negros. Me lembrou muito as lavagens daqui. É possível fazer muitos paralelos”, nota Márcio que foi para lá em 2007, fazer mestrado na
University of New Orleans.
Lá, ele notou como o jazz ainda é tocado e apreciado pelo povo nas ruas, de forma festiva. “No Saravá eu trago um pouco disso, a música para as pessoas. É que, desde a bossa nova, o jazz passou a ser mais classe média, ganhou status de concerto, que as pessoas vão ao teatro para assistir”, afirma.
“A consequência disso é que (o jazz) ficou um pouco mais distante das pessoas. Pelo lado positivo, ganhou mais respeitabilidade, um status similar ao da música erudita”, percebe.
Filosofia jazzy
Aliando a abordagem mais direta de New Orleans ao afrossamba jazz do maestro
Moacir Santos, o Márcio e o Saravá buscam criar uma linguagem própria, baseada no ritmo.
“Na filosofia do Saravá, o jazz é a comunicação através da música e da utilização abundante da improvisação como forma de dialogo”, explica.
No show de sábado – confiram a programação do Festival todo, que está muito legal – a banda fará temas autorais, mais o clássico
Nanã (Moacir Santos) “e uma composição de um professor meu de New Orleans, uma demonstração de um típico
street beat de lá”, diz.
Além de Márcio (guitara), o Saravá é: Angelo Santiago (contrabaixo), Carlos Careca (bateria), Vinicius Freitas (sax tenor), Bruno Nery (trombone), Mateus Aleluia (trumpete).
Formada em Salvador, a Saravá Jazz Bahia já foi “banda residente” do Visca Sabor & Arte (Rio Vermelho)
Saravá Jazz Bahia no XIX Festival de Música Instrumental / Sábado (28), 20 horas / Teatro Castro Alves (Sala Principal) / R$ 20 e R$ 10 / www.soundcloud.com/saravajazzbahia
NUETAS
Audiolivro Rock.BA
Lançado há uns dez anos, o livro
Rock Baiano:
História de uma Cultura Subterrânea, de
Ednílson Sacramento, ganha reedição em formato audiolivro. O lançamento é nesta sexta-feira (27), às 19 horas, no Complexo Cultural dos Barris. Pinta lá. Em tempo:
"As 100 primeiras pessoas que enviarem nome e telefone para o e-mail "nvozes@gmail.com" e receberem confirmação, ganharão um exemplar gratuitamente no local".
Theatro no Calypso
Sábado é o último show acústico (de três) da banda
Theatro de Séraphin, no temporariamente redivivo Calypso, para ajudar a bancar a gravação do próximo CD. Ainda rola a mostra Paisagens Sintéticas, do baixista e arquiteto
Marcos Rodrigues. Rogério Big Bross é o DJ. Sábado, 18 horas, R$ 10 (contribuição mínima).
Camisa's third season
O Camisa de Vênus dos guitarristas remanescentes Karl Hümel e Gustavo Mullem mais o vocalista Eduardo Scott faz nova temporada no Dubliner’s, Irish Pub aos sábados de julho: dia 05 (com Celebration Day), 12 (Batrákia), 19 (Lo Han) e 26 (Barão Vermelho Cover). 22 horas, R$ 30.
Cascadura no Parque: agora vai
Lembram daquele show do Cascadura no Parque da Cidade que não rolou por causa da greve dos PMs? Agora vai: domingo (29), às 11 horas, grátis.