terça-feira, outubro 11, 2011

COQUETEL MOLOTOV: SEGUNDA EXPLOSÃO BAIANA

Em pleno fechamento desta edição, veio a bomba: a banda inglesa The Fall, uma das mais esperadas da segunda edição do festival No Ar Coquetel Molotov em Salvador, não vem mais.

Segundo a organizadora Ana Garcia, de Recife, o líder da banda, Mark E. Smith, alegou “problemas de saúde” para não embarcar no avião ao Brasil.

Ana, que se disse “em estado de choque”, ainda não havia definido se haverá alguma banda para tapar o buraco na grade de atrações.

“Estamos conversando para tentar encaixar alguém daí de Salvador ou daqui de Recife no lugar”, disse.

O certo é que, mesmo sem The Fall, Salvador recebe, na Concha Acústica do Teatro Castro Alves, hoje e amanhã, a versão baiana do festival recifense No Ar Coquetel Molotov.

Realizado desde 2004 na capital pernambucana, o evento se caracteriza por apresentar uma boa mescla de artistas brasileiros com nomes interessantes do pop rock internacional.

No ano passado, foram dois dias com três atrações cada uma, com a clássica banda alternativa Dinosaur Jr., Céu e a banda Cidadão Instigado.

Em 2011, o festival continua com dois dias, mas acrescentou uma atração, perfazendo quatro shows diários, incluindo bandas locais – uma solicitação dos fãs baianos.

Hoje, o No Ar Coquetel Molotov apresenta a banda local Retrofoguetes, os pernambucanos do Mombojó, a banda inglesa Guillemots e o sempre sensacional Tom Zé.

Amanhã, as atrações se iniciam O Círculo, seguida dos americanos do Health. Na sequência vem um grupo referencial: Mundo Livre S/A.

O pirulito e os hits

“Estamos na expectativa de superar os índices de público alcançados em 2010”, afirma Jorge Albuquerque, diretor de produção da Caderno 2 Produções.

“Até porque este ano houve uma ampliação de programação, com debates, exibições de filmes e oficina (realizados nos últimos dias)”, lembra.

Atração principal de hoje, o iraraense Tom Zé comemora seu aniversário de 75 anos no palco da Concha, devendo fazer (mais) um grande show em Salvador, com o repertório baseado no DVD ao vivo O Pirulito da Ciência, em que reúne o melhor de sua produção.

“Espero que não esteja muito quente, que é para não derreter o pirulito”, brinca o gênio, por telefone.

“O repertório é um apanhado da carreira. Será toda uma sucessão de sucessos como 2001, Augusta Angélica Consolação, Made In Brazil, Politicar, Xique Xique, etc”, adianta.

Os outros baianos dos Retrofoguetes (em foto de Sora Maia), que abrem a noite, estão superempolgados para se apresentar. Afinal – por incrível que pareça –, a banda, com dez anos, nunca tocou na Concha Acústica.

“Já tocamos duas vezes na sala principal do TCA, mas na Concha é a primeira vez”, diz o baterista Rex.

No som, músicas dos dois discos, mais temas do espetáculo Ultra Retro Twist, tudo acompanhado por dois músicos de apoio (teclados e percussão). “É um evento bacana, que traz boas atrações internacionais e Tom Zé, que é genial”, elogia.

O abismo fractal

Na linha de frente pernambucana, Molotov em punho, estão Fred 04 e seus companheiros do Mundo Livre S/A.

Do ônibus que os levava para tocar em Natal, 04 avisou que, além dos “mega hits, para não deixar a galera na mão”, eles pretendem tocar músicas do próximo álbum, que será distribuído pelo selo Coqueiro Verde.

“O selo tem a programação deles, então ainda não sabemos quando (o disco) sai, já que, agora, estão divulgando Erasmo, Kassin e Karina Bühr”, diz Fred.

O CD chama-se Novas Lendas da Etnia Toshi Babaa. “Essa é a etnia da qual todos nós descendemos, lá da galáxia do abismo fractal”, viaja.

“Tem um texto no encarte que é o preâmbulo, como se fosse o inicio de uma nova saga. Fala de pirataria, ética virtual, cultura digital e por aí vai”, conclui.

NO AR COQUETEL MOLOTOV 2011 / Hoje / Retrofoguetes, Mombojó, Guillemots e Tom Zé / Amanhã / O Círculo, HEALTH, The Fall e Mundo Livre S/A / Concha Acústica do TCA / R$ 20 e R$ 10

ENTREVISTA: TOM ZÉ

O gênio de Irará (foto: Marcelo Rossi) volta à Salvador para um grande show – no melhor palco ao ar livre da cidade – bem no dia em que completa 75 anos em prol do pensamento livre e da rebeldia, artigos cada vez mais escassos no reino das bundas de silicone. Ele vem com o show, inédito por aqui, do CD / DVD ao vivo O Pirulito da Ciência, em que repassa todas as fases da carreira de 40 anos.

Como foi o show com os Mutantes no Rock In Rio?

TOM ZÉ: Ah, foi ótimo! Acabou dando certo, foi bem alegre, o pessoal ficou feliz. Na hora é uma confusão, “chega que tá na hora”, aquelas coisas, o stress de evento grande. Mas no fim deu tudo certo.

O senhor faz 75 anos no dia do show aqui. Mas boa parte de seus fãs é duas ou três gerações mais nova do que você.

TZ: Acho que tem gente até uma dúzia de gerações mais nova! (risos) Quanto mais eu envelheço, mais jovem fica a plateia. As vezes é um problema, trazem crianças de nove anos em lugares em que não é permitido. Mas é uma alegria. Parece que isso se deve ao fato não de eu não fazer música, mas de fazer rebeldia. As gerações necessitam de alguma rebeldia para compreender seu tempo. E depois disso, fazer a antítese, marcar sua passagem pela Terra com seus emblemas. Toda geração precisa disso para não sucumbir, precisa dessa força. E a rebeldia é uma força muito vigorosa que, através dos séculos acaba desembocando na ciência e na própria arte – que na Bahia é o cão vivo! A Bahia tem muita força nisso. Toda geração tem sua rebeldia e a procura aonde ela está disponível. É como se fosse o faro do leão atrás da caça. Com o faro natural, ele sabe onde está. E uma (rebeldia) disponível é a minha. O fato de eu, toda vez que toco aí, encher a Concha e os teatros daqui e do mundo é um assombro. É bastante curioso.

O que o senhor anda preparando? Algum disco novo?

TZ: Tenho duas coisa para serem feitas, mas devo lhe pedir socorro. Diz que a mulher que fala muito perde seu amor. Se você fala dos seus projetos, você os mata. Eles devem ficar escondidos no útero. É bom nem fazer ultrassonografia. Quando nascer é que a gente vai descobrir se é homem ou mulher (risos).

ENTREVISTA: MC LORD MAGRÃO (GUILLEMOTS)

Ele tem nome de funkeiro carioca, mas é paulista e filho de baiano. Nascido Ricardo Bombine Pimentel, MC Lord Magrão (primeiro à esquerda, na foto) toca guitarra na banda inglesa Guillemots, na qual entrou depois de responder a um anúncio do vocalista Fyfe Dangerfield na revista New Musical Express.

Sua banda gerou bastante hype quando surgiu em 2005, mas conseguiu superar essa fase inicial e se manteve unida e em certa evidência no cenário da música pop britânica. Como vocês conseguiram isso?

MC LORD MAGRÃO: Não estou bem certo, acho que nos mantivemos fiéis à nós mesmos. Muitas bandas estão nessa pelo estilo de vida. Nós amamos música e queremos fazer isto pelo resto da vida. O hype é uma coisa bem difícil de entender e também de ignorar. Ele torna as coisas bem confusas para os artistas que estão tentando se estabilizar.

O grande público em Salvador não é famliarizado com sua música. Isto posto, como será o repertório do show por aqui?

MLM: Nós tendemos a variar bastante a cada show, não gostamos de nos repetir muito. Será uma mistura do material dos primeiros discos, dos EPs e lados B. Talvez apresentemos algumas canções novas também...

Sir Paul McCartney elogiou bastante sua banda em uma entrevista de rádio – uma responsabilidade e tanto. Você dormiu naquela noite? Como não deixar que isso o afete de uma forma ruim?


MLM: Sim, eu dormi! (Risos) Não acho que algo assim me afetasse de uma forma ruim. Mas foi maravilhoso ouvir isso – sabe como é, foi o Paul McCartney! Você só deve não se deixar levar por isto e passar a acreditar que tudo o que você faz é espetacular.

Quem mais o influenciou como artista?


MLM: Eu diria que foi Tom Zé. Definitivamente, ele é minha maior influência.

Conhece Salvador? Qual sua expectativa para o show aqui?

MLM: Meu pai é baiano, de uma vila chamada Missão (estrada BA 131), diz que é perto de Senhor do Bonfim. Espero que possamos fazer o melhor show possível.

Qual a inspiração por trás do seu maior hit, chamado Trains To Brazil?

MLM: Na época, tinha várias coisas acontecendo por aqui (Londres) em relação ao terrorismo. Por coincidência, estávamos gravando Trains To Brazil quando aconteceu aquele incidente do brasileiro Jean- Charles sendo morto por engano no metrô em Londres. Eu diria que a música é sobre apreciar ao máximo o fato de estarmos todos vivos.

Além da guitarra, você toca instrumentos incomuns, como máquina de escrever e furadeira. Como é tirar o som que você deseja desses objetos? Ele é gravado e mixado na música do jeito que está ou é reprocessado com o uso de samplers, plugins, pedais e recursos eletrônicos?

MLM: Às vezes é meio difícil mesmo microfonar esses instrumentos, já que eles não dispõem da acústica específica dos instrumentos convencionais. Em geral, o som é introduzido na canção do jeito que está. Às vezes eu acrescento alguns pedais para alcançar um som mais imponente.

O rock ainda é relevante? Ainda é possível fazer algo novo?

MLM: Tudo que é importante na música nos mostra como ela foi feita, coisas que não deveríamos tentar fazer. Acredito que é possível, sim. Você só precisa estar a par da música que há lá fora.

17 comentários:

Marcos Rodrigues disse...

Tava bom demais pra ser verdade:

“A banda britânica The Fall cancelou o show que faria no festival No Ar Coquetel Molotov este ano. O grupo se apresentaria na sexta-feira (14) no Teatro da UFPE, no Recife e na Concha Acústica, em Salvador, no dia 12. O vocalista e líder do grupo Mark E. Smith precisou cancelar sua vinda ao Brasil em decorrência de um problema de saúde.

fonte: iBahia

cebola disse...

Retro foi muito bom. Desde a abertura, Rex: "Boa noite Calypso!" passando pelo tema de Star Treck, até o fim. Show do caralho, pena que pra poucos. Mombojó foi Mombojó. Pra quem gosta, foi um show legal. Não me empolga. The Guillemots foi, pra mim, uma grata surpresa. Não conhecia nada mas gostei muito daquele indie-épico sem afetação, belas melodias arranjos grandiosos e belas pernas (A baixista, companheiros). Tom Zé foi foda. Apesar dos problemas com o som (certamente o pior da noite, sabe-se lá por que). O homem é um entertainment no melhor sentido da palavra.

Márcio A Martinez disse...

Se isso aqui não vai ser demaaaaisss:

http://www.youtube.com/watch?v=6ik4AU2_AJQ

(Desculpe, Chico, eu sei que deveria ter sido você...hehehe)

Franchico disse...

A melhor piada de um humorista sem graça.

http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/988673-chupa-o-meu-cacete-diz-rafinha-a-reporter-da-folha.shtml

Nei Bahia disse...

Eu até ía tentar descrever com palavras como foi o show de Eric Clapton , mais melhor deixar com os profissionais:

http://oglobo.globo.com/blogs/jamari/

cebola disse...

Como uma galera diz por aí: God is good.

Márcio A Martinez disse...

Pronto Nei, taí então o texto que você queria que eu escrevesse sobre EC... fazer o que? O Globo.com roubou meu texto e publicou primeiro...
Mas diga aí? Ficou realmente uma beleza ou não? Diz tudo e um tanto mais!

Franchico disse...

Guerra Mundial Z movie watch:

http://omelete.uol.com.br/cinema/world-war-z-swat-invade-o-set-para-apreender-armas-e-deixa-brad-pitt-furioso/

Caceta?!?!

Franchico disse...

Prestem muita atenção quando forem abrir aquele pacote de Cheetos....

http://br.noticias.yahoo.com/mulher-encontra-rato-pacote-salgadinho-sc-143300737.html

Márcio A Martinez disse...

Se os anos 90 não deram muito que preste ao rock'n'roll, que muitos já estão considerando morto, o Urge Overkill era uma das exceções que confirmam a regra. 16 anos depois, aqui está a salvação:

http://www.youtube.com/watch?v=S9GymQ2QAkk

Um dos melhore retornos ever! O título do novo disco por si só já mostra a maravilha que é: Rock'n'Roll Submarine. Simples e genial assim...

Long Live Rock!

cebola disse...

Coincidencias? Além do cancelamento do The Fall para os shows no Brasil: the Vaccines e peter bjorn and john também. Estes para o Planeta terra.
http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/990312-banda-peter-bjorn-and-john-cancela-show-no-planeta-terra.shtml

Franchico disse...

O início da British Invasion nos quadrinhos americanos.

http://www.universohq.com/quadrinhos/2011/MP25anos.cfm

25 anos de Monstro do Pântano de Alan Moore no Brasil...

osvaldo disse...

Acho que são casos diferenters Cebleuris. Para bandas mais novas como Vaccines e PB&J vir ao Brazil tem o party factor, e ainda por cima tocando num festival cheio de fãs das bandas, e ainda com alguma antecedencia, é menos estranho que uma "lendia" viva feito Mark E. Smith, sem fãs no Brazil, conhecido barraqueiro, velho, razinza, bebado e inconveniente cancelar na hora do embarque para o Brasil. Acho que são casos diferentes. Alias, alguem ja viu como Mark E. Smith esta ficando a cara do "Russo", aquele mesmo do Chacrinha e depois da Xuxa?

Franchico disse...

Porra, George!

http://omelete.uol.com.br/walking-dead/series-e-tv/walking-dead-george-romero-diz-que-ja-recusou-dirigir-um-episodio-da-serie/

Franchico disse...

Os malditos mais malditos da Bahia estão vindo aí com disco novo.

http://www.msmetalpress.com/2010/index.php?option=com_content&view=article&id=1685%3Aheadhunter-dc-confirmado-lancamento-do-novo-album-no-brasil&catid=37%3Anews&Itemid=59

Preparai vossos ouvidos...

cebola disse...

Certamente, Brahma. Sei que cada qual deve ter tido seus motivos, claro. A coincidência maior é que em curto espaço de tempo, três bandas cancelem seus shows assim, meio de sopetão. Como nunca consigo acreditar em "meras coincidências" às vezes procuro chifre em cabeça de cavalo. Mas é que às vezes a gente acha uns unicórnios por aí...

Ernesto Ribeiro disse...

Tom Zé é o definitivo neurótico da seca.


Não tem uma única foto desse cara em que ele aparente ser uma pessoa normal e saudável. Não. Ele está sempre fazendo uma careta estúpida na mesma expressão doentia, agonizante, assombrado como um tabaréu recém-chegado á metrópole.


E cada vez mais fazendo merda pior. Putz, já velho e vestindo saias.


Pior que isso são os delírios esquerdóides dele na revista stalinista Camaradas, digo Caros Amigos. Como aquela vez em que ele dizia que o Lula só estava se esforçando em perder a eleição. Pfff...


Tom, concentre-se em fazer música e se porte como um homem, pomba.