Em uma cidade aonde iniciativas culturais muitas vezes se resumem a criar danças infantis para adulto pagar mico e bares que duram uma estação, merece aplausos a longevidade (e a qualidade da programação) do Beatles Social Club, agrupamento de fãs (e bandas de fãs) do quarteto de Liverpool.
Pois é, as concorridas reuniões mensais do BSC apagam sete velinhas hoje, na Companhia da Pizza, lar da iniciativa desde seu início, com as bandas Beatles In Senna (banda base), Maglore, Autoreverso (mais abaixo, em foto de Mbeni BWaré) e Alex Pochat & Os 5 Elementos.
“Acho que isso prova que as coisas boas também dão certo em Salvador, ao contrário do que se costuma dizer”, aposta Antônio Portela, sócio-fundador do clube e proprietário da Companhia da Pizza.
“Estamos comemorando sete anos, mas parece que foi ontem que começamos, por que a coisa toda ainda está tão viva”, percebe.
“Em setembro mesmo estamos organizando uma excursão a Londres e Liverpool, e graças ao grupo, conseguimos uma viagem super economica”, garante Portela, fã dos Beatles desde o tempo em que a banda ainda existia.
Sem título nem carteirinha
Co-fundador do BSC, o empresário Victor Monteiro também está bem feliz com o balanço de sete anos da iniciativa. “Foi um evento que nasceu sem a menor pretensão, e, sete anos depois, continua com a vivacidade da primeira noite”, afirma.
“Até por que existe uma renovação de público, das bandas, do repertório e do evento em si”, justifica. Para participar, ele diz que não precisa de título de sócio, nem carteirinha: “Basta aparecer e amar os Beatles”.
Pós-show de Paul no Rio, a pedida parece das melhores...
Beatles Social Club – Edição de aniversário de 7 anos / Com Beatles In Senna, Maglore, Autoreverso e Alex Pochat & Os 5 Elementos / Hoje, 20 horas / Companhia da Pizza (Rio Vermelho) / Entrada Grátis
NUETAS
Allman Floyd
Pink Floyd acústico e o southern rock do Allman Brothers são as pedidas do Boteco Ali do Lado nesta sexta-feira, com a Banda de Rock (de Candido Nariga Sotto e René Nobre) evocando as melodias floydianas e os Def Brothers reeditando os sons dos pântanos da Louisiana. No Ali do Lado (Rua da Paciência, 233, Rio Vermelho), Sexta-feira, 3 de junho, a partir das 22h, R$ 10. Long neck dobrada até 23horas. Uhú!
Encontro do contra
Uma antiga dicotomia baiana parece estar voltando à baila: nos anos 1960, enquanto a juventude intelectualizada ligada à bossa nova se reunia no Teatro Vila Velha, o pessoal do rock tocava o terror no Cine Roma, Waldir Big Ben Serrão e Raulzito à frente. Agora, enquanto o (bem-vindo, diga-se) Encontro de Compositores do Teatro Vila Velha (olha ele aí de novo) ganha notoriedade e gera frutos (Ronei Jorge, Jarbas Bittencourt e Pietro, da Pirigulino Babilake, fazem show no Rio de Janeiro) surge seu contraponto rocker: o Encontro Semanal de Músicos e Tatuadores. “É basicamente cópia do encontro do Vila Velha, só que bem diferente, sacou?”, explica Glauco Neves, promoter do evento. Quer conferir? A estreia é amanhã, a partir das 20h30, no Tattoo Music Bar, grátis.
Declinium de Patifes free
Duas das melhores bandas baianas fora do circuito de Salvador, a Declinium (de Camaçari) e a Clube de Patifes (de Feira de Santana) se apresentam de graça para a galera da capital neste sábado, 4 de junho, no Teatro Eva Herz da Livraria Cultura (Salvador Shopping). São duas grandes bandas, e o Rock Loco gosta e recomeinda.
Blog (que, nos seus primórdios, entre 2004-05, foi de um programa de rádio) sobre rock e cultura pop. Hoje é o blog de Chico Castro Jr., jornalista formado pela Faculdade de Comunicação da Universidade Federal da Bahia. Atualmente, é repórter do Caderno 2+ do jornal A Tarde, no qual algumas das matérias vistas aqui foram anteriormente publicadas. Assina a coluna Coletânea, dedicada à música independente baiana. Nossa base é Salvador, Bahia, a cidade do axé, a cidade do terror.
terça-feira, maio 31, 2011
FESTA DA TRIBO SURF
Foi uma festa para a tribo surfista da cidade a primeira edição do evento Salvador Live Music, com os artistas internacionais Donavon Frankenreiter (em foto cedida pelo Laboratório da Notícia, assessoria do evento), Matt McHugh e Pete Murray, na Área Verde do Othon, no último domingo à noite.
Casa cheia, a audiência era basicamente composta pela chamada juventude dourada das classes média e alta: muitos surfistas, surf girls, estudantes secundaristas, universitários, mauricinhos e patricinhas a granel e até quarentões curiosos pelas atrações – infelizmente, ainda – incomuns na agenda cultural local.
Vale destacar que, apesar de até contar com uma bela vista para o mar, algo adequado à ocasião, a Área Verde do Othon, um pátio concretado (ué, cadê o “Verde” da Área?) coberta por toldos já gastos, ainda parece um local improvisado para shows desse porte.
Essa é uma velha deficiência crônica de Salvador, cidade que se satisfaz com os chamados cacetes armados que, infelizmente, já fazem parte da cultura local.
Público ganho na raça
Marcado para as 17 horas, a primeira atração do Salvador Live Music, o australiano Mat McHugh subiu ao palco às 18 horas, a princípio armado apenas com seu violão.
Seguro de si – diferente de Soko, a francesinha que deu chilique na Concha Acústica em 2010, por que o público não se calava para ela tocar violão – Mat não se deixou intimidar pelo burburinho ensurdecedor que vinha da plateia e encarou o desafio de ganhar o povão.
E foi razoavelmente bem-sucedido, graças ao carisma pessoal (se mostrou um sujeito simpático), ao violão bem tocado e a um truque infalível: um laptop no qual ia programando batidas e bases de violão criadas ali mesmo, na hora, o que concedeu algum dinamismo à apresentação.
Em diversas músicas também contou com o auxílio do gaitista catarinense Felipe Harp, que não solava, mas criava bons climas beira de estrada, com acordes longos e esparsos.
Com boa parte da plateia ganha, sua voz suave e suas canções praieiras – o cara é quase um Dorival Caymmi australiano – soaram sem maiores problemas pela Área Concreta do Othon. Saiu muito aplaudido.
Entreouvido durante este show: um rapaz chega em um casal de amigos: “E aí, tá gostando”? O outro responde: “Pô, muito legal, diferente, né? Perfeito para chamar uma gata e abrir uma garrafa de vinho”.
Show de uma música só
Quinze minutos para a troca de palco e vem a segunda atração da noite, Pete Murray, também australiano. Apesar de contar com uma banda bastante competente, fez o show mais morno do evento.
Apesar de ser um artista interessante, de boas canções, Pete comete um erro fatal no show: ele parece tocar a mesma música o tempo todo, graças às batidas muito semelhantes, além da voz monocórdica com que atravessa a apresentação.
Ainda assim, chegou a empolgar parte do público, que parecia conhecer alguns dos seus hits austrais e cantou junto.
Bigodão e soft rock anos 70
Mais uns vinte minutos após a apresentação de uma hora de Pete Murray e, às 20h40, entra em cena a atração principal da noite, o californiano Donavon Frankenreiter, também assessorado por uma boa banda de acompanhamento.
O calor com que é recebido pela plateia evidencia: é ele mesmo o artista principal e mais conhecido ali.
Carismático, chega a ser uma figura engraçada, com sua pinta de hippie tardio, cabelos desgrenhados e bigodão. Um típico doidão do litoral da Califórnia.
Claramente, também, é o artista mais maduro entre os três, com um repertório mais variado, funky e fluido como a maré, em um dia de boas ondas.
Há ainda um certo tempero norte-americano inconfundível em seu som e no seu jeito de cantar, mais falado e despachado.
Donavon abriu o show com Hold On, single do álbum mais recente, Glow (2010), e sem deixar a peteca cair, emendou com Life, Love and Laughter.
Com seu estilo soft rock dos anos 1970, foi apresentando seu repertório, com Move By Yourself (com levada disco, ganhou citação ao clássico Miss You, dos Rolling Stones), Let It Go e Girl Like You (Cali Honey), com inconfundível estilo soul, entre outras.
A surfistada nunca voltou pra casa tão feliz.
Casa cheia, a audiência era basicamente composta pela chamada juventude dourada das classes média e alta: muitos surfistas, surf girls, estudantes secundaristas, universitários, mauricinhos e patricinhas a granel e até quarentões curiosos pelas atrações – infelizmente, ainda – incomuns na agenda cultural local.
Vale destacar que, apesar de até contar com uma bela vista para o mar, algo adequado à ocasião, a Área Verde do Othon, um pátio concretado (ué, cadê o “Verde” da Área?) coberta por toldos já gastos, ainda parece um local improvisado para shows desse porte.
Essa é uma velha deficiência crônica de Salvador, cidade que se satisfaz com os chamados cacetes armados que, infelizmente, já fazem parte da cultura local.
Público ganho na raça
Marcado para as 17 horas, a primeira atração do Salvador Live Music, o australiano Mat McHugh subiu ao palco às 18 horas, a princípio armado apenas com seu violão.
Seguro de si – diferente de Soko, a francesinha que deu chilique na Concha Acústica em 2010, por que o público não se calava para ela tocar violão – Mat não se deixou intimidar pelo burburinho ensurdecedor que vinha da plateia e encarou o desafio de ganhar o povão.
E foi razoavelmente bem-sucedido, graças ao carisma pessoal (se mostrou um sujeito simpático), ao violão bem tocado e a um truque infalível: um laptop no qual ia programando batidas e bases de violão criadas ali mesmo, na hora, o que concedeu algum dinamismo à apresentação.
Em diversas músicas também contou com o auxílio do gaitista catarinense Felipe Harp, que não solava, mas criava bons climas beira de estrada, com acordes longos e esparsos.
Com boa parte da plateia ganha, sua voz suave e suas canções praieiras – o cara é quase um Dorival Caymmi australiano – soaram sem maiores problemas pela Área Concreta do Othon. Saiu muito aplaudido.
Entreouvido durante este show: um rapaz chega em um casal de amigos: “E aí, tá gostando”? O outro responde: “Pô, muito legal, diferente, né? Perfeito para chamar uma gata e abrir uma garrafa de vinho”.
Show de uma música só
Quinze minutos para a troca de palco e vem a segunda atração da noite, Pete Murray, também australiano. Apesar de contar com uma banda bastante competente, fez o show mais morno do evento.
Apesar de ser um artista interessante, de boas canções, Pete comete um erro fatal no show: ele parece tocar a mesma música o tempo todo, graças às batidas muito semelhantes, além da voz monocórdica com que atravessa a apresentação.
Ainda assim, chegou a empolgar parte do público, que parecia conhecer alguns dos seus hits austrais e cantou junto.
Bigodão e soft rock anos 70
Mais uns vinte minutos após a apresentação de uma hora de Pete Murray e, às 20h40, entra em cena a atração principal da noite, o californiano Donavon Frankenreiter, também assessorado por uma boa banda de acompanhamento.
O calor com que é recebido pela plateia evidencia: é ele mesmo o artista principal e mais conhecido ali.
Carismático, chega a ser uma figura engraçada, com sua pinta de hippie tardio, cabelos desgrenhados e bigodão. Um típico doidão do litoral da Califórnia.
Claramente, também, é o artista mais maduro entre os três, com um repertório mais variado, funky e fluido como a maré, em um dia de boas ondas.
Há ainda um certo tempero norte-americano inconfundível em seu som e no seu jeito de cantar, mais falado e despachado.
Donavon abriu o show com Hold On, single do álbum mais recente, Glow (2010), e sem deixar a peteca cair, emendou com Life, Love and Laughter.
Com seu estilo soft rock dos anos 1970, foi apresentando seu repertório, com Move By Yourself (com levada disco, ganhou citação ao clássico Miss You, dos Rolling Stones), Let It Go e Girl Like You (Cali Honey), com inconfundível estilo soul, entre outras.
A surfistada nunca voltou pra casa tão feliz.
sexta-feira, maio 27, 2011
DONAVON, PETE E MAT TRAZEM A "NOVA SURF MUSIC" PARA SALVADOR, NESTE DOMINGO
Salvador terá, neste domingo, uma boa amostra do que, nos dias de hoje, se convencionou chamar de surf music. É o evento Salvador Live Music, que traz à cidade três cantores que representam bem o momento do estilo: o californiano Donavon Frankenreiter e os australianos Mat McHugh e Pete Murray.
Com exceção deste último, que se apresenta pelo Brasil pela primeira vez, os outros dois já são bem conhecidos do público fã desta nova surf music “baixa caloria”, como tem sido chamada, e que tem, em Jack Johnson, seu maior representante.
Donavon já se apresentou por aqui mesmo, em Costa do Sauípe, em evento VIP com pouca repercussão, há poucos anos atrás. Antes disso, em 2001, gravou dueto com Paula Toller em uma faixa do álbum Surf (2001), do Kid Abelha.
Já Mat McHugh também não deixa por menos, como ele mesmo conta, nesta entrevista por email: “É minha terceira vez no Brasil e eu absolutamente amo este lugar”, derrete-se. “Vejo muitas similaridades no povo daí (com os australianos). Amamos viver a vida e festejar sempre que podemos. Acho que brasileiros e australianos se dão muito bem”, aposta.
Pete Murray, por outro lado, se diz ansioso para conhecer (e tocar) no Brasil: “É minha primeira vez por aí, então estou bem ansioso para chegar logo e me apresentar diante de uma multidão de brasileiros”, diz, também por email.
“Pelo que sei, vocês gostam muito de dançar e fazer festa, então acredito que a música que faz sucesso aí tem um groove muito grande”, acrescenta, sem saber da missa, a metade.
“Confesso que ainda não tinha ouvido falar de Salvador até esta turnê, mas todo mundo com quem converso é muito entusiasmado pela cidade. Sabendo disso, e com minhas outras experiências com brasileiros, minha ansiedade só aumenta”, continua, verborrágico.
Em Salvador, tanto Donavon Frankenheiter quanto Pete se apresentam com suas bandas completas: “Me ofereceram para fazer este show solo, mas achei que deveria trazer minha banda, fica muito mais dinâmico”, reitera o australiano.
A exceção é Mat McHugh. Líder da banda The Beautiful Girls, ele vem fazer um set acústico e solo, com participação de um brasileiro no palco: “Meu show será comigo e um violão. Vou tocar todas as minhas canções, sejam do Beautiful Girls ou da minha carreira solo. Mas vou dividir o palco com um gaitista brasileiro. Seu nome é Felipe e ele é um grande amigo meu”.
O gaitista amigo dele se chama Felipe “Harp” Kmiecik. O rapaz é catarinense e já viajou com Mat em outras turnês no País.
Diferente de Pete, ele garante já ter ouvido falar de Salvador, mas prefere não alimentar expectativas. “Acho que é a melhor forma, ir sem expectativas. Mas já ouvi coisas incríveis sobre Salvador”, conta.
Surfando na surf music
Ilha de proporções continentais, a Austrália é um dos maiores centros da cultura surf do mundo e, portanto, também da surf music – e não é de hoje.
Desde o fim dos anos 1970, bandas como Men At Work, Midnight Oil, The Hoodoo Gurus e Spy Vs. Spy levaram o astral do extenso litoral australiano para as rádios do mundo inteiro, tornando a ilha, uma ex-colônia penal britânica, uma referência no estilo.
Nem tudo o que sai de lá, porém, deve ser simplesmente rotulado “surf music”, como vem acontecendo.
“Acho que é muito fácil dizer que todas as bandas australianas fazem surf music, até por que a Austrália tem uma grande cultura de surf”, observa Pete.
Ele mesmo conta que tem sido rotulado assim por um acaso: “Um pouco antes de começar a fazer sucesso na Austrália, a Quicksilver (surfwear) lançou um DVD de surf com várias músicas minhas. Isso colocou minha música direto nas mãos dos surfistas, e de repente, eu tinha esta enorme audiência de bermudas”, conta.
“Fui rotulado como surf music e comparado a Jack Johnson. Só depois que me tornei mais conhecido que o rótulo descolou um pouco”, relata Mr. Murray.
De fato, a surf music, desde os seus primórdios na Califórnia dos anos 1960, com os Beach Boys números instrumentais como Link Wray, Dick Dale & The Del-Tones e The Ventures, mudou bastante, indo do rock instrumental baseado em guitarras para se multiplicar em diversas facetas, passando pelo reggae, ska, hardcore etc.
De uns tempos para cá, desde o estouro de Jack Johnson, surfista declarado, seu folk suave e de acento pop tem sido “a nova cara” da surf music atual.
Donavon, Mat e Pete, na verdade, tem pouco em comum no seu som. Donavon tem groove e influência até de soul music. Mat passeia pelo reggae e pelo folk. E Pete, em seu MySpace, aponta os gigantes folk rock Neil Young e Nick Drake como principais influências.
“O surf não influencia minha música, mas é parte de quem sou. Minha inspiração vem de outras pessoas. Amo arquitetura, escrever, cinema e artes, e tudo isso é uma grande inspiração”, diz Mat, que é surfista.
“Não dou a mínima para que rótulo colem em mim, desde que apreciem minha música. Mas quando faço meu show solo, acho que é 100% surf music, por que sou mesmo 100% surfista”, arremata Mat.
Salvador Live Music / Com Donavon Frankenreiter, Mat McHugh (The Beautiful Girls Acoustic) e Pete Murray / Domingo, 16 horas / Área Verde do Othon / R$ 60 (pista) e R$ 120 (camarote) / Vendas: Ticketmix e Balcão de Ingressos / Classificação: 16 anos
Com exceção deste último, que se apresenta pelo Brasil pela primeira vez, os outros dois já são bem conhecidos do público fã desta nova surf music “baixa caloria”, como tem sido chamada, e que tem, em Jack Johnson, seu maior representante.
Donavon já se apresentou por aqui mesmo, em Costa do Sauípe, em evento VIP com pouca repercussão, há poucos anos atrás. Antes disso, em 2001, gravou dueto com Paula Toller em uma faixa do álbum Surf (2001), do Kid Abelha.
Já Mat McHugh também não deixa por menos, como ele mesmo conta, nesta entrevista por email: “É minha terceira vez no Brasil e eu absolutamente amo este lugar”, derrete-se. “Vejo muitas similaridades no povo daí (com os australianos). Amamos viver a vida e festejar sempre que podemos. Acho que brasileiros e australianos se dão muito bem”, aposta.
Pete Murray, por outro lado, se diz ansioso para conhecer (e tocar) no Brasil: “É minha primeira vez por aí, então estou bem ansioso para chegar logo e me apresentar diante de uma multidão de brasileiros”, diz, também por email.
“Pelo que sei, vocês gostam muito de dançar e fazer festa, então acredito que a música que faz sucesso aí tem um groove muito grande”, acrescenta, sem saber da missa, a metade.
“Confesso que ainda não tinha ouvido falar de Salvador até esta turnê, mas todo mundo com quem converso é muito entusiasmado pela cidade. Sabendo disso, e com minhas outras experiências com brasileiros, minha ansiedade só aumenta”, continua, verborrágico.
Em Salvador, tanto Donavon Frankenheiter quanto Pete se apresentam com suas bandas completas: “Me ofereceram para fazer este show solo, mas achei que deveria trazer minha banda, fica muito mais dinâmico”, reitera o australiano.
A exceção é Mat McHugh. Líder da banda The Beautiful Girls, ele vem fazer um set acústico e solo, com participação de um brasileiro no palco: “Meu show será comigo e um violão. Vou tocar todas as minhas canções, sejam do Beautiful Girls ou da minha carreira solo. Mas vou dividir o palco com um gaitista brasileiro. Seu nome é Felipe e ele é um grande amigo meu”.
O gaitista amigo dele se chama Felipe “Harp” Kmiecik. O rapaz é catarinense e já viajou com Mat em outras turnês no País.
Diferente de Pete, ele garante já ter ouvido falar de Salvador, mas prefere não alimentar expectativas. “Acho que é a melhor forma, ir sem expectativas. Mas já ouvi coisas incríveis sobre Salvador”, conta.
Surfando na surf music
Ilha de proporções continentais, a Austrália é um dos maiores centros da cultura surf do mundo e, portanto, também da surf music – e não é de hoje.
Desde o fim dos anos 1970, bandas como Men At Work, Midnight Oil, The Hoodoo Gurus e Spy Vs. Spy levaram o astral do extenso litoral australiano para as rádios do mundo inteiro, tornando a ilha, uma ex-colônia penal britânica, uma referência no estilo.
Nem tudo o que sai de lá, porém, deve ser simplesmente rotulado “surf music”, como vem acontecendo.
“Acho que é muito fácil dizer que todas as bandas australianas fazem surf music, até por que a Austrália tem uma grande cultura de surf”, observa Pete.
Ele mesmo conta que tem sido rotulado assim por um acaso: “Um pouco antes de começar a fazer sucesso na Austrália, a Quicksilver (surfwear) lançou um DVD de surf com várias músicas minhas. Isso colocou minha música direto nas mãos dos surfistas, e de repente, eu tinha esta enorme audiência de bermudas”, conta.
“Fui rotulado como surf music e comparado a Jack Johnson. Só depois que me tornei mais conhecido que o rótulo descolou um pouco”, relata Mr. Murray.
De fato, a surf music, desde os seus primórdios na Califórnia dos anos 1960, com os Beach Boys números instrumentais como Link Wray, Dick Dale & The Del-Tones e The Ventures, mudou bastante, indo do rock instrumental baseado em guitarras para se multiplicar em diversas facetas, passando pelo reggae, ska, hardcore etc.
De uns tempos para cá, desde o estouro de Jack Johnson, surfista declarado, seu folk suave e de acento pop tem sido “a nova cara” da surf music atual.
Donavon, Mat e Pete, na verdade, tem pouco em comum no seu som. Donavon tem groove e influência até de soul music. Mat passeia pelo reggae e pelo folk. E Pete, em seu MySpace, aponta os gigantes folk rock Neil Young e Nick Drake como principais influências.
“O surf não influencia minha música, mas é parte de quem sou. Minha inspiração vem de outras pessoas. Amo arquitetura, escrever, cinema e artes, e tudo isso é uma grande inspiração”, diz Mat, que é surfista.
“Não dou a mínima para que rótulo colem em mim, desde que apreciem minha música. Mas quando faço meu show solo, acho que é 100% surf music, por que sou mesmo 100% surfista”, arremata Mat.
Salvador Live Music / Com Donavon Frankenreiter, Mat McHugh (The Beautiful Girls Acoustic) e Pete Murray / Domingo, 16 horas / Área Verde do Othon / R$ 60 (pista) e R$ 120 (camarote) / Vendas: Ticketmix e Balcão de Ingressos / Classificação: 16 anos
quarta-feira, maio 25, 2011
EM ANÁLISE, A DÉCADA QUE MUDOU A MÚSICA
Os últimos dez anos mudaram tudo para quem trabalha com e, principalmente, ouve música. Esse período de transição – que parece ainda não ter acabado – é o centro em torno do qual giram os ensaios do livro Dez anos a Mil: Mídia e Música Popular Massiva em Tempos de Internet.
Adequadamente, o livro está disponível para download gratuito (veja serviço) em três formatos: o tradicional pdf, ePub (para iPad e outros e-readers) e mobi (formato do Kindle).
Organizado pelo Doutor em Comunicação Jeder Janotti Jr. (visto em foto de Cleyton Carlos Torres / blogmidia8.com), idealizador do projeto, a doutoranda Tatiana Lima e o mestrando Victor de Almeida Pires, Dez Anos a Mil traz nove artigos de pesquisadores do grupo liderado por Jeder, como Simone Pereira de Sá, Micael Herschman, Nadja Vladi, Bruno Nogueira, Felipe Trotta, Jorge Cardoso Filho, Thiago Soares, Jefferson Chagas e Marcelo Kischinhevsky.
No lançamento, nesta sexta-feira na Faculdade de Comunicação da Ufba, Jeder, Thiago e Jorge farão pequenas palestras sobre seus artigos.
“A ideia é trabalhar, antes de tudo, as transformações da indústria da música e da sua recepção. Esses são os dois pontos centrais da pesquisa que gerou o livro. A maioria dos artigos é sobre o consumo especializado de música”, define Jéder.
Com tanta coisa acontecendo ao mesmo tempo, os artigos não oferecem conclusões – até por que, se o fizessem, estariam todos ricos – mas oferecem visões amplas, estudadas, das diversas instâncias da indústria e da recepção da música.
“A gente vive uma época muito plural. O lado negativo é que, como circula muita música, a maioria é audição descartada”, diz Jéder.
“Mas por outro lado, o mercado de nicho volta com força, é a possibilidade de sobreviver fora do mainstream. Você tem hoje vários artistas de sucesso limitado, que tocam para 300 400 pessoas”, aposta.
Já Tatiana Lima, autora de artigo sobre Michael Jackson, aponta sua morte, em 2009, como o momento final de um modelo de ídolo gerado pelas gravadoras majors: “Ele, assim como Elvis, saíram de selos regionais para as majors. E ambos, já no fim da vida, estavam lançando discos para cumprir contrato e reaver o controle sobre suas obras”, detalha.
“Quando ele morreu, porém, os pirateiros tinham tudo dele. Sinal que não foi só a Sony Music que lucrou com sua morte, que parece ter marcado também o fim de um modelo”, acredita.
Dez anos a Mil / Lançamento: sexta-feira, 11 horas / Facom - Ufba (pavilhão de aulas da federação, ondina) / Grátis
Dez anos a mil: Mídia e Música Popular Massiva em Tempos de Internet / Vários autores / CNPq - PPG - UFAL / 155 p. / Download gratuito: www.dezanosamil.com.br
Adequadamente, o livro está disponível para download gratuito (veja serviço) em três formatos: o tradicional pdf, ePub (para iPad e outros e-readers) e mobi (formato do Kindle).
Organizado pelo Doutor em Comunicação Jeder Janotti Jr. (visto em foto de Cleyton Carlos Torres / blogmidia8.com), idealizador do projeto, a doutoranda Tatiana Lima e o mestrando Victor de Almeida Pires, Dez Anos a Mil traz nove artigos de pesquisadores do grupo liderado por Jeder, como Simone Pereira de Sá, Micael Herschman, Nadja Vladi, Bruno Nogueira, Felipe Trotta, Jorge Cardoso Filho, Thiago Soares, Jefferson Chagas e Marcelo Kischinhevsky.
No lançamento, nesta sexta-feira na Faculdade de Comunicação da Ufba, Jeder, Thiago e Jorge farão pequenas palestras sobre seus artigos.
“A ideia é trabalhar, antes de tudo, as transformações da indústria da música e da sua recepção. Esses são os dois pontos centrais da pesquisa que gerou o livro. A maioria dos artigos é sobre o consumo especializado de música”, define Jéder.
Com tanta coisa acontecendo ao mesmo tempo, os artigos não oferecem conclusões – até por que, se o fizessem, estariam todos ricos – mas oferecem visões amplas, estudadas, das diversas instâncias da indústria e da recepção da música.
“A gente vive uma época muito plural. O lado negativo é que, como circula muita música, a maioria é audição descartada”, diz Jéder.
“Mas por outro lado, o mercado de nicho volta com força, é a possibilidade de sobreviver fora do mainstream. Você tem hoje vários artistas de sucesso limitado, que tocam para 300 400 pessoas”, aposta.
Já Tatiana Lima, autora de artigo sobre Michael Jackson, aponta sua morte, em 2009, como o momento final de um modelo de ídolo gerado pelas gravadoras majors: “Ele, assim como Elvis, saíram de selos regionais para as majors. E ambos, já no fim da vida, estavam lançando discos para cumprir contrato e reaver o controle sobre suas obras”, detalha.
“Quando ele morreu, porém, os pirateiros tinham tudo dele. Sinal que não foi só a Sony Music que lucrou com sua morte, que parece ter marcado também o fim de um modelo”, acredita.
Dez anos a Mil / Lançamento: sexta-feira, 11 horas / Facom - Ufba (pavilhão de aulas da federação, ondina) / Grátis
Dez anos a mil: Mídia e Música Popular Massiva em Tempos de Internet / Vários autores / CNPq - PPG - UFAL / 155 p. / Download gratuito: www.dezanosamil.com.br
terça-feira, maio 24, 2011
BANGERS EM FESTA: DREARYLANDS VOLTA A CENA LOCAL
Por incrível que pareça, a Bahia tem a tradição de gerar grandes bandas de heavy metal, desde os anos 1980.
E uma das mais significativas a surgir na década de 1990 foi a Drearylands (em foto de Tanta Bandeira), uma paulada que misturava o heavy ortodoxo e a técnica de bandas como Helloween com um senso dramático e um lirismo digno do Queen, ou, para citar alguém da área, digno de King Diamond – lance de CDF, gente que conhece profundamente o quintal que escolheu para brincar.
Pena que, em 2006, depois de lançar dois discos elogiadíssimos pela crítica especializada tocar em outros estados e se estabelecer por um breve período em São Paulo, a banda encerrou as atividades.
Mas, ei, enxugue as lágrimas, babe. Eles estão de volta.
“No final de 2010, resolvemos nos encontrar para matar a saudade”, conta o cantor e líder Leonardo Lionman Leão.
“Mas só agora em abril surgiu a oportunidade de fazer shows. Depois de uma bateria de ensaios, tocamos na seletiva do Wacken Open Air, no Groove Bar. Tocamos só 40 minutos, mas agora vamos fazer o show da reunião mesmo”, detalha.
Multi-bandas
Agora, se essa volta é para valer mesmo, eles ainda não sabem. Até por que hoje em dia todos tem suas próprias bandas e trabalhos convencionais. O baterista Louis, por exemplo, é um dos músicos mais requisitados do rock baiano.
“Pô, o cara toca em umas seis bandas, Camisa de Vênus, Cobalto, Confiteor e tal”, ri Leão, que por sua vez, se divide entre a Drearylands, Mortícia e Mizeravão, uma das bandas cover que mais tocam na cidade, além de atuar como jornalista.
“Pra conciliar é dureza. A Mortícia já vai lançar disco e eu tô fazendo show direto com os Mizeravão. Ou seja, tô lascado, só faço ensaiar”, queixa-se.
No primeiro domingo de junho, dia 5, o quinteto formado por Leão, Louis, Rafael Syade, Páris Menescal (guitarras) e Marcos Cazé (baixo) faz o seu primeiro show completo desde 2006, para alegria banger.
E depois? “A ideia é não perder o contato, mas o futuro a gente ainda não sabe. Vamos ver o que acontece depois desse show”, conclui Lion.
Drearylands e Keter / dia 5 de junho (domingo ), 17 horas / groove bar (barra) / R$ 20 (quem for com qualquer camisa da banda), R$ 25 (na lista) e R$ 30 (na hora)
NUETAS
As duas faces do rock
O rock baiano já teve muitas fases e estilos. Hoje, há basicamente duas vertentes em destaque, bem diferentes entre si, mas que convivem bem. Há os que fazem “rock mermo”. E há a corrente pós-Los Hermanos, que abraçou a MPB, misturando esta influência com uma abordagem pop-rock. Nesta quinta-feira, um show no Farol do Rio Vermelho (Rua Odilon, 224) reúne um representante de cada corrente: Acord e Quarteto de Cinco, respectivamente. Qual é a sua? Vai lá descobrir. 21 horas, R$ 10 (até 23 horas) e R$ 15 (após).
Rock Rocket sexta
Os paulistas da banda Rock Rocket são a atração da terceira edição da festa Rockabilly Sessions, que ainda terá The Honkers e o DJ Big Bross. Sexta-feira, Tattoo Music Bar, 21 horas, R$ 15.
E uma das mais significativas a surgir na década de 1990 foi a Drearylands (em foto de Tanta Bandeira), uma paulada que misturava o heavy ortodoxo e a técnica de bandas como Helloween com um senso dramático e um lirismo digno do Queen, ou, para citar alguém da área, digno de King Diamond – lance de CDF, gente que conhece profundamente o quintal que escolheu para brincar.
Pena que, em 2006, depois de lançar dois discos elogiadíssimos pela crítica especializada tocar em outros estados e se estabelecer por um breve período em São Paulo, a banda encerrou as atividades.
Mas, ei, enxugue as lágrimas, babe. Eles estão de volta.
“No final de 2010, resolvemos nos encontrar para matar a saudade”, conta o cantor e líder Leonardo Lionman Leão.
“Mas só agora em abril surgiu a oportunidade de fazer shows. Depois de uma bateria de ensaios, tocamos na seletiva do Wacken Open Air, no Groove Bar. Tocamos só 40 minutos, mas agora vamos fazer o show da reunião mesmo”, detalha.
Multi-bandas
Agora, se essa volta é para valer mesmo, eles ainda não sabem. Até por que hoje em dia todos tem suas próprias bandas e trabalhos convencionais. O baterista Louis, por exemplo, é um dos músicos mais requisitados do rock baiano.
“Pô, o cara toca em umas seis bandas, Camisa de Vênus, Cobalto, Confiteor e tal”, ri Leão, que por sua vez, se divide entre a Drearylands, Mortícia e Mizeravão, uma das bandas cover que mais tocam na cidade, além de atuar como jornalista.
“Pra conciliar é dureza. A Mortícia já vai lançar disco e eu tô fazendo show direto com os Mizeravão. Ou seja, tô lascado, só faço ensaiar”, queixa-se.
No primeiro domingo de junho, dia 5, o quinteto formado por Leão, Louis, Rafael Syade, Páris Menescal (guitarras) e Marcos Cazé (baixo) faz o seu primeiro show completo desde 2006, para alegria banger.
E depois? “A ideia é não perder o contato, mas o futuro a gente ainda não sabe. Vamos ver o que acontece depois desse show”, conclui Lion.
Drearylands e Keter / dia 5 de junho (domingo ), 17 horas / groove bar (barra) / R$ 20 (quem for com qualquer camisa da banda), R$ 25 (na lista) e R$ 30 (na hora)
NUETAS
As duas faces do rock
O rock baiano já teve muitas fases e estilos. Hoje, há basicamente duas vertentes em destaque, bem diferentes entre si, mas que convivem bem. Há os que fazem “rock mermo”. E há a corrente pós-Los Hermanos, que abraçou a MPB, misturando esta influência com uma abordagem pop-rock. Nesta quinta-feira, um show no Farol do Rio Vermelho (Rua Odilon, 224) reúne um representante de cada corrente: Acord e Quarteto de Cinco, respectivamente. Qual é a sua? Vai lá descobrir. 21 horas, R$ 10 (até 23 horas) e R$ 15 (após).
Rock Rocket sexta
Os paulistas da banda Rock Rocket são a atração da terceira edição da festa Rockabilly Sessions, que ainda terá The Honkers e o DJ Big Bross. Sexta-feira, Tattoo Music Bar, 21 horas, R$ 15.
quarta-feira, maio 18, 2011
TRANQUEM SUAS FILHAS EM CASA! A VINIL 69 ESTÁ DE VOLTA!
Não se sabe ainda se é por saudade da night ou se é para tirar uns trocados (OK, isso foi uma piada), mas algumas bandas do rock local que já haviam encerrado suas atividades estão voltando à cena. Depois do Camisa de Vênus (que lotou o Parque da Cidade alguns dias atrás), duas outras estão aí de volta: Vinil 69 e Drearylands.
Sobre esta última, de marcante trajetória no heavy metal local, você vai ler aqui mesmo na semana que vem, mas da Vinil 69 (em fotos de Felippe Thomaz), vamos falar agora.
Surgida em 2003 como banda cover do The Doors, a V69 é aquele tipo de banda que transforma qualquer boteco em arena do rock ‘n’ roll: “Ela é uma banda esquisita, pois não é todo mundo que gosta”, adverte o baterista e multi-homem Glauco Neves (Vendo 147).
“Quem gosta da Vinil 69 geralmente bebe cerveja aos litros e gosta de cair na night madrugada adentro”, define.
“Tanto que os festivais nunca chamaram a gente para tocar. Mas os shows no velho Calypso bombavam, cara. Duravam horas, a gente fazia muita jam, muito cover. A gente adorava tocar”, descreve.
“Pessoal, o disco vazou”
Depois de desenvolver repertório autoral, lançar um EP (Dentro de Você, 2004) e gravar em 2007 um ótimo CD (Todo Mundo Vai Morrer, engavetado, mas disponível para download na internet), o grupo se separou.
“Em 2008, Dudare, o baixista, foi morar no Rio com sua outra banda, a Cof Damu, que tinha assinado com a Som Livre”, conta Glauco.
“Aí eu também me retei e larguei o disco inteiro na internet pra download. E disse pra todo mundo que tinha vazado”, revela a figura. “Até incluí uma faixa bônus, A Filha da Vizinha, gravada ao vivo em estúdio, com Tadeu Mascarenhas”, diz.
Na última sexta-feira, a Vinil 69 só faltou derrubar as paredes do Tattoo Music Hall (Rio Vermelho), em um show bagaceiro, característico da banda: “Nós tocamos nosso repertório alternando com covers de uma banda escolhida. Nesse dia foi Rolling Stones, mas também fazemos The Who. A gente toca uma nossa, uma dos Stones e assim sucessivamente”, descreve.
O Rock Loco dá as boas-vindas de volta à V69 e recomenda: baixem o disco, vão ao show. É apenas rock ‘n’ roll, mas...
Ouça: www.myspace.com/vinil69
NUETAS
Viva Mrs. Jones!
O Rock Loco está muito contente com show da espetacular Sharon Jones & The Dap-Kings no Teatro Castro Alves, 13 de junho, divulgada anteontem, pela Muito. Precisamos de mais e melhores shows internacionais. Atrações deste nível são bissextas por aqui e é nossa obrigação – nós, que gostamos de música como arte, e não mero entretenimento ruim – prestigiar. Recife já nos deixou para trás há tempos. Pergunta: não dava para “pongar” nas atrações que eles levam para lá?
Camaçari Acid City
A vizinha Camaçari vai ferver em ácido neste sábado. Não, não se trata de nenhum vazamento químico, mas do Acid Rock, que levará as soteropolitanas Acord e Você Me Excita para o palco do Espaço Armazém, acompanhadas das locais Código Em Sigilo e The Clan. Sábado, 21 horas, R$ 10.
Sobre esta última, de marcante trajetória no heavy metal local, você vai ler aqui mesmo na semana que vem, mas da Vinil 69 (em fotos de Felippe Thomaz), vamos falar agora.
Surgida em 2003 como banda cover do The Doors, a V69 é aquele tipo de banda que transforma qualquer boteco em arena do rock ‘n’ roll: “Ela é uma banda esquisita, pois não é todo mundo que gosta”, adverte o baterista e multi-homem Glauco Neves (Vendo 147).
“Quem gosta da Vinil 69 geralmente bebe cerveja aos litros e gosta de cair na night madrugada adentro”, define.
“Tanto que os festivais nunca chamaram a gente para tocar. Mas os shows no velho Calypso bombavam, cara. Duravam horas, a gente fazia muita jam, muito cover. A gente adorava tocar”, descreve.
“Pessoal, o disco vazou”
Depois de desenvolver repertório autoral, lançar um EP (Dentro de Você, 2004) e gravar em 2007 um ótimo CD (Todo Mundo Vai Morrer, engavetado, mas disponível para download na internet), o grupo se separou.
“Em 2008, Dudare, o baixista, foi morar no Rio com sua outra banda, a Cof Damu, que tinha assinado com a Som Livre”, conta Glauco.
“Aí eu também me retei e larguei o disco inteiro na internet pra download. E disse pra todo mundo que tinha vazado”, revela a figura. “Até incluí uma faixa bônus, A Filha da Vizinha, gravada ao vivo em estúdio, com Tadeu Mascarenhas”, diz.
Na última sexta-feira, a Vinil 69 só faltou derrubar as paredes do Tattoo Music Hall (Rio Vermelho), em um show bagaceiro, característico da banda: “Nós tocamos nosso repertório alternando com covers de uma banda escolhida. Nesse dia foi Rolling Stones, mas também fazemos The Who. A gente toca uma nossa, uma dos Stones e assim sucessivamente”, descreve.
O Rock Loco dá as boas-vindas de volta à V69 e recomenda: baixem o disco, vão ao show. É apenas rock ‘n’ roll, mas...
Ouça: www.myspace.com/vinil69
NUETAS
Viva Mrs. Jones!
O Rock Loco está muito contente com show da espetacular Sharon Jones & The Dap-Kings no Teatro Castro Alves, 13 de junho, divulgada anteontem, pela Muito. Precisamos de mais e melhores shows internacionais. Atrações deste nível são bissextas por aqui e é nossa obrigação – nós, que gostamos de música como arte, e não mero entretenimento ruim – prestigiar. Recife já nos deixou para trás há tempos. Pergunta: não dava para “pongar” nas atrações que eles levam para lá?
Camaçari Acid City
A vizinha Camaçari vai ferver em ácido neste sábado. Não, não se trata de nenhum vazamento químico, mas do Acid Rock, que levará as soteropolitanas Acord e Você Me Excita para o palco do Espaço Armazém, acompanhadas das locais Código Em Sigilo e The Clan. Sábado, 21 horas, R$ 10.
terça-feira, maio 17, 2011
ENTRE O COUNTRY ROCK DE JOHNNY CASH E O WESTERN-SPAGHETTI DE ENNIO MORRICONE
Produzido por um baiano, o cantor paulista Caio Corsalette estreia em disco com um country rock vigoroso e bem longe do falsete irritante dos sertanejos radiofônicos
Caio Corsalette, cantor paulista nascido e criado no interior, é, por si só, uma boa notícia: sim, é possível fazer country-rock no Brasil com dignidade e voz de macho, longe do falsete irritante que caracteriza os sertanejos que se aventuram no gênero.
Com sua pinta de jovem Clint Eastwood, ele está lançando seu primeiro CD, A História da Estrada Longa, com um country rock vigoroso e uma pegada que deve muito não só a mestres como Neil Young, Johnny Cash e Hank Williams, mas também as trilhas sonoras dos western- spaghetti de Sergio Leone.
“A maior inspiração veio da literatura e do cinema. As histórias do Guimarães Rosa e toda barra pesada do livro As Flores do Mal, do (Charles) Baudelaire”, diz, demonstrando ser também letrado – uma coisa rara.
“Do cinema, me inspiro nos filmes de western spaguetti do Sergio Leone com suas trilhas grandiosas compostas por Ennio Morricone. E, é claro, moro em São Paulo, mas nasci e cresci no interior, literalmente no mato”, conta Caio.
Surpreendentemente, a ótimo estreia do rapaz tem participação decisiva de dois baianos: o produtor Tomás Magno e o guitarrista Peu Sousa (ex-Pitty), que co-assina duas faixas: Mulher da Cidade (com guitarra também de Peu) e Nesses Dias (climática, estilo Chis Isaak).
“O Peu tem uma responsabilidade muito grande por eu estar lançando este trabalho. Fomos vizinhos em São Paulo e foi ele quem mais me incentivou. O cara é um monstro na guitarra e também um grande produtor. Acho que ele é pouco valorizado”, elogia o músico.
Som grande, explosivo
“Quanto a produção, procurei alguém que não temesse o novo, que não se importasse de revirar o som quanto fosse necessário, até soar original. Só pedi que ficasse um disco com sonoridade grande, explosiva e que, apesar das ideias inusitadas, não soasse estranho, caso tocasse numa FM. Nesse sentido, o Tomás arrebentou”, descreve Caio.
Inquieto, Caio sabe exatamente o que quer – e afagar ouvidos preguiçosos passa longe de suas intenções: “Gosto muito dos cancioneiros americanos – Lou Reed, Neil Young, Johnny Cash,Bob Dylan etc. No Brasil, não gosto de quem escreve coisas como se as estivesse tudo bem, isso é um saco”.
Com declarações como essa, também não causa espanto seu repúdio ao esquemão viciado das rádios comerciais: “Quero me comunicar, mas não através do jabá. Minha estratégia é lançar discos e fazer shows. Uso o Twitter e Facebook, mas não tenho talento para administrá-los. Tenho feito todo tipo de shows pelo interior, inclusive no meios rock e sertanejo”, conta.
Fosse o Brasil um País que valoriza artistas em lugar de autômatos, esse rapaz já estaria nas paradas, com canções bacanas como Espora, Mulher da Cidade e Ferradura.
“Fiquei muito satisfeito com o disco. Ele traduz exatamente o que eu queria dizer. Carrega histórias para se ouvir a beira do rio e ao mesmo tempo trás toda a inquietude do homem moderno, de metrópole, atormentado”, conclui.
A História da Estrada Longa / CAIO CORSALLETTE & DOLLAR FURADO / R$ 24,80 / Coqueiro Verde Records / www.coqueiroverderecords.com/caio
Caio Corsalette, cantor paulista nascido e criado no interior, é, por si só, uma boa notícia: sim, é possível fazer country-rock no Brasil com dignidade e voz de macho, longe do falsete irritante que caracteriza os sertanejos que se aventuram no gênero.
Com sua pinta de jovem Clint Eastwood, ele está lançando seu primeiro CD, A História da Estrada Longa, com um country rock vigoroso e uma pegada que deve muito não só a mestres como Neil Young, Johnny Cash e Hank Williams, mas também as trilhas sonoras dos western- spaghetti de Sergio Leone.
“A maior inspiração veio da literatura e do cinema. As histórias do Guimarães Rosa e toda barra pesada do livro As Flores do Mal, do (Charles) Baudelaire”, diz, demonstrando ser também letrado – uma coisa rara.
“Do cinema, me inspiro nos filmes de western spaguetti do Sergio Leone com suas trilhas grandiosas compostas por Ennio Morricone. E, é claro, moro em São Paulo, mas nasci e cresci no interior, literalmente no mato”, conta Caio.
Surpreendentemente, a ótimo estreia do rapaz tem participação decisiva de dois baianos: o produtor Tomás Magno e o guitarrista Peu Sousa (ex-Pitty), que co-assina duas faixas: Mulher da Cidade (com guitarra também de Peu) e Nesses Dias (climática, estilo Chis Isaak).
“O Peu tem uma responsabilidade muito grande por eu estar lançando este trabalho. Fomos vizinhos em São Paulo e foi ele quem mais me incentivou. O cara é um monstro na guitarra e também um grande produtor. Acho que ele é pouco valorizado”, elogia o músico.
Som grande, explosivo
“Quanto a produção, procurei alguém que não temesse o novo, que não se importasse de revirar o som quanto fosse necessário, até soar original. Só pedi que ficasse um disco com sonoridade grande, explosiva e que, apesar das ideias inusitadas, não soasse estranho, caso tocasse numa FM. Nesse sentido, o Tomás arrebentou”, descreve Caio.
Inquieto, Caio sabe exatamente o que quer – e afagar ouvidos preguiçosos passa longe de suas intenções: “Gosto muito dos cancioneiros americanos – Lou Reed, Neil Young, Johnny Cash,Bob Dylan etc. No Brasil, não gosto de quem escreve coisas como se as estivesse tudo bem, isso é um saco”.
Com declarações como essa, também não causa espanto seu repúdio ao esquemão viciado das rádios comerciais: “Quero me comunicar, mas não através do jabá. Minha estratégia é lançar discos e fazer shows. Uso o Twitter e Facebook, mas não tenho talento para administrá-los. Tenho feito todo tipo de shows pelo interior, inclusive no meios rock e sertanejo”, conta.
Fosse o Brasil um País que valoriza artistas em lugar de autômatos, esse rapaz já estaria nas paradas, com canções bacanas como Espora, Mulher da Cidade e Ferradura.
“Fiquei muito satisfeito com o disco. Ele traduz exatamente o que eu queria dizer. Carrega histórias para se ouvir a beira do rio e ao mesmo tempo trás toda a inquietude do homem moderno, de metrópole, atormentado”, conclui.
A História da Estrada Longa / CAIO CORSALLETTE & DOLLAR FURADO / R$ 24,80 / Coqueiro Verde Records / www.coqueiroverderecords.com/caio
terça-feira, maio 10, 2011
EM HQ, CASTRO NÃO PERDE "LA TERNURA"
A biografia é um gênero literário melindroso – certamente, o mais melindroso de todos. Por que nele está implícito um grande desafio: mesmo mergulhando fundo na vida de uma pessoa, o biógrafo deve manter distância o bastante para não emitir juízos precipitados. Em suma, a boa biografia é aquela que costuma deixar o julgamento do biografado para o leitor.
No caso da biografia de um líder político revolucionário, o perigo é dobrado, pois cair no partidarismo será fatal para sua credibilidade. Pois em Castro, biografia romanceada em quadrinhos do líder cubano Fidel Castro, o alemão Reinhard Kleist conseguiu surfar esses perigos com notável habilidade.
Autor de outras duas bios em HQ lançadas no Brasil com sucesso de público e crítica – Johnny Cash – Uma Biografia e Elvis – Kleist parece ter alcançado, em Castro, o pico de sua forma, apresentando o que tem sido apontado por diversos críticos como seu melhor trabalho.
Para conseguir tal resultado, o biógrafo, ensina um mestre do assunto, o brasileiro Ruy Castro, “tem que gastar muita sola de sapato”. No caso de Kleist, ele o fez, de fato, in loco.
Em 2008, o quadrinista passou um mês em Cuba, pesquisando a vida do ditador, os locais importantes da revolução e fotografando as ruas, os carros velhos, os edifícios e os rostos da população – tudo que depois seria reproduzido em traço.
Além disso, também se valeu de uma vasta bibliografia de dezenas de outras biografias de Fidel e Che Guevara, além de estudos do processo revolucionário da ilha caribenha.
Para azeitar a narrativa, Kleist inseriu na história um personagem fictício, o fotógrafo alemão Karl Mertens – provavelmente, um alter-ego do próprio autor –, que chega à Cuba em pleno 1958, apenas um ano antes da tomada de poder de Fidel e compañeros.
Depois de muito se bater, ele consegue chegar ao acampamento dos rebeldes em Sierra Maestra, aonde entrevista Fidel e toma conhecimento dos ideais revolucionários.
Também lá faz amizade com uma dupla de guerrilheiros: Lara, por quem se apaixona, e Juan.
Ao longo da narrativa, Kleist ora centra seu olhar em Fidel, suas ações, apuros e discursos, ora volta a enfocar seus personagens, de modo a mostrar como era a vida das pessoas comuns no pós-revolução.
Em ambas as instâncias, seu traço a pincel captura bem a trajetória dos personagens e a forma gradual com que o entusiasmo inicial da revolução foi se transformando em isolamento (pelo embargo econômico), fome (pelo racionamento), paranoia (pelo medo de invasão) e temor (pelo cerceamento de expressão, que acabou vitimando Juan, escritor homossexual que foi preso e torturado).
Episódios como a invasão da Baía dos Porcos e a crise dos mísseis nucleares soviéticos também são retratados com dinamismo, bem como a relação de Fidel e Che Guevara.
A se lamentar, apenas falhas de revisão e palavras apagadas por erros de impressão.
Castro / Reinhard Kleist / 8Inverso/ 288 p./ R$ 51/ Trad.: Margit Neumann e Michael Korfmann / www.8inverso.com.br
No caso da biografia de um líder político revolucionário, o perigo é dobrado, pois cair no partidarismo será fatal para sua credibilidade. Pois em Castro, biografia romanceada em quadrinhos do líder cubano Fidel Castro, o alemão Reinhard Kleist conseguiu surfar esses perigos com notável habilidade.
Autor de outras duas bios em HQ lançadas no Brasil com sucesso de público e crítica – Johnny Cash – Uma Biografia e Elvis – Kleist parece ter alcançado, em Castro, o pico de sua forma, apresentando o que tem sido apontado por diversos críticos como seu melhor trabalho.
Para conseguir tal resultado, o biógrafo, ensina um mestre do assunto, o brasileiro Ruy Castro, “tem que gastar muita sola de sapato”. No caso de Kleist, ele o fez, de fato, in loco.
Em 2008, o quadrinista passou um mês em Cuba, pesquisando a vida do ditador, os locais importantes da revolução e fotografando as ruas, os carros velhos, os edifícios e os rostos da população – tudo que depois seria reproduzido em traço.
Além disso, também se valeu de uma vasta bibliografia de dezenas de outras biografias de Fidel e Che Guevara, além de estudos do processo revolucionário da ilha caribenha.
Para azeitar a narrativa, Kleist inseriu na história um personagem fictício, o fotógrafo alemão Karl Mertens – provavelmente, um alter-ego do próprio autor –, que chega à Cuba em pleno 1958, apenas um ano antes da tomada de poder de Fidel e compañeros.
Depois de muito se bater, ele consegue chegar ao acampamento dos rebeldes em Sierra Maestra, aonde entrevista Fidel e toma conhecimento dos ideais revolucionários.
Também lá faz amizade com uma dupla de guerrilheiros: Lara, por quem se apaixona, e Juan.
Ao longo da narrativa, Kleist ora centra seu olhar em Fidel, suas ações, apuros e discursos, ora volta a enfocar seus personagens, de modo a mostrar como era a vida das pessoas comuns no pós-revolução.
Em ambas as instâncias, seu traço a pincel captura bem a trajetória dos personagens e a forma gradual com que o entusiasmo inicial da revolução foi se transformando em isolamento (pelo embargo econômico), fome (pelo racionamento), paranoia (pelo medo de invasão) e temor (pelo cerceamento de expressão, que acabou vitimando Juan, escritor homossexual que foi preso e torturado).
Episódios como a invasão da Baía dos Porcos e a crise dos mísseis nucleares soviéticos também são retratados com dinamismo, bem como a relação de Fidel e Che Guevara.
A se lamentar, apenas falhas de revisão e palavras apagadas por erros de impressão.
Castro / Reinhard Kleist / 8Inverso/ 288 p./ R$ 51/ Trad.: Margit Neumann e Michael Korfmann / www.8inverso.com.br
MEDO!
Maurão Pithon mandou pra gente o primeiro clipe da sua nova banda com Apu, a Bestiário. A música é Cadafalso e a direção é do próprio Mauro. O diabinho em cena se chama Arthur Malta Martinez. E a produção do som é de andré t. Timaço!
sexta-feira, maio 06, 2011
RONEI JORGE MOSTRA MAIS CANÇÕES NOVAS HOJE, NO PELOURINHO
Sem afobação, como sugere seu estilo caymmiano de ser, o cantor e compositor Ronei Jorge (em foto de Florian Boccia) vai sedimentando as bases para sua carreira solo pós-Ladrões de Bicicleta. Hoje, fãs e apreciadores podem conferir mais um capítulo desta nova etapa, em um show gratuito no Pelourinho.
“É, eu agora tô nessa fase de transição, de repertório antigo para um novo”, admite, a voz pausada e tranquila de sempre.
“Desde o (festival) Baianada, no final de 2010, estou fazendo isso. Ali eu já apresentei três músicas novas. Na (Livraria) Cultura, em março, já fiz mais uma. E agora vou chegar com mais duas. Serão seis canções novas no show”, contabiliza.
Uma delas é parceria com o ex-Ladrões Edinho Rosa. “Ganhei um presente dele, uma música que ele fez e eu coloquei letra. Chama-se Eu Te Vi. Na verdade, temos feito algumas parcerias e talvez role um projeto futuro nosso”, adianta.
Apesar de compor mais sozinho, Ronei tem assinado trabalhos com uma infinidade de parceiros. Com Camilo Fróes (DJ), ele criou trilhas para espetáculos cênicos (Dança Em Quadrinhos, Enamorados).
Múltiplas parcerias
Já com Jarbas Bittencourt e Pietro (da banda Pirigulino Babilake) ele está preparando um show, fruto do Encontro de Compositores do Teatro Vila Velha, que será apresentado lá mesmo (e depois, no Rio de Janeiro), no próximo dia 19.
E com Luciano Pajé Simas, seu guitarrista desde os tempos da banda Saci Tric (anos 1990), ele assinou trilhas para Miúda (peça e animação) e de Borboletas, um espetáculo de dança.
Como se não bastasse, gravou participação em Aleluia!, aguardado novo disco da Cascadura. E ainda há um projeto com a atriz e cantora Lia Lordello.
“Tudo isso me dá mais prazer do que estar a frente do trabalho Ronei Jorge”, revela.
“A satisfação vem de todas essas atividades ligadas a música”, acrescenta Ronei, que de qualquer jeito, começará a gravar disco solo até o fim do ano.
”Eu vejo tudo isso junto. Aí, quando você me pergunta dos meus planos é tudo isso junto, mesmo”, conclui. Que Deus o conserve assim.
Ronei Jorge / Show na Praça Pedro Archanjo (Pelourinho) / Hoje, 21 horas / Grátis
OUÇA: http://www.myspace.com/roneijorge/
“É, eu agora tô nessa fase de transição, de repertório antigo para um novo”, admite, a voz pausada e tranquila de sempre.
“Desde o (festival) Baianada, no final de 2010, estou fazendo isso. Ali eu já apresentei três músicas novas. Na (Livraria) Cultura, em março, já fiz mais uma. E agora vou chegar com mais duas. Serão seis canções novas no show”, contabiliza.
Uma delas é parceria com o ex-Ladrões Edinho Rosa. “Ganhei um presente dele, uma música que ele fez e eu coloquei letra. Chama-se Eu Te Vi. Na verdade, temos feito algumas parcerias e talvez role um projeto futuro nosso”, adianta.
Apesar de compor mais sozinho, Ronei tem assinado trabalhos com uma infinidade de parceiros. Com Camilo Fróes (DJ), ele criou trilhas para espetáculos cênicos (Dança Em Quadrinhos, Enamorados).
Múltiplas parcerias
Já com Jarbas Bittencourt e Pietro (da banda Pirigulino Babilake) ele está preparando um show, fruto do Encontro de Compositores do Teatro Vila Velha, que será apresentado lá mesmo (e depois, no Rio de Janeiro), no próximo dia 19.
E com Luciano Pajé Simas, seu guitarrista desde os tempos da banda Saci Tric (anos 1990), ele assinou trilhas para Miúda (peça e animação) e de Borboletas, um espetáculo de dança.
Como se não bastasse, gravou participação em Aleluia!, aguardado novo disco da Cascadura. E ainda há um projeto com a atriz e cantora Lia Lordello.
“Tudo isso me dá mais prazer do que estar a frente do trabalho Ronei Jorge”, revela.
“A satisfação vem de todas essas atividades ligadas a música”, acrescenta Ronei, que de qualquer jeito, começará a gravar disco solo até o fim do ano.
”Eu vejo tudo isso junto. Aí, quando você me pergunta dos meus planos é tudo isso junto, mesmo”, conclui. Que Deus o conserve assim.
Ronei Jorge / Show na Praça Pedro Archanjo (Pelourinho) / Hoje, 21 horas / Grátis
OUÇA: http://www.myspace.com/roneijorge/
quinta-feira, maio 05, 2011
POP ITALIANO CONTEMPORÂNEO HOJE, DE GRAÇA, NA MIDIALOUCA
A Itália tem uma das cenas pop mais tradicionais da Europa, desde Rita Pavone e todos aqueles hits que o pessoal da Jovem Guarda adaptava para o português. Mas pouca coisa tem chegado ao Brasil nos últimos anos. Uma oportunidade para conhecer uma boa banda do pop contemporâneo italiano é conferir o show da banda Akkura (em foto de Manuela Di Pisa), hoje, na mídialouca.
Original de Palermo, capital da província insular da Sicília, a Akkura está no Brasil fazendo shows de divulgação do seu terceiro álbum, Bruceró la Vucciria col Mio Piano in Fiamme (Incendiarei a Vucciria – bairro de Palermo – com meu piano em chamas).
O CD sai acompanhado de um livro, no qual eles detalham como foi a gravação, e um single em disco de vinil 45 RPM, Svalutation, cover de uma canção de 1976 de Adriano Celentano, um ídolo italiano.
O mais curioso de tudo é que o disco foi gravado no Rio de Janeiro, produzido por ninguém menos que Moreno Veloso e Domenico Lancelotti.
Pela internet, os ragazzi conheceram, há alguns anos, o projeto que os dois tinham com Kassin, o +2.
“O projeto +2 era muito interessante, engraçado”, comenta o cantor e guitarrista Riccardo Serradifalco. Após uma troca de emails, os italianos convidaram os colegas brasileiros para produzir seu próximo CD.
“Foi uma ideia meio maluca, e por causa da distância, tivemos de passar um bom tempo no Rio de Janeiro, gravando na Toca do Bandido (estúdio do falecido produtor Tom Capone)”, conta. Quando eles chegaram ao Brasil, as canções do disco ainda não existiam. “Só tínhamos ideias, aí trabalhamos em cima delas com Moreno e Domenico”, diz Riccardo.
Ele justifica a escolha do Brasil e dos produtores por que queriam adicionar ao som da banda uma certa energia musical que só existe aqui.
“Quando os brasileiros tocam rock, soa como samba, tem uma energia diferente, é muito cool. Queríamos isto no nosso som. E agora, nossa abordagem mudou, nossa música soa mais espontânea e engraçada”, avalia o músico.
AKKURA + MORENO VELOSO / Hoje, 19 horas / MIDIALOUCA (3334-2077) / rua da Fonte do Boi, 81, Rio Vermelho / Grátis
OUÇA: http://www.myspace.com/akkura/
Original de Palermo, capital da província insular da Sicília, a Akkura está no Brasil fazendo shows de divulgação do seu terceiro álbum, Bruceró la Vucciria col Mio Piano in Fiamme (Incendiarei a Vucciria – bairro de Palermo – com meu piano em chamas).
O CD sai acompanhado de um livro, no qual eles detalham como foi a gravação, e um single em disco de vinil 45 RPM, Svalutation, cover de uma canção de 1976 de Adriano Celentano, um ídolo italiano.
O mais curioso de tudo é que o disco foi gravado no Rio de Janeiro, produzido por ninguém menos que Moreno Veloso e Domenico Lancelotti.
Pela internet, os ragazzi conheceram, há alguns anos, o projeto que os dois tinham com Kassin, o +2.
“O projeto +2 era muito interessante, engraçado”, comenta o cantor e guitarrista Riccardo Serradifalco. Após uma troca de emails, os italianos convidaram os colegas brasileiros para produzir seu próximo CD.
“Foi uma ideia meio maluca, e por causa da distância, tivemos de passar um bom tempo no Rio de Janeiro, gravando na Toca do Bandido (estúdio do falecido produtor Tom Capone)”, conta. Quando eles chegaram ao Brasil, as canções do disco ainda não existiam. “Só tínhamos ideias, aí trabalhamos em cima delas com Moreno e Domenico”, diz Riccardo.
Ele justifica a escolha do Brasil e dos produtores por que queriam adicionar ao som da banda uma certa energia musical que só existe aqui.
“Quando os brasileiros tocam rock, soa como samba, tem uma energia diferente, é muito cool. Queríamos isto no nosso som. E agora, nossa abordagem mudou, nossa música soa mais espontânea e engraçada”, avalia o músico.
AKKURA + MORENO VELOSO / Hoje, 19 horas / MIDIALOUCA (3334-2077) / rua da Fonte do Boi, 81, Rio Vermelho / Grátis
OUÇA: http://www.myspace.com/akkura/
quarta-feira, maio 04, 2011
terça-feira, maio 03, 2011
A PEDRA FUNDAMENTAL DO STONER
Estreia do Queens of The Stone Age é relançado remasterizado com faixas extras no Brasil, pelo Lab 344
Se tem uma banda que, na última década, se tornou uma espécie de unanimidade entre os roqueiros, esta é o Queens of The Stone Age.
Estourada mundialmente desde o infame (e adorável) hit Feelgood Hit of The Summer, do segundo álbum, Rated R (2001), os fãs brasileiros tem agora à disposição a versão remasterizada da (autointitulada) estreia fonográfica do grupo liderado por Josh Homme.
Apesar de ser algo superestimada – possivelmente, por falta de concorrência à altura, já que a primeira década deste século foi pífia em termos de rock com relevância – o Queens of The Stone Age é uma banda de muitos méritos, que já se faziam perceber neste primeiro disco.
Surgida das cinzas da banda de heavy metal Kyuss, considerada um dos melhores nomes do estilo na década de 1990, o Queens of The Stone Age foi a tentativa – bem-sucedida – do guitarrista e cantor Josh Homme de criar uma banda com um som “que as pessoas reconhecessem logo nos primeiros três segundos”, como ele declarou.
Gravado basicamente por Homme (guitarras e baixo) e seu baterista do Kyuss, Alfredo Hernandez, o CD abre de forma espetacular, com a sequência Regular John, Avon, If Only e Walkin’ on The Sidewalks.
Nestas quatro faixas iniciais estão resumidas as coordenadas que ditariam rumos não só para o som que a banda faria nos próximos anos, mas que influenciariam a própria cena roqueira mundo afora.
Formatação do stoner
Com uma receita que incluía uma pegada metaleira, doses generosas de rock de garagem (com ênfase no grunge), psicodelia e muito cinismo nas letras, a banda formatou um som pesado – mas não ensurdecedor – baseado em riffs matadores de guitarra, batidas retas e melodias vocais de apelo pop.
Este som, inicialmente denominado stoner rock (algo como rock chapadão) foi, por um curto período de tempo, “the next big thing” entre os roqueiros.
Logo, cachorros grandes como Dave Grohl, líder do Foo Fighters, e Mark Lannegan (vocal da Screaming Trees, expoente de Seattle) se escalaram para participar do terceiro e mais bem sucedido CD do QOTSA, Songs For The Deaf (2002).
No disco de estreia, que agora surge remasterizado em versão nacional pelo selo Lab 344, foram incluídas três faixas bônus: These Aren't the Droids You're Looking For, Spiders and Vinegaroons e The Bronze.
A melhor é esta última, na mesma linha stoner, direta e sem muita firula que fez a fama do grupo. These Aren’t The Droids segue esta pista e tem um lindo solo de guitarra, mas já não é tão redonda. E Spiders é a típica ghost track: experimental, circular, instrumental. Um belo disco de rock mesmo.
Queens of The Stone Age / Queens of The Stone Age / Rekords Rekords - Domino - Lab 344 / R$ 24,90
Se tem uma banda que, na última década, se tornou uma espécie de unanimidade entre os roqueiros, esta é o Queens of The Stone Age.
Estourada mundialmente desde o infame (e adorável) hit Feelgood Hit of The Summer, do segundo álbum, Rated R (2001), os fãs brasileiros tem agora à disposição a versão remasterizada da (autointitulada) estreia fonográfica do grupo liderado por Josh Homme.
Apesar de ser algo superestimada – possivelmente, por falta de concorrência à altura, já que a primeira década deste século foi pífia em termos de rock com relevância – o Queens of The Stone Age é uma banda de muitos méritos, que já se faziam perceber neste primeiro disco.
Surgida das cinzas da banda de heavy metal Kyuss, considerada um dos melhores nomes do estilo na década de 1990, o Queens of The Stone Age foi a tentativa – bem-sucedida – do guitarrista e cantor Josh Homme de criar uma banda com um som “que as pessoas reconhecessem logo nos primeiros três segundos”, como ele declarou.
Gravado basicamente por Homme (guitarras e baixo) e seu baterista do Kyuss, Alfredo Hernandez, o CD abre de forma espetacular, com a sequência Regular John, Avon, If Only e Walkin’ on The Sidewalks.
Nestas quatro faixas iniciais estão resumidas as coordenadas que ditariam rumos não só para o som que a banda faria nos próximos anos, mas que influenciariam a própria cena roqueira mundo afora.
Formatação do stoner
Com uma receita que incluía uma pegada metaleira, doses generosas de rock de garagem (com ênfase no grunge), psicodelia e muito cinismo nas letras, a banda formatou um som pesado – mas não ensurdecedor – baseado em riffs matadores de guitarra, batidas retas e melodias vocais de apelo pop.
Este som, inicialmente denominado stoner rock (algo como rock chapadão) foi, por um curto período de tempo, “the next big thing” entre os roqueiros.
Logo, cachorros grandes como Dave Grohl, líder do Foo Fighters, e Mark Lannegan (vocal da Screaming Trees, expoente de Seattle) se escalaram para participar do terceiro e mais bem sucedido CD do QOTSA, Songs For The Deaf (2002).
No disco de estreia, que agora surge remasterizado em versão nacional pelo selo Lab 344, foram incluídas três faixas bônus: These Aren't the Droids You're Looking For, Spiders and Vinegaroons e The Bronze.
A melhor é esta última, na mesma linha stoner, direta e sem muita firula que fez a fama do grupo. These Aren’t The Droids segue esta pista e tem um lindo solo de guitarra, mas já não é tão redonda. E Spiders é a típica ghost track: experimental, circular, instrumental. Um belo disco de rock mesmo.
Queens of The Stone Age / Queens of The Stone Age / Rekords Rekords - Domino - Lab 344 / R$ 24,90
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