Formada por ex-membros de diversas bandas, a Autoreverso quer tocar para você
Se tem uma coisa que agrada este blogueiro é gente disposta a dar a cara a tapa e trabalhar. Estas, pelo menos a primeira vista, parecem ser duas boas características da banda baiana Autoreverso (em fotos de Izadora Góes).
Formada em 2008, ela é, como define a vocalista Lali Souza, uma “colcha de retalhos de ex-membros de outras bandas”.
A começar pela própria Lali, que, aos 15 anos, ajudou a fundar a banda Elipê em 2004 e depois saiu, dando lugar à Paula Noyb, cantora com a qual o grupo vem se notabilizando.
“Fiquei dois anos na Elipê e depois saí. Tentei fazer um lance solo, mas não rolou. Sentia muita falta de ter uma banda colaborando comigo”, conta Lali.
Aos poucos, ela foi juntando uma galera em torno de si, começando pelo baixista, Kibi (ex-Nitera), autor da maioria das músicas da Autoreverso.
Depois de algum tempo, a formação se estabilizou com Jessé Oliveira (bateria), Danilo Castor e Helinho Sampaio (ambos ex-guitarristas da extinta banda Canto dos Malditos na Terra do Nunca), além de Lali e Kibi.
Tocar, tocar, tocar, tocar...
Em 2010, com a formação fechada e motivada, o grupo vem se apresentando aonde dá, incluindo festivais fora do estado, como o Mafalda Sin Mafalda (uma brincadeira com a tira em quadrinhos Garfield Minus Garfield), em João Pessoa (PB), dedicado a bandas lideradas por mulheres, no último dia 16.
Já neste sábado, eles levam seu agitado rock contemporâneo ao Halloween do Groove Bar, com a Pirigulino Babilake.
No momento, a rapaziada se dedica a divulgar seu primeiro trabalho gravado, o EP Televisiva Vida. Com 5 faixas, o disquinho foi produzido por Jorge Solovera (por si só, uma garantia de gravação profissional e produção decente).
“Ficamos supersatisfeitos com o resultado do EP. O show de lançamento será agora em novembro, mas ainda não confirmamos a data e o local. Sabe como é, banda independente, sem verba, vamos fazendo do jeito que dá. Mas vamos fazer caprichado, com certeza”, conta a simpática Lali, que ainda é dona de uma bela voz.
“Agora o que a gente quer mesmo é tocar, tocar, tocar, tocar”, conclui.
Ouça: www.myspace.com/autoreversorock
Halloween do Groove com Autoreverso e Pirigulino Babilake / Sábado, 23 horas / Groove Bar / Info: www.fotolog.com.br/autoreversorock
NUETA:
Reggae no Irdeb
A Folha de Chá faz show no Teatro do Irdeb (Federação) sexta-feira. A banda conta com o guitarrista Gabriel Carvalho (Sua Mãe, de Wagner Moura). A apresentação acontece no festival Origem da Terra, que tem uma programação bem diversificada e segue em novembro, com Enio & A Maloca (dia 12), Juliana Ribeiro (dia 19) e Baiana System (dia 25), entre outros. Sempre às 20h, por R$ 6 mais um quilo de alimento.
Blog (que, nos seus primórdios, entre 2004-05, foi de um programa de rádio) sobre rock e cultura pop. Hoje é o blog de Chico Castro Jr., jornalista formado pela Faculdade de Comunicação da Universidade Federal da Bahia. Atualmente, é repórter do Caderno 2+ do jornal A Tarde, no qual algumas das matérias vistas aqui foram anteriormente publicadas. Assina a coluna Coletânea, dedicada à música independente baiana. Nossa base é Salvador, Bahia, a cidade do axé, a cidade do terror.
quarta-feira, outubro 27, 2010
segunda-feira, outubro 25, 2010
VOLTA DA REPAGINADA LIGA EXTRAORDINÁRIA DE ALAN MOORE
Personagens clássicos da literatura de aventura e fantasia formam nova equipe secreta
Londres, 1910. Às vésperas da passagem do Cometa Halley, o submundo se agita em meio a conspirações, como a geração profana de uma criança lunar (espécie de anti-cristo), o retorno de Jack O Estripador à cidade e a sede de vingança de uma mulher, filha de um famoso capitão.
Isto é só o início de A Liga Extraordinária - Século: 1910, novo álbum de Alan Moore (roteiro) e Kevin O'Neill (desenhos) que acaba de chegar às livrarias.
Dividido em três partes, cada uma se passa em um ano, que será também o título do capítulo em questão. A primeira, como já foi dito, é 1910. A segunda, que ainda será lançada no mercado internacional no ano que vem, é 1969. A terceira parte ainda não foi anunciada, mas, seguindo a lógica do título Século, deverá ser 2010.
Eventualmente reunidos pelo senhor Campion Bond (cujo sobrenome, assim como tudo nesta obra, não está aí por acaso), os membros da Liga Extraordinária são personagens de aventura e fantasia do final do século 19, início do século 20.
Depois de perder membros valiosos em aventuras anteriores como Hawley Griffin (O Homem-Invisível, de H.G. Wells) e o Dr. Jekyll (O médico e o monstro, de Robert Louis Stevenson), o grupo, agora liderado por Mina Murray (de Drácula, de Bram Stoker) conta em suas fileiras com um rejuvenescido Allan Quatermain (de As Minas do Rei Salomão, de H.R. Haggard), Arthur Raffles (de O ladrão amador, de William Hornung), Thomas Carnacki (de O caçador de fantasmas, de W.H. Hodgson) e Orlando (de Orlando, a mulher imortal, de Virginia Woolf).
Ainda que não pareça tão instigante quanto a equipe anterior, que ainda contava com o Capitão Nemo (de 20 mil léguas submarinas, de Julio Verne), a nova Liga tem um começo de aventura bastante intrigante.
Como de costume, o gênio narrativo de Alan Moore e os desenhos expressivos de Kevin O’Neill conduzem o leitor com mão firme, página após página, em uma aventura sombria, carregada de referências literárias e um sentido trágico, simbolizada constantemente pelo uso poético de estrofes de A Ópera dos Três Vinténs, de Bertolt Brecht e Kurt Weill.
Ao final, restam muitas interrogações – e o desejo de que se chegue logo à psicodélica Londres de 1969.
A Liga Extraordinária - Século: 1910 / Alan Moore e Kevin O'Neill / Devir / 100 p. / R$ 35 e R$ 46 (capa dura) / www.devir.com.br
Londres, 1910. Às vésperas da passagem do Cometa Halley, o submundo se agita em meio a conspirações, como a geração profana de uma criança lunar (espécie de anti-cristo), o retorno de Jack O Estripador à cidade e a sede de vingança de uma mulher, filha de um famoso capitão.
Isto é só o início de A Liga Extraordinária - Século: 1910, novo álbum de Alan Moore (roteiro) e Kevin O'Neill (desenhos) que acaba de chegar às livrarias.
Dividido em três partes, cada uma se passa em um ano, que será também o título do capítulo em questão. A primeira, como já foi dito, é 1910. A segunda, que ainda será lançada no mercado internacional no ano que vem, é 1969. A terceira parte ainda não foi anunciada, mas, seguindo a lógica do título Século, deverá ser 2010.
Eventualmente reunidos pelo senhor Campion Bond (cujo sobrenome, assim como tudo nesta obra, não está aí por acaso), os membros da Liga Extraordinária são personagens de aventura e fantasia do final do século 19, início do século 20.
Depois de perder membros valiosos em aventuras anteriores como Hawley Griffin (O Homem-Invisível, de H.G. Wells) e o Dr. Jekyll (O médico e o monstro, de Robert Louis Stevenson), o grupo, agora liderado por Mina Murray (de Drácula, de Bram Stoker) conta em suas fileiras com um rejuvenescido Allan Quatermain (de As Minas do Rei Salomão, de H.R. Haggard), Arthur Raffles (de O ladrão amador, de William Hornung), Thomas Carnacki (de O caçador de fantasmas, de W.H. Hodgson) e Orlando (de Orlando, a mulher imortal, de Virginia Woolf).
Ainda que não pareça tão instigante quanto a equipe anterior, que ainda contava com o Capitão Nemo (de 20 mil léguas submarinas, de Julio Verne), a nova Liga tem um começo de aventura bastante intrigante.
Como de costume, o gênio narrativo de Alan Moore e os desenhos expressivos de Kevin O’Neill conduzem o leitor com mão firme, página após página, em uma aventura sombria, carregada de referências literárias e um sentido trágico, simbolizada constantemente pelo uso poético de estrofes de A Ópera dos Três Vinténs, de Bertolt Brecht e Kurt Weill.
Ao final, restam muitas interrogações – e o desejo de que se chegue logo à psicodélica Londres de 1969.
A Liga Extraordinária - Século: 1910 / Alan Moore e Kevin O'Neill / Devir / 100 p. / R$ 35 e R$ 46 (capa dura) / www.devir.com.br
quarta-feira, outubro 20, 2010
BIG BANDS 4: BOA ESCALAÇÃO, MESMO SEM GRANDES NOMES DE FORA
Quarta edição do festival Big Bands começa amanhã, no Pelourinho, destacando a diversidade e a qualidade da boa safra local
Um dos principais festivais anuais da cena roqueira local, o Big Bands chega à sua quarta edição a partir de amanhã, com quatro dias de shows (sendo três gratuitos) e mesas-redondas, colocando em destaque as bandas da casa. Todos os headliners (atrações responsáveis por fechar as apresentações do dia) são bandas baianas.
Os shows começam amanhã, na Praça Pedro Archanjo (Pelourinho), com três bandas locais em ascenção na formação de público próprio: Maglore, Enio & A Maloca e Neologia.
Na sexta-feira, haverá uma festa a parte da programação no Pelourinho, com a banda paulista The Sam’s Hardcore Orchestra e os DJs Big Bross e Opreto. Esta é também a única atividade do festival que cobra ingresso e rola no Bar Tarrafa.
O rock gratuito volta à Pedro Archanjo no sábado, com Opus Incertum, Ladrões de Vinil (de Vitória da Conquista), Tereza (do Rio de Janeiro), Você Me Excita, Brown-Há (de Brasília) e a celebrada Vendo 147.
Já no domingão é o som mais pesado que vai dar as cartas, com Incrédula, Jonas, TenTrio, Desalma, Diablo Motör (as duas últimas de Pernambuco) e a instituição punk baiana Pastel De Miolos (de Lauro de Freitas) comemorando 15 anos.
“Olha, para a gente é um reconhecimento legal ser headline do Big Bands”, agradece Wilson Santana, baterista da Pastel de Miolos. “Apesar de que isso não assusta mais. Já fechamos noite em outros festivais, como o Palco do Rock”, acrescenta.
A Pastel ainda aproveita e lança seu CD oficial Da Escravidão ao Salário Mínimo, que acaba de chegar da fábrica. O disquinho resume 15 anos de banda em 24 faixas de furioso punk rock old school e estará a venda – assim como outros itens das bandas escaladas – no festival.
Já a outra headliner local, a Vendo 147, provavelmente, uma das bandas de rock independente que mais roda pelo País, estava de malas prontas para uma miniturnê por Piracicaba (SP), Londrina (PR) e Marilia (São Paulo, de novo) quando um dos seus dois bateristas, Dimmy “Demolidor” Drummer atendeu o telefone: “Estamos parecendo time de futebol no Aeroporto”, riu Dimmy.
“Vamos embarcar já já para essa turnê com uma banda de psychobilly da Hungria, a Silvershine”, disse. “Nesse show do Big Bands vamos tocar pelo menos metade das faixas do disco que estamos gravando com (o produtor) andré t, mais as do EP lançado em 2009”, descreveu Dimmy.
Sem cachê
Diferente do ano passado, quando o Big Bands foi contemplado em um edital da Secult e pôde pagar cachê às bandas, este ano as bandas estão tocando de graça. “Todo ano muda a comissão que escolhem os projetos contemplados. Acho até que a intenção é essa mesma, de sempre apresentar coisas novas”, observou Rogerio Big Bross.
“E também não tentamos outros editais por falta de um CNPJ, que agora já temos”, acrescentou o produtor.
Ele conta que o festival recebeu 240 inscrições de bandas interessadas em tocar. “180 só da Bahia e o resto de todo canto do Brasil. E isso, sem cachê, apenas com o apoio logístico da Quina (hospedagem, alimentação, translado) e à parceria com o Ipac, através do Pelourinho Cultural”, relata Big Bross.
A ideia de Big e Cássia é que, com o CNPJ (Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica) em mãos, eles possam concorrer em outros editais – governamentais e da iniciativa privada – para este seja o último ano sem cachê para as bandas.
“Com certeza, vamos fazer um festival maior e melhor em 2011. Incluir hip hop, música instrumental, artes plásticas, audiovisual. Queremos também aproveitar locais propícios como o Solar Boa Vista, o Centro Cultural Plataforma e a Concha Acústica do Costa Azul para estender o festival para outros locais da cidade”, descreve Big.
Enquanto isso não acontece, a Quina se articula com outros coletivos baianos, no sentido de atrair boas bandas de fora do estado para as quais, mesmo sem cachê, vale a pena vir tocar. No mesmo fim de semana que acontece o Big Bands em Salvador, acontece o Feira Noise em Feira de Santa e o Suíça Baiana, em Vitória da Conquista.
“É um investimento válido para essas bandas tocar num festival como o Big Bands, numa praça aberta, de graça para o público. Até por que elas não vão tocar em um festival só. Vão tocar em três: aqui, em Feira e em Conquista. A gente fez os três festivais no mesmo fim de semana para valer a pena para os caras que vem do Rio, de Brasília e Pernambuco. Foi tudo articulado“, diz Big.
Fernando Jatobá, vocal e guitarra da banda brasiliense Brown-Há, concorda e vai além, literalmente: “Vamos tocar nos três festivais baianos e depois ainda vamos subir para João Pessoa e Campina Grande, na Paraíba. Estamos indo por conta própria, de carro, todo mundo quebradão de grana”, ri.
“Mas como temos temos a hospedagem e a alimentação garantidas pelos festivais, vale a pena para a gente”, garante.
Quem está com boas expectativas é a rapaziada da Ladrões de Vinil, de Vitória da Conquista: “Já tocamos em várias cidades do interior e três vezes em Minas Gerais, mas nunca em Salvador. Agora vamos tocar aí e em Feira, no Feira Noise”, disse Lourisvaldo, o Loro, guitarrista.
“Os coletivos são bons por que é a galera do rock mesmo que organiza e faz as bandas circularem”, aposta.
VEJA PROGRAMAÇÃO COMPLETA E MAIS INFORMAÇÕES: http://www.quinacultural.com.br/
Um dos principais festivais anuais da cena roqueira local, o Big Bands chega à sua quarta edição a partir de amanhã, com quatro dias de shows (sendo três gratuitos) e mesas-redondas, colocando em destaque as bandas da casa. Todos os headliners (atrações responsáveis por fechar as apresentações do dia) são bandas baianas.
Os shows começam amanhã, na Praça Pedro Archanjo (Pelourinho), com três bandas locais em ascenção na formação de público próprio: Maglore, Enio & A Maloca e Neologia.
Na sexta-feira, haverá uma festa a parte da programação no Pelourinho, com a banda paulista The Sam’s Hardcore Orchestra e os DJs Big Bross e Opreto. Esta é também a única atividade do festival que cobra ingresso e rola no Bar Tarrafa.
O rock gratuito volta à Pedro Archanjo no sábado, com Opus Incertum, Ladrões de Vinil (de Vitória da Conquista), Tereza (do Rio de Janeiro), Você Me Excita, Brown-Há (de Brasília) e a celebrada Vendo 147.
Já no domingão é o som mais pesado que vai dar as cartas, com Incrédula, Jonas, TenTrio, Desalma, Diablo Motör (as duas últimas de Pernambuco) e a instituição punk baiana Pastel De Miolos (de Lauro de Freitas) comemorando 15 anos.
“Olha, para a gente é um reconhecimento legal ser headline do Big Bands”, agradece Wilson Santana, baterista da Pastel de Miolos. “Apesar de que isso não assusta mais. Já fechamos noite em outros festivais, como o Palco do Rock”, acrescenta.
A Pastel ainda aproveita e lança seu CD oficial Da Escravidão ao Salário Mínimo, que acaba de chegar da fábrica. O disquinho resume 15 anos de banda em 24 faixas de furioso punk rock old school e estará a venda – assim como outros itens das bandas escaladas – no festival.
Já a outra headliner local, a Vendo 147, provavelmente, uma das bandas de rock independente que mais roda pelo País, estava de malas prontas para uma miniturnê por Piracicaba (SP), Londrina (PR) e Marilia (São Paulo, de novo) quando um dos seus dois bateristas, Dimmy “Demolidor” Drummer atendeu o telefone: “Estamos parecendo time de futebol no Aeroporto”, riu Dimmy.
“Vamos embarcar já já para essa turnê com uma banda de psychobilly da Hungria, a Silvershine”, disse. “Nesse show do Big Bands vamos tocar pelo menos metade das faixas do disco que estamos gravando com (o produtor) andré t, mais as do EP lançado em 2009”, descreveu Dimmy.
Sem cachê
Diferente do ano passado, quando o Big Bands foi contemplado em um edital da Secult e pôde pagar cachê às bandas, este ano as bandas estão tocando de graça. “Todo ano muda a comissão que escolhem os projetos contemplados. Acho até que a intenção é essa mesma, de sempre apresentar coisas novas”, observou Rogerio Big Bross.
“E também não tentamos outros editais por falta de um CNPJ, que agora já temos”, acrescentou o produtor.
Ele conta que o festival recebeu 240 inscrições de bandas interessadas em tocar. “180 só da Bahia e o resto de todo canto do Brasil. E isso, sem cachê, apenas com o apoio logístico da Quina (hospedagem, alimentação, translado) e à parceria com o Ipac, através do Pelourinho Cultural”, relata Big Bross.
A ideia de Big e Cássia é que, com o CNPJ (Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica) em mãos, eles possam concorrer em outros editais – governamentais e da iniciativa privada – para este seja o último ano sem cachê para as bandas.
“Com certeza, vamos fazer um festival maior e melhor em 2011. Incluir hip hop, música instrumental, artes plásticas, audiovisual. Queremos também aproveitar locais propícios como o Solar Boa Vista, o Centro Cultural Plataforma e a Concha Acústica do Costa Azul para estender o festival para outros locais da cidade”, descreve Big.
Enquanto isso não acontece, a Quina se articula com outros coletivos baianos, no sentido de atrair boas bandas de fora do estado para as quais, mesmo sem cachê, vale a pena vir tocar. No mesmo fim de semana que acontece o Big Bands em Salvador, acontece o Feira Noise em Feira de Santa e o Suíça Baiana, em Vitória da Conquista.
“É um investimento válido para essas bandas tocar num festival como o Big Bands, numa praça aberta, de graça para o público. Até por que elas não vão tocar em um festival só. Vão tocar em três: aqui, em Feira e em Conquista. A gente fez os três festivais no mesmo fim de semana para valer a pena para os caras que vem do Rio, de Brasília e Pernambuco. Foi tudo articulado“, diz Big.
Fernando Jatobá, vocal e guitarra da banda brasiliense Brown-Há, concorda e vai além, literalmente: “Vamos tocar nos três festivais baianos e depois ainda vamos subir para João Pessoa e Campina Grande, na Paraíba. Estamos indo por conta própria, de carro, todo mundo quebradão de grana”, ri.
“Mas como temos temos a hospedagem e a alimentação garantidas pelos festivais, vale a pena para a gente”, garante.
Quem está com boas expectativas é a rapaziada da Ladrões de Vinil, de Vitória da Conquista: “Já tocamos em várias cidades do interior e três vezes em Minas Gerais, mas nunca em Salvador. Agora vamos tocar aí e em Feira, no Feira Noise”, disse Lourisvaldo, o Loro, guitarrista.
“Os coletivos são bons por que é a galera do rock mesmo que organiza e faz as bandas circularem”, aposta.
VEJA PROGRAMAÇÃO COMPLETA E MAIS INFORMAÇÕES: http://www.quinacultural.com.br/
sexta-feira, outubro 15, 2010
SÓ NAS MICRO-RESENHAS, Ô, Ô
Superchunk em super volta
Indies rockers de primeira hora, alegrai-vos: Superchunk, a sensacional guitar band de Mac McCaughan está volta ao circuito, nove anos depois de lançar seu último álbum, Here’s To Shutting Up (2001). E o melhor: nem parece que ficaram parados tanto tempo. A fidelidade ao som sujo, baseado em riffs cortantes, mais a as belas melodias costuradas pela voz esganiçada do Mac continuam a toda aqui. O abre-alas arrasador, dançante e grudento com Digging For Something é só o início para 42 minutos de delícias como Learned To Surf e Crossed Wires. Melodioso, sujo, pesado. Superchunk / Majesty Shredding / Merge Records / Importado
Revival, não: atual
Depois de décadas no ostracismo, a cantora remanescente da era disco Sharon Jones teve sua chance de redenção quando o baixista Bosco Mann a convidou para assumir a frente do palco e da sua banda, a extraordinária The Dap-Kings. Resultado: uma sequência matadora de discos que, mais do que fazer um revival do soul da gravadora Atlantic, o atualiza para novas plateias. Precisa mesmo dizer que se trata de mais um discaço? Sharon Jones & the Dap-Kings / I Learned the Hard Way / Daptone Records / Importado
O mar como metáfora
Um jovem marinheiro, decidido a abandonar a vida no mar, vê sua vida sofrer uma reviravolta ao ser nomeado capitão de um navio mercante. A partir daí, Joseph Conrad (1857-1924), autor do clássico O coração das trevas, traça o período de transição entre juventude e idade adulta, ao confrontar seu personagem com as mais inesperadas e estranhas adversidades. Em Conrad, o mar é como uma metáfora para a vida. A linha de sombra / Joseph Conrad / L&PM / 144 p. / R$ 12 / lpm.com.br
Veterinário e surreal
O humor surreal, veterinário e hilariante de Fernando Gonsales está de volta neste novo álbum do Níquel Náusea, o décimo lançado pela Devir. Estão aqui o rato Níquel, a barata Fliti (viciada em Baratox) e o sábio esclerosado que vive numa caverna, entre outros. Níquel Náusea: A Vaca foi pro Brejo atrás do Carro na frente dos Bois / Fernando Gonsales / Devir / 50 p / R$ 23 / http://www.devir.com.br/
Microcontos pré-twitter
O humor finíssimo (e hilariante) de José Cândido de Carvalho (1914-1989), o conhecido autor de O coronel e o lobisomem (1964), é o mote deste livro, reunindo centenas de microcontos (muito antes do Twitter). Fora de catálogo há mais de 30 anos, é uma deliciosa leitura. Se eu morrer, telefone para o céu / José Cândido de Carvalho / José Olympio / 294 p. / R$ 32 / http://www.record.com.br/
Diversidade racial intergaláctica
O leitor já viu um romulano? E um borg, sabe o que é? Quem sabe talvez um vulcano? Essas e outras três raças extraterrenas são velhas conhecidas de qualquer fã das séries de Jornada nas Estrelas. Neste álbum em quadrinhos, a diversidade racial intergaláctica é o tema para boas HQs de ficção. Star Trek: Raças Alienígenas / Vários autores / Devir / 152 p. / R$ 37,50 / http://www.devir.com.br/
"Porque Deus quis"
Durante mais de uma década (de 1992 a 2005), um jornalista americano viajou pelo mundo, percorrendo diversos países, para fazer uma simples pergunta: por que você é pobre? Do riquíssimo Japão ao paupérrimo Iêmen, William Vollmann ouviu as mais variadas (e reveladoras) respostas. Um novo e brilhante olhar sobre o assunto, com mais de 100 fotos do próprio autor. Por Que Vocês são pobres? / William T. Vollmann / Conrad / 448 p. / R$ 49 / http://www.lojaconrad.com.br/
Nova namoradinha
A cantora e jazzista inglesa Nellie McKay presta sua homenagem à Doris Day, a Namoradinha da América, em um CD que prima pela fidelidade aos arranjos originais, com muitas cordas e big bands de metais. Com uma interpretação contida, mas elegante, McKay manda bem em clássicos da canção norte-americana, como Crazy Rhythm, Sentimental Journey e Do Do Do, além da brasileiríssima Meditation, de Tom Jobim. Nellie McKay / Normal as Blueberry Pie: A Tribute To Doris Day / Universal Music / R$ 29,90
Se aqui é assim, imagina no Afeganistão
Em 1986, o fotógrafo Didier Lefèvre acompanhou a ONG Médicos Sem Fronteiras em uma expedição ao Afeganistão, então nos últimos dias da dominação soviética. O resultado é esta HQ em três volumes – o 3º acaba de chegar às livrarias –, que mistura as fotos aos desenhos simples de Emmanuel Guibert. Um registro único da medicina, exercida nas piores condições. O fotógrafo - Volume 3 / Guibert, Lefévre e Lemercier / Conrad / 112 p. / R$ 46 / http://www.lojaconrad.com.br/
Qorpo presente
Uma das figuras mais controversas da literatura brasileira, o dramaturgo gaúcho Qorpo Santo (1829-1883) tem sua conturbada trajetória recriada neste romance do seu conterrâneo, Luiz Antonio de Assis Brasil. Publicada pela primeira vez em 1987, a obra ganha relançamento e levanta questões pertinentes sobre sanidade e loucura. O provincianismo que condenou Qorpo Santo, visto com lente de aumento. Cães da Província / Assis Brasil / L&PM / 264 p. / R$ 38 / www.lpm.com.br
Indies rockers de primeira hora, alegrai-vos: Superchunk, a sensacional guitar band de Mac McCaughan está volta ao circuito, nove anos depois de lançar seu último álbum, Here’s To Shutting Up (2001). E o melhor: nem parece que ficaram parados tanto tempo. A fidelidade ao som sujo, baseado em riffs cortantes, mais a as belas melodias costuradas pela voz esganiçada do Mac continuam a toda aqui. O abre-alas arrasador, dançante e grudento com Digging For Something é só o início para 42 minutos de delícias como Learned To Surf e Crossed Wires. Melodioso, sujo, pesado. Superchunk / Majesty Shredding / Merge Records / Importado
Revival, não: atual
Depois de décadas no ostracismo, a cantora remanescente da era disco Sharon Jones teve sua chance de redenção quando o baixista Bosco Mann a convidou para assumir a frente do palco e da sua banda, a extraordinária The Dap-Kings. Resultado: uma sequência matadora de discos que, mais do que fazer um revival do soul da gravadora Atlantic, o atualiza para novas plateias. Precisa mesmo dizer que se trata de mais um discaço? Sharon Jones & the Dap-Kings / I Learned the Hard Way / Daptone Records / Importado
O mar como metáfora
Um jovem marinheiro, decidido a abandonar a vida no mar, vê sua vida sofrer uma reviravolta ao ser nomeado capitão de um navio mercante. A partir daí, Joseph Conrad (1857-1924), autor do clássico O coração das trevas, traça o período de transição entre juventude e idade adulta, ao confrontar seu personagem com as mais inesperadas e estranhas adversidades. Em Conrad, o mar é como uma metáfora para a vida. A linha de sombra / Joseph Conrad / L&PM / 144 p. / R$ 12 / lpm.com.br
Veterinário e surreal
O humor surreal, veterinário e hilariante de Fernando Gonsales está de volta neste novo álbum do Níquel Náusea, o décimo lançado pela Devir. Estão aqui o rato Níquel, a barata Fliti (viciada em Baratox) e o sábio esclerosado que vive numa caverna, entre outros. Níquel Náusea: A Vaca foi pro Brejo atrás do Carro na frente dos Bois / Fernando Gonsales / Devir / 50 p / R$ 23 / http://www.devir.com.br/
Microcontos pré-twitter
O humor finíssimo (e hilariante) de José Cândido de Carvalho (1914-1989), o conhecido autor de O coronel e o lobisomem (1964), é o mote deste livro, reunindo centenas de microcontos (muito antes do Twitter). Fora de catálogo há mais de 30 anos, é uma deliciosa leitura. Se eu morrer, telefone para o céu / José Cândido de Carvalho / José Olympio / 294 p. / R$ 32 / http://www.record.com.br/
Diversidade racial intergaláctica
O leitor já viu um romulano? E um borg, sabe o que é? Quem sabe talvez um vulcano? Essas e outras três raças extraterrenas são velhas conhecidas de qualquer fã das séries de Jornada nas Estrelas. Neste álbum em quadrinhos, a diversidade racial intergaláctica é o tema para boas HQs de ficção. Star Trek: Raças Alienígenas / Vários autores / Devir / 152 p. / R$ 37,50 / http://www.devir.com.br/
"Porque Deus quis"
Durante mais de uma década (de 1992 a 2005), um jornalista americano viajou pelo mundo, percorrendo diversos países, para fazer uma simples pergunta: por que você é pobre? Do riquíssimo Japão ao paupérrimo Iêmen, William Vollmann ouviu as mais variadas (e reveladoras) respostas. Um novo e brilhante olhar sobre o assunto, com mais de 100 fotos do próprio autor. Por Que Vocês são pobres? / William T. Vollmann / Conrad / 448 p. / R$ 49 / http://www.lojaconrad.com.br/
Nova namoradinha
A cantora e jazzista inglesa Nellie McKay presta sua homenagem à Doris Day, a Namoradinha da América, em um CD que prima pela fidelidade aos arranjos originais, com muitas cordas e big bands de metais. Com uma interpretação contida, mas elegante, McKay manda bem em clássicos da canção norte-americana, como Crazy Rhythm, Sentimental Journey e Do Do Do, além da brasileiríssima Meditation, de Tom Jobim. Nellie McKay / Normal as Blueberry Pie: A Tribute To Doris Day / Universal Music / R$ 29,90
Se aqui é assim, imagina no Afeganistão
Em 1986, o fotógrafo Didier Lefèvre acompanhou a ONG Médicos Sem Fronteiras em uma expedição ao Afeganistão, então nos últimos dias da dominação soviética. O resultado é esta HQ em três volumes – o 3º acaba de chegar às livrarias –, que mistura as fotos aos desenhos simples de Emmanuel Guibert. Um registro único da medicina, exercida nas piores condições. O fotógrafo - Volume 3 / Guibert, Lefévre e Lemercier / Conrad / 112 p. / R$ 46 / http://www.lojaconrad.com.br/
Qorpo presente
Uma das figuras mais controversas da literatura brasileira, o dramaturgo gaúcho Qorpo Santo (1829-1883) tem sua conturbada trajetória recriada neste romance do seu conterrâneo, Luiz Antonio de Assis Brasil. Publicada pela primeira vez em 1987, a obra ganha relançamento e levanta questões pertinentes sobre sanidade e loucura. O provincianismo que condenou Qorpo Santo, visto com lente de aumento. Cães da Província / Assis Brasil / L&PM / 264 p. / R$ 38 / www.lpm.com.br
sábado, outubro 09, 2010
DARKTRONIC DEIXA PELOURINHO MAIS SOMBRIO A PARTIR DE HOJE
Uma rapaziada no mínimo incomum vai invadir o Pelourinho neste sábado – e durante outros três: no próximo sábado e nos dias 6 e 13 de novembro. Trata-se do Darktronic Live, um evento dedicado às manifestações artísticas da vertente gótica na cultura pop.
Pode até causar espanto em uma cidade ensolarada e de povo aparentemente “feliz” como Salvador, mas sim, essa estética também marca presença no underground da Soterópolis.
E desde os anos 1980, quando eram conhecidos como “darks” e tinham em bandas de rock como Ramal 12 e Treblinka suas representações mais visíveis (ainda que o termo, adotado na época pela mídia, causasse risos entre os adeptos).
Hoje, com um entendimento mais amplo do significado do termo “gótico”, oriundo de um estilo arquitetônico medieval, mas que veio se reciclando e se renovando ao longo dos séculos em diversas formas de manifestação artística, os organizadores do Darktronic Live se utilizam com inteligência desse caráter multifacetado do estilo, inserindo no festival não apenas bandas de rock, mas também mostra de cinema, recitais de poesia, exposição de artes etc.
“Nossa ideia inicial era um evento multimídia sobre o pós-punk e o goth rock em todas as suas vertentes. Mas como o próprio estilo musical envolve outras formas de artes, abrimos o leque para tudo isso”, explica David Giassi, organizador e vocalista da banda Modus Operandi, que se apresenta no dia 6 de novembro.
O Darktronic Live é a evolução natural de um evento que já percorreu diversos pontos do underground local: o Darkfair.
“Isso acontecia na Quixabeira (bar nos Barris), foi tipo uma prévia do Darktronic. Nosso sonho era juntar dinheiro para fazer do jeito que queríamos”, conta David.
Para conseguir o intento, o grupo de David começou a promover festas de música eletrônica: a Darktronic.
“Só que nunca conseguimos. No máximo, empatávamos os custos. Vai daí que surgem os editais do IPAC e o Fundo de Cultura. Fomos aprovados e é maravilhoso ter a oportunidade de finalmente podermos fazer o evento da forma como o idealizamos”, agradece David.
“Sabe aqueles eventos do Andy Warhol com várias coisas acontecendo ao mesmo tempo? Então, queríamos chegar perto disso: um legitimo evento multimídia”, demarca.
SERVIÇÃO COMPLETO:
DATA/LOCAL: 9 e 16/10 (Praça Pedro Arcanjo), 6 e 13/11/2010 (Praça Tereza Batista) – Pelourinho, Salvador/BA.
HORÁRIO: 14h.
PALCO PRINCIPAL:
9/10/2010: Jardim do Silêncio, Almadória e Incrédula;
16/10/2010: Célulamekanika, Desrroche e Orquídeas Francesas (PB);
6/11/2010: Aborym, Modus Operandi e Days Are Nights (SP);
13/11/2010: Inominável, Latromodem, Plastique Noir (CE).
ARENA ELETRÔNICA:
9/10/2010: DJ Deniac, DJ Chaveirinho, DJ Filho do Lobo;
16/10/2010: DJ Sub, DJ Magharin, DJ Vertigo;
6/11/2010: DJ Lohak, Dj Mxyzptlk, Dj Bacana (SP);
13/11/2010: DJ Denival Shadow, DJ Devilla, DJ Letárgico.
Obs.: Os shows na Arena Eletrônica e no Palco principal começam as 18h30.
LOUNGE MULTIMÍDIA:
Mostra de cinema expressionista alemão(início às 14h):
9/10/2010 – O Estudante de Praga (1913) de Stellan Ray e Paul Wegener
O Gabinete do Dr. Caligari (1919) de Robert Wiene;
16/10/2010 – O Golem (1920) De Paul Wegener;
Dr. Mabuse, o Jogador (1922) de Fritz Lang
06/11/2010 – Nosferatu (1922) de F.W. Murnau;
Metrópolis (1927) de Fritz Lang
13/11/2010 – Fausto (1926) de F.W. Murnau.
M, O vampiro de Dusseldorf (1931) de Fritz Lang
Obs.: Ao final das sessões haverá palestra e debates com o Dr. em Letras e Linguística Sérgio Ricardo Lima do Goethe-Institut.
Palestras temáticas (início às 16h30):
09/10/2010 – “A rebelião das formas. Vanguarda, experimentação e abstração no cinema francês e alemão da década de vinte” – palestra com o Dr. em Letras e Linguística Sérgio Ricardo Lima do Goethe-Institut;
16/10/2010 – “O que é Arte Sincrética?” – palestra com o grupo AS- Artistas Sincréticos;
06/11/2010 – “O gótico na música: do pós-punk ao gothic-metal”- palestra com a equipe da Raven Produções;
13/11/2010 – “Uma década de poesia marginal em Salvador – os poetas dos Barris” – palestra com integrantes do grupo as Flores Mortas do Palhaço.
PERFORMANCES: Todos os dias.
As Flores Mortas do Palhaço (Poesia);
AS – Artistas Sincréticos (Artes Plásticas);
Zombie Walk – edição especial no Darktronic, caminhando pelo centro histórico de Salvador;
Obs.: Para estão edição não serão cobrado pelos ingressos, os mesmo serão trocados por uma mídia musical ORIGINAL (CD, DVD, VINIL), de qualquer estilo musical, nos seguintes locais a partir do dia 30/09:
Casa de Cinema: (71) 3334-4409 – R. Odilon Santos, 205, Rio Vermelho.
Mutantes: (71) 3012-3313 – R. da Forca 121, Largo 2 de julho.
Urbanorama: (71) 3335-3639 – Rua Oswaldo Cruz, 222, Rio vermelho.
Fúria Tattoo: (71) 3495-1836 – Travessa dos Barris, 45
Midialouca: (71)3334-2077 – Rua Fonte do Boi, 81, Rio vermelho.
Smile Stamps: (71)3322-1907 – Rua nova de São bento, nº 200, Centro.
Point do Rock: (71)3328-1624 – Shop Piedade 3º piso
Underground : (71)3328-5307 – Rua Carlos Gomes, 859, Centro.
Pode até causar espanto em uma cidade ensolarada e de povo aparentemente “feliz” como Salvador, mas sim, essa estética também marca presença no underground da Soterópolis.
E desde os anos 1980, quando eram conhecidos como “darks” e tinham em bandas de rock como Ramal 12 e Treblinka suas representações mais visíveis (ainda que o termo, adotado na época pela mídia, causasse risos entre os adeptos).
Hoje, com um entendimento mais amplo do significado do termo “gótico”, oriundo de um estilo arquitetônico medieval, mas que veio se reciclando e se renovando ao longo dos séculos em diversas formas de manifestação artística, os organizadores do Darktronic Live se utilizam com inteligência desse caráter multifacetado do estilo, inserindo no festival não apenas bandas de rock, mas também mostra de cinema, recitais de poesia, exposição de artes etc.
“Nossa ideia inicial era um evento multimídia sobre o pós-punk e o goth rock em todas as suas vertentes. Mas como o próprio estilo musical envolve outras formas de artes, abrimos o leque para tudo isso”, explica David Giassi, organizador e vocalista da banda Modus Operandi, que se apresenta no dia 6 de novembro.
O Darktronic Live é a evolução natural de um evento que já percorreu diversos pontos do underground local: o Darkfair.
“Isso acontecia na Quixabeira (bar nos Barris), foi tipo uma prévia do Darktronic. Nosso sonho era juntar dinheiro para fazer do jeito que queríamos”, conta David.
Para conseguir o intento, o grupo de David começou a promover festas de música eletrônica: a Darktronic.
“Só que nunca conseguimos. No máximo, empatávamos os custos. Vai daí que surgem os editais do IPAC e o Fundo de Cultura. Fomos aprovados e é maravilhoso ter a oportunidade de finalmente podermos fazer o evento da forma como o idealizamos”, agradece David.
“Sabe aqueles eventos do Andy Warhol com várias coisas acontecendo ao mesmo tempo? Então, queríamos chegar perto disso: um legitimo evento multimídia”, demarca.
SERVIÇÃO COMPLETO:
DATA/LOCAL: 9 e 16/10 (Praça Pedro Arcanjo), 6 e 13/11/2010 (Praça Tereza Batista) – Pelourinho, Salvador/BA.
HORÁRIO: 14h.
PALCO PRINCIPAL:
9/10/2010: Jardim do Silêncio, Almadória e Incrédula;
16/10/2010: Célulamekanika, Desrroche e Orquídeas Francesas (PB);
6/11/2010: Aborym, Modus Operandi e Days Are Nights (SP);
13/11/2010: Inominável, Latromodem, Plastique Noir (CE).
ARENA ELETRÔNICA:
9/10/2010: DJ Deniac, DJ Chaveirinho, DJ Filho do Lobo;
16/10/2010: DJ Sub, DJ Magharin, DJ Vertigo;
6/11/2010: DJ Lohak, Dj Mxyzptlk, Dj Bacana (SP);
13/11/2010: DJ Denival Shadow, DJ Devilla, DJ Letárgico.
Obs.: Os shows na Arena Eletrônica e no Palco principal começam as 18h30.
LOUNGE MULTIMÍDIA:
Mostra de cinema expressionista alemão(início às 14h):
9/10/2010 – O Estudante de Praga (1913) de Stellan Ray e Paul Wegener
O Gabinete do Dr. Caligari (1919) de Robert Wiene;
16/10/2010 – O Golem (1920) De Paul Wegener;
Dr. Mabuse, o Jogador (1922) de Fritz Lang
06/11/2010 – Nosferatu (1922) de F.W. Murnau;
Metrópolis (1927) de Fritz Lang
13/11/2010 – Fausto (1926) de F.W. Murnau.
M, O vampiro de Dusseldorf (1931) de Fritz Lang
Obs.: Ao final das sessões haverá palestra e debates com o Dr. em Letras e Linguística Sérgio Ricardo Lima do Goethe-Institut.
Palestras temáticas (início às 16h30):
09/10/2010 – “A rebelião das formas. Vanguarda, experimentação e abstração no cinema francês e alemão da década de vinte” – palestra com o Dr. em Letras e Linguística Sérgio Ricardo Lima do Goethe-Institut;
16/10/2010 – “O que é Arte Sincrética?” – palestra com o grupo AS- Artistas Sincréticos;
06/11/2010 – “O gótico na música: do pós-punk ao gothic-metal”- palestra com a equipe da Raven Produções;
13/11/2010 – “Uma década de poesia marginal em Salvador – os poetas dos Barris” – palestra com integrantes do grupo as Flores Mortas do Palhaço.
PERFORMANCES: Todos os dias.
As Flores Mortas do Palhaço (Poesia);
AS – Artistas Sincréticos (Artes Plásticas);
Zombie Walk – edição especial no Darktronic, caminhando pelo centro histórico de Salvador;
Obs.: Para estão edição não serão cobrado pelos ingressos, os mesmo serão trocados por uma mídia musical ORIGINAL (CD, DVD, VINIL), de qualquer estilo musical, nos seguintes locais a partir do dia 30/09:
Casa de Cinema: (71) 3334-4409 – R. Odilon Santos, 205, Rio Vermelho.
Mutantes: (71) 3012-3313 – R. da Forca 121, Largo 2 de julho.
Urbanorama: (71) 3335-3639 – Rua Oswaldo Cruz, 222, Rio vermelho.
Fúria Tattoo: (71) 3495-1836 – Travessa dos Barris, 45
Midialouca: (71)3334-2077 – Rua Fonte do Boi, 81, Rio vermelho.
Smile Stamps: (71)3322-1907 – Rua nova de São bento, nº 200, Centro.
Point do Rock: (71)3328-1624 – Shop Piedade 3º piso
Underground : (71)3328-5307 – Rua Carlos Gomes, 859, Centro.
quarta-feira, outubro 06, 2010
MICRO-RESENHAS DE OUTUBRO OU NADA
Rock atual e da hora, possível melhor disco do ano
A última década viu florescer uma série de bandas em dupla, começando pelo White Stripes, passando pelos subestimados Raveonettes e os superestimados The Kills. Correndo por fora, os Black Keys chegam ao seu sexto, e possivelmente, melhor álbum, com Brothers. O som, uma delícia para rockers tradicionalistas, conjuga blues, psicodelia e melodias à la Motown, com o cantor Dan Auerbach arrasando geral em faixas como Tighten Up e Everlasting Light. Obrigatório. The Black Keys / Brothers / Nonesuch Records / Importado
O Clipe do ano:
Bons covers obscuros
Salvo raríssimas exceções, álbuns de cover costumam sinalizar crise criativa. A banda alternativa americana Nada Surf, que nunca foi lá muito brilhante, mas tem seus momentos, até que se sai bem com este If I Had a Hi-Fi. Até por que os covers são obscuros demais para sinalizar algo. A mais conhecida é o hit Enjoy The Silence, do Depeche Mode, transformada em um lindo número de power pop. Outro bom destaque é Love Goes On (da Go-Betweens). Bom CD, desce macio e reanima. Nada Surf / If I Had a Hi-fi / Mardev Records / Importado
Melancolia e Oscar
Surgidos no filme cult Apenas Uma Vez (Once, 2007), a dupla formada pelo irlandês Glen Hansard (voz e violão) e a tcheca Markéta Irglová (piano) deu tão certo que, de cara, ganharam o Oscar de Melhor Canção, por Falling Slowly. Com a passagem do duo pelo Brasil, agora chamado The Swell Season, chega este CD. O clima melancólico é o mesmo e rende bons momentos, como The Rain e Low Rising. De bônus, tem o hit oscarizado ao vivo. Só para os sensíveis. The Swell Season / Strict Joy / Slap - Som Livre / R$ 24,90
Lenda em HQ
Um mestre do horror e da FC, Richard Matheson enterneceu meio mundo com o livro Em algum lugar do passado. Nesta adaptação em HQ de Eu sou a lenda, a história do último homem em um mundo infestado de vampiros, os bons desenhos de Elman Brown perdem o ritmo nos enormes blocos de texto de Steve Niles. Mas vale o investimento, pela excelência da obra original. Eu sou a lenda / Richard Matheson, Steve Niles e Elman Brown / Devir / 248 páginas / R$ 34,50 / devir.com.br
Visão infantil
Maisie, uma criança na linha de fogo entre seus pais separados, fornece o privilegiado posto de observação do comportamento humano e da sociedade para o magistral Henry James (1843- 1916) deitar e rolar, com sua prosa objetiva e detalhista. Um dos primeiros lançamentos do conceituado selo Penguin no Brasil, Pelos olhos de Maisie também está disponível em e-book. Pelos olhos de Maisie / Henry James / Penguin Companhia / 416 p. / R$ 26 / R$ 18 (e-book) / http://www.penguincompanhia.com.br/
Blues a la Tarantino
De cantoras de blues, o mundo está cheio – até Cyndi Lauper se aventurou. Menos hypada e sem precisar gravar em Memphis, a inglesa Holly Golightly, revelada pelo multihomem Billy Childish na sua banda Thee Headcoats, convence bem mais que Lauper ao dialogar com a obra de músicos alternativos que namoram o gênero, como Nick Cave. Não se espantem se faixas como Forget It e Don‘t Fail Me Now aparecerem no próximo filme de Quentin Tarantino. Holly Golightly And The Brokeoffs / Medicine County / Importado / Damaged Goods UK
Carreira resumida
Quem pensa que a carreira da cantora pop baiana Érika Martins se resume à extinta banda Penélope, se engana. Na coletânea Curriculum, só três, de 18 faixas, são dos três CDs da ex-banda. Há bons momentos com Arnaldo Antunes (Superfantástico), Herbert Vianna (In Between Days), Raimundos (A Mais Pedida) e Wanderléa (Não Vou Ser Má). A Ternurinha ainda ganha homenagem em Pare o Casamento, em ótima versão do projeto parelelo Lafayette & Os Tremendões. Érika Martins / Curriculum / Discobertas / R$ R$ 24,90
Ponto para Tjinder
A banda que hipnotizou o mundo com o refrão circular (e interminável) de Brimful Of Asha em 1998 voltou em alto estilo, após sete anos sem lançar um álbum inédito. Judy Sucks a Lemon é um daqueles discos que desafiam fronteiras entre estilos e culturas, misturando rock inglês, psicodelia, blues rock, disco e as raízes indianas do líder Tjinder Singh. O resultado é um álbum solar, irresistivelmente alto astral. Ouça Who Fingered Rock ‘n‘ Roll e tente ficar parado. Cornershop / Judy Sucks A Lemon For Breakfast / Ample Play / Importado
Faltou um produtor
O novo CD de Alumínio tem o espírito, a cara e “aquele jeitão“ do reggaeman soteropolitano: hinos de louvor a Jah, avisos do juízo final, protestos anti-Babilônia e rasgos de filosofia rastafari. No todo, um CD de reggae roots ortodoxo bem legal – mas, que tem na produção meio caseira seu ponto fraco inegável. Alguns timbres de teclado são os mesmos de qualquer arrocha. Nada que um produtor “profissa“ não resolva. Alumínio / Reggae For All Tribes Reggae Pra Todas as Tribos / Independente / www.aluminio roots.com.br
Ovo de serpente
Regimes ditatoriais e totalitários, como o fascismo italiano, costumam surgir e se nutrir em nações enfraquecidas por crises econômicas, culturais e de identidade. Neste livro, o leitor encontra reunidos os preciosos ensaios do jornalista peruano Mariátegui, testemunha ocular da ascenção de Benito Mussolini na Itália, sobre o processo do transe de uma nação. As origens do fascismo / José Carlos Mariátegui / Alameda Casa Editorial / 325 p. / R$ 45 / alamedaeditorial.com.br
Visão mordaz
O escritor João do Rio (1881-1921) viveu pouco, mas produziu muito – e bem. Considerado um dos maiores autores de prosa urbana da sua época, tem aqui seus contos mais significativos selecionados pela doutora em teoria literária (da Unicamp) Orna Messer Levin. Sempre com muito humor e mordacidade, João faz o perfil da comportamental da burguesia carioca. Antologia de Contos / João do Rio / Lazuli-Cia. Editora Nacional / 280 p. / R$ 22,90 / editoranacional.com.br
Psicodelia canguru
Innerspeaker é o 1º álbum do Tame Impala, jovem trio de Perth (Austrália), que vem assombrando crítica e público com um rock psicodélico da melhor qualidade. Claro que hypes instantâneos são o primeiro passo para desacreditar qualquer banda, mas neste caso, o burburinho se justifica. Orgânico e viajandão, mas sem fritar muito o juízo do ouvinte, o som do TI é uma das melhores coisas de 2010. Em tempo: a voz do cantor é puro John Lennon. Tame Impala / Innerspeaker / Modular (Importado) / myspace.com/tameimpala
Máximo do mínimo
É inacreditável o que duas lendas vivas da música conseguem fazer só com um piano afinado (Corea) e um gogó abençoado (McFerrin). Diante de alguns felizes poucos, a dupla executa com brilhantismo clássicos como The Frog (João Donato), ‘Round Midnight (Thelonious Monk) e outras. Chick Corea & Bobby McFerrin / Rendezvous In New York / Coqueiro Verde / R$ 29,90
Concerto incendiário
Um dos maiores bateristas de jazz de todo os tempos, Art Blakey (1919/1990), tem um de seus concertos mais incendiários lançado no brasil pela Biscoito Fino. Gravado em Lausanne, Suíça, em 1960, captura o gênio das baquetas em performances de tirar o fôlego, como Now‘s The Time (de Charlie Parker) e Noise in The Attic, de Wayne Shorter, saxofonista dos Jazz Messengers, aqui com Bobby Timmons (piano), Lee Morgan (trompete) e outras feras. Clássico é apelido. Art Blakey‘s Jazz Messengers / Idem / Biscoito Fino Internacional / R$ 34,90
Purpurina voando
Uma das bandas de música pop mais divertidas da década – tá certo que não surgiram muitas – o Scissor Sisters espalha alegria e purpurina na sua ode à noite gay no seu 3º álbum, Night Work. Com influências que vão de Elton John e Bee Gees (óbvias nos falsetes do cantor Jake Shears) a Kraftwerk – tudo bem explícito no som –, o disco é pedida certa para festinhas animadas e sem preconceito. Quem resistir a Any Which Way sem no mínimo bater o pezinho é por que está morto. Scissor Sisters / Night Work / Universal / R$ 29,90
Mais 30 dias
A vampiro-mania que tomou de assalto a cultura pop em 2009 segue em alta. E Steve Niles, autor da da HQ (e filme) de sucesso 30 Dias de Noite, aproveita a deixa para lançar este volume com três contos ilustrados por diferentes artistas. O melhor é o último, Morte no espaço, sobre astronautas presos em uma estação com um dentuço do mal. 30 Dias de noite - Contos de terror / Steve Niles, B. Templesmith, N. Jones, D. Wickline e Milx / Devir / 128 p. / R$ 32,50 / devir.com.br
A última década viu florescer uma série de bandas em dupla, começando pelo White Stripes, passando pelos subestimados Raveonettes e os superestimados The Kills. Correndo por fora, os Black Keys chegam ao seu sexto, e possivelmente, melhor álbum, com Brothers. O som, uma delícia para rockers tradicionalistas, conjuga blues, psicodelia e melodias à la Motown, com o cantor Dan Auerbach arrasando geral em faixas como Tighten Up e Everlasting Light. Obrigatório. The Black Keys / Brothers / Nonesuch Records / Importado
O Clipe do ano:
Bons covers obscuros
Salvo raríssimas exceções, álbuns de cover costumam sinalizar crise criativa. A banda alternativa americana Nada Surf, que nunca foi lá muito brilhante, mas tem seus momentos, até que se sai bem com este If I Had a Hi-Fi. Até por que os covers são obscuros demais para sinalizar algo. A mais conhecida é o hit Enjoy The Silence, do Depeche Mode, transformada em um lindo número de power pop. Outro bom destaque é Love Goes On (da Go-Betweens). Bom CD, desce macio e reanima. Nada Surf / If I Had a Hi-fi / Mardev Records / Importado
Melancolia e Oscar
Surgidos no filme cult Apenas Uma Vez (Once, 2007), a dupla formada pelo irlandês Glen Hansard (voz e violão) e a tcheca Markéta Irglová (piano) deu tão certo que, de cara, ganharam o Oscar de Melhor Canção, por Falling Slowly. Com a passagem do duo pelo Brasil, agora chamado The Swell Season, chega este CD. O clima melancólico é o mesmo e rende bons momentos, como The Rain e Low Rising. De bônus, tem o hit oscarizado ao vivo. Só para os sensíveis. The Swell Season / Strict Joy / Slap - Som Livre / R$ 24,90
Lenda em HQ
Um mestre do horror e da FC, Richard Matheson enterneceu meio mundo com o livro Em algum lugar do passado. Nesta adaptação em HQ de Eu sou a lenda, a história do último homem em um mundo infestado de vampiros, os bons desenhos de Elman Brown perdem o ritmo nos enormes blocos de texto de Steve Niles. Mas vale o investimento, pela excelência da obra original. Eu sou a lenda / Richard Matheson, Steve Niles e Elman Brown / Devir / 248 páginas / R$ 34,50 / devir.com.br
Visão infantil
Maisie, uma criança na linha de fogo entre seus pais separados, fornece o privilegiado posto de observação do comportamento humano e da sociedade para o magistral Henry James (1843- 1916) deitar e rolar, com sua prosa objetiva e detalhista. Um dos primeiros lançamentos do conceituado selo Penguin no Brasil, Pelos olhos de Maisie também está disponível em e-book. Pelos olhos de Maisie / Henry James / Penguin Companhia / 416 p. / R$ 26 / R$ 18 (e-book) / http://www.penguincompanhia.com.br/
Blues a la Tarantino
De cantoras de blues, o mundo está cheio – até Cyndi Lauper se aventurou. Menos hypada e sem precisar gravar em Memphis, a inglesa Holly Golightly, revelada pelo multihomem Billy Childish na sua banda Thee Headcoats, convence bem mais que Lauper ao dialogar com a obra de músicos alternativos que namoram o gênero, como Nick Cave. Não se espantem se faixas como Forget It e Don‘t Fail Me Now aparecerem no próximo filme de Quentin Tarantino. Holly Golightly And The Brokeoffs / Medicine County / Importado / Damaged Goods UK
Carreira resumida
Quem pensa que a carreira da cantora pop baiana Érika Martins se resume à extinta banda Penélope, se engana. Na coletânea Curriculum, só três, de 18 faixas, são dos três CDs da ex-banda. Há bons momentos com Arnaldo Antunes (Superfantástico), Herbert Vianna (In Between Days), Raimundos (A Mais Pedida) e Wanderléa (Não Vou Ser Má). A Ternurinha ainda ganha homenagem em Pare o Casamento, em ótima versão do projeto parelelo Lafayette & Os Tremendões. Érika Martins / Curriculum / Discobertas / R$ R$ 24,90
Ponto para Tjinder
A banda que hipnotizou o mundo com o refrão circular (e interminável) de Brimful Of Asha em 1998 voltou em alto estilo, após sete anos sem lançar um álbum inédito. Judy Sucks a Lemon é um daqueles discos que desafiam fronteiras entre estilos e culturas, misturando rock inglês, psicodelia, blues rock, disco e as raízes indianas do líder Tjinder Singh. O resultado é um álbum solar, irresistivelmente alto astral. Ouça Who Fingered Rock ‘n‘ Roll e tente ficar parado. Cornershop / Judy Sucks A Lemon For Breakfast / Ample Play / Importado
Faltou um produtor
O novo CD de Alumínio tem o espírito, a cara e “aquele jeitão“ do reggaeman soteropolitano: hinos de louvor a Jah, avisos do juízo final, protestos anti-Babilônia e rasgos de filosofia rastafari. No todo, um CD de reggae roots ortodoxo bem legal – mas, que tem na produção meio caseira seu ponto fraco inegável. Alguns timbres de teclado são os mesmos de qualquer arrocha. Nada que um produtor “profissa“ não resolva. Alumínio / Reggae For All Tribes Reggae Pra Todas as Tribos / Independente / www.aluminio roots.com.br
Ovo de serpente
Regimes ditatoriais e totalitários, como o fascismo italiano, costumam surgir e se nutrir em nações enfraquecidas por crises econômicas, culturais e de identidade. Neste livro, o leitor encontra reunidos os preciosos ensaios do jornalista peruano Mariátegui, testemunha ocular da ascenção de Benito Mussolini na Itália, sobre o processo do transe de uma nação. As origens do fascismo / José Carlos Mariátegui / Alameda Casa Editorial / 325 p. / R$ 45 / alamedaeditorial.com.br
Visão mordaz
O escritor João do Rio (1881-1921) viveu pouco, mas produziu muito – e bem. Considerado um dos maiores autores de prosa urbana da sua época, tem aqui seus contos mais significativos selecionados pela doutora em teoria literária (da Unicamp) Orna Messer Levin. Sempre com muito humor e mordacidade, João faz o perfil da comportamental da burguesia carioca. Antologia de Contos / João do Rio / Lazuli-Cia. Editora Nacional / 280 p. / R$ 22,90 / editoranacional.com.br
Psicodelia canguru
Innerspeaker é o 1º álbum do Tame Impala, jovem trio de Perth (Austrália), que vem assombrando crítica e público com um rock psicodélico da melhor qualidade. Claro que hypes instantâneos são o primeiro passo para desacreditar qualquer banda, mas neste caso, o burburinho se justifica. Orgânico e viajandão, mas sem fritar muito o juízo do ouvinte, o som do TI é uma das melhores coisas de 2010. Em tempo: a voz do cantor é puro John Lennon. Tame Impala / Innerspeaker / Modular (Importado) / myspace.com/tameimpala
Máximo do mínimo
É inacreditável o que duas lendas vivas da música conseguem fazer só com um piano afinado (Corea) e um gogó abençoado (McFerrin). Diante de alguns felizes poucos, a dupla executa com brilhantismo clássicos como The Frog (João Donato), ‘Round Midnight (Thelonious Monk) e outras. Chick Corea & Bobby McFerrin / Rendezvous In New York / Coqueiro Verde / R$ 29,90
Concerto incendiário
Um dos maiores bateristas de jazz de todo os tempos, Art Blakey (1919/1990), tem um de seus concertos mais incendiários lançado no brasil pela Biscoito Fino. Gravado em Lausanne, Suíça, em 1960, captura o gênio das baquetas em performances de tirar o fôlego, como Now‘s The Time (de Charlie Parker) e Noise in The Attic, de Wayne Shorter, saxofonista dos Jazz Messengers, aqui com Bobby Timmons (piano), Lee Morgan (trompete) e outras feras. Clássico é apelido. Art Blakey‘s Jazz Messengers / Idem / Biscoito Fino Internacional / R$ 34,90
Purpurina voando
Uma das bandas de música pop mais divertidas da década – tá certo que não surgiram muitas – o Scissor Sisters espalha alegria e purpurina na sua ode à noite gay no seu 3º álbum, Night Work. Com influências que vão de Elton John e Bee Gees (óbvias nos falsetes do cantor Jake Shears) a Kraftwerk – tudo bem explícito no som –, o disco é pedida certa para festinhas animadas e sem preconceito. Quem resistir a Any Which Way sem no mínimo bater o pezinho é por que está morto. Scissor Sisters / Night Work / Universal / R$ 29,90
Mais 30 dias
A vampiro-mania que tomou de assalto a cultura pop em 2009 segue em alta. E Steve Niles, autor da da HQ (e filme) de sucesso 30 Dias de Noite, aproveita a deixa para lançar este volume com três contos ilustrados por diferentes artistas. O melhor é o último, Morte no espaço, sobre astronautas presos em uma estação com um dentuço do mal. 30 Dias de noite - Contos de terror / Steve Niles, B. Templesmith, N. Jones, D. Wickline e Milx / Devir / 128 p. / R$ 32,50 / devir.com.br
terça-feira, outubro 05, 2010
PERDIDÃO, NO CU DA AUSTRÁLIA
Livro: Sobressalto, de Kenneth Cook, descreve com brilhantismo o ponto de ruptura em que homem civilizado vira bicho do mato
A encruzilhada entre civilização e barbárie é o ponto central de um dos maiores romances da (para os brasileiros) desconhecida literatura australiana: Sobressalto (Grua Livros), de Kenneth Cook, publicado pela primeira vez no País, com tradução de Maria Alice Stock.
Cook (1929-1987) escreveu o livro com base em sua própria experiência como jornalista em Broken Hill, uma cidadezinha a muitos quilômetros de Sidney, a cosmopolita capital econômica da Austrália, onde nasceu.
O alter ego do autor é John Grant, um jovem professor que, endividado com o governo, que bancou sua formação superior, tem de cumprir dois anos de serviços numa escolinha em Tiboonda, um vilarejo empoeirado no meio do outback, a região semidesértica australiana.
De férias, com seu cheque de pagamento no bolso e com Robyn, uma possível namorada em mente, Grant pega o trem e para, horas depois, em Bundanyabba, ou simplesmente, Yabba, um outro vilarejo miserável, de onde, só no dia seguinte, embarcará de vez para Sidney.
À noite, atraído pela algazarra, acaba entrando em um bar, no qual os rudes moradores da região jogam o two-up, uma variação do cara ou coroa, com duas moedas – só que valendo dinheiro vivo.
A jogatina – uma das melhores sequências do livro, tamanha a vibração da narrativa – é só o ponto de partida para a descida ao inferno que espera por John Grant ao longo dos próximos cinco dias.
Cerveja, sangue e cangurus
Na sua jornada, o protagonista passará a maior parte do tempo sendo “gentilmente” obrigado a se embriagar (recusar cerveja é ofensa mortal entre os homens da cidade, chamados Yabbamen), sem comida, dinheiro, abrigo e logo, sem dignidade.
No torpor em que acaba embarcando, tem de lidar com homens cruéis e acaba envolvido numa orgia de sangue com caçadores bêbados durante uma alucinada caça a cangurus, no meio da madrugada e entornando litros de uísque e cerveja: “Estar bêbado é morno e macio e não há dor e não importam realmente cangurus que são baleados e respiram horrivelmente e desaparecem na noite, ou pequenos cangurus que você corta em pedacinhos antes que eles morram”, escreve Kenneth Cook.
Para completar, o personagem é abusado sexualmente e tem de comer carne de coelho passada. Obrigado a perambular pelo outback com a bagagem (uma mala de roupas, outra de livros) e um rifle, John Grant sofre, na carne e na alma, a regressão que faz homem civilizado virar bicho do mato.
Com sua prosa ágil, enxuta, sem rodeios, o autor Kenneth Cook demonstra total domínio da narrativa e conduz o leitor, com mão firme, abismo moral abaixo com John Grant.
A sensação de desespero que toma conta do personagem é tão palpável que quase se pode tocar. Uma leitura, de fato, perturbadora e não aconselhável para a hora de dormir (salvo se o leitor não precisar acordar cedo na manhã seguinte).
Quando foi publicado pela primeira vez na Austrália, em 1961, Sobressalto (Wake in Fright, no original), causou grande polêmica devido, claro, ao retrato pouco acolhedor que Kenneth Cook pintou do outback e seus habitantes.
Sua visão do indomado interior australiano, porém, ecoa ainda hoje, por exemplo, em obras contemporâneas, como o aterrador filme Wolf Creek - Viagem ao Inferno (2005), de Greg Mclean (disponível em dvd).
Hoje em dia, porém, o livro de Kenneth Cook é orgulho literário nacional – e leitura obrigatória nas escolas australianas. Uma reviravolta e tanto.
Sobressalto / Kenneth Cook / Tradução de Maria Alice Stock / Grua Livros / 174 p. / R$ 36 / www.grualivros.com.br
Perdido por mais de 30 anos, filme foi recuperado pelo montador original
Em 1971, bem antes de Mad Max, Crocodilo Dundee e Wolf Creek, o filme baseado em Sobressalto levou a Austrália selvagem e pouco amigável do livro às telas de cinema.
Elogiado, o filme Wake in Fright, dirigido por Ted Kotcheff, chegou mesmo a ser indicado à Palma de Ouro em Cannes. Exibido no Brasil, à época, como Caminhos do Inferno, foi lançado em diversos países com o título Outback.
Após décadas no esquecimento, o filme foi recentemente, restaurado e relançado no mercado internacional. Esquecimento, mesmo: os negativos ficaram perdidos por mais de 30 anos. A única cópia conhecida estava em Dublin (Irlanda), mas em péssimo estado.
O montador original, Anthony Buckley, buscava negativos originais desde 1994, quando, em 2004, 260 latas com o material foram encontradas em um conteiner em Pittsburgh, com um aviso: “para incinerar”.
A encruzilhada entre civilização e barbárie é o ponto central de um dos maiores romances da (para os brasileiros) desconhecida literatura australiana: Sobressalto (Grua Livros), de Kenneth Cook, publicado pela primeira vez no País, com tradução de Maria Alice Stock.
Cook (1929-1987) escreveu o livro com base em sua própria experiência como jornalista em Broken Hill, uma cidadezinha a muitos quilômetros de Sidney, a cosmopolita capital econômica da Austrália, onde nasceu.
O alter ego do autor é John Grant, um jovem professor que, endividado com o governo, que bancou sua formação superior, tem de cumprir dois anos de serviços numa escolinha em Tiboonda, um vilarejo empoeirado no meio do outback, a região semidesértica australiana.
De férias, com seu cheque de pagamento no bolso e com Robyn, uma possível namorada em mente, Grant pega o trem e para, horas depois, em Bundanyabba, ou simplesmente, Yabba, um outro vilarejo miserável, de onde, só no dia seguinte, embarcará de vez para Sidney.
À noite, atraído pela algazarra, acaba entrando em um bar, no qual os rudes moradores da região jogam o two-up, uma variação do cara ou coroa, com duas moedas – só que valendo dinheiro vivo.
A jogatina – uma das melhores sequências do livro, tamanha a vibração da narrativa – é só o ponto de partida para a descida ao inferno que espera por John Grant ao longo dos próximos cinco dias.
Cerveja, sangue e cangurus
Na sua jornada, o protagonista passará a maior parte do tempo sendo “gentilmente” obrigado a se embriagar (recusar cerveja é ofensa mortal entre os homens da cidade, chamados Yabbamen), sem comida, dinheiro, abrigo e logo, sem dignidade.
No torpor em que acaba embarcando, tem de lidar com homens cruéis e acaba envolvido numa orgia de sangue com caçadores bêbados durante uma alucinada caça a cangurus, no meio da madrugada e entornando litros de uísque e cerveja: “Estar bêbado é morno e macio e não há dor e não importam realmente cangurus que são baleados e respiram horrivelmente e desaparecem na noite, ou pequenos cangurus que você corta em pedacinhos antes que eles morram”, escreve Kenneth Cook.
Para completar, o personagem é abusado sexualmente e tem de comer carne de coelho passada. Obrigado a perambular pelo outback com a bagagem (uma mala de roupas, outra de livros) e um rifle, John Grant sofre, na carne e na alma, a regressão que faz homem civilizado virar bicho do mato.
Com sua prosa ágil, enxuta, sem rodeios, o autor Kenneth Cook demonstra total domínio da narrativa e conduz o leitor, com mão firme, abismo moral abaixo com John Grant.
A sensação de desespero que toma conta do personagem é tão palpável que quase se pode tocar. Uma leitura, de fato, perturbadora e não aconselhável para a hora de dormir (salvo se o leitor não precisar acordar cedo na manhã seguinte).
Quando foi publicado pela primeira vez na Austrália, em 1961, Sobressalto (Wake in Fright, no original), causou grande polêmica devido, claro, ao retrato pouco acolhedor que Kenneth Cook pintou do outback e seus habitantes.
Sua visão do indomado interior australiano, porém, ecoa ainda hoje, por exemplo, em obras contemporâneas, como o aterrador filme Wolf Creek - Viagem ao Inferno (2005), de Greg Mclean (disponível em dvd).
Hoje em dia, porém, o livro de Kenneth Cook é orgulho literário nacional – e leitura obrigatória nas escolas australianas. Uma reviravolta e tanto.
Sobressalto / Kenneth Cook / Tradução de Maria Alice Stock / Grua Livros / 174 p. / R$ 36 / www.grualivros.com.br
Perdido por mais de 30 anos, filme foi recuperado pelo montador original
Em 1971, bem antes de Mad Max, Crocodilo Dundee e Wolf Creek, o filme baseado em Sobressalto levou a Austrália selvagem e pouco amigável do livro às telas de cinema.
Elogiado, o filme Wake in Fright, dirigido por Ted Kotcheff, chegou mesmo a ser indicado à Palma de Ouro em Cannes. Exibido no Brasil, à época, como Caminhos do Inferno, foi lançado em diversos países com o título Outback.
Após décadas no esquecimento, o filme foi recentemente, restaurado e relançado no mercado internacional. Esquecimento, mesmo: os negativos ficaram perdidos por mais de 30 anos. A única cópia conhecida estava em Dublin (Irlanda), mas em péssimo estado.
O montador original, Anthony Buckley, buscava negativos originais desde 1994, quando, em 2004, 260 latas com o material foram encontradas em um conteiner em Pittsburgh, com um aviso: “para incinerar”.
sábado, outubro 02, 2010
QUE PUXA!... CHARLIE BROWN & CIA FAZEM 60 ANOS!
Um garoto careca vem andando e passa entre dois outros meninos. Um deles comenta: “Bem, aí vem o Charlie Brown. Sim, senhor, o bom e velho Charlie Brown... Como eu o odeio”.
Foi assim, com esse humor amargo, que uma das mais influentes tiras em quadrinhos de todos os tempos veio ao mundo, 60 anos atrás, em 2 de outubro de 1950.
Peanuts, criação imortal do norte-americano Charles Schulz, circulou com este nome sua primeira tira sindicalizada em sete jornais neste dia, mas já existia desde 1947, com o nome Lil’ Folks (Coleguinhas, em tradução aproximada) no jornal St. Paul Pioneer, da cidade natal de Schulz, Saint Paul, Minnesotta.
No jornal local, contudo, a tira nunca chamou a atenção.
Somente depois que o cartunista vendeu seu trabalho para a poderosa United Features Syndicate (distribuidora de tiras e cartuns para os jornais norte-americanos) e esta trocou o nome de Lil’ Folks para Peanuts (à revelia de Schulz), foi que a turminha do “odiado” menino careca começou a chamar a atenção.
Livros e camisas polo
Como em toda data comemorativa, o comércio logo se agita, com diversos lançamentos em quadrinhos e produtos com os personagens chegando às lojas.
No Brasil, duas editoras já enviaram às livrarias novos álbuns com as tiras da turma.
A L&PM dá continuidade à série de álbuns em capa dura Peanuts Completo, que publica todas as tiras da turma desde 1950, com o volume 3, que cobre as HQs publicadas no biênio 1955-56.
A edição conta com uma bela introdução escrita por Matt Groening, criador dos Simpsons, declarando seu amor incondicional à obra de Charles Schulz.
Além disso, publicou também o volume 10 da coleção em pocket, Sempre alerta!
Já a editora Cosac Naify lançou Snoopy extraordinário (48 páginas, R$ 45), uma coleção de tiras publicadas no apogeu criativo de Schulz, nos anos 1970, com um adendo chiquérrimo: texto do intelectual italiano Umberto Eco. Outros dois volumes serão lançado ainda este ano.
Outro lançamento digno de nota, mas desta vez, na área têxtil, é o lançamento da coleção de camisas polo da tradicionalíssima marca francesa Lacoste, comemorando os 60 anos de Snoopy & Cia. Pela primeira vez, desde a fundação da camisaria em 1933, se verá o tradicional jacaré da Lacoste interagindo com outros personagens.
Babador e comédia humana
Exaltar as qualidades humorísticas, artísticas e filosóficas de Peanuts é chover no molhado. A turma do cachorro beagle branco é tão presente na cultura ocidental que às vezes passa até despercebida.
Ou, como diz Matt Groening em Peanuts completo volume 3, “Desde a primeira infância mantivemos nosso queixinho limpo com babadores oficiais do Snoopy e fomos enrolados em cobertorzinhos não licenciados”.
Umberto Eco foi ainda mais longe: “Peanuts é um microcosmo, uma pequena comédia humana”. Como não ama-los?
Peanuts Completo: 1955-1956 / Charles Schulz / L&PM / 344 p. / R$ 68 / www.lpm.com.br
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