quinta-feira, abril 30, 2009

HQ FOI TEMA DA ÚLTIMA MESA-REDONDA DA BIENAL DO LIVRO


Praticamente no apagar das luzes da Bienal do Livro, domingo à noite, uma mesa-redonda na Arena Jovem Oi reuniu três feras baianas e uma francesa das HQs para debater o atual momento do mercado, na sessão intitulada A Explosão dos Quadrinhos.

No centro da arena, Antônio Cedraz (Turma do Xaxado), Flávio Luiz (Aú, O Capoeirista), Rezende (Pau de Sebo) e Benoit Peeters (Les Cités Obscures), que está no País dentro do âmbito das atividades do Ano da França no Brasil.

Um bom público lotou a arquibancada do espaço, incluindo outros quadrinistas locais, pesquisadores da Facom-Ufba, fãs de HQ e passantes.

De acordo com o título da mesa-redonda, todos os participantes concordaram que, de fato, os quadrinhos vivem uma nova fase de expansão e popularidade, no qual outras mídias (cinema, games, TV, internet), vêm beber direto na fonte da arte sequencial para criar novos produtos.

Outro bom sinal é a crescente adoção de obras de HQ como instrumentos paradidáticos e sugestões de leituras pelo MEC nas escolas públicas e privadas.

valorização – “HQ é coisa de criança, sim, mas não só. O Benoit aqui pode falar que, guardadas as devidas proporções, vivenciamos hoje no Brasil o que se viveu na França 50 anos atrás, que é a valorização do quadrinho de autor. Lá se faz HQ adulta há mais de 5 décadas. Então, trata-se de uma forma de cultura e arte e é bom que se respeite isso“, proclamou Flávio, feliz com a boa aceitação do seu álbum Aú, O Capoeirista.

“Foram 2 mil exemplares. Eu fiquei com 1.300 pois 700 foram pra contrapartida social. Agora só tenho 35 na minha mão. E mais: a Secretaria de Educação de São Paulo incluiu o Aú na sua lista de leituras recomendadas“, contou.

Já Cedraz, ainda com mais tempo de estrada que Flávio, caminha firme e forte para ser o maior nome dos quadrinhos baianos em todos os tempos.

Sua Turma do Xaxado (publicada diariamente em cores no Caderno 2) é um sucesso para onde quer que se olhe. Além das tiras no A TARDE e em outros jornais Brasil afora, há uma infinidade de materiais publicados com a turminha do sertão baiano, como livrinhos, coletâneas de tiras e álbuns especiais.

Dono de um humor inteligente e sutil, Cedraz agrada igualmente a crianças e adultos com suas tiras que divertem e fazem pensar sobre assuntos pouco comuns no gênero, como coronelismo, analfabetismo, seca e outros assuntos muito sérios.

Ganhador de seis prêmios HQ Mix, Cedraz já derrotou nessa disputa gigantes como Maurício de Sousa e Ziraldo com seu trabalho. “Olha, tá assim de editora grande do Sul querendo publicar o Xaxado. Mas eu continuo perseguindo meu sonho com uma editora pequena aqui mesmo na Bahia“, declarou, com a fibra sertaneja que lhe é peculiar.

Já Benoit Peeters falou um pouco sobre a tradição franco-belga de HQ (iniciada por Hergé, criador do Tintim), uma das três maiores de todos os tempos, ao lado da americana e da japonesa.

“Ele foi o pai das HQs franco-belgas. Já na década de 30, 40, Hergé abordava temas muito sérios, mas sem deixar o humor de lado. Ele era muito rigoroso, tanto nos roteiros quanto nos desenhos, e esse alto padrão de exigência se tornou a maior característica da escola franco-belga“, disse.

18 comentários:

Franchico disse...

Adicionei um novo linque aí do lado, do blog Este Lado do Paraíso, do meu master-brou de décadas Paulo Sales, ex-crítico de cinema e jornalista do finado Folha, o caderno de cultura do ex-periódico da Av. Paralela.

Música, cinema, política etc. Recomendo.

http://paradiseduluoz.blogspot.com/

cebola disse...

Chico...mais reclames..ainda te pago por essas inserções..hehe:

Daqui a pouco, berlinda na boomerang no projeto rock sujo, ao lado de Pastel de Miolos e Costeletas de FOgo...vamos?

Post novo: www.oculosdecebola.blogspot.com no qual destrincho Wilco.

Bom apetite.

osvaldo disse...

realmente o bill callahan é muito bom como disse glauber.it's time to put god away.

glauberovsky disse...

osvaldão,
ouça também

smog - "a river ain't too much to love"

pra mim, o melhor.

GLAUBER

osvaldo disse...

Mauricio Stycer na virada cultural:
Duas decadas apos sua morte o culto ao Maluco Beleza não dá sinais de arrefecer. Muito pelo contrário. O palco da Virada Cultural dedicado a celebrar o artista, apresentando 20 shows diferentes durante 24 horas, foi um dos que atraiu mais público na primeira noite do evento.

osvaldo disse...

aquela sonoridade lo-fi do smog era interessante os primeiros 15 min. depois cansava um pouco.dongs of sevotion e rain on lens sao os tenho,quuando saiu a river... eu ja tinha cansado da bleakness reinante. mas o i wish i was an eagle é um salto e tanto. e a ideia de deixar deus de lado é tentadora.né não?

glauberovsky disse...

é. eu já deixei, haha.
os discos mais lo-fi do smog, não gosto muito, não. prefiro quando ele começou a gravar em estúdio mesmo, "a river...", "red apple falls", "supper", são os melhores. "in the pines" com ele é PHoda! abração!
GLAUBER

Marcos Rodrigues disse...

hmmm...esses comments andam com cheiro de botas de rednecks e bourbon barato :)

querendo ouvir o lado mais cosmopolita da terra do Obama , tem banda nova la' no CCR: Passion Pit. pra quem não conhece, aproveita e confere também o Delphic (Machester) e o Chairlift (NY, Brooklyn).

http://clashcityrockers.blogspot.com/

glauberovsky disse...

para os "cosmopolitas", um pouco de música:

http://www.myspace.com/roysmeckisgood

GLAUBER

osvaldo disse...

O bourbon não vem necessariamente com os rednecks. Outras coisas tambem me chamam a atenção. Rob Tannenbaum, editor da Blender, constatou uma coisa que também vem me incomodando sobre o “rock”atual.
"I am a pop fan and a rock fan and these bands that embody the pinnacle of a generation that is expressly uninterested in rock and pop. Or to put it less politely, could one of you just hire a fucking drummer?"

Pois é, boa parte do “rock atual” não é inspirada pelo rock e pelo pop, ou até mesmo não demonstra apreciar o gênero em seu estado mais “bruto”. Sou apreciador de algumas bandas consideradas indies, como Sonic Youth, Flaming Lips e atualmente Decemberists, mas estas são bandas que usaram o cânone do rock como inspiração para criar a sua (nova) musica. Já expressei algumas vezes que considero que o rock sobrevive mais como idéia que como gênero musical, portanto é natural que o rock não se limite mais aos três acordes básicos de Chuck Berry( o verdadeiro rei). Mas daí que algumas bandas reconhecidamente de ponta na geração atual terem pouquíssima afinidade com o gênero me deixa sem entender como elas podem ser bandas de “rock”, por mais rarefeita que seja a definição de “rock” hoje em dia. Passa a ser outra coisa e deixa de ser rock. Podem contratar os bateristas.

Marcos Rodrigues disse...

Não me leve tão à sério, Glauber. Embora arqueologia musical, de fato, não seja uma arte que cultivo.

[Osvaldo]"boa parte do 'rock atual' não é inspirada pelo rock e pelo pop, ou até mesmo não demonstra apreciar o gênero em seu estado mais 'bruto'."

Complexo isso, hein, Osvaldo? O gênero em seu estado mais bruto não é condição sinequanon pra se fazer bom rock. Nada mais anti "50's style" do que o som que saiu de Manchester por volta de 78. Pode se falar, mesmo, de uma reescrita do gênero ou de uma "nova tradição" ou, ainda, se penso num monolito como o Joy Division, de um novo "estado mais bruto". Nem vou entrar aqui no legado de Bowie (fase Berlin) e do Kraftwerk.

O melhor som dos dias que correm bebe, sim, do melhor pop e rock que foi feito nos ultimos 50 anos - não acredite nos apocalipticos, não se reinventa a esse ponto nos limites do 4x4. Essas bandas apenas não prestam reverências datadas nem colocam os velhos icones em pedestais. Bandas de electro como o Justice e The Presets se apropriam com maestria do "dicionario" musical e estético do rock como poucas bandas que se autointitulam "de rock" o fazem.

O rock ainda existe como gênero - o que são Pivot e Delphic se não bandas de rock? - E existe porque tem essa capacidade de se transformar. Foi hibrido nas suas origens e assim tem que continuar.

A nova cena de Melbourne (selo Modular People), de Nantes (selo Valérie) ou ainda da velha/nova New York (selo DFA e outros) são excitantes, sexuadas e até mesmo perigosas - quer coisa mais segura que ir ao Bar Balcão sexta à noite? - São pop, são rock. Esses sons estão por ai. E' so' olhar para além do delta do Mississipi.

O engraçado/tragico é que num ponto todos os 'estilos musicais' em Salvador se encontram: o tradicionalismo. O reggae aqui é roots, embora no mundo o dub ja' esteja ultrapassado; o jazz não vai além de Thelonious Monk e da execução virtuosa, embora grupos como os da geração do Saint Germain ja' o tenha reinventado ha' uma década com o uso primoroso da eletrônica; o rock não se faz sem guitarra, embora os sintetizadores sejam coisas so século passado e não paramos de falar de Neil Young, embora talvez fosse mais produtivo falar da Florence Welch e do maravilhoso single "Dog Days Are Over".

Enfim, ainda damos atenção ao que Caetano Veloso fala, enquanto o mundo que não para prefere entender o que realmente importa lendo magazines como Wired http://www.wired.com/culture/culturereviews/magazine/17-03/st_essay

E os bateristas... bem Andrew Eldritch ja' os definui como "formas inferiores de vida" :) Eu ando desconfiado que a minha TR-808 tem mesmo mais neurônios que muito roqueiro baiano.

Ok, ok. Podem vir as pedras :)

Marcos Rodrigues disse...

E como acho que o que ta' faltando mesmo é um pouco de humor inteligente, não resisto: http://www.youtube.com/watch?v=SmNR21tY-VM

Datarock (perfect!). De Oslo (!)

osvaldo disse...

Não, não tem nada de apocaliptico nem de tradicionalista, principalmente da minha parte, pode esperar mais de mim Marcos.You miss the point. Isso é uma discussão que vem rolando em lugares insuspeitos, Rob Tannenbaum é desses "lugares", a bola tambem foi levantada pelo venerando Robert Christau, o mais insuspeito dos casos apesar dos seus mais de 60 anos, e continuou até na.... Pitchfork(!!??), quando do lançamento do ultimo esforço da Fundação Red Hot, o "Dark is the Night", curado(de verdade,segundo Christau) pelos irmãos Dessner do National. O projeto reune o who who´s do indie e alternativo:
Andrew Bird
Antony + Bryce Dessner
Arcade Fire
Beach House
Beirut
Blonde Redhead + Devastations
Bon Iver
Bon Iver & Aaron Dessner
The Books featuring Jose Gonzalez
Buck 65 Remix (featuring Sufjan Stevens and Serengeti)
Cat Power and Dirty Delta Blues
The Decemberists
Dirty Projectors + David Byrne
Kevin Drew
Feist + Ben Gibbard
Grizzly Bear
Grizzly Bear + Feist
Iron & Wine
Sharon Jones & The Dap-Kings
Kronos Quartet
Stuart Murdoch
My Brightest Diamond
My Morning Jacket
The National
The New Pornographers
Conor Oberst & Gillian Welch
Riceboy Sleeps
Dave Sitek (TV On The Radio)
Spoon
Sufjan Stevens
Yeasayer
Yo La Tengo
e apesar da excelencia de boa parte das bandas participantes ( a contribuição de David Sitek é fuderosa), ficou uma sensação que o esforço diferia de projetos anteriores parecidos, independente da qualidade dos mesmos, principalmente quando a musica se torna a "descontrução da desconstrução". Explico melhor, em projetos anteriores, em condições de temperatura e pressão semelhantes, quando se juntava essa quantidade de artistas "modernos", um dos principais objetivos era descontruir o tradicional, consciente e inconscientemente.Os exemplos do Kraftwerk e de Bowie fase Berlin são perfeitos.Mas a referencia a ser descontruida era o rock, ou a ideia do que o rock significa, musical e cultutalmente. E quando sua referencia passa a ser o que ja foi descontruido? É obvio que existe boa musica pop e rock sendo feita, talvez numa quantidade inedita.Mas, quanto dessa musica é realmente rock( ou a ideia do rock)? Para esta discussão não ficar abstrata demais, continuo achando que no fim de tudo, temos que ter musica boa, feitas por reconhecidamente bons artistas, o que , sei, é muito subjetivo. mas ninguem abre mão de expor suas preferencias, quem fala o contrario, para mim mente . a maioria da musica que gosto, tem que ter alguma referencia de rock e pop, mesmo que seja em sua versão "desconstruida".Em muitos outros casos em suas formas mais tradicionais.Qual o problema de formas "tradicionais", como o novo de Dylan? Das "novas cenas" a que mais me atrai no momento é a de alt-country e as novas jam bands( My Morning Jacket em Okonokos!), mas o Dear Science do TV on The Radio não sai do player desde o ano passado.E, confesso, ressucitei o Can (não tudo, é claro), mas não espalha. Por ultimo Joe Strummer disse( alguem que tem mais a ver com você que Andrew Eldritch):
Sua banda de rock só é tão boa quanto seu baterista.

Marcos Rodrigues disse...

Em Strummer we trust! Mas, embora - vc não saiba - a Via Sacra fechava os shows com uma versão instrumental de 'Some kind of Stranger', do classico debut album do Sisters of Mercy, 'First, last anda always'.

E nenhum problema com as formas tradicionais; eu toco numa banda de baixo, guitarra e... bateria. So' puxei a provocação por conta do carater conservador, por vezes, muito arraigado na cena (cena?) local.

Sim, perdi essa discussão. Cutuquei pela net e encontrei parte dela http://www.barnesandnoble.com/mobile/bn-review/note.asp?note=21967667 . Mas ao que parece o que deixou essa nova investida da fundação Red+Hot desacreditada não foi a nova safra de bandas (nova?) e sim a curadoria. Da' pra liberar Spoon, Blonde Redhead e mais uns dois nomes.

Mas o foco da discussão esta' fora do alvo: o indie é o túmulo do rock. Pronto, disse! :) E' por conta desses bastardos, como Yo La Tengo e Belle and Sebastien, que muitos acham que o rock entrou na andropausa. Se esses caras olhassem pros lugares certos (e menos por umbigo da América) teria-se outra coletânea.

PS.: agora, a Blender não é uma literatura suspeita não, Osvaldo? :)

PS2.: o que é que o Kronos Quartet ta' fazendo ali?!!

Marcos Rodrigues disse...

De fato ouvindo isso aqui : http://www.youtube.com/watch?v=Az3SHeMHC6c e alguém me dizendo que se trata de uma banda de rock eu voltaria correndo pros meus albuns do Sabbath.

Franchico disse...

Caindo de pára-quedas nessa discussão, permitam-me conceder meus dois cents nessa história. Para começar, discordo de Osvaldo quando ele diz que "É obvio que existe boa musica pop e rock sendo feita, talvez numa quantidade inedita". Desde que comecei a ouvir rock, por volta de 83, 84, esta me pareceu a década mais fraca que tive a oportunidade de acompanhar. Salvo engano, como vcs mesmos estão dizendo nas suas falas, os músicos do gênero passaram essa década inteirinha re-re-desconstruindo tudo o que foi feito em décadas anteriores. Resultado: a década mais pobre e menos interessante do rock desde os anos 50. Faltou criação e sobrou vômito convulsivo de pseudo-artistas "profundos". Olha essa lista do Red Hot aí. Do que eu ouvi, Grizzly Bear me dá sono. The National é muito chato. TV On The Radio eu não entendo - e eu não acho que sou um cara burro. Feist é pura bobagem. Beirut é coisa de frosô-fashion. Yo La Tengo teve seus momentos, mas já foi. Cat Power, OK, mas seus discos não rendem. Sobra pouca coisa. My Morning Jacket (aí eu tô com Brama, pois gosto bastante), Blonde Redhead (tem coisas realmente boas), Spoon é legal (mas nada extraordinário). E aí, quais são os grandes nomes que ficam ao fim dessa década? Strokes (com dois álbuns e meio de respeito), Arctic Monkeys? (ainda tenho minhas reservas), Franz Ferdinand (gosto dos dois primeiros). Que mais? Eu não sei não, mas se nada acontecer na próxima década, se continuar esse marasmo disfarçado de efervescência indie, aquilo que é chamado de rock terá muito pouco do rock como o conhecemos. Será um folk universitário sonolento, sem personalidade e chato, muito chato. Acho que nem como ideia mais ele sobrevive, pois para muitos jovens artistas, nada é mais careta hj do que o rock. Ou ele se reinventa ou vai desaparecer, tornando-se coisa de conoisseur coroa, como os apreciadores de jazz.

osvaldo disse...

marcos,o link do artigo do christgau e sua coluna rock'n'roll para a barnes and noble

http://www.barnesandnoble.com/bn-review/note.asp?note=21967667&cds2Pid=22560 e

www.robertchistgau.com para todo o resto, inclusive os consumer guides.christgau virou um apreciador de hip-hop.isto diz muito sobre nossos tempos. o principal critico de rock e pop vivo, hoje em dia avaliza lady sovereign e wussy, com toda a erudição pop que só christgau(tb conhecido como o "the dean of rock critics") pode emprestar. so falta chamar agora o pai da materia de hypeiro.

glauberovsky disse...

hmmm...nhé.
GLAUBER