Sacaninha e educativo
Sociedade interessante, a japonesa. Extremamente desenvolvido e industrializado, o país é também conhecido pela forma um tanto tímida com que sua população se relaciona com sua sexualidade. Ainda que exista o sexy ícone da gueixa, treinada para dar prazer ao seu senhor, o tabu persiste. Futari H, mangá que acaba de chegar as bancas, lida com esse cenário de forma leve, divertida e inteligente ao contar a história de Makoto e Yura, dois jovens de 25 anos que ainda são virgens e acabam de se casar através de uma agência de casamentos. Desajeitados, os dois vão se descobrindo mutuamente, deixa que o autor aproveita para abordar, com a desenvoltura de um sexólogo, fatos científicos, dados e números sobre o ato em si e a suas relações com a sociedade japonesa. Essa forma até didática de lidar com o assunto rendeu à obra o apelido de “mangá sutra“, dado o caráter de manual do sexo que é seu diferencial. Ainda assim, a HQ omite desenhos explícitos de órgãos em ação, já que isso é contra a lei por lá. Vá entender. Em todo caso, Futari H rende bem para fãs de comédias românticas em mangá e HQ erótica, dados os belos desenhos de Aki.
Futari H
Katsuaki Nakamura
JBC Mangás
R$ 6,90
http://mangasjbc.uol.com.br
Sepultura espreme laranjas e cabeças
E lá se vão mais de dez anos desde que o vocalista Max Cavallera deixou o Sepultura (em 1996), sendo seguido, vários anos depois, pelo irmão baterista e co-fundador, Ígor. E o que muitos acreditavam ser impossível, a sobrevivência da dignidade do maior nome do heavy metal nacional, enfim, se deu, para espanto de muitos. O fato é que A-Lex, quinto álbum com o vocalista americano Derrick Green, não decepciona nem velhos nem novos fãs do grupo que surgiu em Belo Horizonte, há 25 anos atrás. É também o segundo álbum conceitual da banda, após Dante XXI, baseado n‘A Divina Comédia, de Dante Alighieri. Aqui, Derrick, Andreas Kisser (guitarra), Paulo Júnior (baixo e último integrante original) e Jean Dolabella (o novo baterista, que sai definitivamente da sombra de Ígor), se inspiraram no livro A Laranja Mecânica, de Anthony Burgess. Referências literárias a parte, o batedor de cabeças tradicional poderá se esbaldar com a brutalidade típica do Sepultura encontrada intacta em faixas como Moloko Mesto, Filthy Rot, The Treatment e Metamorphosis. O melhor CD da banda desde a saída de Max.
A-Lex
Sepultura
Atração Fonográfica
R$ 29,90
www.sepultura.uol.com.br
Intriga policial à moda hebraica
O que aconteceria se o estado de Israel tivesse sido desmantelado apenas um ano depois da sua criação em 1947? Para o escritor americano Michael Chabon, a solução seria acomodar seus habitantes provisoriamente no território do Alasca. Em 2007, contanto, o gelado estado americano deve ser devolvido ao governo americano. Às vésperas da devolução, um assassinato a primeira vista banal de um viciado em drogas leva o detetive de polícia Meyer Landsman (um Sam Spade judeu) a descobrir uma intrincada conspiração para tomar Jerusalém e a Terra Santa a força, envolvendo um possível messias, a máfia judaica e gênios do xadrez.
Associação Judaica de Polícia
Michael Chabon
Companhia das Letras
471 p. | R$ 58
www.companhiadasletras.com.br
Rogê bem acompanhado
Se o velho ditado bíblico “dize-me com que andas e te direi quem és“ ainda servir para alguma coisa, então o cantor e compositor carioca Rogê está bem na fita. Em seu terceiro álbum, o rapaz surge muito bem acompanhado por bons nomes da atual cena musical carioca, como o sambista Arlindo Cruz, Seu Jorge, Luiz Melodia, Jaques Morelenbaum, Maurício Baia, Gabriel Moura e Jovi Joviniano, entre outros. Sem demarcar territórios em ritmos ou estilos específicos, Rogê gosta mesmo é de variar, indo do samba ao reggae sem muito esforço ou invencionices modernosas. Brasil em Brasa, na verdade, soa como uma declaração de amor do músico não exatamente ao Brasil em si, mas a um Rio de Janeiro que agoniza entre a nostalgia de um passado glorioso e a realidade brutal do hoje em dia. Não a toa, a faixa mais interessante do CD é Numa Cidade Longe Daqui, elaborada crônica de Arlindo Cruz, Acyr Marques e Franco – com a incrível narração de Paulo César Pereio em participação especial – sobre a escalada do poder paralelo.
Brasil em Brasa
Rogê
Independente
R$ 20
www.rogebrasil.com.br
Cueio Limão é HC banal
Não se deixem enganar pela capa. Paraguayo não é o CD de algum cantor brega de guarânias oriundo do país vizinho. Trata-se do terceiro álbum de inéditas do grupo mato-grossense de hardcore Cueio Limão. Como diferencial, a banda formada após um show dos Raimundos na cidade de Dourados traz o bom humor sacaninha que caracterizava a banda-inspiração. Em tempos de choradeira brega-romântica-emo generalizada, até que letras escrachadas de faixas como Se No Céu Não Tem Cerveja, O Desgosto Que Sua Irmã Me Deu e Take Me Back To Piauí são bem-vindas. Já a influência dos Raimundos se faz cristalina em Desgraçada, que conta com o acordeom do músico convidado Chico Chagas. A má notícia é que, no fim das contas, o som do grupo não difere em nada do de outras representações do gênero, podendo figurar numa trilha-sonora qualquer de Malhação, podendo passar despercebido a ouvidos mais exigentes. A voz do cantor Camilo Bóia também parece extremamente derivativa, confundindo-se com a de outros vocalistas do gênero.
Paraguayo
Cueio Limão
Urubuz Records
Preço não-divulgado
www.cueiolimao.com.br
Razorlight divide a crítica
Formado em 2002, o quarteto anglo-sueco Razorlight dividiu a crítica com este terceiro CD de sua carreira. Há quem os acuse de fazer “rock genérico“, sem personalidade (pecado mortal entre roqueiros), há quem aponte Johnny Borrel (líder do grupo) como o grande nome de sua geração. O fato é que, ouvindo Slipway Fires, as duas correntes de opinião parecem ter razão em algum momento, já que o CD é tão irregular que oferece razão para tanto. Na verdade, o grande pecado do Razorlight é o pendor para a grandiloquência poética, um quê de ópera-rock (não em termos de alcance vocal, mas de clima, mesmo) que surge em canções como Wire To Wire, Hostage of Love e Stinger. Por outro lado, faixas como North London Trash, You and The Rest e Burberry Blue Eyes namoram com a tradição tipicamente britânica da crônica social mordaz por um viés pop, iniciada lá nos anos 60 por Ray Davies (Kinks) e levada adiante por Paul Weller (The Jam), Damon Albarn (Blur) e Jarvis Cocker (Pulp). Se Borrel tem bala na agulha para se aproximar deles, o tempo vai dizer.
Slipway Fires
Razorlight
Universal
R$ 29,90
www.razorlight.co.uk
Trio galês manda bem ao vivo
Surgida em meados dos anos 90 no País de Gales, a banda Stereophonics está para a sua geração (Oasis, Blur, Pulp), mais ou menos como The Charlatans está para a deles (Stone Roses, Happy Mondays): uma representação considerada inferior, de segunda divisão. De fato, o trio liderado pelo bom vocalista Kelly Jones nunca gozou da mesma moral entre os críticos ou da popularidade entre os fãs que seus pares alcançaram, mas isso não quer dizer eles não tenham lá o seu valor. Este DVD, que chega ao Brasil atrasado em relação ao seu lançamento original lá fora (em 2006), oferece um bom painel da evolução que a banda experimentou nesta década e meia de estrada. O DVD em questão reúne um show da turnê de lançamento do álbum homônimo, um documentário sobre a gravação do mesmo e os quatro clipes que saíram dele. Entrosados no palco, mesmo contando com um baterista recém-efetivado (o argentino Javier Weyler), o show demonstra que a banda tem bastante garra e algumas boas composições recentes, como Dakota, Superman e Devil. Hits anteriores também surgem re-energizados, como Mr. Writer, Local Boy in the Photograph e I‘m Alright. Nos clipes, muita mulher bonita e um certo glamour sujo.
Language.Sex.Violence.Other?
Stereophonics
Coqueiro Verde
R$ 29,90
www.coqueiroverderecords.com.br
Blog (que, nos seus primórdios, entre 2004-05, foi de um programa de rádio) sobre rock e cultura pop. Hoje é o blog de Chico Castro Jr., jornalista formado pela Faculdade de Comunicação da Universidade Federal da Bahia. Atualmente, é repórter do Caderno 2+ do jornal A Tarde, no qual algumas das matérias vistas aqui foram anteriormente publicadas. Assina a coluna Coletânea, dedicada à música independente baiana. Nossa base é Salvador, Bahia, a cidade do axé, a cidade do terror.
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Serviço
Evento: The Honkers apresenta
Data: 12 de abril de 2009
Atrações: Venus Volts, Pessoas Invisíveis e The Honkers
Local: Boomerangue
Endereço: Rua da Paciência, 307 – Rio Vermelho – Salvador – BA
Horário: 17h
Ingresso: R$ 15
Informações: www.boomerangueeventos.com.br
Contatos:
Miwky Abe - Produtora
Tel: (71) 9938-9940
E-mail: honkersmidia@gmail.com
http://www.myspace.com/thehonkers
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